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Categoria: Islamismo

6 de Julho, 2013 Carlos Esperança

O Egito, o Islão e a democracia

Os berberes já habitavam o território da atual Argélia dez mil anos antes da era vulgar e, quando a lepra islâmica alastrou como mancha de óleo, no século VIII, ainda resistiram, mas acabaram por converter-se ao mais primário e belicista dos monoteísmos.

A sedução dos cinco pilares islâmicos é ajudada pelo assanhado proselitismo e profundo constrangimento social. O monopólio da educação, assistência médica e distribuição de alimentos, em sociedades saídas do colonialismo, ajudam à difusão do manual terrorista que dá pelo nome de Corão.

Junte-se a fanatização, que começa na infância, nas madraças e mesquitas em países que não conheceram o Iluminismo e vivem numa civilização falhada – a civilização árabe –, e temos a perversão que teimamos em julgar paradigma de grupos isolados, sem darmos conta das ambições prosélitas prosseguidas à bomba por voluntários que esperam ter 72 virgens a aguardá-los no Paraíso.

Foi assim que, em dezembro de 1991, a Frente Islâmica de Salvação (FIS) teve uma vitória estrondosa na 1.ª volta das eleições e, perante o terror da sharia, a Frente de Salvação Nacional (FSN) cancelou a 2.ª volta. Perante a ditadura, a Europa sossegou e desinteressou-se dos 150 a 200 mil mortos da guerra civil que se seguiu.

Recordo aos mais desatentos o que está a suceder no Egito e ao que acontecerá, a prazo, na Turquia, os dois maiores e mais influentes países de maioria islâmica, que a vontade de Maomé pretende submeter à vontade de Alá, tendo a sharia como horizonte.

No Cairo, cristãos, democratas e diversos grupos sem consistência ou até antagónicos, motivados pela crise económica, uns, e pelo medo da sharia, quase todos, expuseram-se à repressão numa corajosa resistência à liturgia das 5 orações diárias e à imposição de se virarem para Meca.

Uma vez mais triunfou a ditadura que estava escrita nos astros. Um golpe militar nunca garante a democracia, mas adia a consolidação da teocracia. Muitas vidas se perderão na guerra civil que se adivinha e os muçulmanos não são piores do que os cristãos ou ateus. O que é efetivamente pior é o Islão, na sua obstinada demência, comum ao cristianismo, de tentar impor aos outros o Deus que deviam guardar para si.

Os países democráticos, mais interessados no mercado de matérias primas, sobretudo do petróleo, descuram a exigência do respeito pela Declaração Universal dos Direitos Humanos. E a laicidade continua a ser adiada onde se erguem mesquitas e almenaras.

21 de Junho, 2013 Carlos Esperança

A Irmandade Muçulmana é o rastilho de um confronto (Matem os judeus)

 

 

 

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A Irmandade Muçulmana não é, na aparência, diferente da Cáritas ou da Conferência de S. Vicente de Paula mas, na realidade, é um instrumento do proselitismo islâmico com uma agenda de domínio à escala mundial.

Não significa que as Igrejas cristãs não tenham igual intenção, mas falta-lhes a violência que o Islão conserva e o apoio das ditaduras que em terras de Maomé assumem a forma de teocracias.

A Europa e os EUA têm uma notável tendência para a asneira e uma cobarde tolerância com o desrespeito dos direitos humanos, quando praticados sob os auspícios da religião. A decapitação por heresia, a lapidação por adultério, as vergastadas por tradição pia, em praças públicas, ou a excisão do clitóris em meninas, passam por hábitos culturais que o contexto islâmico em que ocorrem torna tolerável.

Desde que Ergodan tomou o poder, de forma democrática – diga-se –, que o processo de reislamização da Turquia não parou. É o «irmão muçulmano» alcunhado de moderado, um ditador que a União Europeia e os EUA protegeram, desconhecendo o massacre dos curdos, a repressão interna e a progressiva islamização do poder.

Agora é o Egito que se destaca pela sua dimensão territorial, estratégica e populacional no xadrez da geopolítica mundial. «O presidente egípcio Mohamed Morsi nomeou em 17 de junho de 2013, 17 de los 27 governadores do país e aumentou para 11 o número de membros da Irmandade Muçulmana que ocupam esse cargo» (Voltairenet.org ).

E lê-se mais neste sítio: «Entre os agora promovidos pelo presidente Morsi encontra-se o líder do Partido da Construção e Desenvolvimento, Adel al-Khayyat, o qual se torna governador de Luxor apesar de ter sido um dos organizadores do massacre que custou a vida a 62 pessoas, em 17 de novembro de 1997, precisamente em Luxor.

Enquanto se troca a ética por petróleo e o bem-estar por complacência com o crime, não há segurança para as democracias ou respeito pelos direitos humanos pelos facínoras da fé.

19 de Junho, 2013 Carlos Esperança

Irão – a vitória de um muçulmano «moderado»

Irão – O fantasma que persegue Rohani (Dn, hoje, pág. 25»

O novo presidente do Irão, o muçulmano «moderado», Hassan Rohani, há de recordar toda a vida o suicídio do filho mais velho, de 20 anos, em 1992, por causa da carta que ele lhe deixou.

A carta foi publicada no jornal «Al-Sharq al-Awsat», sediado em Londres e propriedade do exilado iraniano e comentador político Ali Reza Nori. Dizia o filho de Rohani:

«Odeio o seu governo, as suas mentiras, a sua corrupção, a sua religião, as suas duas caras, a sua hipocrisia».
(…)
«Tenho vergonha de viver num ambiente em que sou forçado a mentir aos meus amigos diariamente, a dizer-lhe que o meu pai não faz parte de tudo isto. A dizer-lhes que o meu pai ama a sua nação, embora eu acredite que isto não é verdade. Enoja-me vê-lo, meu pai, a beijar a mão de Khamenei.»

Diário de uns Ateus – No Irão correm várias versões sobre a sua morte, incluindo a morte em combate na guerra Irão/Iraque. É esta a liberdade e a verdade dos países onde o clero tem o poder.

18 de Junho, 2013 Carlos Esperança

A Turquia nas mãos de muçulmanos ditos moderados

Pio IX dizia que o catolicismo era incompatível com a democracia mas, por virtude da segunda, foi desmentido. Não foram os papas que outorgaram a liberdade, esta impôs-se nos países moldados pelo Iluminismo, a Reforma e a Revolução Francesa.

No Islão jamais foi feita a prova de que a liberdade e a fé podiam coexistir. Não são os islamitas que são perigosos, são os fundamentos do Islão. O Corão apela à guerra santa e ao extermínio dos infiéis como sucede com todas as doutrinas totalitárias, com todos as religiões que se julgam as únicas empresas de transportes autorizadas a circular nas estradas que conduzem ao Paraíso.

A eleição de Abdullah Gul, em 2007, para Presidente da República foi uma afronta aos setores laicos e progressistas da Turquia moderna, especialmente aos militares e juízes, que sustentavam a laicidade imposta pela figura tutelar da Turquia moderna – Kemal Atatürk. Foi também a grande vitória do pio Erdoğan, primeiro-ministro desde 1954.

Como não há democracias militares nem de juízes, coube aos turcos respeitar a decisão das urnas e a Erdoğan, que detém o poder, respeitar a Constituição, apesar da religião.

Essa foi a última oportunidade para o Islão mostrar pela primeira vez que se conforma com o pluralismo e que um presidente e um PM islamitas são capazes de respeitar os que creem e os que não creem no Profeta, bem como os que não creem em profetas.

Se a democracia soçobrar na Turquia, prova-se que o Islão não renuncia à obediência ao anacronismo do livro sagrado e que entre a civilização e a barbárie, entre a liberdade e a fé, só resta a espada para defender uma ou impor a outra.

Enquanto Erdogan, um paciente devoto, foi urdindo a subordinação do País à demência do Corão, e esmagando a contestação laica, com a benevolência americana e europeia, a Turquia sofreu um processo de reislamização lento e eficaz. Os turcos secularizados já arriscam a vida para combater a opressão de um regime validado nas urnas e ungido nas mesquitas.

Sucedem-se as cargas policiais, os confrontos e endurece a repressão, com invocações a Alá e preces ao misericordioso Profeta contra os turcos secularizados. A polícia dispara a matar e o Governo ameaça usar o Exército para dissipar protestos contra Erdogan.

No dia 29 de outubro deste ano de 2013, era vulgar, comemorar-se-ia o 90.º aniversário da República homenageando Atatürk, o pai da Turquia moderna e laica. Erdogan, com o Corão em uma das mãos e na outra o exército, conduz em direção a Meca a República que deixará de ser «constitucional, democrática, secular e unitária».

7 de Junho, 2013 Carlos Esperança

A Turquia e o véu islâmico

Nos estados laicos, sem risco de recidivas teocráticas, é inadmissível e paradoxal usar qualquer proibição para assegurar a liberdade individual. Vão longe os tempos em que as mulheres católicas eram obrigadas a usar véu, na igreja, porque o apóstolo Paulo de Tarso considerou o cabelo e a voz das mulheres coisas obscenas, convicção que teve outro efeito secundário – a castração de jovens para evitar mulheres nos coros sacros.

Surpreende que quem defende o direito ao uso do véu islâmico não reflita nos motivos da sua proibição por Mustafa Kemal, o Atatürk, fundador da Turquia moderna, e na oposição, aparentemente paradoxal, dos sectores laicos e progressistas.

Em primeiro lugar a exibição pública do adereço é um confronto aberto com a laicidade estimulado pelos sectores clericais cujo proselitismo tem na agenda, logo que Alá o queira, a imposição da sharia. Alá não se pronunciou mas o apelo das mesquitas fez-se ouvir e levou à emenda constitucional que permitirá às alunas o uso do véu islâmico dentro das universidades.

Não é preciso ser profeta para prever a pressão oriunda da função pública a exigir igual «regalia», sem ter em conta que o véu é um símbolo de opressão da mulher, visto com entusiasmo por homens conservadores e por uma sociedade cuja reislamização não tem parado.

O problema não reside na permissão, surge quando o direito se converter em imposição, os islamitas moderados se tornarem fundamentalistas e o véu for substituído pela burka.

(escrevi este texto em 10 de fevereiro de 2010)

3 de Junho, 2013 Carlos Esperança

A Turquia, o Islão e a laicidade

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A Turquia, o Islão e a laicidade

A Turquia era a última esperança de um país laico com religião muçulmana maioritária. Era o exemplo que os otimistas apresentavam para justificar a compatibilidade de uma religião com a democracia e do proselitismo religioso com a pluralidade de pensamento que é apanágio dos regimes democráticos.

Todos esqueceram que as democracias são recentes na história da Humanidade e que o cristianismo só foi tolerante graças à repressão política sobre o clero; que só no início da década de sessenta, do século passado, a Igreja católica reconheceu o direito à liberdade religiosa, durante o concílio Vaticano II.

A Guerra dos Trinta Anos acabou em 1648 e, só depois 3 a 11 milhões de mortos e da paz de Vestefália, houve liberdade religiosa pela primeira vez.

A Turquia tem hoje um primeiro-ministro democraticamente eleito, com a ajuda de Alá e a misericórdia de Maomé mas o desrespeito à Constituição é total.

Os conflitos em Istambul, Ancara e Esmirna, os mais violentos, são uma luta de vida ou de morte onde se confrontam as liberdades e a submissão ao Islão. A violência policial é a amostra do que são capazes os mullahs. As restrições sobre o vestuário, a comida e os afetos são o princípio do fim da laicidade.

Por ora a polícia ainda não cheira o hálito dos transeuntes para averiguar se consumiram álcool mas já adverte os namorados que desafiam a pudicícia de Maomé ao caminharem de mãos dadas. O beijo entre um homem e uma mulher, na via pública, começa a ser tão inaceitável como o presunto. A televisão do Estado ignora os milhares de feridos que os polícias fizeram, os 1700 detidos, os dois mortos e o bloqueio à Internet.

Importante é que cada vez mais turcos façam cinco orações diárias e jamais se atrevam a urinar virados para Meca, a cidade santa que recebe anualmente 13 milhões de crentes.

O Governo de Recep Tayyip Erdogan hesita, mas sabe que se perder esta batalha pode perder as delícias do Paraíso e o direito de impô-las aos que as desprezam. O mal não é de quem acredita no Paraíso, é de quem o quer impor aos outros. Na Turquia joga-se a nossa forma de viver e a liberdade de que gozamos. O rastilho do fanatismo está aceso.

30 de Maio, 2013 Carlos Esperança

O Islão, a fé e a liberdade

O suspeito de atacar um soldado em Paris é, à semelhança do que ocorreu em Londres, outro convertido ao islamismo que o ministro do Interior francês designou «defensor de um islamismo tradicionalista e radical», como se houvesse um islamismo diferente.

Esquecem as almas piedosas, habituadas a crer em afirmações para as quais não exigem provas, que o respeito pelas outras religiões ou pelas ideias dos não crentes não tem o mais leve acolhimento nos textos sagrados de qualquer monoteísmo, donde se conclui que o alegado apelo ao ecumenismo não passa de um golpe de marketing para disfarçar a vocação totalitária do proselitismo.

Se a Igreja não tivesse sido politicamente reprimida no Ocidente, não teria sido possível o livre-pensamento. A liberdade religiosa só foi aceite pela Igreja católica no Concílio Vaticano II, sem evitar o posterior azedume de Bento XVI e o mais absoluto repúdio da Fraternidade Sacerdotal São Pio X (FSSPX) cujo antissemitismo demente levou à cisão com o Vaticano, que a excomungou, para voltar a ser desexcomungada por Bento XVI.

Os crentes moderados são fundamentalistas sedados ou detentores de uma fé que os leva a acreditar em dias alternados ou a desconfiar em intermitência.

O combate às crenças religiosas (não a perseguição aos crentes) é uma necessidade para evitar a detonação do ódio e dos crimes daí resultantes, porque há uma ligação evidente entre as crenças e a ação.

Como é que um islamismo moderno e não radical, se o houvesse, entenderia estas duas passagens do alcorão?

– «Ó Profeta! Combate os descrentes e os hipócritas! Sê implacável com eles. E a sua morada é o Inferno – e que péssimo destino. (9:73)

– «Ó fiéis, combatei os vossos vizinhos incrédulos para que sintam severidade em vós; e sabei que Deus está com os tementes. (9:133)

A tolerância generalizada no mundo islâmico para com os comportamentos terroristas dimana do próprio Islão que, para além do Corão, conta com a literatura dos hadiths que o excede. Basta um único exemplo para se apreciar o carácter pacífico do Islão:

«A jihad é o teu dever sob qualquer governante, seja ele ímpio ou devoto».

Muitos crentes católicos, que nunca leram o Levítico ou o Deuteronómio, ou que apenas os ignoram, ficam ressentidos com a persistência na denúncia dos crimes religiosos mas a obstinação em frases sem sentido, como «islamismo tradicionalista radical», é suicida.

São expressões politicamente corretas, mas falsas, que fomentam a condescendência com os crimes religiosos, como se a fanatização de crianças em nome da fé diferisse da preparação para integrar uma associação de malfeitores laicos.

A cumplicidade dos Governos laicos com as religiões dominantes retira argumentos à luta contra a dominação do poder e das consciências pelas religiões mais implacáveis.