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Categoria: Política

26 de Abril, 2013 Carlos Esperança

Guerra civil de Espanha – Guernica

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No dia de hoje, em 1937, Guernica foi bombardeada pela Força Aérea alemã, de Hitler, ao serviço das forças fascista de Francisco Franco, o genocida a quem o Papa abençoou como líder de uma «Cruzada» e a Igreja católica espanhola acompanhou nos crimes que se perpetuaram depois da vitória sobre as forças republicanas e o derrube do Governo democraticamente eleito.

4 de Abril, 2013 Carlos Esperança

A monarquia espanhola, os escândalos e o futuro

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A acusação da Infanta Cristina, cuja cumplicidade com o marido parece irrefutável, é mais uma acha na fogueira em que arde a monarquia espanhola.

Iñaki Urdangarin, vem sendo acusado do desvio de fundos, fraude, falsificação e tráfico de influência, além de infrações fiscais e possível lavagem de dinheiro. Não é provável que a mulher desconheça os negócios suspeitos do marido de que ela também beneficia.

É difícil e delicado investigar a família real espanhola, a derradeira herança franquista intocada, mas, para o juiz José Castro, já deixou de ser intocável e os duques de Palma respondem pela apropriação de fundos públicos, como qualquer plebeu de mau porte.

Desde que o direito perdeu a origem divina, as monarquias são instituições de adorno ou tradições exóticas que exigem um comportamento imaculado para serem toleradas. No caso espanhol não se trata de uma tradição continuada mas de um abcesso legado pelo genocida Francisco Franco que derrubou a República, sufragada pelo povo espanhol.

Não vem ao caso recordar a orgia de sangue que dos dois lados da barricada manchou a Espanha durante a cruenta guerra civil de 1936/39, mas convém lembrar que foi Franco que, depois de vencida a guerra, continuou a executar centenas de milhares de espanhóis de forma sumária. A vitória fascista, abençoada pelo Papa, que a designou ‘cruzada’, foi a mais sangrenta tirania de que havia memória. É inútil regressar aos crimes hediondos, de que há abundantes testemunhos históricos, e às cumplicidades que os permitiram.

A monarquia espanhola é uma espécie de última vontade de Franco que o rei perpetua. As hormonas e as relações enegrecem Juan Carlos, e a comunicação social não precisa de licença para investigar o passado e escrutinar o presente.

O boato posto a circular sobre a inestimável contribuição real para o fracasso do golpe de Estado perpetrado pelo grotesco militar Tejero Molina, que invadiu o parlamento, já não basta para apagar a nódoa do seu compromisso com o monstro que o escolheu.

A única apólice da monarquia continua a ser o medo com que Franco oprimiu o País em doses de intolerável crueldade. Há medo da desintegração de Espanha, de que se julga ser cimento o regime que o povo não sufragou e o rei que o ditador legou. Teme-se os demónios totalitários, que podem voltar, a violência, os desaparecidos, as valas comuns, as crianças roubadas, a pena de morte e a aliança entre um caudilho e a Igreja que tarda em democratizar-se.

Um dia, vencidos o medo e a crise económica, a Espanha regressará à República. Viva a República!

29 de Março, 2013 Carlos Esperança

Brasil – Laicidade em perigo

Proposta que enterra o Estado Laico no Brasil pode ser aprovada na Câmara

Câmara pode aprovar proposta que dá fim ao Estado Laico no Brasil. Comissão de Constituição e Justiça já aprovou permissão para religiosos interferirem nas leis brasileiras

Se é que existe a laicidade no Brasil, onde, pelo menos teoricamente, a religião não interfere no Estado, ela está para ter seu fim. Isso porque na manhã desta quarta-feira, 27 de março, a Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) da Câmara dos Deputados aprovou a Proposta de Emenda à Constituição 99/11, do deputado João Campos.

26 de Março, 2013 Carlos Esperança

A laicidade como condição de sobrevivência

A luta partidária nos países democráticos, com a necessidade de atrair votos, tem levado os Estados laicos à cumplicidade com as religiões, ultrapassando a garantia da liberdade de culto – como é seu dever –, e subordinando-se aos interesses da religião dominante.

A globalização trouxe consigo a possibilidade de expansão de todos os credos à escala mundial, aspiração de todos os apóstolos, que desprezam a concorrência. Na Europa os cristãos ortodoxos procuram manter privilégios ancestrais e conquistar os países da ex- URSS; o Vaticano pretende opor um dique ao islão e atrair os anglicanos enquanto combate o secularismo e a laicidade; as seitas evangélicas desejam penetrar no mercado enquanto o Islão, ressentido com o seu atraso e o fracasso da civilização árabe, procura islamizar o mundo à bomba.

Em 2010, a Suécia sofreu o primeiro acto de terrorismo suicida cuja origem apontou para a demência islâmica. Segundo documentos dos EUA, difundidos pela WikiLeaks, a Catalunha é o principal centro do islamismo radical no Mediterrâneo. Na memória dos europeus perduram os atos terroristas de 11 de Março de 2004, na estação ferroviária de Alcalá, em Espanha, os atentados de 7 de Julho de 2005 no metro de Londres, a onda de ameaças por causa dos cartoons de Maomé, na Dinamarca, e o medo da Alqaeda.

Se os crentes das várias religiões se limitassem a salvar a alma que acreditam ter e não tivessem a obsessão de salvar as dos que não querem, tudo seria calmo. Nenhum cético, ateu, livre-pensador ou agnóstico se interessa pelo número de orações que rezam os crentes, pelos jejuns a que se submetem, a abstinência que guardam, os alimentos que proscrevem ou a vida sexual que têm. O problema reside no desvario de quem pretende impor aos outros os seus valores particulares, convencido de cumprir a vontade do deus que lhe impuseram.

A Física, a Química e a Biologia, por exemplo, todos os dias mudam e enriquecem com novas descobertas. As ciências, apesar do azedume das religiões, progridem a um ritmo que deixa a fé, desorientada, a ruminar livros antigos e velhos preconceitos.

O horror clerical ao secularismo só rivaliza com a aversão dos papas ao preservativo. Os judeus, menos de 20 milhões, ainda reclamam a herança divina da Palestina para as suas tribos. Os islamitas, desesperados, agarram-se ao Corão como náufragos a uma jangada, sem espírito crítico, com ódio ao progresso, à liberdade individual e à modernidade.

A re-islamização da Turquia é um intuito perigoso contra o espírito laico das suas elites, uma obsessão do atual primeiro-ministro adepto dos tapetes para as orações. A Espanha enfrentou, com B16, a fúria papal que a queria devolver ao redil do Vaticano e o assédio do islamismo que a pretende transformar num novo califado.

Ai da Europa, ai de nós, da liberdade, da herança do Iluminismo e da modernidade, se os Estados, com a conivência de uma esquerda pouco inteligente e de uma direita beata, abdicar da laicidade e deixar o fanatismo religioso à solta numa sofreguidão prosélita.

Sem laicidade, imposta sem subterfúgios, a Europa das Luzes pode regredir e tornar-se o espaço beato onde o poder democrático ceda o lugar à vontade do deus que ganhar a batalha da fé pela força das armas e pelo terror.

20 de Março, 2013 Carlos Esperança

O Iraque e as lutas intestinas dez anos depois da invasão

Na impossibilidade de levar a julgamento os quatro que, nas Lajes, traíram a verdade, o direito e a ética, para executarem o plano gizado previamente pela dupla Bush/Dick Cheney, o desprezo seria o lenitivo para a raiva e o nojo que sentimos, mas os efeitos colaterais não nos deixam em paz.

A ditadura de Saddam, ao contrário das teocracias vizinhas, tinha um cristão ministro e um Estado laico. Judeus e cristãos suportavam a ditadura e não eram molestados pelas crenças. Agora são já residuais, e em vias de extinção, perante o totalitarismo islâmico.

Destruído o país, após a matança que não poupou os próprios invasores, o Iraque virou campo de treino do terror islâmico e o Irão emergiu como potência regional e nuclear.

Da promessa de democratização, usada para consumo da opinião pública, não mais se ouviu falar. Apareceu uma nova Constituição que assimilou o Islão que, como é sabido, estima equitativamente a democracia e o toucinho.

O que se apresentou como ingerência humanitária foi um crime contra a humanidade, onde não faltaram a tortura, prisões arbitrárias e a destruição maciça de um país.

Bush, desonrado, regressou ao Texas onde sempre pode voltar ao álcool; Blair dedica-se aos negócios; Aznar anda por aí a dizer inanidades e em tráficos marginais; só Barroso ainda flutua com a conivência de velhas e novas amizades. Os cúmplices desapareceram e Berlusconi apenas se mantém na política para escapar à prisão.

A infâmia da agressão ao Iraque tem sido denunciada mas faltava ainda a mãe de todas as torpezas, corrupções e pulhices, após a vitória na mãe de todas as batalhas: faltava o enforcamento macabro de Saddam, a transformação do Iraque em campo terrorista onde o dinheiro desaparecido pode ter ultrapassado 50 mil milhões de dólares e o valor real jamais será esclarecido.

Na décimo aniversário da invasão, os iraquianos matam-se por vontade de Alá, entre as ruínas do país dilacerado por um bando de cristãos. E entregam-se às rivalidades tribais, xiitas e sunitas, assinalando o 10.º aniversário da invasão com uma onda de atentados.

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19 de Março, 2013 Carlos Esperança

A poítica e a religião

image002_MPMSe a religião se mete na política, esta não pode deixar de controlar o proselitismo religioso.

16 de Março, 2013 Carlos Esperança

A Assembleia da República e o papa Francisco

A semelhança do PR, também o Parlamento português queria fazer uma genuflexão ao papa Francisco, esquecendo que um país laico não deve manifestar alegria nem tristeza pela exótica eleição de um regedor para o Vaticano.

Não bastavam as suspeitas que recaem sobre o novo papa, quanto às ligações passadas com a ditadura argentina, para que os deputados se coibissem de felicitar quem preside a 44 hectares de sotainas, com poder absoluto e vitalício.

Que o PR, pela idade e deficiente entendimento do carácter laico da Constituição, se sentisse muito feliz com este ou qualquer outro Papa, não se aceitando, compreende-se.

Que a AR perca tempo a saudar o último ditador europeu, é uma vergonha que só não é nacional graças à abstenção honrada de alguns deputados.

O voto de saudação foi aprovado com os votos favoráveis do PSD, CDS-PP e PS e com a abstenção do PCP, BE e PEV e de seis deputados da bancada socialista, Pedro Alves, Mário Ruivo, Miguel Coelho, Isabel Moreira, Elza Pais e António Serrano.

22 de Fevereiro, 2013 Carlos Esperança

A laicidade é a vacina contra as guerras religiosas

A laicidade é a vacina contra as guerras religiosas

As guerras religiosas são um flagelo devastador no dealbar deste novo milénio. A orgia de horror e crueldade deve ser contida onde quer que tenha lugar, seja qual for o credo.

A evidente fragilidade no combate aos crimes religiosos resulta da conivência entre Governos e Igrejas maioritárias. A separação é insuficiente e a laicização – único remédio eficaz – não foi ainda conseguida. O proselitismo é a expressão da vocação totalitária e o poder temporal uma obsessão clerical.

O processo de globalização em curso acirrou ódios inter-religiosos. Cada religião aspira à globalização e à exclusão da concorrência. Compreende-se assim a virulência das que se sentem mais ameaçadas. É no auge da crise que se atinge o apogeu da fé e a vertigem do martírio.

O XV Congresso do PPE, há mais de uma década, aprovou no Estoril a alusão à defesa do património cristão no projeto de Constituição da Europa. Era um erro e uma provocação às outras religiões do livro. Se a abolição de fronteiras for o objetivo, criar fronteiras religiosas é um paradoxo.

A Europa não tem de ser católica, protestante ou ortodoxa, tem de ser tolerante e humanista. No genocídio de seis milhões de judeus pelo nazismo, embora de origem secular, pesaram preconceitos cristãos.

A democracia é filha do combate à origem divina do poder. É na impossibilidade deste combate que reside a apoteose do fascismo islâmico.

A imprescindível neutralidade religiosa enjeita o relativismo moral do Estado. O laicismo recusa a pusilanimidade e combate com veemência qualquer atentado aos direitos do homem e à igualdade entre os sexos, quer sejam pregados numa sinagoga, igreja ou mesquita.

A liberdade religiosa é uma conquista civilizacional incompatível com a impunidade dos crimes que possam cometer-se à sombra de qualquer livro sagrado. Decorei o
catecismo católico terrorista que ensinava a odiar judeus, infiéis, comunistas e maçons e fiz a comunhão solene vestido de cruzado.

Deus talvez tenha sido uma ideia interessante, mas tornou-se um pesadelo.

13 de Fevereiro, 2013 Carlos Esperança

O Presidente da República Francesa e o Papa demissionário

Reação de François Hollande:

« La République salue le pape qui prend cette décision mais elle n’a pas à faire davantage de commentaire sur ce qui appartient d’abord à l’Église », a-t-il ajouté. « C’est une décision humaine et une décision liée à une volonté qui doit être respectée »