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23 de Maio, 2004 André Esteves

A Moral encontra-se na religião?

«O cristão em mim diz-me que é errado, mas o guarda prisional em mim diz

‘adoro fazer um homem crescido mijar-se’»

Joseph Darby guarda prisional na prisão de Abu Ghraib, Iraque.

No Público

Onde estava Joseph Darby?

Aos domingos na igreja… Todos os outros dias no «trabalho» e na vida real…

E onde é que se vive a moral?

A moral está no dia a dia.

Não é antinatura, então, que um religioso peça uma teocracia?

Não será natural, para todos os que vivem uma vida natural, pedir uma democracia sem referências religiosas?

No púlpito a moral só está lá, porque a roubaram de todos nós.

23 de Maio, 2004 jvasco

Produtos Milagrosos

Eles prometem tudo!

Se precisarmos de sorte nos exames, de prender a pessoa amada, de encontrar emprego ou de nos curarmos de uma terrível doença, só temos de procurar estes mestres-curandeiros-espiritualistas que fica tudo resolvido num fechar de olhos. É preciso ter cuidado, pois são eles quem nos alerta que “anda muito charlatão por aí”, mas que eles conseguem resultados onde os outros falham.

Em Londres havia um que prometia que era capaz de fazer o filho nascer rapaz. Cobrava 500 libras, mas devolvia o dinheiro se o ritual não funcionasse. O ritual “funcionava” metade das vezes o que já era suficiente para obter uma média de 250 libras por cliente.

Foi com prazer que li no público que o astrólogo Baglu foi condenado a pagar 2000 contos pela Comissão de Aplicação de Coimas em Matéria de Publicidade. É considerada ilegal “a publicidade que, explorando a ignorância, o medo, a crença ou a superstição dos destinatários, apresente quaisquer bens, produtos, objectos, aparelhos, materiais, substâncias, métodos ou serviços como tendo efeitos específicos automáticos ou garantidos na saúde, bem-estar, sorte ou felicidade dos consumidores ou de terceiros, nomeadamente por permitirem prevenir, diagnosticar, curar ou tratar doenças ou dores, proporcionar vantagens de ordem profissional, económica ou social, bem como alterar as características físicas ou a aparência das pessoas, sem uma objectiva comprovação científica das propriedades, características ou efeitos propagandeados ou sugeridos”.

O astrólogo recorreu para o tribunal constitucional alegando que tal proibição atenta contra diversos direitos fundamentais seus, tais como a liberdade de expressão e o direito a informar, bem como a sua liberdade de iniciar uma actividade económica. Mas não há dúvidas de que o direito à liberdade de expressão está condicionado, quer para evitar a difamação, quer para regulamentar a publicidade. No fim, o Tribunal Constitucional condenou astrólogo Baglu a pagar os tais 2000 contos com as custas e ainda uma taxa de justiça no valor de 1335 euros.

23 de Maio, 2004 Carlos Esperança

Portugal não abdica da referência a cristianismo na futura Constituição europeia

«A lista de signatários integra a Itália, Polónia, Lituânia, Malta, República Checa e Eslováquia. Segundo o porta-voz do ministério polaco dos Estrangeiros, Boguslaw Majewski, o documento está aberto à adesão de outros países» – lê-se no Jornal de Notícias.Como se vê, estes países constituem a fina flor dos arautos da democracia, os exemplos mais estrénuos na defesa da liberdade religiosa, a vanguarda histórica do respeito pelos direitos humanos.

Violentas ditaduras e a subserviência ao Vaticano são desgraças que lhes enchem a alma de orgulho e o passado de vergonha.

Portugal, cuja Constituição é omissa em referências religiosas, não se resigna a alardear, por intermédio dos elementos do Opus Dei que integram o Governo, o desejo de alterar o laicismo da Constituição actual, nostálgicos da Constituição de 1933 onde se afirmava que «Portugal é um país tradicionalmente católico».

O sonho maior de um beato é impor uma teocracia e este Governo recusa-se a ver o crepúsculo moral a que a sua aliança com o CDS o conduz.

O desvario teocrático que grassa no mundo islâmico foi o sinal de alerta que levou os países europeus a resistir aos apelos fanáticos de JP2 de introduzir a referência ao cristianismo na futura Constituição europeia, fartos de lhe ouvirem exaltar a santidade e o martírio numa conduta equivalente à dos ayatollahs. Mas não consideremos a vitória adquirida.

Não podemos consentir que a igreja se transforme no lupanar da liberdade, onde se prostitua a democracia com o incenso a servir de permanganato.

22 de Maio, 2004 Ricardo Alves

A luta continua, "Deus" para a rua

A primeira pedra no edifício das democracias modernas é a separação da igreja do Estado. Apenas quando os governantes deixaram de o ser “em nome de Deus” (que não sabiam como consultar) e passaram a sê-lo em nome do povo (e embora nem sempre o consultem), se criaram as condições para o advento das democracias modernas.

A actual obsessão do Vaticano e de alguns políticos conservadores com uma referência explícita, primeiro a “Deus”, e agora ao “património cristão” no Preâmbulo da Constituição Europeia parece assim uma tentativa pitoresca de regressão ao tempo da monarquia por direito divino.

Na verdade, a histeria em torno da “referência cristã” tem servido para esconder que a ICAR conseguiu uma importante vitória com a adopção do artigo I-51 da Constituição Europeia, que não apenas garante que a Constituição não afectará o estatuto das igrejas como garantido pelo direito nacional, mas também cria um mecanismo de consulta das igrejas nos processos legislativos europeus. Não por acaso, a Conferência dos Episcopados Europeus já declarou estar muito satisfeita com o actual projecto de Constituição…

22 de Maio, 2004 André Esteves

Interpretação bíblica a quente

Um casal de namorados americanos estudava e discutia a bíblia. Encontraram um versículo em que a vontade do senhor não se tornava clara.

Ele dizia assado. Ela replicava o contrário. A discussão cresceu em paixão e intensidade.

Cada um proclamava que se sentia cheio do espírito. O outro replicava que as palavras do senhor eram claras.

Transbordavam de fé!

Tanto que, enquanto fritava umas batatas durante a discussão, a mulher não aguentou mais…

Atirou o óleo a ferver na cara do companheiro.

A notícia do Fait Diver

21 de Maio, 2004 Carlos Esperança

Notas piedosas

Monarquia democrática – Eis uma piedosa expressão, ultimamente muito repetida, que não passa de um paradoxo que só a república consegue resolver.

Papa – Ao comemorar 84 anos ficou tão contente com a Concordata que, depois de ter ouvido Durão Barroso a dizer-lhe que tinha 3 filhos, lhe perguntou maldosamente se não ia em busca de uma menina. A esposa do primeiro ministro ruborizou-se piedosamente.

Espanha – Letícia Ortiz pode casar pela santa madre igreja católica apostólica romana (ICAR) porque o casamento civil anterior, segundo os bispos, é inexistente perante Deus. Fica-se a saber que, para a Igreja, um casamento sem missa nem eucaristia é como uma cópula sem penetração nem orgasmo.

Concordata – A comitiva que acompanhou Durão Barroso a Roma (cerca de 50) não foi dar qualquer prestígio ao acto que, aliás, não é motivo de orgulho. Uns foram por promessa, outros à cata de indulgências, bastantes por penitência e, TODOS, porque foi de borla.

AGÊNCIA ECCLESIA – Segundo D. Jacinto Botelho, presidente da Comissão Episcopal da Família, referindo-se à “grande diminuição da natalidade no nosso país”, condenou o egoísmo e o comodismo que estão na sua origem. Ninguém como os bispos para falarem do que sabem.

FEHÉR CURA MULHER – A morte do futebolista Fehér comoveu de tal forma uma mulher de Leiria, de 75 anos, que largou a cadeira de rodas e pôs-se de pé, depois de prometer rezar na sua campa, se Nossa Senhora a deixasse retomar o andar, como veio a acontecer – lê-se no Correio da Manhã. Vai-se deslocar à campa do atleta e, se rezar com muita fé, talvez deixe a bengala.

21 de Maio, 2004 André Esteves

O kitsch religioso da semana

Esta semana vou vos levar ao maravilhoso mundo da propaganda evangélica americana em banda desenhada: As publicações Jack Chick.

É um dos clássicos da minha infância e que me ensinou muito jovem, o significado do que é a propaganda. O formato é simples. Apresenta-se uma situação humana. O leitor identifica-se com o pecador. O pecador descobre Jesus. Jesus salva-o. Os títulos constituem também parte do método: «Como ficar rico», «As abelhas e os passarinhos», «Macacos, mentiras e a Sra Galinha», atraem o leitor pela sua inocência ou gula.

O próprio nome, «Chick Publications» é uma armadilha linguística. «Chicks» em calão americano, traduz-se em Garinas, ou seja «Livros de míudas», pelo que alguns jovens pegam nas BD’s a pensar que se tratam de pornografia soft…

Descrito assim, parece ser uma fórmula demasiado simples. Mas a sua simplicidade é o seu encanto e arma.

Utilizando a estratégia habitual da citação bíblica, ilustrada com pequenos factos históricos e contemporâneos mal cozinhados, Jack Chick conseguiu criar um estilo que é eficaz e provocante. A iconografia e grafismo reflectem as suas origens protestantes, bem como seguem certas regras teológicas, devido à preocupação protestante em não usar imagens, para evitar a idolatria. (Há quem argumente que estas bandas desenhadas SÃO idolatria.) Por exemplo, seguindo a crença que ver a face de jeovah é uma acto de blasfémia e de morte, Chick inventou um clássico, a figura do deus sem face, que podemos ver na imagem à vossa direita.

Para os leitores: crianças, pobres e pessoas simples, que são o alvo deste género de publicações, a aparente facilidade de leitura da banda desenhada confunde-se com a credibilidade da mensagem, e a dúvida e o medo insinuam-se facilmente.

Jack Chick é um desenhador americano, que conseguiu, graças ao seu talento de condensar a mensagem e de desarmar o leitor através da imagem choque (veja os demónios a viverem nos homossexuais, os professores malignos e os jovens perdidos ), enriquecer enormemente. Com o sentido prático americano, o proselitismo tornou-se capitalista.

Embora o leitor final não pague pelo folheto, são as igrejas que convencidas da eficácia do seu produto, lhe compram milhões de bandas desenhadas. As vantagens são óbvias. O acto de converter torna-se automático.

Não há discussão e confronto de pontos de vista. Distribuem-se os folhetos na rua, no trabalho, à porta da igreja, sem que seja necessário pôr os fundamentos da fé à prova. É a acção missionária em escala industrial para o mercado de almas.

A encontrar em qualquer igreja evangélica.

Algumas sugestões de leitura:

Os católicos romanos são cristãos?

Porque está maria a chorar?

A cidade do pecado

As abelhas e os passarinhos (em inglês)

Macacos, mentiras e a Sra Galinha (em inglês)

20 de Maio, 2004 jvasco

Sexo, nunca mais!

Ontem à noite houve um jantar de curso. Foram cerca de 100 pessoas ao jantar, o que é bastante bom para um curso que tem cerca de 200 pessoas no total (licenciatura em Engenharia Física Tecnológica do IST).

Após o jantar alguns de nós fomos sair ao bairro alto. Foi lá que algures, no meio de uma conversa qualquer, me chamaram a atenção uns cartazes que duas raparigas afixavam – eram cartazes sobre a peça de teatro em que elas participavam.

O cartaz chamou-me à atenção pois tinha algumas fotografias do Durão Barroso e outros políticos portugueses (de outros partidos) e uma fotografia em grande plano da N. Senhora. Tanto quanto me disseram a peça era sobre planeamento familiar, a mudança de mentalidades, o puritanismo, a nossa sociedade.

A peça chama-se “Sexo, Nunca mais!“. As companhias são a Art’ISPA e o Grupo CineArte.

O Texto e encenação é de Helder Costa.

O preço é uma moeda (à escolha do espectador).

Aconselhei-lhes o blogue prometendo também que publicitava a peça. Perguntaram-me qual a ideia de anunciar uma peça sem a ter visto, mas parece-me que a temática e o preço justificam uma visita curiosa. Espero ver a peça em breve e voltar a escrever para este blogue para dar a minha opinião a respeito dela.

Quando e onde é que a peça está em cena?

20 na Barraca – Teatro Cinearte (foi hoje…)

21 na Barraca – Teatro Cinearte

25 no ISPA

26 na Barraca – Teatro Cinearte

Todos estes dias às 21h.