Loading

Categoria: Catolicismo

30 de Julho, 2008 Carlos Esperança

Correio dos leitores

Desabafo de um ateu perante esta notícia:

Cada vez mais me convenço de que não há nada como ser ateu. É que um gajo já nem no Jeová pode confiar. Ou ele está velho, ou senil, ou preguiçoso, sei lá…

A verdade é que o grupo católico se perdeu, provavelmente por ter confiado de mais em Deus e de menos na bússola. Os tais “meninos vestidos de idiotas chefiados por um idiota vestido de menino” acabaram por se perder pelas verduras de Oliveira do Hospital.

 Claro que eles podem, agora, reclamar que foram encontrados “graças a Deus”; mas onde estava Deus quando eles se perderam? Será que Jeová não perde a mania de remediar as coisas, em vez de as evitar? Ele “cura” cancros, mas, por que diabo não os evita? Será que é por causa da publicidade (se evitar, ninguém sabe que foi ele…)?

Mas o gajo precisa de publicidade, para quê? Terá medo que os religiosos optem por “outros deuses ante mim”? Ou será complexo de inferioridade?

José Moreira

29 de Julho, 2008 Carlos Esperança

Leonardo Boff prevê ‘grande crise interna’ da ICAR

A Igreja Católica sofrerá uma “grande crise interna”, porque os milhões de católicos do mundo não têm uma representação adequada nos assuntos administrativos do Vaticano, declarou o teólogo Leonardo Boff, promotor da Teologia da Libertação, nesta segunda-feira. (AFP)

Nota: As ditaduras acabam por cair.

25 de Julho, 2008 Carlos Esperança

Timor – um país frágil

Quando um país, na infância da independência, dá os primeiros passos em liberdade merece que a economia ajude os cidadãos que escolheram com sangue o seu destino colectivo.

Timor tem condições para ser viável mas não pode desintegrar-se sob a pressão da bomba demográfica que o torna cada dia mais pobre. Não há produto interno bruto que acompanhe uma fertilidade descontrolada, uma paz que resista à fome e ao desemprego, Governo que assegure, nestas condições, um futuro condigno para os seus cidadãos.

Se há um país onde é urgente o planeamento familiar, a protecção da maternidade consciente e uma pedagogia demográfica, é Timor.

A Igreja católica, por preconceitos atávicos e insensibilidade do actual Papa, não pensa assim. A miséria é, aliás, um factor que, aliado ao analfabetismo, aumenta o poder do clero, seja qual for a religião.

Em Timor, em vez de médicos e professores, em vez de pílula e dos preservativos, em vez do desenvolvimento económico e social, é a fé que se mantém em alta.

Crescem as vocações sacerdotais, aumenta o número de catequistas e paira a ameaça de uma Concordata e não tarda que haja mais um bispo. Uma diocese faz menos falta do que um hospital ou uma universidade mas o Vaticano tem especial cuidado com as almas. É o seu negócio.

16 de Julho, 2008 Ricardo Alves

Ratzinger é bom para a indústria do sexo

A visita de Joseph Ratzinger à Austrália está a excitar os bordéis e «sex shops» de Sydney. Alguns até oferecem descontos aos participantes.

Não é de admirar: cada festival da juventude católico é uma ocasião para a rapaziada trocar favores sexuais com o género oposto (ou, nalguns casos, com o mesmo sexo). O que se lhes deseja é que ignorem os conselhos de Ratzinger e tomem os devidos cuidados, embora ele os proscreva. A irresponsabilidade, embora seja um ensinamento católico, não é por essa razão éticamente menos reprovável.

Neste contexto, é de toda a justiça enaltecer a atitude das organizações laicas que distribuirão preservativos aos participantes no festival católico.

RA

10 de Julho, 2008 Ricardo Alves

Podeis vestir-vos de padre e dizer missa: não é crime

«O Tribunal de Santa Cruz adiou ontem o julgamento do padre Martins Júnior, ex-deputado do PS no Parlamento da Madeira, acusado pelo Ministério Público da prática, de forma continuada, do crime de “abuso de designação, sinal ou uniforme”. Ou seja, por exercer o culto religioso numa altura em que estava suspenso.
A primeira audiência foi suspensa após a defesa ter requerido a nulidade deste processo comum, invocando que a acusação se fundamentara em norma da Concordata entre a Santa Sé e a República Portuguesa já retirada na revisão de 2004.
O revogado artigo XV diz que “o uso do hábito eclesiástico ou religioso por parte de seculares ou de pessoas eclesiásticas ou religiosas a quem tenha sido interdito por medida das competentes autoridades eclesiásticas, oficialmente comunicada às autoridades do Estado, é punido com as mesmas penas que o uso abusivo de uniforme próprio de um emprego público”.
Perante denúncias públicas do PSD e o poder regional defender que o referido padre continuava a exercer actos de culto na Ribeira Seca apesar de, em 1977, ter sido suspenso pelo antigo bispo Francisco Santana, o procurador da República na Madeira deduziu a acusação em 2001. No entanto, o MP só agora requereu julgamento, após Martins Júnior, eleito deputado regional pela UDP e depois pelo PS, ter perdido a imunidade ao deixar o Parlamento madeirense em 2007. » (Público, 10/7/2008)

10 de Julho, 2008 Mariana de Oliveira

As «Provas» de António Ferreira Gomes

Uma série de textos, muitos deles inéditos, do antigo bispo do Porto D. António Ferreira Gomes vão ser apresentados publicamente quinta-feira compilados num novo livro, para recordar os 50 anos da polémica que manteve com Salazar.

O livro «Provas. A outra face da situação e dos factos do caso do Bispo do Porto» é apresentado pelo bispo D. Carlos Azevedo quinta-feira na Associação Católica do Porto e reúne aquilo que é a defesa do prelado na polémica que manteve com o Estado Novo e que o obrigou a exilar-se durante dez anos.

A polémica nasceu com uma carta de Julho de 1958 em que D. António Ferreira Gomes criticava o corporativismo, o regime de partido único e a miséria do país.

Este volume de documentos foi reunido entre 1952 e 1982 para publicação futura pelo próprio prelado que «pôs em causa as bases do regime do Estado Novo», explica na introdução do livro o bispo D. Carlos Azevedo.

«Ao atribuir o título de Provas a este conjunto de documentos, o bispo [D. António Ferreira Gomes] oferecia a relação entre o que narrava nas Cartas ao Papa sobre o seu caso e os factos referidos nas fontes», salienta D. Carlos Azevedo no mesmo texto.

Nos textos reunidos pode apreciar-se a «oscilação entre razões de ordem política e explicações eclesiásticas para justificar o afastamento, remoção ou regresso do bispo do Porto» num «jogo entre agitação política e divisão religiosa», segundo D. Carlos Azevedo.

No livro, estão reunidos conferências, textos, reflexões pessoais do prelado, decisões eclesiásticas, decretos e cartas enviadas a outras entidades num total de mais de uma centena de documentos.

D. Carlos Azevedo, que é também presidente da Fundação SPES (fundada em testamento por D. António Ferreira Gomes), explicou que esta é uma ocasião propícia para «discutir o caso do bispo do Porto» e do seu exílio por dez anos por ter criticado o regime.

Os textos foram coligidos pelo próprio bispo até à década de 80 mas, na ocasião, foi decidido não publicar a obra, recorda D. Carlos Azevedo, que foi seminarista e é um admirador do prelado.

Agora, há já «um tempo suficiente para um juízo sereno de um caso que suscitou tanta polémica», afirmou o prelado, considerando que o futuro do bispo do Porto ensina às novas gerações que a intervenção pública por causas e valores é essencial.

«Não intervir é pecado» e «não arriscar uma solução é ser conivente com o estado da nação» pelo que é necessário «provocar profeticamente» os poderes instituídos, considerou o prelado.

Os textos foram todos colocados numa pasta e incluem introduções e anotações pessoais do próprio bispo, entre as quais cartas enviadas ao Papa ou mesmo documentos em que «ele faz uma interpretação do seu próprio caso».

No livro, está assim a «base documental para o que ele defende nas cartas enviadas ao Papa», explicou D. Carlos Azevedo, que guarda «memórias muito profundas» da figura do seu mentor.

«Foi o meu mestre do meu tempo de seminário e quem depois me nomeou director espiritual» daquela instituição, exemplificou o bispo.

Fonte: Sol, 09 de Julho de 2008.