
caiu o trono e o altar
A Revolução de 1820, o 5 de Outubro de 1910 e o 25 de Abril são os marcos históricos da liberdade, em Portugal. Foram momentos que nos redimiram da monarquia absoluta e da dinastia de Bragança; são as datas que honram e dão alento para encarar o futuro e fazer acreditar na determinação e patriotismo dos portugueses.
Comemorar a República é prestar homenagem aos cidadãos que não quiseram mais ser vassalos. O 5 de Outubro de 1910 não se limitou a mudar de regime, trouxe um ideário libertador que as forças conservadoras tudo fizeram para boicotar.
Com a monarquia caíram os privilégios da nobreza, o imenso poderio da Igreja católica e os títulos nobiliárquicos. Ao poder hereditário e vitalício sucedeu o escrutínio do voto; aos registos paroquiais do baptismo, o Registo Civil obrigatório; ao direito divino, a vontade popular; à indissolubilidade do matrimónio, o direito ao divórcio; à conivência entre o trono e o altar, a separação da Igreja e do Estado.
Há 99 anos, ao meio-dia, na Câmara Municipal de Lisboa, José Relvas proclamou a República, aclamada pelo povo e vivida com júbilo por milhares de cidadãos. É essa data gloriosa que hoje se evoca no Ponte Europa, prestando homenagem aos seus heróis.
Cândido dos Reis, Machado dos Santos, Magalhães Lima, António José de Almeida, Teófilo Braga, Basílio Teles, Eusébio Leão, Cupertino Ribeiro, José Relvas, Afonso Costa, João Chagas e António José de Almeida, além de Miguel Bombarda, foram alguns desses heróis que prepararam e fizeram a Revolução.
Afonso Costa, uma figura maior da nossa história, honrado e ilustríssimo republicano, mereceu sempre o ódio de estimação das forças mais reaccionárias e o vilipêndio da ditadura salazarista. Para ele vai a homenagem de quem ama e preza os que serviram honradamente a República.
Há quem hoje vire costas à República que lhe permitiu o poder, quem despreze os heróis a quem deve as honrarias e esqueça a homenagem que deve. Há quem se remeta ao silêncio para calar um viva à República e se esconda com vergonha da ingratidão.
Não esperaram honras nem benefícios os heróis do 5 de Outubro. Não se governaram os republicanos. Foram exemplo da ética por que lutaram. Morreram pobres e dignos.
Glória aos heróis do 5 de Outubro.
A pouco menos de 24 horas da realização do segundo referendo ao Tratado de Lisboa, a Igreja Católica da República da Irlanda veio já a público desmistificar «falsas propagandas» e garantir que a aprovação do o documento não significa o abrir caminho à liberalização do aborto.
Uma reforma constitucional, que pretende acabar con o último Estado de confissão católica na América Latina, aquece a campanha eleitoral.
Por
Segundo a agencia noticiosa AFP, importantes dirigentes talibãs fora detidos no Paquistão pelo Exército.
Mahmood Khan e Muslim Khan, respectivamente comandante e porta-voz da organização talibã, e outros três elementos, foram recentemente aprisionados pelas forças militares paquistanesas.
Tinham a cabeça a prémio por 120.000 dólares…
São reconhecidos como activos militantes da rede de Osana Bin Laden nessa zona do Pasquistão.
Em 11 de Setembro, oito anos depois do bárbaro ataque às Twin Towers estas capturas foram, de alguma maneira, reconfortantes para os americanos.
Na verdade, a Al Qqaeda vem ganhando terreno político nos países muçulmanos mas, por outro lado, tem perdido grande parte da capacidade operacional, estando neste momento numa fase de recuo (estratégico?), acoitando-se na fronteira entre o Paquistão e o Afeganistão onde – a par das forças da NATO sediadas em Kabul – estão a decorrer intensas e poderosas operações militares.
A questão da intervenção da NATO no Afeganistão, i. e,, na linha da frente, é um problema que, neste momento, já perturba a agenda política na Grã-Bretanha e nos EUA. Resultados como este podem de algum modo influir na futura condução da intervenção no Oriente.
O Ratzinger vem a Portugal em 2010. Deixem-me adivinhar a data. 5 de Outubro seria óbvio demais. Hm. Aposto em 13 de Outubro.
A república, cedo percebeu que sem um eficaz sistema de ensino público gratuito, jamais se poderiam eliminar os obstáculos para regenerar uma vida colectiva que garantisse os valores de liberdade e igualdade num contexto de neutralidade frente a todo o proselitismo religioso. O primeiro requisito da liberdade é a “liberdade da mente”, que só um ensino laico e igual para todos os cidadãos sem discriminações de classe ou credo pode oferecer.
Num país refém durante tantos séculos da hegemonia dos dogmas e doutrinas da Igreja Católica, a sociedade livre e democrática precisa de um sistema neutral de ensino público financiado pelo estado, inspirado nos princípios de igualdade de oportunidades, da liberdade de consciência que animam a Constituição, mas realizado por um corpo docente competente que não esteja ao serviço de nenhum credo religioso.
A Catequese – verdadeiro nome das chamadas aulas de Religião e Moral – de qualquer confissão religiosa mas particularmente entre nós, da religião católica, deve ser “custeada integralmente” pela respectiva igreja, financiada exclusivamente pelos seus próprios meios, dos fundos entregues pelos seus fiéis, sem ajuda ou subsídio de dinheiros públicos. A família que decide uma educação religiosa para os seus filhos deve custeá-la do seu bolso, pois o estado oferece uma educação laica gratuita que, como tal, não impede a sua complementação religiosa confessional através da catequese na paróquia ou em casa.
Deve garantir-se a estas Igrejas ou comunidades religiosas, a liberdade de ensinar ou doutrinar nas suas próprias escolas e centros privados, com a salvaguarda do controlo da competência técnica pelos poderes públicos, quando os seus diplomas aspirem a uma homologação formal.
Nenhuma confissão religiosa pode legitimamente considerar estas exigências um “atentado contra a liberdade de ensino” porque não o é, apesar de toda a atmosfera de intoxicação que a Igreja Católica infiltrou nas mentes dos milhares de portugueses. A Igreja insurge-se contra esta tese, que se impõe pela própria lógica, porque ela afectaria gravemente o factor da “reprodução social automática” da sua posição de hegemonia.
O argumento de que os pais têm “direito a eleger” a forma de educar os seus filhos, não afecta os princípios que enunciei. O suposto atentado ao direito dos pais, é uma estratégia que até agora tem sido muito “rentável” à Igreja Católica Apostólica Romana.
Aqui é essencial realçar que de uma posição sinceramente humanista, por cima do direito dos pais a doutrinarem os seus filhos num credo religioso e numa educação que costuma marcar as suas vidas de modo irreversível, está o “direito” dos filhos”, potencialmente desde a infância, “a poderem optar” na sua adolescência ou idade adulta, quando já possuam os instrumentos intelectuais e morais indispensáveis para uma decisão madura e livre sobre as propostas ideológicas – religiosas ou não-religiosas – que se lhes apresentem.
Que o Papa Bento XVI tenha reagido mal a uma carta subscrita por 41 párocos italianos, a apoiar o direito dos doentes terminais a recusarem o tratamento, é a prepotência que se compreende no líder vitalício e autoritário de uma teocracia. Não lhe falta a experiência iniciada nas juventudes nazis e consolidada à frente da Congregação para a Doutrina da Fé (ex-Santo Ofício), nem a firmeza, para impor a verdade única e o castigo adequado à heterodoxia dos referidos sacerdotes.
Já se compreende mal que o Presidente da República de Portugal, que nunca pertenceu à Legião Portuguesa, à PIDE ou à União Nacional, advirta o poder legislativo contra uma lei que peca por tardia e a que sobra humanidade.
O direito de decisão dos doentes não é um favor do Estado nem uma decisão que o PR ou o Papa devam impedir, é um sinal de respeito pelos cidadãos que cabe ao Parlamento expressar pela via legislativa.
Há na cultura judaico-cristã uma tradição que obriga ao sofrimento com base na alegada vontade divina, interpretada por gerações de clérigos e assimilada por beatos capazes de negar o direito à autodeterminação individual, mas os avanços da medicina possibilitam hoje evitar o tormento e desespero dos últimos momentos de vida.
O testamento vital não é uma obrigação mas, tão somente, uma decisão do foro íntimo que cabe ao Estado respeitar. É tão anacrónico impedir o exercício deste direito como seria intolerável impô-lo.
Os cidadãos não podem estar sujeitos às idiossincrasias de líderes que prezam mais as indicações do chefe da sua religião do que a vontade individual dos seus compatriotas. Ninguém tem o direito de se servir do aparelho de Estado para exercer o proselitismo a que se julga obrigado. Os titulares dos órgãos da soberania não têm de ser ateus, crentes ou agnósticos, devem ser neutros, em matéria religiosa, no exercício das suas funções.
O lei do testamento vital que o PS adiou para a próxima legislatura depois da manifesta ameaça do PR é uma exigência ética que não pode estar dependente das concepções beatas de um PR mais interessado na remissão dos pecados e na salvação da alma do que na defesa dos direitos individuais dos portugueses.
É urgente que a próxima Assembleia da República legisle sobre este assunto ainda que os bispos se enraiveçam e o Prof. Cavaco termine o mandato a rezar ave-marias.
Há tempos, durante uma entrevista, um jornalista perguntou-me por que razão, face ao alegado respeito pela diversidade cultural, mantinha a oposição à poligamia e defendia a sua criminalização.
Objectei que admitiria a legalidade da poligamia se a lei consagrasse igualmente a da poliandria. O que está em causa não é uma questão cultural, com a qual me conformaria, mas uma desigualdade no tratamento de géneros que é uma questão civilizacional.
Este é um dos fundamentos para defender que não há guerra de civilizações mas apenas o combate, descurado, aliás, entre civilização e barbárie.
Quando a palavra da mulher vale menos do que a de um homem, quando a liberdade se restringe a um dos sexos ou o acesso ao emprego, à cultura e aos meios de subsistência privilegia um sexo, não se trata de manter a tradição mas de defender a barbárie.
A tortura, o esclavagismo e a pena de morte, para citar apenas algumas iniquidades, são uma tradição que remonta aos primórdios da humanidade, mas não adianta reivindicar a tradição quando colide com os direitos humanos porque, neste caso, deve ser erradicada.
As religiões abraâmicas, judaísmo, cristianismo e islamismo, são altamente misóginas e não é preciso ser particularmente erudito para descobrir a sua origem tribal e patriarcal.
Se a emancipação da mulher se tornou possível e numerosos Estados subscreveram a Declaração Universal dos Direitos do Homem, tal não se deve à bondade de Deus mas à dos homens. Não foram os clérigos que denunciaram as injustiças que pregavam, foram os homens e mulheres que, combatendo o poder eclesiástico, impuseram a separação da Igreja e do Estado. A democracia não nasceu em Jerusalém, Roma ou Meca, é herdeira da separação dos poderes de origem anglo-saxónica e do Iluminismo que conduziu à Revolução Francesa.
O Irão, a Arábia Saudita e o Iémen mantêm a tradição de açoitar e lapidar mulheres em público, mas não é uma tradição que deva ser integrada no âmbito multicultural ou que possa respeitar-se sem vergonha de tamanha tolerância. Imaginamos o que é ser mulher nos países onde vigora a sharia, uma boa razão para não deixarmos que a barbárie entre na Europa sob a capa do multiculturalismo.
As guerras religiosas custaram milhões de vidas aos europeus mas foi possível acabar com a Inquisição, com as monarquias absolutas e com o poder temporal dos papas. Não há xenofobia na proibição da Burka [símbolo da humilhação feminina] com a qual a mulher perde completamente o sentido de orientação.
Uma sociedade democrática não pode permitir que existam no seu seio, a pretexto da fé ou da tradição, ou de ambas, mulheres sujeitas de forma permanente e definitiva à tutela de um homem, que lhes seja interdita a condução de um automóvel ou o direito de se autodeterminarem. Não vamos criar lugares para homens e mulheres nos transportes públicos nem permitir que as sevícias que extasiam o Profeta e os mullahs islâmicos se exerçam no espaço onde há muito se respeitam os direitos humanos.
Não se trata de xenofobia mas, tão-somente, de tratar o Islão da mesma forma com que é preciso responder ao Vaticano, um bairro de 44 hectares que, graças a Mussolini, goza do estatuto de Estado e obedece a um autocrata celibatário com tiques medievais.
A laicidade é uma exigência ética e necessidade sine qua non para a sobrevivência da civilização. Não pode ser sujeita ao escrutínio eclesiástico.
Vítimas iam para passeio a Fátima, organizado pela Câmara de Baião, quando o carro, com dois passageiros a mais, foi abalroado pelo comboio que seguia da Régua para o Porto. Descuido do condutor estará na origem do desastre em passagem de nível sem guarda.
O Diário de uns ateus é o blogue de uma comunidade de ateus e ateias portugueses fundadores da Associação Ateísta Portuguesa. O primeiro domínio foi o ateismo.net, que deu origem ao Diário Ateísta, um dos primeiros blogues portugueses. Hoje, este é um espaço de divulgação de opinião e comentário pessoal daqueles que aqui colaboram. Todos os textos publicados neste espaço são da exclusiva responsabilidade dos autores e não representam necessariamente as posições da Associação Ateísta Portuguesa.