3 de Dezembro, 2013 Carlos Esperança
O mundo avança e a Espanha também
O PSOE no caminho da laicidade
Igreja eslovaca diz que igualdade do género destrói a família
Os bispos eslovacos defendem que a família é uma instituição de Deus e que a desintegração familiar deteora a felicidade
A Igreja católica eslovaca disse hoje numa carta pastoral que a igualdade de género destrói a família e que a decisão de aceitar pares homessexuais leva a uma “confusão sodomita”.
Papa vai ajudar Arquidiocese do Rio a pagar dívida
Vaticano negocia financiamento para sanar rombo de R$ 90 milhões deixado depois da Jornada Mundial da Juventude
28 de novembro de 2013 | 2h 03 Jamil Chade, ENVIADO ESPECIAL / ROMA – O Estado de S.Paulo
Com uma dívida considerada “impagável” pelo Vaticano, a Arquidiocese do Rio de Janeiro será socorrida por um financiamento do papa Francisco por causa do rombo deixado depois da Jornada Mundial da Juventude (JMJ). O Estado apurou que a Santa Sé deverá contribuir com um “valor significativo” e está negociando os termos e os valores do resgate.
O Papa Francisco, à semelhança dos antecessores, é um fervoroso adepto do diálogo inter-religioso e apelou no dia 28 de novembro, no Vaticano, ao diálogo, para superar o “medo” recíproco e evitar em conjunto a “tragédia dos pensamentos únicos”.
Condenando a ideia de que a convivência só é possível escondendo a própria pertença religiosa – pensamento que considera apanágio de sociedades secularizadas –, o Papa insurge-se contra a possibilidade de a religião ser remetida para a esfera privada, sem a ostentação da iconografia com que todas procuram ocupar o espaço público.
Não cuido de fazer juízos de valor sobre a intenção do Papa e, muito menos, sobre a sua bondade. O que é paradoxal é conciliar o diálogo e o proselitismo, as reuniões de várias religiões e a sua atuação prática nos templos e organismos que tutelam.
O Papa não pode esquecer o «diálogo inter-religioso» estabelecido pelos jesuítas na sua América do Sul, onde a fé foi imposta com inaudita violência e à custa do sumiço das populações autóctones. A ferocidade religiosa dos reis católicos de Espanha, Fernando e Isabel, foi tal, que o Vaticano se vergonha de canonizá-los.
Como se pode dialogar e, ao mesmo tempo, evangelizar? Estão dispostos os dialogantes a fazer a síntese das suas verdades, e a criar outra versão da fé, ou apenas a aproveitar as atenções da comunicação social para fingirem abertura de espírito.
É difícil saber o que se passa no Vaticano, de que maneira foi Deus servido de chamar à sua divina presença João Paulo I, após 33 dias de pontificado com vontade de examinar as contas do I.O.R.; que acordos políticos estabeleceu João Paulo II com as ditaduras da América do Sul e com os EUA e por que motivo não entregou o arcebispo Marcinkus à justiça italiana; que estranho motivo levou Bento XVI a surpreender a Cúria com a sua resignação. Enfim, há segredos que nem a Deus, se existisse, seriam confessados.
Os homens podem dialogar porque têm as suas ideias, e estas são passíveis de mudança, mas os clérigos têm a ideia que o seu deus lhes comunicou e, porque deus não mais deu sinais de vida, não é possível dialogar sobre verdades absolutas, eternas e imutáveis.
Só há pensamentos únicos nas religiões, onde a ausência da mínima ortodoxia é heresia.
O Papa Francisco, por mérito ou marketing pio, teve a comunicação social do costume a desenhar-lhe o perfil, a afeiçoar-lhe o currículo e a mostrar o rosto humano, que até um papa pode ter. Só o Prof. César das Neves não entrou em êxtase devoto, como soía com os anteriores.
Mostrou-se o PDG do Vaticano inquieto com a descrença que alastra na Europa, com a sucessiva secularização e a gradual entrada no mercado da fé, tantos séculos fechado à concorrência, de outras crenças e de métodos mais radicais de promoção.
Não basta o sectarismo demente do Islão, a exigir 5 orações diárias e a proibir micções viradas para Meca, aparecem evangélicos, adventistas, meninos de Deus e uma imensa legião de funcionários ao serviço de novas crenças e métodos, para salvação das almas.
É neste frenesim competitivo que o Papa Francisco, com um olho no burro do presépio e outro nos crentes, vai perscrutando o que pensam os católicos das uniões de facto, da pílula, do preservativo, do divórcio e dos casamentos entre pessoas do mesmo sexo.
Não sairá uma revolução do papa contratado na Argentina, mas, pelo menos, não se vê que insista em negar a hóstia a recasados ou um centilitro de água benta a quem já não a distingue da outra.
A modernidade, inimiga figadal das religiões, foi fazendo o caminho enquanto a Igreja católica ia canonizando defuntos antigos e recebendo os emolumentos, sem cuidar das virtudes dos taumaturgos ou da inteligência dos devotos.
É natural que, daqui a dois anos, devagarinho, algumas cedências sejam feitas durante um sínodo, a convocar, para mostrar que, como aconteceu com o movimento de rotação da Terra, a Igreja católica está aberta à modernidade. Devagar.
O Papa Francisco sublinhou hoje no Vaticano a importância da confissão dos pecados e revelou que ele próprio se confessa de 15 em 15 dias, apelando à compreensão da “dimensão eclesial” deste sacramento.
Anda por aí, repassada (como se diz em mau português), isto é, divulgada até à náusea a informação de que o atual Papa afronta a Cúria e arrisca a vida. Vive fora dos aposentos pontifícios, beija pés improváveis e ameaça obrigar o I.O.R. a reger-se pelas normas internacionais de transparência, depois de o Vaticano ter sido colocado na lista negra dos centros bancários de lavagem de dinheiro, pelos EUA. As eventuais relações com a máfia e o paraíso fiscal não podem manter-se, sem arriscar a credibilidade do Paraíso.
Este Papa, Francisco, foi uma inevitabilidade, para romper de forma controlada com os escândalos sucessivos, desde o encobrimento da pedofilia à cumplicidade na falência fraudulenta do Banco Ambrosiano, que financiou o sindicato polaco Solidariedade e a luta contra o comunismo.
Não tenho qualquer informação que não seja veiculada pela comunicação social e outra, mais suspeita, que circula pelos esgotos da NET, a céu aberto, encaminhada por pessoas de várias tendências, inclusive ateus e agnósticos, usualmente alheios ao que se passa no Vaticano, informação que chega «repassada» a todas as caixas de email.
Vale a pena refletir sobre o papado e a sua influência enorme sobre países e populações de vários países do Globo. Com exceção de João Paulo II, um pároco de aldeia de parca preparação e imenso ativismo político, servido pela descomunal rede de propaganda ao serviço do Vaticano, os Papas são clérigos de altíssima qualidade intelectual e de grande experiência política.
Francisco é jesuíta, de uma ordem que prima pela preparação intelectual, perseguida por João Paulo II em detrimento do Opus Dei cujos recursos enormes serviram para cobrir o buraco financeiro aberto por João Paulo II, que protegeu o autor do desfalque do Banco Ambrosiano, o arcebispo Paul Marcinkus, a quem negou a extradição para ser julgado.
Convém referir que um padre jesuíta, que raramente aceita lugares hierárquicos, tem as habilitações correspondentes a um doutoramento. Ninguém julgue que Francisco é um clérigo ingénuo saído de um conclave onde há séculos não havia notícia da presença do Espírito Santo, apenas da crescente influência do Opus Dei a que João Paulo II conferiu a qualidade de prelatura pessoal e a rápida canonização ao fundador.
Francisco é o Papa necessário a esta fase em que a Europa, secularizada, começa a olhar para a Igreja católica perante a ameaça do proselitismo islâmico e que precisa de cuidar da América do Sul onde a implantação é grande e a concorrência evangélica agressiva.
Mantendo a indústria do milagres e a idolatria à Virgem, obsessões do Opus Dei, o Papa Francisco é o pontífice capaz de fazer esquecer a conivência do Opus Dei com todas as ditaduras fascistas, a começar pela de Franco, onde foi dominante no Governo e culpado pelos escândalos financeiros da Rumasa e Matesa, e a acabar na de Pinochet.
A aura de um papa acossado pela máfia e pelos gangues da Cúria é uma interessante via de promoção, a puxar ao sentimento e à solidariedade. Isto, sem duvidar dos interesses obscuros e contraditórios que se digladiam no interior da Cúria romana.
O Papa Francisco surpreendeu hoje as dezenas de milhares de pessoas reunidas no Vaticano para a oração do ângelus com a sugestão de um ‘medicamento espiritual’ para as suas vidas, distribuído numa caixa própria, a ‘Misericordina’.
“Gostaria de sugerir-vos a todos vós um medicamento – talvez alguns pensem que o Papa agora é um farmacêutico -, um medicamento especial para concretizar os frutos do Ano da Fé, que caminha para o fim: é um medicamento de 59 grãos numa corda, um medicamento espiritual chamado Misericordina”, disse, da janela do apartamento pontifício sobre a Praça de São Pedro.
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