12 de Junho, 2008 Ricardo Alves
A ICAR não está acima da lei
É uma boa notícia: uma ex-religiosa mete em tribunal a «Liga dos Servos de Jesus», e pede uma indemnização por ter sido expulsa.
RA
É uma boa notícia: uma ex-religiosa mete em tribunal a «Liga dos Servos de Jesus», e pede uma indemnização por ter sido expulsa.
RA
Exmo. Senhor
Professor Dr. José Policarpo
Cardeal-patriarca em Lisboa
vigararia.geral@patriarcado-lisboa.pt
Mosteiro de S. Vicente de Fora, Campo de Sta. Clara
1100-472 LISBOA
Excelência,
A Associação Ateísta Portuguesa (AAP) tomou conhecimento do telegrama da Lusa em que V. Ex.ª comenta a sua recente criação e responde à carta escrita ao presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) que, até ao momento, manteve o mais prudente silêncio. V. Ex.ª afirmou aos jornalistas: “Para mim o que é novo é que o ateísmo, que se afirma como uma filosofia de vida de negação, se transforme em comunidade, ateia, mas parecida com as comunidades crentes.”
O movimento ateísta internacional não é novo e, para a AAP, o ateísmo não é uma filosofia de vida de negação. O ónus da prova da existência de Deus pertence aos que o proclamam e, sobretudo, aos que vivem dele. Mas sem o menor indício da sua existência nem, da parte dele, um esforço para fazer prova de vida, o ateísmo torna-se uma filosofia de vida de afirmação: da superioridade dos factos sobre os mitos, da ciência sobre a crença, do evolucionismo sobre o criacionismo, da felicidade sobre a penitência. O ateísmo não é a negação dos deuses que, ausentes, é desnecessário negar. O ateísmo é a afirmação de alternativas racionais e fundamentadas às alegações de quem afirma saber que existe Deus.
Vinda de V. Ex.ª, poderia considerar-se lisonjeira a descoberta de «parecenças com a comunidade de crentes», pois certamente as terá em boa conta, mas é exactamente o contrário. Ao contrário das organizações de crentes, a AAP não pretende ditar orientação espiritual, rituais ou dogmas. Cada associado é um livre-pensador capaz de se responsabilizar pelos seus valores e por uma existência ética plena sem se apoiar em seres hipotéticos ou dogmas impostos.
De algum modo todos somos ateus. V. Ex.ª nega todos os deuses, excepto o seu. Nós, ateus, apenas negamos mais um. Partilhamos com qualquer religião a descrença nas afirmações de todas as outras.
Registamos que considera o ateísmo um direito, provavelmente em contradição com o direito canónico, e estamos de acordo que o ateísmo é conhecido desde tempos muito antigos, infelizmente, em alguns, com direito a incineração dedicada e, ainda hoje, em certas latitudes, com direito a decapitação. “Cá estaremos para dialogar e respeitar, esperando ser respeitados” – disse o senhor Cardeal – afirmando uma abertura rara na Igreja católica e inadmissível na islâmica. É respondendo a esse repto, que lhe escrevemos esta carta reiterando o nosso respeito pelos crentes, por todos os crentes de qualquer religião, apreço que não dispensamos às crenças.
Esperando que todos nos possamos rever nos princípios enunciados pela Declaração Universal dos Direitos do Homem,
Apresento a V. Ex.ª as minhas cordiais saudações.
Odivelas, 07 de Junho de 2008
Pela Associação Ateísta Portuguesa
a) Carlos Esperança
O Vaticano aponta a reforma agrária e o favorecimento das populações rurais como a solução para a crise alimentar.
A posição foi manifestada pelo Conselho Pontifício Justiça e Paz, numa nota, por ocasião da cimeira sobre segurança alimentar da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), em Roma.
«A questão da reforma agrária nos países em vias de desenvolvimento não pode ser descurada, para que se confira a propriedade da terra aos cidadãos e se favoreça assim o uso de milhares de hectares de terra cultivável», refere a nota.
A Santa Sé considera que a escalada dos preços dos bens alimentares «poderia transformar-se numa oportunidade de crescimento para os países mais pobres do mundo», desde que as nações mais ricas se empenhem no seu «desenvolvimento agrícola»
O Conselho Pontifício Justiça e Paz revelou-se igualmente preocupado com a eventual redução da área de cultivo face à produção de biocombustíveis.
«Não se pode pensar em diminuir a quantidade de produtos agrícolas destinados ao mercado de alimentos, ou às reservas de emergência, a favor de outros fins que, mesmo se pertinentes, não satisfazem um direito fundamental como o da alimentação, assinala a nota.
O Vaticano lamenta ainda a especulação financeira sobre as matérias-primas, pedindo a «regulação» de preços.
Fonte: Sol, 05 de Junho de 2008.
A polícia do Vaticano, que junto à Guarda Suíça se encarrega da segurança do Papa, reforçou recentemente o seu dispositivo antiterrorista com a criação de dois serviços especiais, informou um oficial neste sábado. (AFP)
Comentário: O Papa não confia na protecção divina.
CE
Duas freiras italianas idosas acorrentaram-se a um poste de luz diante do Vaticano no domingo, afirmando terem sido injustamente expulsas de seu convento e pedindo ajuda ao papa Bento 16 para retornarem à clausura. (Reuters)
CE
Jesuítas pedem perdão por desobediência aos Papas |
A Companhia de Jesus pediu “perdão ao Senhor pelas vezes em que os seus membros lhe faltaram com amor, discrição ou fidelidade durante o serviço eclesiástico”. É isto que se lê nos “decretos” conclusivos da Congregação Geral dos Jesuítas, que decorreu no início deste ano, em Roma, e que foram agora publicados. |
Carlos Esperança
http://noticias.sapo.pt/lusa/artigo/066b42cbe18619c11d9394.html
http://www.agencia.ecclesia.pt/noticia_all.asp?noticiaid=60926&seccaoid=3&tipoid=11
http://www.fatimamissionaria.pt/noticia3.php?recordID=14269&seccao=2
A carta: http://www.ateismo.net/?p=4688
Exmo. Senhor (Carta registada em 2 de Junho de 2008)
Dr. Jorge Ortiga
Presidente da Conferência Episcopal Portuguesa
Quinta do Cabeço, Porta D
1885-076 MOSCAVIDE
Excelência:
A Associação Ateísta Portuguesa (AAP), recentemente constituída, felicita V. Ex.ª pela recente reeleição como presidente da Conferência Episcopal Portuguesa e aproveita para lhe expor alguns pontos de vista susceptíveis de corrigir tomadas de posição com que, talvez por desconhecimento, alguns bispos têm atacado o ateísmo e os ateus, embora lhes respeite o direito de expressão constitucionalmente consagrado.
A AAP revê-se na Declaração Universal dos Direitos do Homem e na Constituição da República Portuguesa. Defende a liberdade, sem privilégios para qualquer religião, bem como o direito à crença, não-crença ou, mesmo, à anti-crença e exige a neutralidade do Estado em matéria confessional.
A AAP assegura a V. Ex.ª que defenderá qualquer religião que, eventualmente, venha a ser perseguida por religiões concorrentes ou por algum Estado ateu que venha a surgir, tão perverso como os confessionais. O Estado deve ser neutro.
Dividem-nos profundas divergências de carácter filosófico e uma visão antagónica da Criação, pensando os ateus que foram os homens que criaram Deus e a ICAR que foi o contrário, mas nada justifica que não possamos ter uma relação urbana entre adversários que, jamais, devem ser inimigos.
Da AAP pode a ICAR contar com a ausência de proselitismo, a não admissão de sócios menores de 18 anos e a renúncia à excomunhão de qualquer opção religiosa, filosófica ou política. Os ateus são tolerantes e cultivam o pluralismo.
Recentemente, o senhor Patriarca Policarpo considerou o ateísmo o «maior drama da humanidade», afirmação de rara benevolência para com as religiões e cujo excesso não se justifica com os habituais exageros publicitários. Para nós, ateus, homens e mulheres que vivemos bem sem Deus, os grandes dramas são a fome, as doenças, as guerras, o terrorismo, a pobreza, o analfabetismo e os cataclismos naturais. Nunca veríamos nas religiões ou numa corrente filosófica «o maior drama da humanidade», e sabemos como as primeiras os provocaram e ainda provocam.
No dia 13 de Maio, o senhor cardeal Saraiva Martins, pesquisador de milagres e criador de beatos e santos, presidiu em Fátima à «peregrinação contra o ateísmo na Europa». Sem aumento de orações ou sacrifícios podia ter incluído mais quatro continentes mas, Excelência, por que motivo a peregrinação foi «contra o ateísmo» e não a favor da fé? É o espírito belicista dos cruzados que ainda corrói a mente do vetusto cardeal da Cúria?
Nós, ateus, somos a favor da liberdade, da democracia, do livre-pensamento e da ciência, contra o obscurantismo, a mentira, o medo e o pensamento único. Somos contra a xenofobia, o racismo, o anti-semitismo e qualquer forma de violência ou de discriminação por questões de raça, religião, nacionalidade ou sexo.
Se V. Ex.ª partilhar algum ou alguns dos nossos pressupostos éticos ou filosóficos pode contar com a nossa solidariedade.
Apresento-lhe as minhas cordiais saudações
Pela Direcção da Associação Ateísta Portuguesa
Carlos Esperança
O Papa Bento XVI afirmou hoje que a fome e a desnutrição são «inaceitáveis» num mundo «com recursos suficientes», na mensagem que enviou aos líderes mundiais presentes na cimeira da FAO sobre segurança alimentar.
«A fome e a desnutrição são inaceitáveis num mundo que dispões em realidade de níveis de produção, de recursos e de conhecimentos suficientes para pôr termo a este tipo de dramas e às suas consequências», declarou o secretário de Estado do Vaticano, cardeal Tarcisio Bertone, que leu a mensagem enviada pelo Papa.
O Papa também convidou para a «mundanização da solidariedade».
Na mensagem, Bento XVI afirma que milhões de pessoas estão com os olhos postos nos líderes mundiais para que encontrem soluções enquanto a segurança da sua própria sobrevivência e dos países a que pertencem estão em risco.
O papa afirma que o mundo tem recursos suficientes e know-how para pôr termo à fome e às consequências desta e apelou a todas as nações para fazerem reformas estruturais «indispensáveis» que contribuam para o desenvolvimento.
Fonte: Sol, 03 de Junho de 2008.
A Conferência Episcopal de Moçambique, manifestou a sua “extrema preocupação” face à “barbárie” contra os estrangeiros na África do Sul e atribuiu à frustração dos sul-africanos a causa da violência.
“Manifestamos a nossa extrema preocupação perante a situação em que se encontram muitos dos nossos irmãos e irmãs moçambicanos residentes na vizinha África do Sul, em consequência do aumento da intimidação, violência e morte a que eles estão sujeitos”, pode ler-se na mensagem divulgada.
Os bispos católicos referem ainda que “na sequência dos actos de barbárie e intolerância” registados na África do Sul, “mais de 40 moçambicanos foram gratuitamente linchados até à morte”, o dobro das vítimas apontadas pelas autoridades moçambicanas no seu último balanço oficial, hoje divulgado.
Na nota divulgada, os bispos deploram o regresso inesperado de “mais de 30 mil” moçambicanos que tinham “ido trabalhar [para a África do Sul] em busca de melhores condições de vida para si e seus familiares”, muitos dos quais foram “despojados dos seus haveres”.
Para os líderes católicos moçambicanos, as causas da fúria dos cidadãos sul-africanos contra os imigrantes são a “degradação da condição social, distribuição desigual da riqueza e a exploração da mão-de-obra barata estrangeira em detrimento de trabalho e salários justos reivindicados pelos sul-africanos”.
“Por outro lado, a riqueza gerada na África do Sul, que não é pequena, parece estar longe de ser distribuída equitativamente por todos. A vida melhor sonhada pelo povo sul-africano, com o fim do apartheid, não está sendo uma realidade”, observa o prelado católico moçambicano.
A CEM faz um apelo ao Governo sul-africano no sentido de “compensar todos aqueles que perderam os seus bens nesta onda de xenofobia e que, deste modo, viram o seu futuro e o das suas famílias seriamente comprometido”.
A exortação dos bispos católicos é igualmente estendida a todos os povos da África Austral, “para que se neutralizem os extremismos, uma vez que com esse tipo de manifestações todos sairão a perder”.
Ao Governo moçambicano, os religiosos pedem que dialogue com as autoridades sul-africanas, para encontrarem formas de desencorajar a violência contra imigrantes.
Os bispos católicos moçambicanos instam as autoridades moçambicanas a formularem, “com a celeridade que o assunto exige, um plano exequível que concretize as melhores práticas de reintegração social” dos moçambicanos que fugiram da xenofobia na África do Sul.
A população moçambicana em geral é também evocada na mensagem episcopal, onde é feito um apelo à calma e contenção face a qualquer tipo de provocação e violência e é lembrado que Moçambique é “um exemplo mundial de resolução pacífica de conflitos”.
Fonte: Expresso Online, 02 de Junho de 2008.
O Diário de uns ateus é o blogue de uma comunidade de ateus e ateias portugueses fundadores da Associação Ateísta Portuguesa. O primeiro domínio foi o ateismo.net, que deu origem ao Diário Ateísta, um dos primeiros blogues portugueses. Hoje, este é um espaço de divulgação de opinião e comentário pessoal daqueles que aqui colaboram. Todos os textos publicados neste espaço são da exclusiva responsabilidade dos autores e não representam necessariamente as posições da Associação Ateísta Portuguesa.