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Categoria: Ateísmo

3 de Agosto, 2012 Carlos Esperança

ATEUS, RELIGIOSOS E TASCAS

Por

ONOFRE VARELA

Não sou um habitual colaborador deste espaço, e talvez devesse sê-lo. Confesso que tenho um défice de espírito associativo que pode ser comparado com o défice de democracia na Madeira.

Será essa a razão de a minha colaboração neste espaço ateísta ser tão esporádica, e sempre com a ajuda do meu amigo Carlos Esperança para inserir o texto no espaço virtual, pois eu sou completamente analfabeto em computadores.

Porém, nos últimos dez dias, já publiquei dois textos… o que para mim é um record nestes tempos de competição olímpica!

Confesso que o segundo dos textos esteve a um nível sete furos abaixo de cão!… Aquele registo não é a minha maneira de escrever, mas foi o modo que me pareceu poder ser melhor compreendido pelo raciocínio elementar do destinatário específico e nomeado.

Se o meu muito querido amigo Ricardo Pinho algum dia disse que este espaço se parecia com uma tasca, referia-se, muito provavelmente, às discussões de rodapé que os assuntos publicados suscitam às várias sensibilidades de quem os lê. Reconheço que o meu último texto esteve ao mesmo nível!…

Mas devo dizer que não tenho absolutamente nada contra as tascas! Frequento algumas e gosto das companhias (que escolho), dos petiscos e dos copos de bom vinho que por lá são aviados. E algumas têm fado, o que para mim é sempre um prémio! Tal como sinto ser premiado com a banda de música no fim das procissões, que me remetem a memória para os meus 14 anos (nos finais da década de 50) quando estudei solfejo na “Banda Marcial de S. Cristovão”, em Rio Tinto, na expectativa de vir a tocar clarinete… o que nunca aconteceu, com muita pena minha.

Quando, neste espaço de ateus, e nos recados de rodapé, se “insultam” e “atacam” ateus e religiosos, eu tomo isso como um folclore próprio das discussões de porta aberta a quem queira botar faladura. É um espaço democrático do mais puro, embora possa ferir algumas sensibilidades. Mas é o preço da democracia, e é bom que o paguemos para continuarmos a possui-la.

Nessa conversa de “ataques e insultos”, também é bom que atentemos nisto: os ateus contestam, legitimamente, o conceito da divindade, mas aceitam e respeitam quem tem necessidade dele.

Quem tenha estabelecido a sua razão de viver no conceito de Deus, merece todo o respeito daquele que não precisa de Deus para coisíssima nenhuma. Os “religioso-dependentes” devem continuar a louvar Deus se não forem capazes de se libertarem da ideia, se precisarem dela para serem felizes. Pois que sejam felizes.

Seria bom que, entretanto, questionassem a ideia de Deus… mas isso é coisa que não deve ser imposta. É uma tarefa mental de cada cidadão, e uns serão mais capazes de a encararem do que outros. Tudo depende da idade em que o conceito lhe foi embutido no cérebro, e do hábito que terá, ou não terá, de raciocinar e de questionar.

2 de Agosto, 2012 Carlos Esperança

Jesus abandonou a cruz e o altar (crónica pia)

Um dia o enorme crucifixo da velha igrejaganhou vida. Genufletida a seus pés uma beata atacava a quarta salve-rainha  enquanto, do lado direito, um pouco atrás, antes do transepto, outra beata debitava padre-nossos junto ao altar da Virgem Maria. É assim a força do hábito. Trocam-se as orações e os pedidos sem reclamação dos ícones nem reparo dos mendicantes. Ao mesmo tempo o padre vociferava latim e dizia a missa.

O senhor Jesus já por ali andava dependurado, há uns séculos, a suportar a crueza dos espinhos e o mau aspeto das chagas que nunca mais saravam. Enegreceu com o fumo das velas, suportou os odores de quem cuida melhor a higiene da alma do que a do corpo, ouviu gente em desespero e pedidos de vingança de almas danadas que lhe solicitavam o infortúnio dos inimigos.

Conheceu centenas de padres e numerosos bispos a quem nunca fez reparo pelo latim periclitante, a pobreza das homilias e a riqueza dos paramentos. Ouviu confissões eróticas sem mover a tanga, safadezas incríveis sem se ruborizar, misérias de vidas e vidas de miséria, sem um suspiro, um grito ou um vómito. A tudo o senhor Jesus se habituou, até às versões diferentes a respeito da sua própria vida.

Ouviu um bispo irado a condenar os jacobinos, outro a  amaldiçoar os judeus, e, todos, conforme as épocas, a execrar a Revolução Francesa, a república, o laicismo, a apostasia, a blasfémia e o preservativo.

A tudo o senhor Jesus assistiu, em silêncio, no bronze em que o esculpiram. Até um dia. Até ao dia em que o padre apostrofou os incréus que se afastavam do culto, faltavam à santa missa e se furtavam à eucaristia; admoestou as donzelas impacientes que não esperaram pelo casamento; ameaçou os casais que substituíam a castidade pelo preservativo e contrariavam os desígnios de Deus quanto aos filhos. Jesus despertou no preciso momento em que o oficiante explicava que naquelas rodelas de pão ázimo ia ele próprio, em corpo e sangue, pousar nas línguas ávidas de quem guardara jejum desde ameia-noite,bem confessado, melhor arrependido e excelentemente penitenciado.

Foi então que arrancou os cravos, deu um piparote na coroa de espinhos, abandonou a cruz e esgueirou-se por entre os devotos sem ninguém notar, nem a beata das salve-rainhas, nem o padre que administrava a partícula, nem os comungantes habituados a fechar os olhos. Ninguém reparou que no seu lugar ficou apenas um sinal mais em raiz de nogueira, com quatrocentos anos, aliviado do peso do freguês.

Jesus esgueirou-se pela porta principal e não mais foi visto.

1 de Agosto, 2012 Carlos Esperança

RESPOSTA DEFINITIVA AO CÍNICO

Por

ONOFRE VARELA

Não costumo responder a provocações, e é a primeira (e espero ser a única) vez que o faço publicamente.
Numa atitude de correcção e honestidade, decidi responder à observação do Cínico, relativamente à falta da fonte das estatísticas onde colhi a informação de cuja veracidade ele desconfiou (e reivindicou), e fi-lo convicto de estar a lidar com uma pessoa de bem.

Porém, pela sua reacção, apercebi-me do real nível intelectual do animal, o que me merece este comentário definitivo:
Diz o Cínico: “Não tenho por hábito ler a edição on line do El País (…)”.
Eu direi que ele não tem por hábito… ler!
Se me pediu as fontes, mesmo que não tenha o hábito de as ler, neste caso obrigava-se a fazê-lo… ou então não as reivindicava! É uma questão de honestidade intelectual. Sabe o que isso é?

Apercebi-me de que o seu raciocínio se fica pelo que “julga ter aprendido” na catequese, na tenra idade dos oito aninhos, e jamais evoluiu (quiçá, jamais pensou), caso contrário não comparava Ciência com Mitologia das Religiões.
É o problema dos fundamentalistas religiosos: não pensam para além do insidiosamente escrito nos catecismos concebidos para fomentarem a ignorância que alimenta as igrejas, e lêem o catecismo convencidos de estarem a ler a mais completa das enciclopédias!

Este Cínico é um caso perdido, e devia mudar de pseudónimo por respeito aos verdadeiros Cínicos.
Como demonstra não ter capacidades intelectuais para isso, atrevo-me a sugerir-lhe o pseudónimo “merdoso” porque reflecte verdadeiramente o teor do seu discurso, do seu pensamento e das suas convicções.

Ao ter-lhe respondido fico com a desagradável sensação de ter dado pérolas a porcos, o que é um desperdício nos tempos de contenção que atravessamos!…
Acusa-me, o merdoso, de eu não ler os livros que ele lê.
Informo-o que tenho 70 anos de vida, que leio desde os sete anos, e que a minha biblioteca é composta por cerca de dez mil livros, que um quarto deles são sobre religião, e que estão todos lidos, estudados e sublinhados.
Já li mais livros sobre Religião do que alguma vez o merdoso lerá (dando por barato que o merdoso lê!).

Um ateu não é um insultador de religiosos, como alguns religiosos (só alguns, e entre os quais está o merdoso) são insultadores dos ateus.
Um ateu, só é ateu, porque lê livros de religião, porque assiste a missas e porque raciocina… o que é coisa (raciocinar) que os merdosos não fazem.
Só por ter esta prática de leitor, de assistente de missas, de observador do mundo e por raciocinar, é que sou ateu.
E respeito todos os religiosos porque percebo as suas motivações. Aprendi-as nos mesmos livros.
Livros que li com espirito isento e mente aberta, o que é coisa naturalmente interdita aos merdosos que teimam em ser um substracto foleiro da espécie Homo, antes do salto evolutivo para Sapiens Sapiens.
Aliás, os religiosos não pertencem à espécie Homo Sapiens.
Estão dispensados da condição de primatas e do processo evolutivo, porque eles não evoluem.
Eles foram feitos em barro como em Barcelos se fazem os galos e nas Caldas os caralhos!
Secaram, empederniram, e assim ficaram.

Respeito e percebo os religiosos, ao contrário de alguns religiosos que não respeitam os ateus nem se respeitam a si próprios, com as atitudes que tomam com o único fito de insultarem os ateus.
Perceber as cavalgaduras, que ainda por cima são merdosos, é que me é mais difícil. Mas a esses não tenho que perceber nem respeitar. Daí me permitir arremessar-lhes com as mesmas palavras que me arremessam.

Tenho amigos sacerdotes católicos que me respeitam exactamente como eu os respeito, e compreendem os meus pontos de vista porque não são merdosos. Temos conversas civilizadas no respeito mútuo das ideias de cada um, o que é coisa que o merdoso desconhece, não sabe, nem nunca saberá, porque não tem intelecto para isso, como merdoso que é.

Fico com pena de lhe ter respondido, mas fi-lo na convicção de estar a lidar com gente decente, o que, constatei pela sua resposta, não é. E tenho pena! Não por mim, mas por si, pois não é capaz de raciocinar para além do conteúdo do chip que lhe foi implantado naquele sítio onde os comuns mortais (a maioria dos ateus, e muitos religiosos) têm o cérebro, mas onde uns tantos merdosos têm os intestinos.

Diário de uns Ateus – Onofre Varela é escritor, jornalista, cartoonista, actor e homem de cultura. Personalidade bem conhecida no Porto é um respeitável e respeitado livre-pensador a quem o ateísmo deve muito, em Portugal.

1 de Agosto, 2012 Carlos Esperança

Deus é a mais desafortunada invenção humana

Os homens, à força de ouvirem que Deus existe, tornam-se crentes e, à medida que o repetem a si próprios, fazem-se beatos.

Deus é uma infeliz criação, difícil de aperfeiçoar. Enquanto as máquinas se melhoram, a partir da dúvida de que nunca são suficientemente perfeitas, Deus só pode piorar porque os clérigos garantem que é infinitamente bom e não admitem a discussão.

Com tal mercadoria minam-se as bases da civilização, perturba-se a paz, impede-se a solidariedade humana.

Deus não é apenas uma criatura pior do que o seu criador – o Homem –, e um troglodita incapaz de se regenerar, é o princípio do mal, o acicate de todos os ódios e crueldades.

Na base do racismo e da xenofobia está Deus na sua despótica inexistência, no seu primitivismo demente, um ser misógino e delinquente, manejado pelos fios invisíveis, tecidos pelas religiões, através dos prestidigitadores profissionais – os clérigos.

Deus e o Diabo são irmãos gémeos, filhos do medo dos homens e explorados em benefício do clero.

As peregrinações são atos de insensatez coletiva em direção a locais onde os homens inventaram marcas de Deus, centros de exploração da fé e da superstição, locais de recetação onde se esbulham os crentes para maior glória dos parasitas de Deus.

Se Deus existisse, os crentes ficariam satisfeitos por serem os únicos com direito a uma assoalhada no Céu e para gozarem o ócio eterno na companhia da fauna celeste. Assim, vivem cheios de azedume, envergonhados da sua estultícia, ávidos de converter outros aos seus próprios erros e fazer deles infelizes, à sua semelhança.

Um mundo sem Deus, ou mesmo com muitos, seria certamente mais pacífico, mas a loucura das religiões monoteístas querem fazer do Planeta um antro de fanáticos e do Deus único, uma perigosa quimera que ensandece os homens, os assusta e imbeciliza.

Deus é um déspota imprevisível com lacaios que não o discutem nem o deixam discutir.

 

30 de Julho, 2012 Carlos Esperança

ESTATÍSTICAS E CRENÇA

Por

ONOFRE VARELA

O meu último texto “O Bosão de Higgs” mereceu, de um tal Cínico — atento leitor do Diário de Uns Ateus  —, relativamente à parte final onde digo “é curioso notar que os países de raiz católica são os que, estatisticamente, têm uma pior opinião da Ciência”, a crítica de que não apresentei as fontes da estatística mencionada.

Tem toda a razão. Faço-o agora para sua satisfação.

Colhi a informação no jornal espanhol El País (págs. 30 e 31, da edição do dia 24 de Julho de 2012) numa notícia com o título “Ciencia: la fe del que no sabe”, onde se tornam públicos os resultados de um inquérito promovido pela Fundacion BBVA, divulgado no dia anterior, onde se reflectia a relação dos espanhóis com a investigação
científica. O inquérito entrevistou 1500 pessoas por país, em 11países (Estados Unidos da América, República Checa, Polónia, Alemanha, Áustria, Dinamarca, Itália, Holanda, França, Reino Unido e Espanha) totalizando 16500 pessoas. A notícia é complementada com um exaustivo quadro que responderá em pormenor à curiosidade científica do Cínico, pelo que lhe sugiro a consulta do jornal referido, emwww.elpais.com
(embora eu tivesse lido a edição em papel, que compro diariamente).

Feito este aditamento ao meu último texto, penso ter respondido ao amável leitor Cínico, tão interessado nas coisas da Religião e da Ciência, e aproveito o resto do espaço que me é concedido para dizer mais o seguinte, a respeito das coisas importantes como, por exemplo, a “importância das estatísticas”.

A importância das coisas tem a exacta medida que nós lhe queiramos (ou soubermos) atribuir. Dou o exemplo da arte. Um objecto de arte só é arte se os olhos que o observam assim o entenderem e descodificarem. Se o observador não estiver sensibilizado para a arte, a arte não existe (para aquele observador), embora exista o objecto.

A dimensão das coisas importantes é sempre essa. Ela tem de partir de uma base cultural, ou antropológica, que atribua importância àquela coisa, caso contrário existe a coisa, mas não existe a escala de importâncias onde a coisa pode ser medida, apreciada, catalogada e referenciada. Esta escala de valores é-nos transmitida pela cultura da
sociedade onde nos inserimos, quer seja a cultura local (antropológica) ou a cultura universal, mais abrangente, academicamente adquirida, e que faz do seu detentor um verdadeiro conhecedor… isto se, entretanto, não for atropelado por interesses
desfavoráveis ao verdadeiro conhecimento…

O que acontece com o “conhecimento” transmitido pelas religiões é coisa diferente, e pertence ao chamado “conhecimento iniciático” reservado a membros de seitas secretas ou grupos de religiosos. A escala dessa medida religiosa é-nos formatada na mente desde tenra idade por ensinamentos aferidos pela sociedade que nos concebe e produz, e é independente dos conhecimentos universais, como Matemática, Filosofia, História, Geografia ou Línguas.

Dou este exemplo: um crucifixo tem, para um cristão, rigorosamente o mesmo valor religioso que um tótem toscamente esculpido num tronco de árvore, tem para o índio norte-americano, e uma vaca para um fanático do Sri Lanka. Um católico pode considerar uma estupidez adorar uma vaca e beber-lhe a urina com fé religiosa, mas ajoelha com o mesmo fervor religioso diante de uma imagem de Fátima e de uma cruz com a representação de uma figura humana sofredora escorrendo sangue! E engole uma fina rodela de farinha, convicto de estar a deglutir o corpo do seu deus, exactamente com o mesmo fervor religioso dos fanáticos do Sri Lanka quando bebem urina das vacas consideradas animais sagrados!

É nesta adoração de elementos criados por ritos e intenções religiosas, que se encontra o verdadeiro valor das acções de religiosidade e fé. Elas são matéria de estudo de sociólogos e antropólogos que as olham com o mesmo interesse intelectual com que o
entomólogo francês Jean-Henri Fabre (1823-1915) olhava para as moscas.
Para além do valor etnológico e antropológico que faz a essência e a identificação genuína de um povo, os rituais de fé só valem pela função psicológica do efeito placebo que produzem (quando produzem, e se produzirem). A importância das religiões termina aí. A sua parte mais visível fica-se nas práticas terreais, folclóricas e sazonais.

O etéreo, o encontro real com Deus ou santos num lugar excepcional, num paraíso ou num poço infernal, para além da morte, é fábula sem quaisquer resquícios da mínima realidade. Insistir na veracidade de Deus, dos santos interventores (os eternos intermediários parasitas), e na vida além túmulo, é fábula, é paranoia, é estupidez e ignorância nata, debilidade mental… ou fé!…

Mas também pode ser poesia!…
Deus é uma criação humana. De Deus apenas existe o conceito voando dentro da cabeça do crente. Fora da cabeça das pessoas religiosas não há Deus em lado algum. Não existindo Deus, os homens criaram a paranoia de falarem por ele, com a mesma convicção de uma criança que brinca aos supermercados, cobrando pelos artigos que vende, sem possuir artigos, nem caixa registadora, nem clientes.
E depois, aqueles que brincam às religiões e às ladainhas, fazem do acto de brincar aos deuses a coisa mais importante do mundo! Mas pior do que isso é quererem impor a sua brincadeira a toda a comunidade, convictos de que é verdadeira a ideia de Deus fora das
suas cabeças, e que não há no mundo nada que se lhe compare em termos de seriedade e importância!…

É obra!?…
Querem fazer-nos crer que a divindade não só existe, como nos criou, nos protege, nos guia, nos controla, nos espia, nos premeia, nos castiga… e que todos nós estamos obrigados a crer fervorosamente nestas tretas!

E zangam-se connosco se recusarmos acreditar nessas patranhas! Inclusive, apelidam-nos de “odiosos” (mesmo sem nos conhecerem pessoalmente para poderem aquilatar do nosso amor ou do nosso ódio, o que me leva a supor que nos medem pelos suas próprias escalas e estaturas mentais) só porque não dizemos ámen com eles!

Continua a ser obra!…
Pior ainda: os fundamentalistas islâmicos, quando zangados, degolam excelentes cidadãos por isso mesmo… e assassinam, através de actos terroristas, gente anónima, animados pela convicção de as vítimas serem “infiéis”, e que Deus quer vê-las mortas!…
Terrorismo e demência em nome do bom Deus!
Disto que acabei de dizer, não tenho estatísticas.
Apenas tenho raciocínio. Serve?!…

27 de Julho, 2012 Carlos Esperança

O BOSÃO DE HIGGS

Por 

Onofre Varela 

Não saber do que se fala, não impede que se opine, e a opinião de cada um tem o valor que tem, mais o que os outros lhe queiram dar, e por aí se fica. Mas os responsáveis de instituições, e os jornais de grandes tiragens e de distribuição nacional, estão obrigados a saberem do que falam. Nesta linha está o folclore que se fez à volta do Bosão de Higgs, com os jornais a darem voz a padres católicos para opinarem sobre o que não diz respeito à Igreja.

Em linhas gerais e poucas palavras, podemos dizer que o cientista britânico Peter Higgs, trabalhando sobre umas ideias de Philip Anderson, interrogou-se, num documento publicado em 1964, sobre a possível existência de um bosão (partícula com determinadas características) que explicaria a razão de a matéria possuir massa.

Mas só agora — meio século depois — foi possível conseguir as condições técnicas para o desenvolvimento de experiências a propósito, com a construção, em 2008, do Grande Colisor de Hádrons (LHC), um laboratório localizado num túnel com 27 Km de circunferência, construído a 175 metros abaixo do nível do solo, na fronteira franco-suíça, próximo de Génebra. Um dos objectivos do LHC é explicar a origem da massa das partículas elementares, e encontrar outras dimensões do espaço.

A 4 de Julho de 2012, cientistas do Centro Europeu de Pesquisa Nuclear (CERN), anunciaram que na sequência dos seus trabalhos no LHC, descobriram uma partícula nova que pode ser o tal bosão de que Higgs previu a existência.

Entretanto, no início dos anos de 1990, o físico Leon Lederman, que ganhou o Prémio Nobel em 1988, escreveu um livro com a intenção de explicar ao público não especializado em Ciência, a teoria sobre o bosão de Higgs. O autor escolheu o título “The Goddam Particle” (A Partícula Maldita) para falar sobre o tal elemento difícil de descobrir e que ocupava todo o tempo a Higgs. Mas como o editor estava mais interessado em vender do que, simplesmente, publicar, num golpe de marketing, trocou o termo “Goddam” por “God”, e o livro “The God Particle” (A Partícula de Deus) foi um êxito de vendas! O nome pegou, e não tardou que a imprensa apelidasse o bosão que Higgs procurava, como sendo a “partícula de Deus”!

O termo Deus é conhecido de todos, e bosão… ninguém sabe o que seja…

O meu espanto foi ver e ouvir, em Julho de 2012, as televisões e os jornais a entrevistarem religiosos sobre a partícula de Deus (como se a Igreja tivesse algo a ver com as descobertas científicas!), talvez convictos de que a Ciência acabara de encontrar a prova da existência real e concreta de Deus!…

A RTP procurou o padre e jornalista José Tolentino de Mendonça, na qualidade de director do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura da Igreja Católica, para que falasse sobre o bosão, e ele disse que “tudo o que é a procura da verdade interessa muito aos crentes e à Igreja” (!?), que mais poderia ele dizer?!…

O jornal do Vaticano, “L’Osservatore Romano”, atingiu o paradigma de (…não sei que palavra usar!…) com a manchete “Comoção e Entusiasmo” para se referir ao anúncio da descoberta do bosão de Higgs (!?).

Deve estar tudo doido!…

O cientista Carlos Fiolhais teve a frase mais correcta e honesta: “Se existe Deus, todas as partículas são de Deus, ou, se não existe Deus, nenhuma partícula será de Deus”. Tão simples!

“Partícula de Deus” é apenas um nome. Um título para um livro, que foi encontrado com o interesse de vender, e o nome do livro não vale mais do que isso. Imagine que você, em 1990, encontrava um livro com o título “Bosão de Higgs”. Comprava-o?… E se fosse “Partícula de Deus”?…

 

Há termos que atingem a sensibilidade das pessoas e que, por isso, podem, mais facilmente, ser aceites ou repudiados. É o caso das “Células-Mãe”. Em inglês recebem outro nome. Não são referidas por “Motther-cells”, mas por “Stem [tronco, raíz] Cells”.

A palavra “mãe” desperta paixões! Mãe há só uma. E tu não tocas na minha mãe, porque para mim ela é sagrada! Daí ser mal vista a manipulação das células-mães! Já manipular as células-raiz… é outra coisa, mais permissível, o milho transgénico é isso mesmo, e aqueles que se preocupam com o termo “mãe” estão-se nas tintas para as manipulações do milho!

Já que falo em raíz, é curioso notar que os países de raíz católica são os que, estatisticamente, têm uma pior opinião da Ciência. Porque será?!…

24 de Julho, 2012 Raul Pereira

A vitória da persistência e a força das convicções

Uma sócia da AAP – Associação Ateísta Portuguesa conseguiu que o seu Actus Formalis Defectionis ab Ecclesia Catholica (acto de apostasia) fosse registado no livro de baptismos da paróquia onde foi baptizada, na área do Patriarcado de Lisboa. Um modelo para outros ateus/ateias que pretendem o mesmo, mas que têm adiado o seu pedido devido ao processo burocrático necessário.

A nossa associada teve a gentileza de nos enviar a sua carta para divulgação, o que muito agradecemos. Adaptando o texto a cada caso particular, este é, sem dúvida, um óptimo ponto de partida.

O documento está disponível neste link.

24 de Julho, 2012 Carlos Esperança

Dissertação sobre a dúvida da existência de deus…

Dissertação sobre a dúvida da existência de deus…

Sobre a não existência

O ónus da prova pertence aos que primeiro afirmaram deus existe e não aos que depois disseram deus não existe. Ninguém poderia, no ponto de vista histórico e antropológico, ter afirmado deus não existe, se, anteriormente, alguém não tivesse dito “deus existe”.

O princípio da afirmação da existência precede o princípio da afirmação da não existência. Não me peçam para demonstrar que deus não existe, sem antes pedirem a respetiva demonstração aos que primeiro afirmaram que deus existe. Durante muitos séculos, judeus e cristãos andaram enganados, julgando, como dizem as escrituras, que a Terra é o centro do Universo, um dogma que Copérnico e Galileu, através da ciência, arrasaram, com a teoria heliocêntrica, dando assim razão aos que, antes deles, acreditavam que a Terra não era o centro do Universo.

Também aqueles, que andam agora a dizer que deus existe, estão a validar a afirmação daqueles que dizem que deus não existe, a única fórmula que até agora é verdadeira, pois ainda ninguém viu a criatura. Em resumo: demonstrem-me primeiro que deus existe, e só depois, então, poderemos falarO principio da afirmação da existência precede o princípio da afirmação da não existência. Não me peçam para demonstrar que deus não existe, antes de terem pedido a respetiva demonstração aos que primeiro afirmaram que deus existe. Durante muitos séculos, judeus e cristãos andaram enganados, julgando, como diziam as escrituras, que a Terra era o centro do Universo (um dogma). No século XVII, Copérnio e Galileu, através da ciência, arrasaram este dogma, com a teoria heliocêntrica, dando assim razão aos que antes deles acreditavam que a Terra não era o centro do Universo. Também aqueles que andam a dizer que deus existe, estão a validar a afirmação daqueles que dizem que deus não existe. Em resumo: demonstrem-me primeiro que deus existe, e, então, depois,poderemos falar.

Sobre a existência  

O meu vizinho de cima, um velho de noventa anos, dá, todos os dias, apoiado nas suas muletas, três saltos mortais, fazendo um grande estardalhaço no prédio. Um salto, de manhã, antes do pequeno-almoço. Um segundo salto, ao meio dia, antes do almoço e um terceiro, ao fim da tarde, antes do jantar. Dispensa o quarto salto, antes de se deitar, pois tem medo de morrer durante o sono, pelo efeito da turbulência cerebral, segundo me disse.

Fiquei admirado com a agilidade do velho e pensei logo que aquilo poderia dar uma boa história sobre o fenómeno do sobrenatural.

Contei isto ao meu vizinho do lado, e ele não acreditou, ao ponto de se ter dado ao trabalho de passar vinte e quatro horas com o ouvido colado à porta do meu vizinho de cima. Veio dizer-me que apenas ouviu o velho a ressonar durante a noite, acrescentando que eu devia estar a delirar.

Fiquei ofendido com a afronta, e, de maus modos, respondi-lhe que iria espalhar a boa nova por toda a parte. Ao fim de dois meses já tinha milhares de crentes, em fila, à porta do meu prédio, para ouvirem o estardalhaço provocado pelos saltos mortais do velho. Lembrei-me depois de começar a cobrar um pequeno óbolo, que dividia com o velho. Tudo isto enfureceu o meu vizinho do lado, que não se cansava, sem qualquer êxito, de, perante todas aquelas pessoas, que aguardavam a sua vez de ouvir o extraordinário fenómeno, acusar-me de charlatão.

Comecei a perceber que tinha inventado um deus…

Alexandre de Castro

Lisboa, Julho de 2012

16 de Julho, 2012 Carlos Esperança

PORQUE SOU ATEU?

Por

JAIME GRALHEIRO

Essa é uma boa pergunta para uma resposta complexa. É que ninguém se torna ateu de um momento para o outro, por obra e graça de um “milagre” do Mafarrico.

Só há dois caminhos para se chegar ao ateísmo: ou se é educado, desde criança, num clima de agnosticismo religioso ou da pura ausência da ideia de Deus (o que será muito difícil num mundo onde a larga maioria se diz crente), ou se atinge o ateísmo através de um longo processo de confronto e negação. Foi esse o meu caso.

Como quase todas as crianças portuguesas nascidas na primeira metade do século XX no Portugal rural de então (o das “aparições” de Fátima) eu fui educado por meus pais dentro da máxima popular religiosa “graças a Deus muitas; graças com Deus poucas”. De qualquer maneira nunca fui à catequese da Igreja. Na minha aldeia (de Macieira) não havia igreja nem escola. Por isso, meus pais, mediante a paga de um alqueire de milho e de pouco mais, entregaram o cultivo da minha ignorância religiosa ao cuidado de um homenzito (meio anão), conhecido pelo Pedro, que não sei onde se tinha especializado nas questões do “creio em deus padre todo-poderoso…”, nos atos de contrição e de atrição, na salve-rainha e nos mandamentos (de Deus e da Igreja) e em todos os outros atos de fé, que o “padre-nosso” e “ave-maria” eram coisas corriqueiras que a gente ia aprendendo em casa com a reza do terço e as “ações de graças”.
Quando saí lá da serra e debaixo das saias de minha mãe, fui para dois colégios de padres. Aí o Deus do Pedro de Macieira foi-se interiorizando em mim, tornando-se caminho e guia que eu levava muito a sério com muitas medalhas penduradas do pescoço, muitas missas e comunhões, persignações antes de todas as refeições, da deita e da levanta, tudo misturado com muitas orações e rezas. Para cada ato da vida eu tinha uma oraçãozinha adrede.

Nesta situação de Deus como caminho e guia me mantive até aos meus 26 anos, altura em que iniciei a minha vida profissional, tomando então contacto com a vida dura dos camponeses e dos outros “servos da gleba”. Esse contacto, acompanhado com o “abre-olhos” dos meus dois patronos profissionais, que eram dois democratas agnósticos de férrea tempera, fez-me ver que o tal Deus que eu tinha arvorado como “caminho e guia” não passava do grande aliado do Salazarismo, oprimindo o Povo português. Mais: que as próprias aparições de Fátima se encaixavam na grande encenação político-religiosa do Regime (“Fátima Desmascarada”, como mais tarde vim a verificar).

Esta constatação fez-me olhar com mais cuidado para a História em geral e para a História da Igreja Católica, em particular, onde o retrato do tal Deus não aparecia nada favorecido. Ele tinha sido o mentor e responsável pelas Cruzadas, pela “santa” Inquisição, pela morte de Savonarola e pela perseguição de Galileu, para não falar em todas as guerras de muitos trinta anos…

Esse Deus cuja Igreja pregava o Amor era, historicamente, o Deus da violência, do terror e da morte. Era o Deus de Constantino que, desde o Concílio de Niceia (325), o pôs ao seu serviço. Serviço esse que manteve e reforçou com o Concílio de Trento (1546).

No fim da década de 50 e início da de 60 do século passado a Igreja Católica tornara-se para mim na grande aliada e defensora dos valores salazaristas, posição esta que ficou demonstrada com a expulsão do bispo do Porto, D. António Ferreira Gomes, que se atreveu a dizer não à omnisciência e omnipotência de Salazar (1958).

A convocação do Concílio Vaticano II pelo papa João XXIII, em 1962, com o objetivo de a Igreja fazer o seu aggiornamento democrático, foi para mim uma fonte de esperança. Comigo estavam todos os chamados “Católicos Progressistas”.
Nesta esperança passei a militar ativamente na Oposição Democrática, desde o início dos anos 60.

Procurando dar uma base teórica à minha praxis política eu lia tudo, desde Emmanuel Mounier, às encíclicas Mater et Magistra e Pacem in Terris, os documentos conciliares, as intervenções de D. Hélder da Câmara e dos bispos de Medelim, do padre e guerrilheiro colombiano Camilo Torres e de Che Guevara. Lia tudo, desde as revistas O Tempo e o Modo, Seara Nova e Vértice até aos Cuadernos para el Dialogo e ao Novell Observateur, desde o teólogo Bernard Haring aos teólogos protestantes, para não falar nos padres portugueses Felicidade Alves e Mário da Lixa. Tudo devorava de uma literatura mais ou menos clandestina que me chegava à socapa da PIDE: ele eram os escritos políticos da Oposição Democrática, a que se juntavam os textos clandestinos dos socialistas e marxistas europeus, complementados pelas leituras de Jorge Amado (Os Capitães da Areia, Jubiabá, Capitão da Esperança e Os Subterrâneos da Liberdade); ele eram os escritores russos do fim do século XIX e princípio do século XX; ele era Antero de Quental das Conferência do Casino; ele era Soeiro Pereira Gomes, Alves Redol e Álvaro Cunhal; ele era José Cardoso Pires, Luís Stau Monteiro, Bernardo Santareno e Luís Francisco Rebelo (dos quais me tornei depois amigo e camarada) ….
Ao mesmo tempo tomava contacto com Fátima Desmascarada de João Ilharco, a Fabricação de Fátima de Prosper Alfaric, para além da Cova dos Leões de Tomás da Fonseca; lia, ainda, A Origem do Cristianismo de Iakov Lenstaman, A Fábula de Cristo de Guy Fau, Cristo Nunca Existiu de Emilio Bossi e O Deus que a Igreja nos Vende de António Calvinho. Estas leituras continuaram com outros autores até ao presente.

Quando Abril (de 74) já vinha perto (em 1969) abandonei um “Curso de Cristandade”, deixando, a partir de então, de ter qualquer contacto com a igreja oficial. Embora me continuasse a declarar como “católico progressista”, a verdade é que, com a Revolução de Abril, eu tomei consciência de que, efetivamente, dentro de mim se tinha operado um grande salto qualitativo, e que, pela mão de Cristo, eu tinha chegado ao Marxismo!
A partir de então, Deus passou a ser uma invenção humana com vista a dar resposta às perguntas a que não se sabia responder; Cristo, a tal 2ªa pessoa da santíssima trindade, a ter existido historicamente, era (só) mais um herói que, à semelhança de Espártaco (que viveu mais ou menos no seu tempo histórico) morreu em luta pela libertação do seu Povo.

De resto, antes dele, já o filósofo grego Sócrates havia sido condenado à morte pela cicuta, por se atrever a ensinar os jovens atenienses a pensar…
Resumindo: a partir de certa altura (e não sei quando, pois essa “altura” foi um longo e doloroso processo histórico) dei-me conta de que, afinal, eu deixara de ser um idealista (como todos os bons católicos) e passara a ser um empedernido e convicto materialista dialético.

Nesta posição filosófica a existência de Deus deixou de fazer qualquer sentido pois se tornara numa inutilidade racional. Para mim, Deus deixou de ser preciso, pois, sem ele, eu atingira uma explicação racional, lógica e coerente do Munda e da Vida, explicação essa que me satisfazia de uma ponta à outra.

Quando atingi este “nirvana” senti-me bem e feliz como nunca até aí me havia sentido. Em boa verdade, Deus fora sempre para mim uma fonte constante de angústias, de remorsos e medos; de ameaças, de covardias e de fugas (até nas relações sexuais entre mim e minha mulher, Deus, totalitariamente, se metia!…).

Perante esse tal Deus, eu e os outros Homens só tínhamos uma maneira de estar: de joelhos; sem ele, inesperadamente, eu fiquei de pé, no centro do Universo, heroicamente, inteiro na grandeza da minha Humanidade.
A partir daí abriram-se os caminhos de uma nova moral, de uma nova ética e de uma nova estética. Mais que os mandamentos de Deus há os Direitos Universais do homem; mais do que a caridade e o amor ao próximo, há o sentimento da fraternidade e da solidariedade humana.
Depois, até a Arte dá um salto e passa a ser a realidade recreada pelos homens e mulheres, na esteira dos grandes sonhos e das grandes aspirações da Humanidade.
Sem Deus tudo fica no seu lugar, sem licença de ninguém.

Eu compreendo que haja pessoas para quem a dimensão divina da vida é essencial. Para um ateu essa dimensão não existe, mas todos os ateus, porque defensores da Liberdade, aceitam que os crentes tenham e vivam essa outra dimensão; só exigimos que eles não nos imponham essa dimensão como historicamente sempre quiseram fazer (e fizeram).
De resto, tenho muita dificuldade em discutir com um crente o meu ateísmo, pois mal eu começo a explicar-me, logo ele me trava com o argumento de que isso é o que eu penso, porque, para além de mim, Deus continua lá.
Assim nunca iremos a lado nenhum.

O que o separa de Saramago nesta faceta?

2- Pelo que li de José Saramago (O Evangelho segundo Jesus Cristo e Caim), suponho que a posição religiosa de José Saramago é muito idêntica à minha.
Sobre este assunto só conversámos uma vez, em Viseu, aquando do lançamento do seu “Evangelho”. Disse-lhe que esperava que ele tivesse ido mais longe, questionando a própria existência histórica de Jesus Cristo que pode muito bem ser a humanização de um mito criado pelos “cristãos”.
Respondeu-me que não; que lhe parecia complicado uma religião como a cristã ter por base só um mito inventado e não uma qualquer experiência histórica que, depois, foi mitificada.
E sobre esse ponto, hoje em dia, a literatura é imensa. Cito apenas A Dinastia de Jesus de James D. Tabor onde a história do homem Jesus Cristo e de sua família (mãe, pai e irmãos) é contada com muitos pormenores e fundamentos documentais.
E pronto.
Nota: O que fica dito no ponto 1 é uma espécie de resumo daquilo que escrevi no meu OS DOIS PRECS NO DISTRITO DE VISEU, págs. 34/35, 75 e segs.

Jaime Gralheiro é sócio da AAP, destacado jurista, escritor, jornalista, autor de teatro e homem de cultura.

Este texto, um belo depoimento,  foi retirado daqui. É um privilégio ser amigo deste cidadão, há 40 anos.