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Categoria: Política

26 de Março, 2008 Ricardo Alves

71% dos franceses querem manter a lei de separação tal como está

Segundo uma sondagem recente, 71% dos franceses querem manter a lei de separação entre a República e as igrejas (de 1905), tal como está. E 77% dizem que «as autoridades religiosas não devem tomar posição publicamente sobre as questões de sociedade». O que prova que a laicidade não é um regime imposto por uma minoria a uma sociedade renitente. Antes pelo contrário.

18 de Março, 2008 Carlos Esperança

Dalai Lama disposto a abdicar da divindade

Sua Santidade o Dalai Lama é o líder espiritual e político de uma anacrónica teocracia tribal em que ele próprio é o Deus autóctone. O país é feudal e os monges dispõem do poder a que os súbditos tribais são obrigados a submeter-se, uma violência consentida pelo respeito divino e igualmente reivindicada pelos dirigentes chineses.

O Tibete é um espaço de fome e tradição em que a ditadura teocrática foi esmagada pela ditadura chinesa, uma mistura de liberalismo económico atrevido e de repressão policial maoísta.

Quando o Deus vivo morre, renasce num outro corpo mais jovem. Não se confunda o ar pacífico deste monge, que o marketing despojou para consumo ocidental, com um democrata ou libertador. O 14.º Dalai Lama foi, como qualquer outro teocrata, dos 15 aos 23 anos, um biltre que oprimia, embrutecia e mantinha o seu povo na miséria, habitando palácios, antes de ter fugido para o exílio na Índia.

A esta dinastia de ditadores há-de voltar o Diário Ateísta, uma dinastia em que o Deus-Rei é escolhido por monges e programado para ser vitalício, como convém a um tirano, e eterno, através dos seus avatares, como é próprio de um Deus.

Curioso é o facto de o Dalai Lama ameaçar resignar à santidade e ao carácter divino, embora o povo saiba que é Deus, mesmo que o próprio se veja obrigado a negá-lo, tal como aconteceu ao imperador do Japão em 1945.

De qualquer modo, a ignóbil tirania chinesa merece o mais activo repúdio. A China, independentemente da legitimidade territorial sobre o Tibete, continua a ser um país opressor, uma ditadura policial indigna de receber os Jogos Olímpicos. E, hoje, é isso que está em causa.

17 de Março, 2008 Carlos Esperança

As eleições no Irão

A União Europeia considera que «as eleições no Irão não foram livres ou justas». Não sei onde está a surpresa se se excluir o facto de costumar ser Bush e não a Europa a decidir quando são justas, bem como quais são os países do Eixo do Bem ou do Eixo do Mal e qual a época em que autoriza transferências.

Onde o poder é de origem divina jamais pode ser exercido sem intermediação do clero. O Conselho de Guardiães encarrega-se de impedir a candidatura de qualquer suspeito de desvio à ortodoxia. A teocracia é a antítese da democracia e no Irão o poder reside no Guia Supremo da Revolução, o imã Ali Khamenei. É este biltre que manda, segundo os princípios islâmicos e constitucionais da hegemonia do poder religioso.

As eleições parlamentares são uma farsa para aumentar o seu poder pessoal. Os 290 deputados são figurantes experientes em jejuns e orações, escolhidos pela fidelidade pessoal e religiosa.

Este bando de fanáticos vai manter a provocação nuclear e a ditadura religiosa enquanto a crise económica se agrava. A juventude, apesar da brutalidade da repressão, revolta-se e é torturada e assassinada pela polícia religiosa. Pode nascer aí a alteração à correlação de forças com o banho de sangue que se adivinha.

Estas eleições foram um exercício de aquecimento para a grande batalha que se travará nas presidenciais de 2009. Curiosamente, apesar do esforço do clero para o disfarçar, a abstenção foi elevada. Hoje a informação circula com rapidez. As antenas parabólicas mostram que há mais mundo para lá das cinco orações diárias e da proibição de urinar virado para Meca.

Quando os iranianos urinarem à vontade os velhos imãs recolhem ao regaço das virgens que os esperam no paraíso. Até lá, é mais uma violenta ditadura religiosa que persiste e um perigo para a paz que se prolonga no tempo e se agrava todos os dias.

15 de Março, 2008 Carlos Esperança

No rescaldo das eleições espanholas

Agora que assentou a poeira sobre as eleições espanholas e que Zapatero viu sufragadas nas urnas as medidas contestadas na rua pela da Conferência Episcopal espanhola aliada ao PP de Aznar (Mariano Rajoy é mais moderado), vale a pena recordá-las:

– Fim da obrigatoriedade das aulas de Religião católica nas escolas públicas;
– Legalização dos casamentos homossexuais;
– Extensão do direito de adopção aos casais homossexuais;
– Criação da disciplina de Educação para a Cidadania;
– Lei da memória histórica;
– Apagamento dos símbolos franquistas dos edifícios públicos que, para vergonha do clero, permanecem provocatoriamente nas igrejas;

Só falta legislar sobre a eutanásia para completar o programa da primeira legislatura em relação aos temas que mais incomodavam a direita e o episcopado. Mas, agora que o cardeal Rouco Varela, ligado ao Opus Dei, presidente da Conferência Episcopal e amigo do Papa, garante a sua oração a Zapatero, não irá ser difícil.

E a eutanásia é um angustiante problema que não pode ser tratado com preconceitos e anátemas. É urgente e precisa de discussão pública. Em Espanha e em Portugal.

11 de Março, 2008 Carlos Esperança

Derrota de Deus em Espanha

O cardeal de Madrid, Rouco Varela, amigo de B16 e do defunto JP2, eleito presidente da Conferência Episcopal de Espanha (CEP) com a bênção do Papa, era o braço armado da Senhora de Guadalupe contra o PSOE.

Desceu às ruas de Madrid, acompanhado pelo bando de sotainas da sua diocese, a rugir contra as leis que autorizaram o carácter facultativo do catecismo nas escolas públicas, que facilitaram os divórcios, aprovaram as uniões de homossexuais e permitiram que estes adoptassem filhos.

O cardeal pediu aos crentes que rezassem muito para que Deus os ajudasse a vencer um demónio civilizado e urbano, social-democrata e ateu, presidente do Governo espanhol e cumpridor das promessas feitas ao eleitorado, promessas que fazem ranger os dentes e espumar de raiva o arcebispo de Madrid.

Ora, Deus provou que não existe. Perderam tempo e as orações os ociosos que rezaram e não puderam evitar que o cardeal Rouco Varela e o Papa B16 fossem humilhados nas urnas.

O cardeal deixou achincalhar a mitra e enferrujar o báculo. No futuro, só alguma beata mais inveterada se aproximará do anelão para lho oscular. Os próprios padres, vendo a irrelevância do seu bispo, começam a perder a fé em Deus e o medo do Inferno.

E um padre sem medo e sem fé é um homem perdido, capaz de violar os sete pecados mortais, de comprar preservativos e encomendar a pílula do dia seguinte para prevenir alguma desgraça de homem feliz que se libertou de Deus.

Até há pouco, o cardeal do Opus Dei gania homilias ferozes e ameaçava com o Inferno. Agora é um primata envergonhado com a inutilidade do seu Deus e das suas homílias. Mas ainda vai rosnar apesar da vergonha e da derrota.

9 de Março, 2008 Carlos Esperança

Espanha – Cardeal Rouco Varela humilhado nas eleições

Contra o PP, contra o cardeal Rouco Varela, contra os franquistas e todos aqueles que se juntavam nas ruas de Madrid em persistente contestação ao cumprimento das promessas do PSOE, José Luís Rodríguez Zapatero ganhou as eleições e o direito de formar governo para um segundo mandato.

Nem a desesperada manifestação terrorista da ETA, que vitimou um vereador socialista a quem o Governo de Franco assassinara o avô, foi suficiente para inverter a tendência de voto a favor do PP, cúmplice da invasão do Iraque e companheiro das manifestações dos bispos que traziam para a rua as mitras, os báculos e os devotos e que, nas homilias, vociferavam contra a despenalização do aborto, a facilitação dos divórcios, os direitos concedidos aos homossexuais e o carácter facultativo que foi concedido ao ensino do catecismo nas escolas oficiais.

A derrota da direita começou a desenhar-se com a hegemonia de sectores mais radicais, com a crispação dos sectores mais reaccionários e terminou com a eleição do cardeal ultra-conservador Rouco Varela para presidente da Conferência Episcopal Espanhola com o apoio de Bento XVI de quem é amigo.

O eleitorado castigou a interferência do Vaticano no processo eleitoral, a ingerência aguerrida do clero e o manifesto espírito retrógrado dos sectores mais radicais, que Mariano Rajoy não conseguiu controlar. Pelo contrário, deu uma segunda oportunidade ao PSOE que desenvolveu a Espanha, impôs a laicidade do Estado e fez um país mais moderno, europeu e civilizado.

Aznar, a CEE e Rajoy, que não pôde ou quis demarcar-se de tão más companhias, são os derrotados. Zapatero e o povo espanhol mereceram a vitória. Vitória da moderação e da tolerância.

A ICAR foi humilhada. O consumo das hóstias continuará em queda e o clero católico, por muitos mártires que canonize, representará cada vez mais os mortos e cada vez menos vivos.

7 de Março, 2008 Carlos Esperança

Hipocrisia do Papa B16

Quatrocentos anos após condenar Galileu por heresia, o Vaticano tenta redimir-se erguendo uma estátua do cientista em plena sede da Igreja Católica. O monumento ficará exposto no jardim do Vaticano, numa região próxima ao apartamento em que Galileu viveu como prisioneiro, segundo informou o site americano Slashdot.

Comentário: Se o Vaticano erigisse estátuas a todas as suas vítimas precisaria de um país.