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Categoria: Política

6 de Março, 2008 Carlos Esperança

Espanha – ICAR contra o PSOE

A eleição do ultra-reaccionário cardeal Rouco Varela para presidente da Conferência Episcopal Espanhola (CEE), com o apoio do seu amigo Ratzinger, o principal talibã da ICAR, é um acto de desespero das sotainas.

O cardeal de Madrid tem poder, dinheiro e bons investimentos em bolsa, no laboratório farmacêutico Pfizer que «para além da Viagra, que todos conhecem como o grande antídoto contra a abstinência sexual, comercializa um anticonceptivo injectável muito vendido no 3º. Mundo e nos EUA – O Depo-Provera, trimestral, usado em 30 milhões de mulheres. Um investimento da ordem dos milhões de euros / anos, que servem para organizar em Madrid – contra Zapatero – marchas de protesto pela família, pela natalidade…».

 Por isso, as eleições em Espanha não são apenas entre a social-democracia do PSOE e o PP, partido conservador, como é desejável e normal na Europa democrática. As eleições do próximo domingo são entre Zapatero e Rouco Varela, entre o laicismo e a ICAR, entre a modernidade e as sotainas. 

Se a ICAR perder nunca mais a Espanha se curvará perante os bispos. Os anelões ficam nos dedos à espera de ósculos que não voltam, as mitras tornam-se obsoletas e os báculos passam a ser vendidos como muletas aos doentes operados ao colo do fémur.

5 de Março, 2008 Carlos Esperança

Espanha – Os bispos afrontam Zapatero

A inteligência e moderação do Cardeal Vicente Enrique Tarancón, arcebispo de Madrid, foram preciosas na ajuda à transição pacífica para a democracia.

Hoje, com a democracia consolidada e o país em acelerado processo de secularização, o episcopado prefere o confronto, reelegendo o ultra-reaccionário Rouco Varela para presidente da Conferência Episcopal Espanhola (CEE), o cardeal que desceu à rua para contestar a política do Governo – uma exótica posição sem precedentes na Europa – e que mandou votar PP.

Os bispos espanhóis, que se aproximam da centena, estão cada vez mais unidos no ódio à democracia e nas saudades do franquismo, quando o ensino da religião católica era obrigatório nas escolas públicas, o divórcio praticamente proibido e o catolicismo era a religião do Estado.

O braço de ferro entre os bispos liderados por Rouco Varela, um cardeal ligado ao Opus Dei, e o Governo legal, enfrenta uma sociedade em rápida mudança, cada vez mais laica e farta de missas. O desespero pôs as mitras em polvorosa e agitou os báculos e anelões.

A reeleição do cardeal de Madrid para a presidência da CEE é sinal de que a hierarquia religiosa, após o último debate Zapatero/Rajoy, já interiorizou a derrota eleitoral onde, numa atitude sem precedentes, se envolveu. Em aflição, tentou a fuga em frente.

4 de Março, 2008 Carlos Esperança

Espanha – Debate Rajoy / Zapatero

O franquismo foi definitivamente enterrado, o poder da Igreja vai sair debilitado e a Espanha urbana sairá vencedora da outra Espanha rural, conservadora, nostálgica das missas e do franquismo.

3 de Março, 2008 Carlos Esperança

Se Deus existisse pagava IRS

Se Deus existisse não estaria omisso nas Finanças e isento de pagar o IRS. Seria mesmo uma imoralidade, tais os proventos que aufere. Resta saber se chegariam para pagar um seguro que era prudente fazer para pagar as patifarias que lhe atribuem.

Perante um terramoto, um ciclone, uma tempestade ou inundações, teria muito por que responder. Se tudo o que acontece é por divina vontade, imagine-se Deus no tribunal dos homens – bem mais equilibrados e justos – a prestar contas das epidemias, desastres e doenças com que a humanidade é fustigada.

Enquanto os beatos se põem de joelhos e rastejam, cheios de medo e subserviência, não restava a Deus outra saída senão pedir aos ateus que lhe servissem de testemunhas e que jurassem que o réu revel não existia e que as patifarias eram fruto da natureza e do desmazelo dos homens.

Os crentes, sempre prontos a louvar-lhe a omnipotência, jamais se atreveriam a admitir que o carrasco pudesse ser julgado ou, pior do que isso, fosse o mito que lhes inferniza a existência e os põe a caminho da igreja, tocados pelos padres, a cumprirem rituais que envergonhariam uma pessoa sensata.  

Um Deus que não vota nem paga impostos é um impostor que engana muita gente há muito mas que não pode enganar todos para sempre.

29 de Fevereiro, 2008 Ricardo Alves

Grécia não respeita a liberdade de consciência, diz Tribunal Europeu

O Tribunal Europeu dos Direitos do Homem decidiu no dia 21 de Fevereiro, por unanimidade, que a Grécia violou o artigo 9º da Convenção Europeia dos Direitos do Homem ao obrigar um advogado a revelar que era ateu quando lhe foi exigido que efectuasse um juramento sobre a bíblia (cristã ortodoxa).

O queixoso, Theodoros Alexandridis, foi admitido à prática da advocacia no tribunal de primeira instância de Atenas. Sendo ateu e não desejando portanto efectuar o habitual juramento cristão ortodoxo, teve que declarar que não era cristão ortodoxo para poder fazer uma declaração solene em substituição do juramento. O Tribunal Europeu dos Direitos do Homem considerou que a liberdade do cidadão de não revelar a sua convicção religiosa foi, portanto, violada.

Esperemos que esta decisão sirva de lição ao Estado grego para que este efectue as imprescindíveis mudanças que o afastem do actual regime de Igreja de estado, com juramento religioso no parlamento, leis de blasfémia e aplicação parcial da chária em dois departamentos do nordeste.

28 de Fevereiro, 2008 Carlos Esperança

A religião e a política

Há uma perda que as religiões não digerem – a perda de influência. Depois do trabalho que tiveram a capturar um deus, a fazer dele o único verdadeiro e a defenderem-no da concorrência, vieram o iluminismo, o laicismo e a democracia a prejudicar o negócio.

A pedagogia activa com que combatiam heresias e converteram os réprobos já não pode ser aplicada porque a tortura é proibida e as fogueiras viraram obsoletas, para desespero dos padres e prejuízo da bem-aventurança eterna das almas.

Quando os jesuítas anunciaram na China a boa-nova de que o filho de deus tinha vindo ao mundo, espantaram-se os chineses como, durante tanto tempo, deus não os avisou. E, talvez por isso, preferiram a um deus, que se deixou pregar numa cruzeta, o homem que sorriu quando lhe disseram que era eterno – Buda.

Apesar de todos os reveses, os deuses dos monoteísmos gozam ainda de reputação. Nem as suas idiossincrasias os destroem. Bem sabemos que quando a repressão abranda logo o ateísmo germina; sempre que o poder do clero se debilita, é a fé que esmorece.

As religiões, não podendo destituir, em nome de deus, os legítimos representantes do povo, sufragados por eleições, pedem por amor de deus que sejam eleitos governantes tementes a deus e generosos com os seus devotos criados.

Em Chipre os padres tanto rezaram para que os comunistas perdessem as eleições que os resultados eleitorais vieram confirmar que deus não estava na ilha e que as orações eram placebo.

Em Itália, anda o Vaticano numa azáfama a pedir orações por Berlusconi, um cristão que pouco deve à santidade. Vai ganhar as eleições mas há quem pense que valem mais os órgãos de comunicação e o dinheiro do que o deus do Vaticano.

Em Espanha a Conferência Episcopal joga tudo na luta contra o PSOE que, entre outras maldades, legalizou as uniões homossexuais, permitiu-lhes a adopção de crianças e tornou facultativa a aula de religião católica nas escolas públicas. As eleições vão ser entre Zapatero e a Conferência Episcopal. Para já o primeiro vai à frente.

Estou em crer que, não tarda, em qualquer país ganhará as eleições quem tiver os padres contra. Deus é um mito que já não serve. Nem para obrigar as crianças a engolir o caldo.

26 de Fevereiro, 2008 Carlos Esperança

Discorrendo sobre a fé

Um dos conceitos mais retrógrados e violentos é certamente o carácter sagrado que se atribui ao que quer que seja. É uma forma de impedir a crítica, de subordinar a razão à fé, de conferir carácter divino ao que, tantas vezes, é inevitavelmente idiota.

A fé é um direito de todos, tal como a crítica, embora esta tolere aquela ao contrário da fé que se relaciona com a crítica como Maomé com o toucinho.

Um ateu, por mais estúpido que seja, não aceita que se possa ser punido pela crença. Já o crente, mesmo o mais inteligente, prescreve aos ateus e crentes de outras confissões a conversão à única religião verdadeira – a sua. É esta demente convicção de que há um único deus verdadeiro que faz de uma pessoa de bem num perigoso prosélito.

Os monoteísmos estiveram quase a atingir a verdade quando consideraram todos os outros deuses falsos. Foi por 1 que não fizeram o serviço completo, que não libertaram a humanidade da herança dos medos que germinaram no húmus da ignorância. Os lucros gerados pelas religiões e a legião de parasitas que medra á sua custa, não pode consentir que seque a fonte de rendimentos.

Para os ateus não constitui inquietação a imortalidade da alma, a preocupação reside na imortalidade da mentira. A matéria transforma-se, mas a alma permanece à medida das necessidades dos padres e da imaginação dos néscios.

As religiões não passariam de uma distracção inofensiva se não gerassem o proselitismo e o ódio fanático. Os ateus não procuram converter crentes mas estes só não exterminam os ateus se o açaime da lei e da secularização os impedir.

Deus é uma quimera que rende dinheiro no mercado da fé e, por isso, é eterno como o medo e a ignorância. Também por isso a luz da razão acossa a superstição e aflige o fanatismo.

25 de Fevereiro, 2008 Ricardo Alves

Desvario judaico

Um deputado do partido israelita Shas afirmou no Parlamento que «a homossexualidade causa terramotos». O deputado ultra-ortodoxo estava a protestar contra o facto de não apenas os casamentos entre pessoas do mesmo sexo serem reconhecidos em Israel (desde que realizados no estrangeiro), como de agora estes casais passarem a poder adoptar.

O deputado não explicou que género de deslocação nas placas tectónicas provocaria o reconhecimento do casamento civil em Israel.