No convite feito pelo Conselho de Administração dos HUC a todos os funcionários para a comemoração do dia de S. Jerónimo, em que homenageia funcionários não podia faltar a Celebração eucarística por Sua Excelência Reverendíssima o Bispo de Coimbra (Capela dos HUC).
Subject: CONVITE do Conselho de Administração
Com os melhores cumprimentos,
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A Igreja católica, à medida que perde influência nos cidadãos, ganha poder nas instituições.
A infiltração de prosélitos nos mais altos cargos da Administração Pública tem conduzido ao esmagamento das outras religiões, ao desrespeito pelos livres-pensadores e ao ataque ao carácter laico das instituições do Estado.
Os Hospitais da Universidade de Coimbra tinham no projecto um espaço destinado aos crentes e não crentes onde, nas horas de tristeza, pudessem recolher-se para meditar ou rezar.
É um espaço amplo onde a Igreja católica, na sua gula insaciável, começou por colocar uma cruz, depois o patrono do hospital (santo certamente virtuoso) e finalmente reuniu a sagrada família. Hoje até a Senhora de Fátima jaz numa peanha a lembrar aos católicos que, se querem curas, é a ela que devem meter a cunha para o divino filho.
Há sessenta cadeiras e genuflexórios e, nos anexos, dois capelães ganham a vida a cuidar das almas. Os vencimentos dos eclesiásticos são pagos pelo Hospital. No fundo são médicos das almas sem necessidade de se submeterem a concursos públicos.
É um exagero falar de liberdade religiosa num hospital público onde o espaço de reflexão se transformou numa capela católica, onde os crucifixos sobem pelas paredes das salas de consulta, fixados com adesivo, onde o período de visita aos doentes é interrompido para a comunhão aos doentes e rezas de orações.
Como se vê, os membros do Conselho de Administração do H.U.C. não têm o sentido da ética republicana, confundem funções públicas com devoções privadas, desconhecem a neutralidade religiosa a que os agentes do Estado são obrigados e preferem pôr-se de joelhos a viver de pé.
É o próprio Carlos Azevedo, porta-voz da conferência episcopal portuguesa, quem reconhece que a assistência social que a ICAR realiza depende do Estado. No fundo, dá razão ao que sempre dissemos aqui no Diário Ateísta: que o apoio social que a ICAR presta só existe porque o Estado o paga.
Portanto, quando os católicos quiserem encher o peito com a «caridade» católica, pensem duas vezes: é caridade com o dinheiro dos outros…
A morte é, como disse Saramago, uma injustiça, mas a vida, em certas circunstâncias, é um suplício cujo prolongamento só ao enfermo cabe decidir.
Não se pode deixar ao poder discricionário de um médico a obsessão terapêutica ou a decisão irrevogável de prolongar a vida, de acordo com os seus preconceitos religiosos, nem mesmo ao doente uma decisão precipitada ao primeiro sinal de desespero.
Os médicos, colectivamente, não chegam a consenso e das Igrejas, na sua diversidade, não se pode esperar senso. Cabe aos estados, de forma responsável, responder a dramas que diariamente afligem doentes terminais, pessoas em vida vegetativa ou seres sem uma réstia de esperança ou qualquer trégua no sofrimento.
Defender a alimentação obrigatória dos pacientes em estado vegetativo – como impõe o Vaticano –, é um acto de crueldade que a lei dos Estados civilizados deve impedir.
Haverá sempre situações ambíguas, estados de fronteira onde a decisão se torna mais difícil e eticamente mais discutível. É nestas alturas que o doente, se mentalmente são, deve poder exercer sozinho o direito de decisão, usufruir pela última vez da liberdade individual.
O exemplo de Ramón Sampedro, «uma cabeça sem corpo», como amargamente definiu a situação de tetraplégico foi o denodado militante da eutanásia que quebrou um tabu e abriu a discussão sobre o direito à morte que a compaixão de mão amiga lhe permitiu.
A norte-americana Terri Schiavo viveu 15 anos em estado vegetativo permanente, sem que ocorresse a morte cerebral, até que um Tribunal da Florida determinou que fosse satisfeita a vontade da paciente, determinando que lhe fosse retirado o tubo de alimentação.
Há situações em que a alegada defesa da vida é um inqualificável acto de crueldade.
O presidente Cavaco Silva, contrariando a própria Constituição que ele mesmo jurou defender e cumprir, persiste na atitude de praticar turismo religioso à custa do contribuinte. De visita a um dos países mais fanaticamente católicos, o Sr. Presidente não se coibiu de oferecer uma imagem da senhora de Fátima ao padre que recebeu o pio casal. Presidencial, diz o periódico.
A Constituição da República Portuguesa, no seu art. 41.º, define claramente a separação entre a religião e o Estado; mas o Sr. Presidente teima em misturar.
Quero, com isto, dizer que o Sr. Aníbal Cavaco Silva, enquanto cidadão, tem todo o direito de fazer corridas no joelhódromo de Fátima, beijar anéis episcopais, tomar banhos de água benta (que ele, certamente, consegue distinguir da água normal, como bom católico que é), oferecer bonecos a representar alegadas virgens ao padre da freguesia ou ao padre de Cracóvia (desde que sejam pagas do próprio bolso, e duvido que tenha sido o caso), ir vestido de anjinho nas procissões, etc. São direitos que a Constituição consagra a qualquer cidadão. Mas não me parece que o Presidente da República, enquanto tal, tenha esses direitos.
Mas estou aberto ao contraditório…
a) José Moreira
A cumplicidade de velhos e poderosos franquistas com a Igreja católica permitiu que, até hoje, as valas comuns onde jazem os cadáveres dos adversários jamais fossem investigadas.
A perversidade da infame ditadura franquista tem vindo a ser branqueada à medida que o tempo passa. Tal como o nazismo, também o fascismo espanhol já tem quem assevere que não foi tão cruel como se diz.
Por isso, é de saudar a ordem do juiz Baltazar Garzón para que lhe seja fornecido o número dos enterrados, durante o franquismo, no Vale dos Caídos. O conhecido juiz da Audiência Nacional, que ordenou a prisão de Pinochet, quer determinar se se considera competente para investigar tais crimes.
Segundo a Agência EFE, o referido juiz pediu ontem ao abade de Vale dos Caídos, ao Arquivo Geral da Administração, à Conferência Episcopal e ao Centro de Documentação da Memória Histórica que o informem sobre o número de desaparecidos durante a Guerra Civil e o franquismo com a finalidade de determinar se é competente para investigar esses factos.
Por seu lado, O Governo respeita a decisão do juiz Garzón e o direito das famílias a recorrer perante o juiz.
O juiz informou a Conferência Episcopal, presidida pelo inveterado franquista Rocco Varela, de que deverá permitir que a Polícia Judicial aceda a todas as paróquias de Espanha (22.827) para que lhes facilitem os livros dos defuntos de que dispõem com o fim de identificar as possíveis vítimas desaparecidas a partir daquela época.
A petição do juiz também se dirige aos autarcas de Granada, Córdova, Sevilha e Madrid, que devem informá-lo do número de pessoas enterradas em fossas comuns das suas localidades – com identificação, lugar de nascimento, residência e filiação – a partir de 17 de Julho de 1936 «como consequência directa do denominado ‘levantamento nacional’ e da situação de Guerra Civil que provocou o pós-guerra sob as ordens do novo regime em Espanha».
Concretamente, Garzón refere-se aos cemitérios de S. José (Granada), Nossa Senhora da Saúde e S. Rafael (Córdova) e S. Fernando (Sevilha) e determina que o informem sobre as circunstâncias e factos que ocorreram para estes «enterramentos maciços», assim como quando se produziram.
Nota: Este post foi elaborado a partir de um artigo, de hoje, do jornal LAVANGUARDIA.ES
O Papa, este papa, Ratzinger de seu nome, cuja santidade é estado civil e profissão, é um furioso adversário da laicidade.
Nos últimos tempos, talvez desesperado pela progressiva secularização dos países cuja tradição de vassalagem ao Vaticano era antiga, inventou a «cristofobia» como desculpa do asco que nota, do desprezo que merece, do ressentimento quer provoca.
As interferências na América latina, Espanha, Portugal, Polónia, Itália e outros antigos protectorados, não têm o êxito esperado no que diz respeito ao divórcio, ao aborto ou aos casamentos homossexuais. Na destabilização dos governos democráticos, na chantagem eleitoral e na diplomacia subterrânea averbou derrotas que lhe teriam feito perder a fé, se acaso a tivesse.
Claro que os interesses do Vaticano exigem uma agressividade comercial que o coloca numa situação detestável. Mas não é o álibi da cristofobia que pode disfarçar a aversão que os sectores laicos lhe devotam. Não é um cadáver com dois mil anos que provoca medo, tanto mais que, segundo a lenda, emigrou para o Paraíso e não voltou. Ele é que é malquerido no seu insuportável proselitismo, na sua intolerável ingerência política nos regimes democráticos, na obsessão de impor a sua doutrina a quem a não quer comprar.
Não há, pois, cristofobia. O cadáver de Cristo é um mero objecto de exploração pia, um corpo renascentista pregado num sinal mais, uma referência a um taumaturgo de que a ICAR se serviu para consolidar o Império Romano ou vice-versa.
O que há é aversão ao Papa, que não se afigura maior do que a que merecem aiatolas e outros dignitários religiosos. Quando é que os parasitas da fé, deixam a humanidade viver sem os mitos, os medos e os embustes com que fanatizam crianças e aterrorizam os povos?
Seja onde for que aconteça a violência religiosa, é dever dos ateus repudiar os ataques à liberdade e à intolerância que o proselitismo fomenta.
Há crentes que conseguem integrar os princípios humanistas na mitologia da fé, admitir que os mitos alheios merecem o mesmo respeito que os seus e dar aos outros os mesmos direitos que reclamam para si próprios. Tal não acontece com as religiões, cuja vocação totalitária leva os fanáticos a pretender que haja um só deus verdadeiro – o seu – e uma só doutrina protectora da alma (seja isso o que for).
A violência das crenças exige dos ateus, agnósticos e cépticos uma vigilância constante e a defesa intransigente da laicidade do Estado, luta para que devem ser estimulados os crentes tolerantes e todos os que repudiam a violência divina sobre a liberdade humana.
Prevenir as tragédias humanas provocadas pelas três religiões do livro, as guerras e o sangue derramado em nome de um deus violento e cruel, é uma obrigação para impedir o retorno à influência clerical e às ditaduras com apoio confessional.
Não há religiões boas, por mais tolerantes e escorreitos que se tenham tornado alguns crentes. A violência de deus é a interiorização do pior de que os homens são capazes praticada pelos piores.
Cinco pessoas morreram em uma onda de violência contra cristãos no estado indiano de Orissa, depois que extremistas hinduístas começaram a atacar igrejas e edifícios dos católicos, entre os quais, um orfanato, que foi incendiado.
Para além da manutenção das castas, que os torna indignos, agora, à semelhança dos sectários das religiões abraâmicas, os extremistas hinduístas também atacam os templos das outras religiões. É preciso que o nojo, a revolta e o repúdio dos ateus denunciem e combatam o fanatismo e o ódio que nascem nas alfurjas da fé e nos antros da catequese.
O Município da cidade de Birmingham, Inglaterra, proibiu os seus empregados de acesso a sítios na Internet dedicados ao ateísmo, assim como aos de propaganda do ocultismo, acontecimentos paranormais, desvios sexuais e actividade criminosa.
Nos computadores estabeleceram um sistema de controlo “Bluecoat Software” que permite aos colaboradores estudar os sítios dedicados ao cristianismo, islamismo, judaísmo e outras religiões.
O presidente da Sociedade Nacional Secular, Terry Sanderson, disse que, segundo o “Regulamento de Igualdade no Emprego”, os trabalhadores não podem ser discriminados devido às suas convicções, o que inclui o ateísmo.
Esta Sociedade tenciona apresentar ao Concelho do Município a exigência de alteração da sua política discriminatória em relação aos trabalhadores.
a) kavkaz (leitor habitual do DA)
O veto político do Presidente da República ao novo regime jurídico do divórcio é uma decisão legítima mas reaccionária, que motivou o aplauso do truculento sindicalista da bizarra Associação Sindical de Juízes (ASJ) e do inefável presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP).
Salvo o sindicalista, António Martins, cujo respeito pelos demais órgãos de soberania o devia manter calado, para que o País respeite os juízes e acredite na sua isenção política, todos os comentários são legítimos como manifestação do direito de expressão.
O bispo Carlos Azevedo, que proíbe o casamento aos seus padres e o divórcio aos seus correligionários, rejubilou como se esperava de uma Igreja que prefere a manutenção de um casamento intolerável a qualquer divórcio que liberte os cônjuges.
O presidente da República, que se reclama de todos os portugueses, não deve impor aos que não são católicos os ditames que apenas obrigam os que se revêem na moral vinda de Roma e nos preceitos emanados dos seus bispos. O novo regime jurídico do divórcio não obriga quem quer que seja a divorciar-se, apenas pretende tornar menos penosa uma decisão bem difícil.
Um órgão da soberania de um país democrático não pode converter-se num órgão da CEP, sob pena de o PR – o primeiro dos órgãos da soberania – se tornar um apêndice da sacristia.
Compreendo que o actual titular, atendendo à idade e à devoção, deseje cuidar da alma, mas não honra a ética republicana a genuflectir-se perante o clero católico.
O veto do PR ao regime jurídico do divórcio, aprovado pela A.R., não dimana de uma objecção política ou de um acto de fidelidade à Constituição, deriva de um preconceito religioso e da presunção de que Portugal é Boliqueime.
Este não é o meu Presidente. Espero que não seja reeleito. Não o merece.
O Diário de uns ateus é o blogue de uma comunidade de ateus e ateias portugueses fundadores da Associação Ateísta Portuguesa. O primeiro domínio foi o ateismo.net, que deu origem ao Diário Ateísta, um dos primeiros blogues portugueses. Hoje, este é um espaço de divulgação de opinião e comentário pessoal daqueles que aqui colaboram. Todos os textos publicados neste espaço são da exclusiva responsabilidade dos autores e não representam necessariamente as posições da Associação Ateísta Portuguesa.