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Categoria: Catolicismo

15 de Janeiro, 2008 Carlos Esperança

Momento Zen de segunda

João César das Neves (JCN) na sua homilia de hoje – como a Igreja criou a Europa – perdeu a cabeça. Não podendo apoiar-se na História, tanto pior para a História. Não podendo contar com os factos, tanto pior para os factos. Primeiro está a salvação da alma, a verdade vem depois.

Eis afirmações que os historiadores negam mas que JCN subscreve: «A Igreja Católica, vencendo o paganismo obscurantista e civilizando os bárbaros, foi uma poderosa força dinâmica, estabelecendo os valores de tolerância, caridade e progresso que criaram a sociedade contemporânea. A Idade Média, conhecida como “Idade das Trevas”, foi uma das épocas de maior desenvolvimento e criatividade técnica, artística e institucional da História».

Para JCN «segundo a tese comum, a Igreja manteve o continente na obscuridade e miséria durante séculos até que a emancipação, com o Humanismo e Iluminismo, permitiu a ciência, liberdade e prosperidade actuais. Esta visão, divulgada por discursos, livros de escola e tratados de História, é simplesmente falsa».

JCN julgará que foi o Iluminismo que organizou as Cruzadas, criou a Inquisição, fez conversões forçados, defendeu o esclavagismo, expulsou os judeus e os muçulmanos, apoiou as monarquias absolutas, criou o direito divino e cometeu numerosos crimes.

JCN, citando um autor desconhecido, certamente avençado pelo Vaticano, explica como o Cristianismo gerou a liberdade, os direitos do homem, o capitalismo e o milagre económico no Ocidente.

Só não explica a razão pela qual o Vaticano não subscreve a «Declaração Universal dos Direitos do Homem» que considera de inspiração ateia.

14 de Janeiro, 2008 Ricardo Alves

O catecismo católico-fascista em Espanha

«[Franco é] o homem providencial, escolhido por Deus para governar a Espanha (…) é como a encarnação da Pátria e tem o poder recebido de Deus para nos governar».

As palavras são do Catecismo Patriótico espanhol, escrito por dois padres que, em pleno franquismo, produziram para as crianças uma descrição da síntese de fascismo e catolicismo conseguida por Franco. No livro em causa, classificam a Espanha de Franco como um Estado «totalitário cristão». Um caso típico que mostra como o fascismo e o catolicismo dos anos 30 foram duas realidades apenas separáveis no âmbito teórico.

13 de Janeiro, 2008 Carlos Esperança

Bento 16 celebra de cernelha

Papa celebrou de costas para a assembleia

Que o Papa celebre de costas, de cócoras ou a fazer o pino é irrelevante para os neófitos que, na sua inocência, recebem o baptismo como o gado o ferro do proprietário.

Grave é esta urgência em retirar do berço os bebés para lhes borrifar o corpo com água benta e os matricular no seio de uma Igreja, moldando-lhes a vontade, impondo-lhes as mentiras pias e incutindo-lhes as superstições da seita.

Impor um sacramento à nascença é impedir uma decisão adulta, colocar algemas num inocente e fazer de uma criança um membro de um bando. As 13 crianças que o Papa agora baptizou ficariam livres do Limbo, um condomínio para onde iriam as almas das crianças não baptizadas, se não tivesse sido encerrado por B16 em 2007, depois de ter sido inventado por Agostinho que recebeu a santidade a troco da imaginação.

Como não há actas de entrada, nem balanços certificados por Revisores Oficiais, é tão legítimo duvidar do limbo como descrer da Igreja que se dedicou à construção canónica.

Curiosa é esta febre de matricular bebés na ICAR, temendo que o entendimento actue como vacina, numa aflição prosélita de dependurar cruzes ao pescoço, queimar incenso e agitar o turíbulo.

É destes rituais cabalísticos que vivem os celibatários que exultam com a seda e rendas dos vestidinhos talares que agitam à frente de um Cristo espetado numa cruz com ar de passador de droga. 

9 de Janeiro, 2008 Carlos Esperança

A ICAR e a política espanhola

Lluís Martínez Sistach não é só o arcebispo nomeado para a diocese de Barcelona, é o comissário político do Vaticano na luta contra o PSOE.

Barcelona foi recentemente dividida em três dioceses e cabe ao cardeal Martinez ser o rosto visível da luta contra o PSOE e contra a política que Zapatero seguiu em relação aos temas a que a Igreja católica é mais sensível.

Depois do comício de Madrid, a dois meses das eleições legislativas, a Igreja espanhola abandonou a aconselhável prudência e saiu à rua em manifestações de acentuado cunho político, com ataques explícitos ao Governo e ao partido que o sustenta, num arriscado braço de ferro que tanto pode significar desespero como revelar a natureza franquista dos seus bispos.

A plataforma organizadora da manifestação de repúdio ao Governo – é lícito chamar-lhe assim – reúne numerosa paróquias, colégios, minúsculas ordens religiosas e associações católicas de alunos. Depois do gigantesco protesto de 30 de Dezembro em Madrid, está marcado para Barcelona, abrilhantado com a presença do cardeal Martinez, «um grande acto pela vida, a família e as liberdades» que terá lugar em 27 de Janeiro.

O grande paradoxo reside no facto de o clero não gerar vida, não constituir família nem apreciar a liberdade, pelo menos o clero espanhol.

8 de Janeiro, 2008 Carlos Esperança

A fé é que os desculpa

Se a religião tem como referência um indivíduo cuja existência é duvidosa ou um rude pastor que plagiou a Bíblia, livro de origem duvidosa e medíocre valor histórico, algo compromete o negócio da fé.

Cristo, aquele que dizem ter sido espetado num sinal mais para resgatar os pecados dos outros, espécie de masoquista sem tino, pode não ter existido, como sustentam o professor G. A. Wells, da Universidade de Londres, na obra «Did Jesus Exist?», Emílio Bossi em «Cristo Nunca Existiu» ou, ainda, como o admite Renan na «Vida de Jesus».

Os quatro evangelhos que sobraram de uma febril produção para inventar um Deus a partir de um homem, criaram o primeiro e nada provam do segundo. O cristianismo é uma burla que partiu de outra – o judaísmo – e havia de dar origem a numerosas outras de que a mais perigosa é ainda o islamismo – um plágio grosseiro e perverso.

A história do cosmos começou há cerca de doze mil milhões de anos mas um clérigo, o famoso bispo James Ussher de Armagh, concluiu que a Terra (só a Terra, não o cosmos) nasceu no sábado de 4004 a.C., às seis horas da tarde. É este rigor na mentira que dá mais crédito à fé e mais fé aos crentes.

O Antigo Testamento é um texto horrível da Idade do Bronze do qual evoluíram três religiões desumanas que alimentam uma multidão de parasitas pelo Planeta. Cristo é o ganha-pão de muitos e está na origem do luxo e ostentação dos Papas e não pára de dar origem a pequenos e lucrativos negócios: IURD, Mormonismo e outros.

Com tanta mentira valha-nos a divertida ignorância daquele Governador do Texas a quem inquiriram se achava bem o ensino da Bíblia em espanhol e ele respondeu que se o inglês foi suficientemente bom para Cristo se exprimir, não via necessidade de se usar outra língua.

6 de Janeiro, 2008 Carlos Esperança

As consagrações pias

Se há abuso e insolência que uma pessoa honrada não pode aturar é que um primata de tiara e de vestidinhos de seda consagre o seu país a uma entidade mitológica da sua fé como se o país lhe pertencesse e os cidadãos tenham de aturar semelhante despautério.

Não é o mal que faz uma consagração – um placebo de reconhecida inutilidade –, é o desaforo do biltre, a prepotência do autocrata, o abuso de considerar protectorado de um bairro mal frequentado um país democrático e de amplas liberdades.

Consagrar um país a uma qualquer imaculada reverenciada pela fé católica é ofender o carácter laico desse país, afrontar com o acto todos os crentes da concorrência e os descrentes de todas as fés.

Pois, de vez em quando, o Papa, os cardeais ou os bispos, agitam o hissope, aspergem com água benta que só eles distinguem da outra e encomendam um país com ateus lá dentro ao espírito santo, à virgem Maria ou a outro espécime pio fabricado no Vaticano.

A prepotência chega ao ponto de insultarem os ateus, de imporem as normas morais aos que desprezam Deus e os seus parentes, aos que vêem um bispo e têm náuseas e aos que ouvem o Papa e vomitam.

Se querem respeito, respeitem os outros. A excomunhão é outra farsa em uso e uma manifestação de ódio que não deve ser consentida. Uma santa alimária que até já fez um milagre – Pio IX –, excomungou os democratas e livres-pensadores. Os ateus têm sido excomungados por todos os Papas. Vejam lá se esses energúmenos não merecem o nosso desprezo e a mais viva repulsa!

4 de Janeiro, 2008 Hacked By ./Localc0de-07

O verdadeiro cristo

Agora é que é mesmo a história do verdadeiro cristo, as anteriores também eram as verdadeiras mas para vender é necessária a novidade, eis que é desta a história correcta do homem que veio à terra para salvar tudo e todos e foi pregado, realmente ninguém lhe tinha pedido rigorosamente nada.

“Jesus de Nazaré” é o sucesso recente do Bento, o dezasseis, com 2 milhões de exemplares vendidos, mais uma das quase infinitas verdadeiras histórias do homem da cruz, o tema é inovador, todos os dias, uma marca económica bastante sólida no mercado e de promissoras verbas. Livro verdadeiro da verdadeira história do cristo, da verdadeira religião do verdadeiro deus, tudo muito verdadeiro excepto as mentiras.

Livro de Bento XVI já vendeu 2 milhões de exemplares

4 de Janeiro, 2008 Carlos Esperança

A crise do Osservatore Romano

O pasquim do Vaticano está em crise. Primeiro foram-se os leitores, fartos de notícias pias e informações duvidosas. Depois foram-se os compradores, convencidos de que há papel mais barato e higiénico. Finalmente, em desespero, o director do Osservatore Romano, sabendo do desprestígio da ICAR, afirma que «é o jornal do Papa, mas não um órgão oficial da Igreja», convencido de que o Papa merece maior credibilidade.

Por aqui se vê que o Papa não é a voz da Igreja, é um empresário em nome individual, um comerciante da fé por conta própria, um gestor com poder discricionário sobre os empregados.

Nas ditaduras é assim. Não há uma constituição, não há direitos individuais, não existe contabilidade organizada. No antro do Vaticano há um primata de camauro que diz que a religião católica é a única verdadeira e que cabe aos crentes o dever de evangelizar os outros, sejam eles crentes, agnósticos ou ateus.

Valha-nos que, depois de ter perdido o poder temporal, se lhe acabaram os métodos de persuasão cristã onde a tortura e o churrasco gozaram de enorme popularidade.

Há um aspecto em que o Papa, que tanto ulula contra o ateísmo, se aproxima dos ateus. Considera todas as outras religiões falsas, tal como qualquer ateu. Bastava-lhe incluir a sua para entrar no bom caminho, atingir a verdade e tornar-se uma criatura recta.

Claro que atingia o negócio, os sapatinhos vermelhos, a guarda Suiça, os vestidinhos de renda e seda, o segredo para transformar a água vulgar em benta, o comércio dos santos, das indulgências, dos sacramentos e de toda a gama de produtos pios com que embrulha os crédulos. 

3 de Janeiro, 2008 Carlos Esperança

Eu e os crentes

Conheço e aprecio quase todas as grandes catedrais católicas da Europa, bem como os templos protestantes e ortodoxos, alguns templos budistas e mesquitas.

Do Brasil ao Canadá, de Lisboa a Roma, de Atenas a Marrocos, de Efésio a Londres, da Tailândia aos EUA, nunca deixei de apreciar a arte sacra: a arquitectura, a escultura, a pintura e a música. O ateísmo que perfilho, há meio século, nunca me embotou a sensibilidade nem me levou a desequilíbrios psíquicos que me transtornassem em sítios onde os crentes cantam, rezam e se divertem em festejos místicos.

Nunca pensei entrar num templo para fazer a apologia do ateísmo, gozar os crentes que se ajoelham, rastejam e espojam ao som do latim, do grego, do árabe ou da língua autóctone.

Desprezo as crenças, aborrecem-me os sinais cabalísticos, condoo-me com os embustes com que o clero explora, aterroriza e torna infantis os crentes, mas não interfiro entre o clérigo quer vigariza e o crédulo que cai no conto do vigário.

Podia esperar a mesma postura dos avençados da fé que entram no Diário Ateísta como piolhos em costura. Vêm com surro no cérebro e ódio no coração, fartos de rezas e água benta, a cheirar a incenso e fumo de velas, com o mesmo fanatismo que leva os judeus a quererem derrubar o Muro das Lamentações à cabeçada e os muçulmanos que desejam abrir a porta do Paraíso com explosivos.

Eu sei que a fé os enlouquece, que as orações os embotam e os jejuns os debilitam, mas os padres podiam ensinar-lhes o tino que lhes falta e as maneiras que se usam em casa alheia. Mas vá lá alguém convencer um doido de que não é o Napoleão.

Alguns crentes prometem não regressar ao Diário Ateísta. Enquanto ruminam o acto de contrição prometem não voltar, mas voltam sempre. Garantem não voltar a pôr aqui os pés. Mas põem. TODOS.