27 de Março, 2008 Carlos Esperança
Cristo – cadáver incómodo
Bento XVI considera a ressurreição de Cristo uma verdade histórica
Comentário: Se o entregassem à Inquisição, ele próprio acabaria por confessar.
Bento XVI considera a ressurreição de Cristo uma verdade histórica
Comentário: Se o entregassem à Inquisição, ele próprio acabaria por confessar.
PALAVRAS DE RENAN NO SEU LEITO DE MORTE: «Guardem-me contra o clericalismo, que eu vou entrar no período em que a Igreja costuma apoderar-se, traiçoeiramente, do enfraquecido espírito dos moribundos para os desonrar, arrancando-lhes, pela violência, retratações falsas ou inconscientes.» Palavras que perfilho também, acrescentando:
«Se ainda em vida, ou depois de morto, aparecerem palavras minhas que vão de encontro às doutrinas que tenho defendido nos meus livros -ou são inventadas por agentes de Roma, ou ditas quando o espírito se haja eclipsado para entrar em demência.»
Agosto de 1955. TOMÁS DA FONSECA
Nota: Junto o meu apelo aos de Renan e Tomás da Fonseca – Carlos Esperança
O mito central do cristianismo é a «ressurreição». Cristãos a sério como os do leste da Europa têm na «Páscoa» a festa central do seu calendário. Os católicos, com a sua pitoresca mistura de paganismo, cristianismo e consumismo, criaram uma religião pseudo-cristã que tem no «Natal» a sua festa mais importante.
É a suposta violação de uma das mais fundamentais leis do universo que os cristãos celebram nesta altura do ano. Se não fosse uma violação de uma lei evidente até mesmo para os pastores semitas de há dois mil anos, não valeria a pena celebrá-la. Não se funda uma religião autoritária a partir de factos evidentes como a queda de uma pedra abandonada no ar, a água correr para a foz, ou ser impossível restaurar um copo partido em mil pedaços. Os chamados «milagres» são quase todos violações grosseiras do funcionamento conhecido da natureza, e é por isso que têm valor e que acreditar neles dá estatuto dentro de uma comunidade religiosa.
Que tratemos com respeito comunidades que exaltam a crença em perfeitos disparates não abona a favor da nossa sociedade.
E como se não bastasse celebrarem uma completa impossibilidade, os nossos vizinhos católicos ainda por cima acrescentaram-lhe uns detalhes grotescos com sangue, cruzes, espinhos e dor, muita dor. Sinceramente, não entendo como se pode celebrar a chegada da Primavera com cerimónias que recordam a dor, ostentam a dor, homenageiam a dor, se deleitam com a dor. Celebrar a Primavera deveria convidar aos primeiros passeios pelo campo ou pela praia, em boa companhia e depois de bem servido de mesa.
No fundo, as nozes com chocolate são uma escolha mais racional do que a crucificação. E não enganam ninguém.
O Papa Bento XVI decidiu não carregar a cruz nas últimas estações da Via Crucis nesta sexta-feira, como estava previsto no programa oficial do Vaticano, constatou a AFP no local.
Ele não é parvo e sabe bem que isso da vida eterna é uma treta.
Conforme eu já afirmara, o repúdio do Vaticano pela liberdade de expressão sempre foi inquebrantável, e portanto as acusações de Bin Laden foram injustas. É a própria sala de imprensa do Vaticano quem agora recorda que o Papa esteve do lado do islamismo durante a crise dos cartunes:
Há uma empresa holandesa que já vende para Portugal o «burquini», um fato de banho de acordo com os preceitos islâmicos, e que portanto cobre todo o corpo à excepção dos pés, das mãos e da cara.
Sabendo que o Diário Ateísta é o blogue mais popular em conventos e seminários, deixamos aqui a informação, esperando que seja útil às freiras que na próxima estação balnear se queiram deslocar a esses antros de perdição que são as praias lusitanas.
O mais influente líder religioso do mundo, Ossama Bin Laden, divulgou ontem uma mensagem em que implica o seu competidor Joseph Ratzinger numa alegada «cruzada» contra o Islão que utilizaria essa temível arma que são os desenhos de Maomé.
Não me custa sair em defesa (apenas desta vez, garanto-vos), do Papa dos católicos. Efectivamente, em boa verdade vos digo, o Vaticano não pode ser acusado de cumplicidade na publicação de caricaturas de Maomé, pela simples razão de que sempre foi contra a dita publicação. Recordemos:
Portanto, Bin Laden e Ratzinger deveriam dar-se as mãos e unir-se nos valores que partilham: o repúdio pela liberdade de expressão, o desprezo pelas mulheres emancipadas, o ódio à democracia e à laicidade, a promoção da autoridade clerical, e a opressão da humanidade por preceitos anacrónicos.
Como afirma Bin Laden, com uma clareza pouco usual, «as publicações desses desenhos» foram mais graves do que «o bombardeio de modestas aldeias que desabaram sobre as nossas meninas». Policarpo já dissera algo semelhante, quando afirmou que «todas as expressões de ateísmo (…) continuam a ser o maior drama da humanidade». Para o clero islâmico e católico, são as ideias das pessoas e os desenhos que fazem que são graves ou dramáticos.
Farinha do mesmo saco. Abraâmico.
A ICAR está a ficar sem pessoal. Os dados mais recentes da própria instituição confirmam-no: o número de pessoas em formação religiosa na ICAR portuguesa foi reduzido a um terço entre 1992 e 2006. Este facto soma-se à queda no número de católicos praticantes (meio milhão a menos entre 1977 e 2001) e à ascensão do casamento civil (que terá passado a ser maioritário em 2007), entre outros indícios.
Sexta-feira santa, os padres católicos usando o missal tridentino, reabilitado em Julho de 2007 por Bento XVI, não rezarão já, «libertar o povo judeu das trevas», mas mais sobriamente «a fim de que Deus ilumine o coração dos Judeus e que eles acreditem em Jesus Cristo». A intenção é a mesma, mas é preciso reconhecer que é dito de forma mais bonita.
Fonte: Le Monde des Religions (mars/avril 2008 – N.º 28)
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