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Categoria: Imprensa

9 de Julho, 2008 Mariana de Oliveira

Julgamento de sacerdote adiado

O julgamento do padre José Martins Júnior acusado de exercer indevidamente as funções sacerdotais por estar suspenso «a divinis» foi hoje adiado mas o juiz do Tribunal de Santa Cruz admitiu que o mesmo poderá não realizar-se.

Em causa está um artigo datado de 1940 mas que a revisão da Concordata entre o Governo da República e o Vaticano celebrada em 2004 suprimiu, deixando de ter efeitos jurídicos.

O então artigo 15º da Concordata de 1940 entre a República Portuguesa e o Vaticano determinava que «o uso do hábito eclesiástico ou religioso por parte de seculares ou pessoas eclesiásticas ou religiosas a quem tenha sido interdito por medida das competentes autoridades eclesiásticas, oficialmente comunicada às autoridades do Estado, é punido com as mesmas penas que o uso abusivo de uniforme próprio de um emprego público. É punido nos mesmos termos o exercício abusivo de jurisdição e de funções eclesiásticas».

Um requerimento do advogado de defesa do padre Martins Júnior apresentado em Tribunal chamando a atenção para «esta questão prévia», ou seja, saber se a matéria condenatória continua ou não em vigor, fez o juiz considerar não ser possível «realizar o julgamento no dia de hoje».

«Fica sem efeito ficando uma segunda data a designar», acrescentou. «Há uma questão que vai ser apreciada, se ela proceder não haverá julgamento, se não proceder demandará a realização do julgamento», disse.

O arguido é acusado pelo Ministério Público da prática, de forma continuada, do crime de «abuso de designação, sinal ou uniforme», depois de ter sido suspenso a «divinis» em 27 de Julho de 1977, decisão reconfirmada a 07 de Janeiro de 1985.

José Martins Júnior continua, no entanto, a exercer o sacerdócio desde 15 de Agosto de 1962 na paróquia da Ribeira Seca, no concelho de Machico.

Martins Júnior, na qualidade de independente em listas da UDP-M e do PS-M, foi presidente da Câmara Municipal de Machico entre 1990 e 1998, tendo depois exercido funções de deputado, pelo PS-M, na Assembleia Legislativa da Madeira.

Martins Júnior diz ser vítima de uma «coabitação indigna entre a Igreja da Madeira e o Governo Regional»

«Não é mais do que a reedição da inquisição, o poder religioso e civil acasalado contra aqueles que porventura querem falar a verdade», comentou o sacerdote.

Fonte: Sol, 09 de Julho de 2008.

9 de Julho, 2008 Mariana de Oliveira

Mudança de chefia na Congregação para as Causas dos Santos

O papa aceitou hoje a resignação do cardeal José Saraiva Martins, que atingiu o limite de idade, e nomeou Angelo Amato para lhe suceder na chefia da Congregação para as Causas dos Santos, anunciou o Vaticano.

O cardeal José Saraiva Martins, 76 anos, era prefeito da congregação desde 30 de Maio de 1998 e o único português na Cúria Romana, o governo do Vaticano.

A Congregação para a Causa dos Santos é responsável pelos processos de beatificação e de canonização. O novo prefeito, cardeal Amato, 70 anos, desempenhava até aqui as funções de secretário da Congregação para a Doutrina da Fé, cargo assistente do prefeito, sendo um dos mais próximos colaboradores do papa nos últimos anos.

Saraiva Martins deixa ao seu sucessor vários processos importantes em curso, como o da beatificação do papa João Paulo II, que morreu a 02 de Abril de 2005, e o de Pio XII, cuja atitude durante a Segunda Guerra Mundial suscita polémica e levou Bento XVI a submeter este caso a uma comissão «ad-hoc».

Para substituir Amato na Congregação para a Doutrina da Fé, o papa nomeou o jesuíta espanhol Luis Francisco Ladaria Ferrer, até agora professor de teologia dogmática na Universidade Pontifical Gregoriana em Roma e secretário-geral da Comissão Teológica Internacional.

Durante estes dez anos, Saraiva Martins, um dos homens de confiança de João Paulo II – o papa que mais fiéis beatificou e canonizou na história da Igreja Católica – esteve à frente dos processos de beatificação dos papas Pio IX e João XXIII, do Padre Pio, de Madre Teresa de Calcutá e dos pastorinhos de Fátima, Francisco e Jacinta.

Apesar da renúncia ao cargo de prefeito, Saraiva Martins permanecerá em Roma, onde ainda desempenha cargos na Cúria Romana como membro das Congregações para os Bispos e para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, bem como do Conselho Pontifício para a Pastoral da Saúde, o Conselho Especial para a Europa da Secretaria Geral do Sínodo dos Bispos e a Comissão Pontifícia para o Estado da Cidade do Vaticano.

Fonte: Sol, 09 de Julho de 2008.

6 de Julho, 2008 Mariana de Oliveira

Igreja portuguesa apoia reserva da Raposa Serra do Sol

O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) manifestou hoje o seu apoio à causa dos índios da reserva da Raposa Serra do Sol, no Brasil, que têm visto o seu território invadido por fazendeiros.

Em mensagem hoje lida em Fátima durante uma cerimónia na nova Igreja da Santíssima Trindade, D. Jorge Ortiga manifestou o «apoio à causa do Povo Indígena da Raposa Serra do Sol» criticando os que tentam eliminar aquela reserva indígena.

Actualmente, está em apreciação no Supremo Tribunal Federal do Brasil um recurso contra o decreto de homologação daquele território, cuja criação foi assinada em 2005 pelo presidente Lula da Silva.

Agora, perante a contestação dos fazendeiros, o arcebispo de Braga e líder da CEP espera que a justiça brasileira confirme a decisão do Governo federal, que criou um santuário para os índios, no estado de Roraima.

«Que a anulação da homologação nunca aconteça», sustentou o prelado, subscrevendo assim um apelo da campanha «Anna Pata Anna Yan» (Nossa Terra, Nossa Mãe), uma iniciativa que junta missionários, índios e defensores das causas indígenas pelo direito daqueles povos a gerir parte do território.

No decreto que criou a reserva, foi dado um prazo de um ano para a saída de todos os não-indígenas da área, mediante contrapartidas do governo federal, mas existem ainda muitos fazendeiros que se recusam a sair e continuam a ocupar grandes áreas do território.

Esta cerimónia religiosa contou com a presença de líderes indígenas e de vários participantes de institutos missionários católicos.

Fonte: Sol, 06 de Julho de 2008.

6 de Julho, 2008 Mariana de Oliveira

Inauguração do templo na Serra d’Arga

O Templo da Senhora do Minho, no alto da Serra d’Arga, em Viana do Castelo, que significou um investimento superior a meio milhão de euros, foi hoje inaugurado, 24 anos depois do lançamento da primeira pedra.

Segundo fonte diocesana, o processo, após o lançamento da primeira pedra, esteve sete anos parado, à espera de licença da Direcção Geral do Ordenamento do Território, que só seria emitida em Agosto de 1991.

A partir de então, a obra foi avançando de acordo com as verbas disponíveis, oriundas sobretudo do Estado e de dádivas dos fiéis.

O projecto foi riscado por Ovídio Carneiro, um arquitecto de Viana do Castelo, actualmente com 70 anos, que hoje disse que uma das suas principais dificuldades foi conseguir um desenho que «não chocasse» com a paisagem e com o ambiente.

«Anteriormente, já tinha havido dois outros projectos, que foram indeferidos pelo Ministério do Ambiente», afirmou.

Ovídio Carneiro reconheceu que se trata de um projecto «invulgar» para um templo, nomeadamente ao nível da cobertura, constituída por duas lajes, uma em forma parabólica e outra hiperbólica.

«Não se vê todos os dias um templo assim. Mas tive a preocupação de, de alguma forma, imitar as formas das pedras que existem na Serra d’Arga», referiu, lembrando que se trata de uma zona «fortemente granítica».

O arquitecto garantiu que o então primeiro-ministro António Guterres, quando se deslocou à Senhora do Minho para assinar o contrato de construção da A-28, lhe «deu os parabéns pelo enquadramento» do templo na paisagem natural da Serra d’Arga.

Segundo Ovídio Carneiro, o templo tem uma área de cerca de 500 metros quadrados e capacidade para 400 pessoas.

A fonte diocesana disse que a inauguração deste templo significa a concretização de um sonho com quase 70 anos, quando dois padres, ambos já falecidos, tiveram a ideia de ver «sinalizada» no alto da Serra d’Arga a devoção à Senhora do Minho.

Dessa ideia ainda nasceu, em meados do século XX, uma capela, entretanto desactivada e que agora está a ser transformada num salão, que funcionará como centro de espaço de apoio para as pessoas que sobem à Senhora do Minho, a uma altitude de 700 metros.

A imagem da Senhora do Minho, vestida com um fato de lavradeira minhota, é cada ano «entregue» a um dos dez concelhos do distrito de Viana do Castelo, onde é venerada nas várias igrejas e capelas.

No primeiro domingo de Julho, realiza-se a peregrinação motorizada à Senhora do Minho, seguindo a imagem num carro dos bombeiros e os “peregrinos” nas suas viaturas.

No final, a imagem é «confiada» a outro concelho. Por isso, e segundo a mesma fonte diocesana, o santuário da Senhora do Minho é «de todos os alto-minhotos».

Fonte: Sol, 06 de Julho de 2008.

6 de Julho, 2008 Mariana de Oliveira

Aga Khan visita Portugal

O príncipe Karim Aga Khan, líder institucional e espiritual de milhões de muçulmanos ismailis a viver em cerca de 25 países vai estar em Portugal de 10 a 14 de Julho.

O Aga Khan é o 49º Imam hereditário dos Muçulmanos Shia Imami Ismailis e dirige uma comunidade de 15 milhões de muçulmanos, oito mil dos quais a residir em Portugal.

Para os seus seguidores, Karim Aga Khan, que acedeu ao trono do Imamat Ismaili a 11 de Julho de 1957, é um descendente directo do Profeta Maomé através do seu primo e genro Ali, o primeiro Imam, e da sua mulher Fátima, a filha do Profeta.

De acordo com a tradição Shia do Islão, o mandato do Imam abarca tanto as questões espirituais como as materiais. Durante o ano de Jubileu que começou em Julho de 2007, Aga Khan efectuou várias visitas oficiais, em resposta a convites por parte de Chefes de Estado.

A visita a Portugal, que se realiza de 10 a 14 de Julho e que concide com a celebração do dia (11 de Julho) em que o príncipe acedeu ao trono há 50 anos, está a ser preparada com a ajuda de mais de 700 voluntários sendo esperadas mais de 15 mil ismaelitas quer do território português quer de outros países.

As celebrações do Jubileu do Imam, segundo a comunidade, oferecem oportunidades para o lançamento de novos projectos de desenvolvimento, de âmbito social, cultural e económico.

De acordo com a ética da fé, estes projectos pretendem melhorar a qualidade de vida dos mais vulneráveis da sociedade com a criação de escolas, hospitais e projectos de habitação.

No seu Jubileu de Prata, há 25 anos, o actual Aga Khan lançou novas instituições e projectos de desenvolvimento social e económico que têm contribuído para a melhoria da vida de milhões de pessoas no mundo em desenvolvimento.

Estas iniciativas fazem agora parte da Rede Aga Khan para o Desenvolvimento (Aga Khan Development Network – AKDN), um grupo de instituições cujos mandatos vão da saúde e da educação à arquitectura, da micro-finança à promoção da iniciativa do sector privado e à revitalização de cidades históricas – todas elas agindo como catalizadores de desenvolvimento.

A Fundação Aga Khan é uma dessas instituições que compõem a rede e para comemorar o jubileu de ouro está em marcha um projecto de criação de uma escola de excelência para crianças e jovens que revelem capacidades elevadas mas que têm dificuldades financeiras.

O projecto, segundo o representante em Portugal da rede Aga Khan para o Desenvolvimento, comendador Nazim Ahmad, ainda está a ser negociado sabendo-se apenas que deverá ficar na zona da grande Lisboa e que terá regime de internato para receber alunos de todo o país.

A AKDN gasta mais de 320 milhões de dólares anualmente em actividades de desenvolvimento social e económico e opera com mais de 200 instituições de cuidados de saúde, incluindo nove hospitais, e mais de 300 escolas no mundo em desenvolvimento.

Seguindo a tradição dos seus antepassados – recuando mil anos até à fundação das primeiras universidades e instituições de ensino no mundo Muçulmano – o Aga Khan continua a sublinhar a importância da educação.

O seu reconhecimento da necessidade de um compromisso da «Sociedade de Conhecimento» global levou à criação da Universidade Aga Khan (AKU), no Paquistão, há 25 anos – a primeira universidade privada e de gestão autónoma nesse país.

A AKU tornou-se, entretanto, numa universidade internacional e opera hoje em nove complexos universitários em todo o mundo.

O Fundo Aga Khan para a Cultura (Aga Khan Trust for Culture – AKTC) tem vindo a desenvolver diversos projectos que vão da realização de exposições de arte Islâmica à reabilitação de edifícios, bairros e cidades históricas, de Hunza, no Norte do Paquistão, a Cabul, no Afeganistão, ao Cairo, no Egipto, a Mali, no Norte de África.

Fonte: Sol, 06 de Junho de 2008.

6 de Julho, 2008 Mariana de Oliveira

Papa vai receber Ingrid Betancourt

O Papa Bento XVI vai receber a ex-candidata presidencial colombiana, Ingrid Betancourt, na próxima semana, divulgouo a ex-refém das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia.

«O santo papa Bento XVI vai receber-nos na próxima semana. Bendito seja Deus, é um encontro que não se pode perder», disse a franco-colombiana de 46 anos, que passou seis anos em poder da guerrilha.

Betancourt é católica e considerou a operação militar que a libertou, com mais três reféns norte-americanos e 11 policias colombianos, um «milagre»

A mãe de Betancourt, Yolanda Pulecio, foi recebida pelo papa durante a cruzada internacional que lançou, procurando apoio para a libertação da filha.

Fonte: Sol, 04 de Julho de 2008.

2 de Julho, 2008 Mariana de Oliveira

Fátima vista por Pessoa

O poeta português Fernando Pessoa encarava Fátima como o lugar mítico da construção do nacionalismo católico e monárquico que ele repudiava, sustentou hoje o historiador José Barreto, antes de revelar um texto inédito do escritor sobre aquele lugar de culto.

«É um texto irónico, a roçar a sátira anticlerical, em que Pessoa parece regressar ao seu radicalismo de juventude. A intenção não é propriamente anti-religiosa mas anti-católica – uma ‘nuance’ que se deve sublinhar”, disse José Barreto numa conferência sobre “Pessoa e Fátima. A prosa política e religiosa», proferida hoje na Casa Fernando Pessoa.

Começa assim: «Fatima é o nome de uma taberna de Lisboa onde às vezes… eu bebia aguardente. Um momento… Não é nada d’isso… Fui levado pela emoção mais que pelo pensamento e é com o pensamento que desejo escrever», diz o poeta.

O texto inédito descoberto pelo historiador e investigador do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa é apenas «o preâmbulo de um artigo maior que teria um carácter de estudo de caso, permitindo caracterizar aquilo a que Pessoa chama ‘esta religiosidade portuguesa, o catolicismo típico deste bom e mau povo’», explicou, citando o poeta.

«Fatima é o nome de um lugar da provincia, não sei onde ao certo, perto de um outro lugar do qual tenho a mesma ignorancia geografica mas que se chama Cova de qualquer santa», observou.

«Nesse lugar – esse ou o outro – ou perto de qualquer d’elles, ou de ambos, viram um dia umas crianças aparecer Nossa Senhora, o que é, como toda gente sabe, um dos privilégios (…) a que se não (…). Assim diz a voz do povo da provincia e a ‘A Voz’ (jornal católico e monárquico) sem povo de Lisboa», prosseguiu.

«Deve portanto ser verdade, visto que é sabido que a voz das aldeias e ‘A Voz’ da cidade de ha muito substituíram aquelas velharias democraticas que se chamam, ou chamavam, a demonstração científica e o pensamento raciocinado», ironizou.

Pessoa denunciava o aproveitamento da crença do povo por parte do poder político e afirmava: «o facto é que ha em Portugal um lugar que pode concorrer e vantajosamente com Lourdes. Ha curas maravilhosas, a preços mais em conta», escreveu.

«O negócio da religião a retalho, no que diz respeito à Loja de Fatima, tem tomado grande incremento, com manifesto gaudio místico da parte dos hoteis, estalagens e outro comércio d’esses jeitos – o que, aliás, está plenamente de accordo com o Evangelho, embora os católicos não usem lê-lo – não vão eles lembrar-se de o seguir!», comentou. 

O artigo sobre Fátima – que teria sete páginas tipográficas, de acordo com o sumário que Pessoa deixou escrito – destinava-se a ser publicado no primeiro número da revista Norma, um dos três projectos editoriais de Pessoa no ano da sua morte, em 1935, um quinzenário sobre Literatura e Sociologia que não chegou a concretizar.

Fonte: Sol, 02 de Julho de 2008.

2 de Julho, 2008 Mariana de Oliveira

Reitor dos santuários de Lourdes investigado

A Justiça francesa está a investigar a origem de 427 mil euros na conta corrente pessoal do reitor do santuário de Lourdes, o padre Raymond Zambelli, que nega qualquer ilegalidade.

O dinheiro tinha sido detectado em Maio por funcionários da «Tracfin», um organismo dependente do Ministério das Finanças francês cuja missão é seguir os movimentos monetários suspeitos e possíveis operações de bloqueio de fundos.

Segundo o jornal satírico «Le Canard Enchaîné», o caso ameaça estragar a festa da visita do Papa a Lourdes, a 13 de Setembro, pelo que a Justiça decidiu adiar o interrogatório e a detenção do padre para depois da viagem de Bento XVI.

O reitor dos santuários, cujo salário oficial anual ronda os 8.700 euros, incluiu, no ano passado, na sua conta 16.500 euros em dinheiro, em seis ocasiões, e 26 cheques de particulares, no valor de 14.328 euros, adianta o mesmo jornal.

Raymond Zambelli alega que o dinheiro provém da venda, em 1996, de uma casa doada por uma paroquiana e dos investimentos que efectuou. A 13 de Setembro cumprem-se, em Lourdes, os 150 anos das aparições da Virgem Maria.

Fonte: Sol, 02 de Julho de 2008.

2 de Julho, 2008 Mariana de Oliveira

Papa apoia indígenas

O papa Bento XVI garantiu hoje a dois líderes indígenas brasileiros que «tudo fará» para ajudar e proteger as suas terras na reserva da Raposa Serra do Sol.

Na véspera de se deslocarem a Portugal para divulgar a campanha de defesa do direito da terra «Anna Pata, Anna Yan» (Nossa Terra, Nossa Mãe) e denunciar as violações e crimes de que dizem ser alvo na reserva Raposa Serra do Sol, em Roraima, Norte do Brasil, os dois delegados entregaram uma carta ao Pontífice apelando à sua intervenção no conflito.

«Faremos tudo o possível para vos ajudar a protegerem as vossas terras», afirmou Bento XVI, durante o encontro que foi mantido em sigilo a pedido do Vaticano.

A reserva indígena da Raposa Serra do Sol tem sido alvo de disputa entre tribos indígenas e seis grandes fazendeiros, que ocupam cerca de seis mil hectares do território e se recusam a sair, considerando que os índios «apenas atrapalham o progresso».

Jacir José de Souza, de 61 anos, da tribo Makuxi, e Pierlangela Cunha, de 32, da tribo Wapixana, coordenadora das escolas da reserva Raposa Serra do Sol, foram nomeados pelo Conselho Indígena de Roraima como representantes dos seus povos, e desde 16 de Junho viajam pela Europa para sensibilizar os governos e organizações para a sua causa.

Foram recebidos terça-feira pelo secretário do Conselho Pontifício Justiça e Paz, D. Giampaolo Crepadi, que reconheceu o valor da luta e exemplo dos indígenas da região.

«A Santa Sé vem a comprometer-se na defesa dos direitos dos povos indígenas, principalmente no que diz respeito à promoção humana, o reconhecimento de sua identidade cultural e a defesa do direito de propriedade intelectual», afirmou o responsável.

Na segunda semana de Agosto, o Supremo Tribunal Federal brasileiro (STF) deve decidir se é constitucional ou não a homologação das terras em área contínua, feita pelo presidente brasileiro, Luis Inácio Lula da Silva, em 2005.

Os delegados indígenas exigem que o STF ratifique o decreto de homologação e que faça cumprir a retirada dos agricultores, que «além da violência e intimidação» desenvolvem actividades com um «impacto ambiental altamente prejudicial na zona e nos recursos naturais dos índios», segundo disse à o padre Elísio Assunção, director da Fátima Missionária, que coordena a visita a Portugal.

Fonte: Sol, 02 de Julho de 2008.

1 de Julho, 2008 Mariana de Oliveira

Milagre atinge funcionária de Junta de Freguesia

A funcionária administrativa da Junta de Freguesia de Vitorino de Piães, em Ponte de Lima, que reclama reforma antecipada por alegada doença degenerativa «melhorou a olhos vistos», dizendo que foi «um milagre», afirmou o autarca local.

Luís Lima, presidente da Junta de Vitorino de Piães, disse que a evolução do estado de saúde da funcionária, Ana Maria Brandão, de 44 anos, deixou a população da freguesia «estupefacta».

«O que me dizem é que ela alega que foi um milagre, conseguido numa igreja de Braga. Se foi milagre ou não, não sei. O que sei é que ela está irreconhecível, para melhor. Quando foi vista na igreja, no Dia do Corpo de Deus, a pegar numa criança ao colo, com toda a naturalidade, foi como se tivesse rebentado um barril de pólvora na freguesia», afirmou.

«Quem a viu em Novembro, acabrunhada, atada da cabeça aos pés, dizendo que não se podia mexer, fica completamente de boca aberta quando a vê hoje, muito mais magra, a andar normalmente, a conduzir, a pegar em crianças ao colo. É uma mudança tão grande tão grande, que até custa a acreditar», acrescentou.

Em meados de Junho, o pai de Ana Maria garantiu que ela iria regressar ao trabalho, o que acabou por não acontecer.

«Já não usa o colar cervical, nem a braçadeira no braço direito nem a cinta lombar. Já consegue andar mais ou menos, já conduz, já escreve, já está bem melhor», acrescentou o pai, confessando não encontrar explicação para esta melhoria do estado de saúde da filha.

Esta evolução do estado de saúde da funcionária pública choca, de alguma forma, com a declaração emitida a 22 de Janeiro de 2007 pelo neurocirurgião Joaquim Couto Reis, que considera que a doença de Ana Maria é «crónica» e a «incapacita» para o exercício da sua actividade profissional.

Nessa declaração, o especialista acrescenta que Ana Maria «é seguida em neurocirurgia por cervicalgias e lombalgias incapacitantes» e que o seu caso clínico está documentado por ressonâncias magnéticas que demonstraram «alterações degenerativas».

«Foram realizados vários tratamentos fisiátricos e com analgésicos que não obtiveram sucesso. É uma situação crónica, sem melhoria, que incapacita a doente para a sua actividade profissional, pelo que sou do parecer que [a doente] não tem capacidade física para continuar a exercer a sua actividade profissional», lê-se na referida declaração.

Em contrapartida, as sucessivas juntas médicas a que Ana Maria se submeteu sempre recusaram conceder-lhe reforma antecipada, considerando que ela não se encontra «absoluta e permanentemente incapaz» para o trabalho.

«Afinal, em que ficamos? Pode trabalhar ou não pode trabalhar? Foi milagre ou não foi milagre? É preciso tirar tudo isto a limpo e apurar responsabilidades, porque há aqui muita coisa que não bate certo. E a freguesia, se calhar, está a ser a maior prejudicada com toda esta situação», referiu Luís Lima.

A Junta já instaurou um processo disciplinar à funcionária, por alegado incumprimento da legislação laboral, que poderá conduzir ao seu despedimento.

Fonte: Sol, 30 de Junho de 2008.