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Categoria: Humor

3 de Novembro, 2015 Carlos Esperança

Boa razão

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2 de Novembro, 2015 Carlos Esperança

Milagres…

 

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25 de Outubro, 2015 Carlos Esperança

…E o milagre aconteceu

Por

Frei Bento
Naquele tempo, constara que Jesus, o Nazareno, tinha caminhado sobre as águas. Toda a gente achou grande o milagre, aliás na linha de outros grandes milagres que lhe tinham antecedido e que iriam suceder-lhe. Toda a gente ficou maravilhada, à excepção de Tomé que, caso não saibam, já era de difícil convicção ainda antes da Ressurreição de Jesus Nosso Senhor.
– Ná – dizia ele. – Só vendo eu acredito. Comigo, é “ver para crer”, como S. Tomé – argumentava, sem imaginar que estava a plagiar-se a si próprio. A autoplagiar-se, digamos assim. Eis que as dúvidas de Tomé chegaram aos ouvidos do Senhor que, naturalmente, e para que não se pensasse tratar-se de um embuste, desde logo convocou o incréu para que ele mesmo caminhasse sobre as águas e afogasse as dúvidas todas.

E assim se fez, e assim ficou escrito. O Mestre reuniu-se com Pedro e Tomé, e eis que ambos os três se dirigiram para o Jordão.

– Mestre – perguntou Tomé – que devo fazer?
– Tem fé e reza – respondeu o Senhor.

E eis que o Senhor começa, calmamente, a caminhar sobre as límpidas águas do Jordão. Logo atrás, seguia Pedro, também ele caminhando sobre as águas, pois grande é o poder de Deus. Tomé, um pouco desviado, começou a sentir a água já pelos joelhos. Milagre, nem vê-lo.

– Mestre – informou: – já tenho água pelos joelhos. Que faço?
– Tem fé e reza – insistiu o Senhor. E continuou a andar. Tomé já tinha água pela cintura e, a breve trecho, o líquido já lhe chegava ao pescoço.

– Mestre!!! – gritou aflito – Já tenho água pelo pescoço.
E o milagre deu-se. Jesus, com a calma que o cateterizava quando não estava a expulsar vendilhões, voltou-se para trás e ordenou a Pedro:

– Pedro, ensina àquele gajo o caminho sobre as pedras, antes que o cabrão se afogue.
Palavras do Senhor.

21 de Outubro, 2015 Carlos Esperança

A Perfeição Divina

Por

Frei Bento

Naquele dia, frei Nicolau estava particularmente inspirado. Na homilia da missa que lhe calhou por escala de serviço, frei Nicolau excedeu-se, dissertando, de forma incontornável e aparentemente imbatível, acerca da perfeição da Obra de Deus, não confundir com Opus Dei. Tudo, dizia ele, tudo o que fora Criação de Deus Nosso Senhor, era perfeito, mas dentre toda a Obra sobressaía, naturalmente, o Homem, esse sim, paradigma da perfeição absoluta. “Mas haverá,” perguntava, “ao cimo da Terra, algo mais perfeito que esta máquina maravilhosa, que é o Homem?”

Infelizmente para o bom frei Nicolau, ao fundo da igreja postava-se o habitual bêbedo. Com a agravante de ser senhor de não negligenciável corcunda.

“Oh senhor padre”, atirou o bêbedo, com voz algo entaramelada, “se o Homem é assim tão perfeito, o que me diz da minha corcunda?”

“Meu filho”, disse o bom do frade, “posso garantir-te que, como corcunda, está uma perfeição”.

19 de Outubro, 2015 Carlos Esperança

Estória mal contada

Por

Leopoldo Pereira

A poucos anos da chegada do Ano Zero da era vulgar corriam boatos interessantes sobre fenómenos de cariz sobrenatural que a qualquer momento aconteceriam para Oriente e obviamente suscitavam curiosidade, sobretudo nas pessoas que liam os noticiários.

Deste reduzido grupo faziam parte duas estudantes universitárias, de seus nomes Maria e Isabel (primas), que moravam em Roma.

Na Roma daquele tempo havia imensa diversão: Teatros, Coliseu, corridas de carros, ginásios, incêndios (60 anos volvidos tiveram o seu auge com Nero), atletismo (com as maratonas, modalidade importada da Grécia e Egito), procissões, concertos musicais e alguma libertinagem (mais a nível das classes superiores); merecem destaque as “bandas” e respetivos concertos ao ar livre que, mesmo em tempo de crise, esgotavam bilheteiras rapidamente. Os “artistas” apareciam em palco com grandes cabeleiras, tatuados, com brincos, boinas e bonés, descalços (as raparigas o mais despidas possível) e todos lutando por fazerem mais barulho do que a assistência, tarefa nada fácil. No final vendiam discos “ó vivo” mais caros do que os gravados com esmero, em estúdio.

Apenas um esclarecimento acerca das boinas e bonés: Significavam que os artistas eram de “esquerda” e diz-se que nem para dormir descobriam a cabeça, não fossem os sonhos atraiçoá-los!

Em matéria de religião, à semelhança da Grécia (onde graças a Deus havia deuses para tudo) e do Egito, onde vigorava o 3+1 (Trindade + Faraó), os romanos eram também politeístas.

Num relativamente rápido processo de evolução, todos estes países (e por arrasto muitos outros) chegaram à brilhante conclusão de que era muito mais fácil dirigir as preces para um só Deus do que para vários; os resultados não melhoraram, mas devemos concordar que a mudança foi um prodígio da inteligência humana. Os países civilizados ficaram portanto com um Deus (o mesmo para todos), embora surjam pertinentes dúvidas sobre se Alá é o mesmo que Jeová, por exemplo!

As citadas meninas, algo dececionadas com o “marasmo” do quotidiano na capital do Império, sempre mais do mesmo, decidiram tentar boleia num dos barcos que cruzavam o Mediterrânio. E conseguiram, tendo aportado sucessivamente a Palermo, Alexandria e Jerusalém (destino almejado). Ficaram muito admiradas ao verem uns senhores de bata preta, que periodicamente iam ao cabeleireiro fazer trancinhas, inclusive nas barbas! E mais estupefactas ficaram quando os viram dar cabeçadas num muro velho, onde nas frinchas metiam papelinhos. Levaram aquilo para a risota, mas logo encontraram outros senhores que usavam toalhas de banho e lenços de senhora para se protegerem do Sol, enquanto faziam umas flexões esquisitas; pouco dados ao trabalho, tinham como diversão principal o apedrejamento de mulheres.

Numa primeira análise, acharam Jerusalém mais divertida que Roma; a par disso sentiam-se protegidas com a presença dos militares, seus conterrâneos.
Ambas bem-apessoadas, ainda que Maria fosse mais formosa, logo deram nas vistas e não faltavam interessados. Numa saída noturna, à danceteria do Coliseu, surgiu um convite de boleia para casa, que Maria (à revelia da Isabel) aceitou. O carro teve um furo, estratagema muito em voga na época, e Maria teve alguma dificuldade em justificar o atraso no retorno à Pousada. Pior, aquilo trouxe problemas indesejados e a moça começou a engordar demasiado. Longe de casa e perante tal situação, Isabel tentou tudo para minimizar as consequências, inclusive obrigando a prima a denunciar o centurião que a enganara, arremessando-lhe frases pouco simpáticas como esta: “Vais dizer-me que foi por obra e graça do Divino Espírito Santo”.
Maria não abria a boca, só chorava e pensava mal da vida, talvez no suicídio, pois não tirara a matrícula do carro e militares fardados… são todos idênticos!

Isabel, mais desenrascada, fartou-se de cogitar numa saída para a questão, o mais airosa possível. Soube que havia um serralheiro ainda novo, que enviuvara num acidente de viação, talvez recetivo a novo casamento, até porque a prima não era de deitar fora, mas como esconder o crianço? Impossível. Foi então que se fez luz e Isabel recorreu à célebre frase, tão vulgarizada e várias vezes atirada à cara da pobre Maria. Por que não tentar?
Deu certo e o serralheiro, embora mal convencido, decidiu esposar Maria.

15 de Outubro, 2015 Carlos Esperança

O Náufrago

Por

Frei Bento
Bernardino foi o único que se salvou do terrível naufrágio. Agarrado a uma precária boia, acabou por dar à costa numa ilha deserta. Logo que se recuperou do evidente cansaço, deu graças a Deus por ter sido salvo e explorou a ilha. Por esta ordem, rigorosamente. Verificou, sem grande esforço, que a ilha, apesar de deserta, ou talvez por isso mesmo, dispunha de tudo o que era necessário à sua sobrevivência. Sem campanhas eleitorais, sem análises do Prof. Marcelo, sem mercados a brincar com os juros, enfim, paz absoluta. Todos os dias, Bernardino rezava as suas orações: de manhã, agradecendo a Deus por verificar que o dedo grande do pé mexia pelo que, por arrastamento, todo o resto do corpo também se mexia; à noite, para que pudesse acordar no dia seguinte com o dedo grande do pé a mexer.

Naturalmente, e porque Deus Nosso Senhor é grande (os marroquinos dizem “Allah u akbar”, ou coisa parecida), as orações não caíram em saco toro. E eis que um dia Bernardino é contemplado com a aparição de um anjo do Senhor.

Anjo: Meu filho, Deus ouviu as tuas orações. Não posso tirar-te daqui, mas posso satisfazer-te dois desejos.
Bernardino (depois de alguns segundos de ponderação): Meu anjo, tenho tudo o que poderia desejar. Mas falta-me qualquer coisa…

Anjo:. Diz o quê, meu filho. São dois desejos, não esqueças.

Bernardino: Anjo, quero uma garrafa de champanhe e uma mulher que seja boa.
O anjo desapareceu.

Passou meia-hora, aproximadamente, quando o anjo voltou. Trazia não uma garrafa, mas uma caixa de garrafas de champanhe, e a Madre Teresa de Calcutá.