A vinda do Professor Ratzinger, por alcunha Bento XVI, dignitário católico para quem a Santidade é profissão e estado civil, obrigou o País ao recolhimento obrigatório, por decreto pio e falta de pudor de quem o decidiu.
Receber com honras quem é reconhecido como chefe de Estado, é um dever do Estado de direito que somos, mas transformar o protocolo num acto de subserviência é abdicar da soberania e reduzir a dignidade do Estado português à categoria de protectorado da última teocracia europeia.
A função do Governo não é fazer com que todos creiam, é tentar resolver o problemas dos cidadãos. Nenhuma democracia tem competência para atestar o milagre que levou dois pastorinhos com muitas décadas de defunção aos altares, nem o direito de ajudar o proselitismo romano em detrimento de outras crenças.
O que se exige ao Estado é a defesa do direito às crenças, a todos as crenças, bem como às descrenças e anti-crenças que os cidadãos perfilhem.
A insólita atitude de conceder um dia de tolerância de ponto é um abuso que contraria a laicidade a que o Estado está constitucionalmente obrigado, uma discriminação injusta e gratuita para com outras crenças e um convite à participação na maratona de ave-marias e salve-rainhas que a concentração pia promove a pretexto da visita papal.
O encerramento das escolas públicas devido à chegada do papa católico é uma dolorosa metáfora do antagonismo da religião e da cultura num país onde as escolas particulares, a maior parte confessionais e católicas, continuam a ensinar.
Foi declarado o estado de recolhimento obrigatório. Só faltou coragem para impor as orações como sucedia durante a ditadura salazarista.
Quando o Estado se ajoelha é o País que fica de rastos.
As mais importantes aparições marianas dos últimos dois séculos são relatos sobretudo de crianças ou jovens, incluindo os três pastores Lúcia Santos, Jacinta e Francisco Marto. Os dois irmãos morreram antes do fenómeno ser reconhecido pela Igreja Católica.
Enquanto estiver em Portugal, nas suas deslocações dentro de Lisboa, Fátima e Porto, o Papa Bento XVI vai sempre utilizar os seus dois papamóveis.
Para conduzi-los a PSP destacou dois experientes profissionais do Corpo de Segurança Pessoal, católicos e casados.
Hoje embarcam num ‘C-130’ da Força Aérea Portuguesa para os ir buscar ao Vaticano
O Diário de uns ateus é o blogue de uma comunidade de ateus e ateias portugueses fundadores da Associação Ateísta Portuguesa. O primeiro domínio foi o ateismo.net, que deu origem ao Diário Ateísta, um dos primeiros blogues portugueses. Hoje, este é um espaço de divulgação de opinião e comentário pessoal daqueles que aqui colaboram. Todos os textos publicados neste espaço são da exclusiva responsabilidade dos autores e não representam necessariamente as posições da Associação Ateísta Portuguesa.