Frequenta a Igreja Protestante, mas segue outras religiões: a cerveja e os donuts.
Mesmo assim, o Vaticano abençoou Homer Simpson e diz que ele é “católico”.
Monsenhor Abílio Ferreira da Nova, natural da Póvoa de Varzim, foi apanhado no aeroporto com 52 mil euros escondidos na mala, meias e até cuecas. Denúncia alertou polícia.
O Papa, santo por profissão e estado civil, infalível por conveniência e tradição, pudico por questão de imagem e interesse comercial, decidiu que as pessoas fossem impedidas de circular com ombros e pernas à mostra no Vaticano.
Certamente alguma catequista balzaquiana deixou escorregar a mantilha que lhe cobria os ombros e algum soldado americano, de férias do Iraque, mostrou os joelhos quando apreciavam, através do vidro à prova de bala, a Pietá que Miguel Ângelo esculpiu.
Terá assustado o Papa o desassossego das numerosas virgens que decoram a Basílica de S. Pedro, pintadas ou esculpidas, o sobressalto hormonal ou no rubor das faces, perante os joelhos tisnados de um mancebo em pausa na guerra contra os infiéis? Que pesadelos terá sentido com os ombros desnudos de mulheres capazes de excitarem os santos ou de fazerem estalar o mármore que esconde as partes pudendas de Cristos admiravelmente crucificados e escassamente vestidos?
Que fariam os monsenhores a espiarem os ombros nédios de uma catequista em busca de uma aspirina na farmácia, de um selo postal ou de vitualhas no supermercado papal? E se, em vez dos ombros de uma devota, os clérigos que povoam o bairro de sotainas desviassem o olhar lúbrico para os joelhos de um mancebo, a imaginar abominações e a esquecerem o breviário?
Que pensaria o Deus do Papa, no bairro que dele se reclama, perante a lascívia dos seus ministros e os pensamentos pecaminosos que os ombros e as pernas podem provocar em quem não conhece da anatomia outros pedaços mais suculentos e interessantes?
Para evitar tentações do demo, que o especialista em exorcismos descobriu no Vaticano, o Papa, ajudado na decisão pelo Espírito Santo, uma pomba que se julgava extraviada, estendeu as regras que impedem os turistas de entrarem na Basílica de S. Pedro com os ombros e as pernas ao léu aos outros locais da Cidade do Vaticano, como a farmácia, o supermercado e a agência dos correios.
O bruxo queniano Mzee Makthub, num excelente golpe publicitário que o fez saltar para a comunicação social internacional, afirmou que o treinador lhe tinha pedido ajuda para triunfar no Real Madrid.
Quem se distinguiu pelo seu trabalho e competência profissional e se tornou celebridade mundial, não pode dar importância a um bruxo. É bem pior processá-lo do que ignorá-lo, pior a emenda do que o soneto.
Mas admitamos que Mourinho é demasiado sensível ao obscurantismo e nutre particular aversão ao mundo esotérico de bruxos, quiromantes e outros primatas de virtude. Nesse caso é natural que processe o impostor para o desmascarar, para o expor ao ridículo dos simples que ele engana e dos crédulos a quem extorque o óbolo.
Mas surpreende que Mourinho, homem inteligente, não se limite a invocar a dignidade profissional posta em causa por uma improvável consulta a um bruxo e acrescente a fé católica como igualmente ferida.
O segundo argumento é claramente contraproducente. Santo Agostinho acreditava que as bruxas eram o produto das uniões proibidas entre sedutores demoníacos de mulheres, os íncubos, tal como a maioria das pessoas da antiguidade clássica ou da Idade Média. *
Nem o facto de as freiras verem, num estado de confusão, semelhanças entre o íncubo e o padre confessor ou o bispo e que ao acordarem se sentiam conspurcadas como se se tivessem misturado com um homem, como escreveu um cronista do século XV, nem isso, levava o Santo Doutor, a pôr em dúvida uma crença que foi comum à maioria das pessoas da antiguidade clássica ou da Idade Média.
Mourinho, para além de ter de provar em tribunal que não foi ao bruxo, o que é fácil, terá de demonstrar que é impossível a um bruxo ajudar um treinador não o sendo a D. Nuno curar o olho esquerdo da D. Guilhermina de Jesus, aos pastorinhos desentrevarem a D. Emília dos Santos, ou à Irmã Lúcia prever a agressão a um homem vestido de branco (ou com vestido branco) – João Paulo II.
Em milagres e premonições, os católicos deviam ser mais prudentes pois falta-lhes autoridade para descrer de bruxas (normalmente, uma especialidade atribuída pela Igreja a mulheres). Se não existissem não teriam sido queimadas pela Santa Inquisição.
* (Carl Sagan, no seu livro «Um mundo infestado de demónios», pág. 126)
João César das Neves (JCN) não pára de nos espantar. Na sua homilia de hoje, no DN, começa por afirmar que «O casamento é a realização mais espantosa da humanidade», para logo acrescentar que é «a mais utilizada forma de transmitir a existência e a única eficaz para transmitir a civilização».
Bastavam estas afirmações para divertir os leitores. Não se vê como um acto ao alcance de quaisquer idiotas possa ser a «realização mais espantosa da humanidade» e até um inimputável sabe que é a cópula, e não é o casamento, que transmite a existência.
Não seria, aliás, de bom tom, que um casal se pusesse a transmitir a existência durante o casamento. O mais elementar respeito pelas testemunhas, convidados e conservadores do Registo Civil, além do recato a que o género humano se acostumou, não aconselha tal pressa. JCN, defensor do casamento religioso, devia ser o primeiro a aconselhar os casais a esperarem o fim da cerimónia ou a precederem-na desde que não a atrasassem.
Quanto à civilização, não se vê como pode o casamento ter o monopólio de a transmitir nem como se sobreviveria escorreito ao que JCN entende por civilização.
Afirma ainda que «Sempre houve promiscuidade, adultério, divórcio, união de facto, consequências directas da impossibilidade do casamento». Ensandeceu. Considerar o divórcio e o adultério como consequências directas da impossibilidade do casamento, é uma tolice. Pelo contrário, o adultério e o divórcio só existem se houver casamento. Doutro modo, é uma impossibilidade conceptual que só não percebe quem, em vez da eucaristia, bebeu o garrafão do vinho que jazia na sacristia à espera da consagração.
JCN atribui ao celibato a «solidão, depressão, traumas infantis, agressividade, suicídio …, a níveis patológicos». Se não tem estatísticas acerca do clero da sua Igreja não sei em que argumentos se baseia.
Nota-se em JCN certa nostalgia quando, referindo-se aos casamentos combinados pelas famílias, afirma que «Paixão, amor e sexo eram exteriores ao vínculo nupcial», mas concede que « Não se deve exagerar esta situação». Vá lá, se o fim for a prossecução da espécie, o prazer deixa de ser pecado.
Levando a sério a missão de informar os leitores deste blogue de alternativas espirituais às religiões tradicionais, venho apresentar a Igreja do Google (The Church of Google).
Provas de que o Google é Deus: é omnisciente, omnipresente, responde a todas as perguntas (buscas), e é potencialmente imortal.
Promessas: seremos imortais na cache do Google se deixarmos os nossos pensamentos na net.
Dez mandamentos: incluem não usar outros dispositivos de busca (Ela é uma deusa ciumenta), e não dar erros de ortografia durante as cerimónias de adoração.
Respostas aos críticos: aqui.
Feriado religioso: 14 de setembro (registo comercial da marca Google).
Templo: aqui mesmo.
Quem nunca orou que atire a primeira pedra.
Por
Falando em Viseu, na sessão de encerramento do XVI Congresso da Causa Real, sem nunca referir o nome de José Saramago, Duarte Pio, disse ser:
“… simbólico que o país neste momento esteja a homenagear como um grande herói nacional um homem que é contra Portugal, que quis que Portugal deixasse de existir como país, que tem um certo ódio até à nossa raiz e que esse seja considerado o símbolo actual do nosso regime…
O Diário de uns ateus é o blogue de uma comunidade de ateus e ateias portugueses fundadores da Associação Ateísta Portuguesa. O primeiro domínio foi o ateismo.net, que deu origem ao Diário Ateísta, um dos primeiros blogues portugueses. Hoje, este é um espaço de divulgação de opinião e comentário pessoal daqueles que aqui colaboram. Todos os textos publicados neste espaço são da exclusiva responsabilidade dos autores e não representam necessariamente as posições da Associação Ateísta Portuguesa.