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Categoria: Arte e cultura

6 de Janeiro, 2008 Ricardo Silvestre

Razões para ser ateísta

Seis razões para se ser um ateísta, retiradas do livro The Little Book of Atheist Spirituality de Andre Comte-Sponville 

  1. A fraqueza dos argumentos da oposição, principalmente as “provas que Deus existe”
  2. Senso comum: se Deus existisse, devia ser fácil o ver ou o sentir
  3. A capacidade de recusar o princípio que para explicar alguma coisa que não entendo tenho de utilizar algo que entendo ainda menos.
  4. A enormidade do mal
  5. A mediocridade da humanidade
  6. O facto de Deus corresponder tão perfeitamente aos nossos desejos, que só por isso temos todas as razões para acreditar que ele foi inventado para satisfazer esses desejos
2 de Janeiro, 2008 Carlos Esperança

Ateísmo contra o proselitismo

Recentemente personalidades distintas do jornalismo, das ciências e da cultura sentiram necessidade de dar púbico testemunho das suas convicções ateias. Foram afectadas na sua tranquilidade e ganharam inimigos de estimação. Nada somaram ao seu bem-estar e ao prestígio, apenas correram riscos e despertaram críticas, ódios e vilipêndios.

Pode perguntar-se o que levou Christopher Hitchens, Sam Harris ou Richard Dawkins, por exemplo, a entrarem em polémicas com adversários poderosos e pouco leais, a enfrentarem o poder das sotainas e a legião de oportunistas que se promoveu à custa da piedade pública e da indiferença privada.

Creio que foi um sobressalto cívico que os impeliu para uma batalha que, não sendo fácil, pode evitar as guerras que o fanatismo promove, que as religiões preparam com a demência prosélita que católicos, protestantes evangélicos, cristãos ortodoxos, judeus sionistas e muçulmanos xiitas ou sunitas se esforçam por travar em nome de um Deus cuja existência é eliminada pela probabilidade estatística e pela razão.

A reflexão científica e filosófica arrasa os mitos da religião. As descobertas científicas cobrem de ridículo os livros sagrados, as novas gerações desprezam os mitos e os rituais que duraram séculos e, finalmente, a perda do poder temporal das Igrejas conduziu à progressiva secularização da sociedade, à indiferença religiosa e ao ateísmo.

A perda de poder, aliada à forte competição religiosa pelo mercado da fé, assanhou o clero e enraiveceu fanáticos, ansiosos por fazerem regressar a humanidade à Idade Média.

Foi a consciência desse perigo que levou vários intelectuais a manifestarem-se contra a superstição e a agressividade dos vários credos em confronto. «Deus não é Grande», «O Fim da Fé» e a «Desilusão de Deus» são alguns dos mais recentes livros com as mais consistentes denúncias do perigo que as religiões representam para a paz e o progresso.

Desmascarar as mentiras pias é mais do que um dever, é um serviço público prestado à humanidade. 

20 de Dezembro, 2007 Ricardo Alves

Vaticano contra «A Bússola Dourada»

O Vaticano, através do seu órgão central de propaganda, criticou o filme «A Bússola Dourada», que acusa de mostrar um «mundo sem Deus» e de promover a ideia de que os indivíduos podem controlar os acontecimentos e serem senhores do seu destino. Não é surpreendente: o ódio clerical à liberdade humana é recorrente. Desta vez, excitou-se com esta grande produção norte-americana que conta com Nicole Kidman e Daniel Craig nos papéis principais.

A campanha católica contra o filme, a mais violenta desde «O Código Da Vinci», é tanto mais estranha quanto o realizador teve o cuidado de eliminar (censurar) tudo o que pudesse «ofender os sentimentos religiosos» (ou a ICAR), o que prova, mais uma vez, que nem o mais «religiosamente corrigido» dos filmes satisfaz o zelo fundamentalista dos herdeiros da inquisição.

O filme «A Bússola Dourada» foi o mais visto em Portugal na semana de 6 a 12 de Dezembro, com mais de 74 mil espectadores. Todavia, há quem insista em que os portugueses (ainda) são muito católicos. Fantasias.
26 de Novembro, 2007 Helder Sanches

The Golden Compass


Nas últimas semanas, a paranóia cristã tem andado altamente crispada para os lados da terra do Uncle Sam. Em causa está a aproximação da estreia do filme The Golden Compass” (“A Bússola Dourada” em português), realizado por Chris Weitz, baseado na primeira parte da trilogia “His Dark Materials”, de Phillip Pullman.

De facto, Pullman nunca negou que esta trilogia tinha surgido da necessidade que ele próprio sentiu de dar uma resposta à propaganda cristã na obra de C.S. Lewis, The Chronicles of Narnia. Agora que a obra de Pullman é adaptada ao cinema, um formato muito mais cativante para as crianças e adolescentes dos dias de hoje, eis que surgem todo o tipo de opiniões doentias, fundamentalistas e aberrantes que suportam a ideia de que permitir que as crianças vejam este filme é uma espécie de pecado mortal que lhes abrirá as portas ao mundo herege do ateísmo! Independentemente da qualidade do filme ou dos livros (Carnegie Medal, 1995), não deixa de ser bastante sintomática esta reacção dos conservadores cristãos. Uma escola no Canadá teve mesmo o desplante de remover a obra de Pullman da sua biblioteca por o autor ser um ateu confesso! A sugestão de PZ Meyers demonstra bem onde se chegaria se essa regra fosse levada a sério.

“The Golden Compass” é uma história de fantasia que se inicia em Oxford, mas num universo paralelo. O equivalente às almas chamam-se daemons e parece que foram traduzidos para português como génios. Ao contrário das fantasias do nosso universo, estas habitam fora dos corpos e são animais conhecidos de todos nós. Até já descobri o meu próprio génio. Agora, só me falta descobrir o filme assim que estrear. Eu e a restante família também, claro!

(Publicação simultânea: Diário Ateísta / Penso, logo, sou ateu)

30 de Maio, 2007 Helder Sanches

Christopher Hitchens: o quarto cavaleiro do Apocalipse

Richard Dawkins, Sam Harris e Daniel Dennett têm sido, durante os últimos tempos, os nomes mais sonantes na cena internacional a exporem o ridículo e os perigos da fé e da religião. Cada um no seu próprio estilo, têm conseguido captar a atenção dos media, principalmente nos EUA, onde o ateísmo ainda é visto pela grande maioria como uma espécie de doença que coloca na testa o selo “Inferno Express”.

Por outro lado, pode-se especular que esta recente coincidência de autores sobre o tema ateísmo – e a importância que lhes é dada – não passará de uma reacção social a dois mandatos de G. W. Bush, caracterizados por uma maior teocratização do discurso de Estado e por uma maior influência dos grupos cristão conservadores nas decisões de Washington.

Seja como for, é de salientar a publicação de mais uma obra de relevo a questionar a utilidade e a sanidade do fenómeno religioso. “God is Not Great: How Religion Poisons Everything” é o titulo do mais recente livro de Christopher Hitchens. O The New York Times publicou recentemente um excelente artigo sobre Hitchens e a sua mais recente obra. “In God, distrust“, por Michael Kinsley, é uma leitura recomendada. Nota: disponível apenas para subscritores, mas a subscrição é grátis.

(Publicação simultânea: Diário Ateísta / Penso, logo, sou ateu)

30 de Março, 2007 Ricardo Alves

«O Fim da Fé», de Sam Harris, agora em português

No Diário Ateísta, temos acompanhado o sucesso editorial dos livros de Sam Harris, «The End of Faith» e «Letter to a Christian Nation». Temos também disponibilizado vários vídeos do autor. O primeiro livro, que nos EUA vendeu meio milhão de exemplares, acaba de ser publicado em português, na Tinta da China, com o título «O Fim da Fé – Religião, Terrorismo e o futuro da Razão». Que eu saiba, é o mais violento dos manifestos anti-religiosos já publicados no século 21 (ou, mais concretamente, o mais violento manifesto contra as religiões baseadas na fé). Todavia, merece-me algumas discordâncias de ordem científica e política. Depois da publicação do livro de Onofre Varela, mais um sinal de que o intenso movimento editorial de livros sobre ateísmo começa finalmente a chegar a Portugal.
22 de Fevereiro, 2007 Ricardo Alves

É hoje!

«Defendo que o conceito e factor civilizacional denominado Deus, não só não é intocável como é assunto a merecer a maior e a mais viva das discussões no sentido de espevitar consciências que, mesmo fechadas ao tema, sofrem indelevelmente, sem o saberem, dos males provocados pela exploração da ideia de Deus que a todos vitimiza.

É provável que a abordagem do fenómeno Deus possa ser efectuada de outra maneira. Eu preferi não ter medo das palavras e usá-las para transmitir, rigorosamente, o que penso. Não me preocupei com a escolha de termos «politicamente correctos» mas sim com a eleição das frases que me pareceu poderem transmitir, com a limpidez de pura água, a minha sensibilidade sobre o tema, sempre com a preocupação de não ofender os crentes, pois sei que de sensibilidades e água somos todos nós compostos!»

Será hoje às 18h30m, no 121 da Avenida Almirante Gago Coutinho, em Lisboa, o lançamento daquele que creio ser o primeiro livro especificamente sobre ateísmo publicado por um português nos últimos 40 anos. Vemo-nos lá!

17 de Fevereiro, 2007 Ricardo Alves

O ateísmo activo e optimista de Onofre Varela

«Não construí a sociedade que herdei, não estou satisfeito com ela, nem me satisfaz a ideia do previsível futuro que vejo a ser esboçado por aqueles que assumiram a responsabilidade de gerir os povos, nem pelo clero que, paralelamente a tal gestão, pretende influenciar destinos pela via mitológica. É da realidade da época e do meio em que vivo, e dos sentimentos que essa realidade em mim despertou, que nasceram a curiosidade, a ira, a calma e a ansiedade que me incendiaram paixões. Foi sobre isso que escrevi, com a convicção de que fui honesto comigo, e de que usei a crítica com o devido respeito à religiosidade de quem crê.»

(Onofre Varela, nas páginas finais de «O Peter Pan não existe – Reflexões de um Ateu»; a apresentação do livro em Lisboa será já na quinta-feira.)