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Categoria: Superstição

29 de Janeiro, 2014 Carlos Esperança

O sangue de João Paulo II, a publicidade e a santidade

Roubaram relicário com sangue de João Paulo II

Os jornais anunciam o roubo «de valor incalculável» de uma relíquia. A polícia italiana lançou uma formidável operação, com a ajuda de cães treinados, para encontrar o frasco roubado com sangue de João Paulo II, com uma cruz de um igreja medieval.

Só há, em todo o mundo, três frascos com sangue de João Paulo II, papa a canonizar em abril, momento em que a raridade da relíquia atingirá valores incalculáveis. A imprensa é omissa quanto ao treino dos cães que ajudam a polícia, sem dizer se foram adestrados a descobrir frascos, sangue ou cruzes. De qualquer modo espera-se que uma relíquia tão valiosa seja recuperada das mãos dos ladrões. Há outros que precisam dela para as rotas do turismo pio junto de um amplo recipiente para o óbolo. E não correm riscos.

Que morbidez é essa que faz sangrar um papa para alimentar o mercado das relíquias? Se a moleza da fé embota a razão, por que motivo não lhe tiraram uma dose maior para baixar o preço? Na bolsa da fé, como na de outros valores, a escassez está na base da subida dos preços mas, tratando-se de um bem intangível, a canonização não é alheia à valorização da relíquia.

João Paulo II teve como profissão e estado civil a santidade em vida. Quanto à bondade, dividem-se as opiniões. Em relação ao negócio sinto uma verdadeira repugnância, pela exploração de um órgão do morto e fico a pensar, no meu pensamento de incréu, quanto valerão as vísceras e outros órgãos se, à semelhança do sangue, lhos furtaram à sorrelfa para alimentarem o devoção necrófila dos que julgam que a visita a uma relíquia conduz o peregrino ao Paraíso.

É preciso acreditar muito na santidade e duvidar ainda mais da inteligência.

 

14 de Janeiro, 2014 Carlos Esperança

Desventuras de S. Victor e da Freguesia que tem o seu nome (Crónica)

Durante muitos anos S. Victor ouviu as preces dos devotos e atendia-as na medida das suas disponibilidades, de acordo com a modéstia dos mendicantes. Afeiçoaram-se os créus ao taumaturgo e este aos paroquianos que o fizeram patrono da maior paróquia da Arquidiocese de Braga.

Há uma década foi retirado do “Martirológio”, o rol da Igreja Católica que regista todos os santos e beatos reconhecidos ao longo de vinte séculos, desde que a Igreja católica se estabeleceu. O argumento foi pouco convincente e deveras injusto. Não se exonera do catálogo um santo por ser apenas uma lenda. Que o tenham feito a S. Guinefort, cão e mártir, morto injustamente pelo dono, aceita-se, porque a santidade não se estende aos animais domésticos. Duas mulas, que rudimentares conhecimentos dos padres da língua grega confundiram com duas piedosas mulheres, compreende-se que fossem apeadas dos altares, interditos a solípedes.

Mas um santo com provas dadas, clientela segura, devoção fiel, foi a maldade que não se fazia aos pios fregueses, tementes a Deus e cumpridores dos Mandamentos. O padre Sérgio Torres afirmou ao «Correio do Minho», em janeiro de 2005, que os paroquianos «reagiram com desagrado e muita surpresa». Não lhe permitiu o múnus e a urbanidade dizer que foi uma santa patifaria do Vaticano. O séc. IV, em que o jovem Victor foi condenado à morte por se recusar a participar numa cerimónia pagã, segundo a tradição agora desmentida, foi há tanto tempo! Que importa uma pequena mentira numa Religião que vive das grandes?

Ainda hoje, nove anos volvidos, a Junta de Freguesia de São Victor, sita na Rua de São Victor, n.º 11, afirma com orgulho, no sítio da Internet, que, «segundo reza a lenda» o seu patrono foi “martirizado pelos romanos, através do fogo e da degolação, por afirmar as suas convicções”. E acrescenta, em jeito de propaganda eleitoral: “Ainda hoje, este exemplo serve de mote ao executivo desta freguesia”.

E agora? Que fazer? Arrancam-se os azulejos que documentam a mentira? Transfere-se a devoção para os santos fabricados por João Paulo II, alguns tão pouco recomendáveis e tão detestáveis, quase todos espanhóis, e apenas com a sorte de terem dois milagres no currículo?

Era presidente da Junta de Freguesia na altura da despromoção, Firmino Marques, que embora revelando “algum desconforto”, justificou a retirada do orago do calendário litúrgico «somente pelos critérios científicos usados atualmente para a proclamação dos santos e beatos da Igreja Católica». Esse autarca era um admirador confesso da ciência.

O atual, Ricardo Silva, de sua graça, prefere apelar para o exemplo glorioso de um santo falsificado a procurar um novo taumaturgo cujo nome não acertaria com o da Freguesia e de que não obteria garantias mínimas de ser mais santo e de ganhar tão dilatada fama.

O bom senso do autarca Ricardo valeu-lhe decerto a eleição.

9 de Novembro, 2013 Carlos Esperança

Tudo acontece por vontade de Deus

 

Fotografia © REUTERS/Romeo Ranoco

 

Mais de uma centena de pessoas morreram na cidade de Tacloban, capital da província filipina de Leyte, centro do país, na passagem do super tufão Haiyan pelo arquipélago, revelou hoje, via rádio, a autoridade da aviação das Filipinas.

 

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1 de Outubro, 2013 Carlos Esperança

Aos pares é mais barato

Aos pares é mais barato !
E ainda leva o Walesa de brinde !!

João Paulo II e João XXIII declarados santos – Globo – DN

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3 de Julho, 2013 Carlos Esperança

Milagres especializados

Depois da cura do Parkinson, João Paulo II virou-se para a cura de aneurismas. Mas continua morto.

 

A Congregação para a Causa dos Santos aprovou esta terça-feira o milagre para a intercessão de João Paulo II. A aprovação final da canonização de João Paulo II está agora nas mãos do Papa Francisco.

O milagre aprovado pela Congregação para a Causa dos Santos foi a cura extraordinária de uma mulher de Costa Rica a quem foi diagnosticado um aneurisma cerebral. De acordo com ABC, o aneurisma cerebral desapareceu sem explicação científica possível depois de rezar ao Beato João Paulo II.