Cerca de três mil pessoas abandonaram a “Folkekirken“, a igreja oficial do estado dinamarquês, após a “Ateistisk Selskab” ter feito uma campanha nacional alertando para a redução de impostos caso o fizessem.
Apesar de ser um dos países mais seculares do mundo, a Dinamarca continua a manter um ministério para a igreja do estado, que é financiada por impostos directos e largamente subsidiada pelo reino, entre outras particularidades curiosas.
A campanha da Sociedade Ateia Dinamarquesa está a ser considerada um caso de grande sucesso, pois o processo de abandono é complicado e moroso.
Naturalmente que, a existir, pode mover ações judiciais contra o Diário de uns Ateus ou ser processado ou objeto de apostas, como aqui se refere.
Não há qualquer religião cujo deus defenda o respeito pelas outras e, muito menos, por não crentes. Quanto maior é a crença de alguém por outra vida, depois da morte, menor é a tolerância pelas posições divergentes na única e irrepetível vida que nos coube.
“A religião é um instrumento de paz” é o lugar-comum, politicamente correto, repetido à exaustão e cuja falsidade não é posta em causa, às vezes – e bem –, para evitar gestos primários de vingança contra minorias, e, quase sempre, para impedir a reflexão sobre o passado histórico da religião autóctone.
O facto de se permitirem as frases anteriores, não se deve à indulgência do catolicismo, mas ao facto de ter sido politicamente reprimido na Europa. A liberdade religiosa só foi aceite pelo catolicismo no Concílio Vaticano II, há meio século, uma decisão que ainda provocava azedume em João Paulo 2 e Bento 16. Na Arábia Saudita deixavam em risco a ligação da cabeça ao tronco.
“Só um Estado não confessional pode garantir a liberdade religiosa de todos”, dizia no DN, ontem, o padre Anselmo Borges, afirmação que ainda provoca a ira dos crentes que ficam insatisfeitos com as delícias que Deus lhes reserva, após a morte, e não dispensam a vindicta contra os que prescindem da conversão.
Os cristãos aceitam que a Bíblia, tantas vezes alterada ao longo dos séculos, com vários Evangelhos considerados apócrifos, não foi ditada por Deus. É apenas a sua expressão humana, e têm, além disso, o NT que, salvo o vigoroso antissemitismo, que se explica por ter sido uma cisão do judaísmo, é um avanço na humanização dos preconceitos das tribos patriarcais da Idade do Bronze de que o AT é um documento histórico e literário.
O Corão, cópia grosseira do cristianismo e do judaísmo, foi ditado pelo Arcanjo Gabriel a Maomé, o ‘último profeta’, entre Medina e Meca, a última vez que Deus falou, através do anjo. Assim, é inexequível refazer o que foi ‘revelado’ ao beduíno analfabeto, apesar de o texto atual ser do ano 800 da era vulgar, de predicação apaixonada nas mesquitas e ensino obrigatório nas madrassas, v.g.:
“Sabei que aqueles que contrariam Alá e seu mensageiro serão exterminados, como o foram os seus antepassados; por isso Nós lhes enviamos lúcidos versículos e, aqueles que os negarem, sofrerão um afrontoso castigo.” (Alcorão, Surata 58:5)
“Ó fiéis, combatei os vossos vizinhos incrédulos para que sintam severidade em vós; e sabei que Alá está com os tementes.” (Alcorão, Surata 9:123)
Em vez de se permitir à extrema-direita europeia combater os crentes, urge combater as crenças; em vez de se negociarem os refugiados com a Turquia, deve ser-lhes imposto o respeito pelos padrões civilizacionais europeus, incluindo a igualdade de género; em vez de se promover o diálogo inter-religioso e o multiculturalismo, deve exigir-se a renúncia aos valores que os mullahs exaltam e com que hordas de muçulmanos exultam; em vez de orações pela paz, é mais profícuo vigiar quem promove e financia a guerra santa.
Se nas mesquitas, igrejas ou sinagogas, sedes de clubes ou partidos políticos, se prega o ódio e incita à violência, exige-se vigilância, denúncia, medidas de coação, julgamento e repressão política, segundo as normas do Estado de direito e não do direito teocrático.
O mito sobre a bondade de Madre Teresa de Calcutá, cultivado pelo Papa João Paulo II e ampliado pela comunicação social, não resiste a uma desapaixonada apreciação da sua vida e do seu pensamento.
A católica retrógrada, em sintonia com um Papa obsoleto, deu origem a uma imagem construída para a indústria da santidade.
Contrariamente ao que muitos julgam, o ateísmo é antigo.
Tenho buscado em vão a resposta que o criacionismo tem para uma questão tão singela quanto capital, a saber: Com que propósito Deus teria criado o universo?
Vocês podem me ajudar nessa busca?
Grato pela atenção,
Sutti
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This mail is sent via contact form on AAP – Associação Ateísta Portuguesa http://www.aateistaportuguesa.org
Carlos Esperança
29 de jan (Há 1 dia)
para norival, Associação,
Exmo. Norival:
A Associação Ateísta Portuguesa (AAP) lamenta não poder responder à sua pergunta que terá de endereçar a Deus, se o encontrar.
A AAP é o sítio mais improvável onde possa estar.
Apresento-lhe as melhores saudações ateístas.
«O influente escritor Richard Dawkins, ateu, afirmou que os cristãos são mais sensatos do que os muçulmanos ao interpretar a Palavra de Deus.
A declaração vem na esteira de uma série de reflexões do ativista ateu a respeito da ascensão do terrorismo baseado no extremismo religioso muçulmano. Recentemente, Dawkins afirmou que o cristianismo é a melhor arma de defesa contra o fundamentalismo islâmico.
Dawkins, que é biólogo evolucionista, afirmou textualmente que os seguidores do cristianismo têm “mais sensatez” em comparação com os muçulmanos, que tomam versos de suas escrituras de forma literal.
De acordo com informações do Gospel Herald, Dawkins citou, em uma publicação no Twitter, o caso de um menino que amputou a própria mão para se desculpar com Alá por uma blasfêmia: “Jesus disse: ‘Se a tua mão direita te faz tropeçar, corte-a’. Mas os cristãos têm mais sensatez, ao invés de interpretar literalmente”, escreveu, fazendo referência a Mateus 05:30.
O texto do evangelho de Mateus na íntegra fala sobre a renúncia ao pecado: “E se a sua mão direita o fizer pecar, corte-a e lance-a fora. É melhor perder uma parte do seu corpo do que ir todo ele para o inferno”.
Dawkins revelou que sua aversão ao cristianismo se deve a um episódio de abuso sexual sofrido na infância, quando frequentava um colégio católico.
Reconhecendo que na doutrina cristã, ao contrário do islamismo, não existem incentivos ao uso da violência contra quem ignora seus ensinamentos, o escritor foi enfático ao afirmar que o cristianismo pode ser “um baluarte contra algo pior”.
“Não há cristãos, pelo menos que eu saiba, explodindo edifícios. Não tenho conhecimento de quaisquer ataques suicidas dos cristãos. Não tenho conhecimento de qualquer grande denominação cristã que acredita na pena de morte por apostasia”, destacou. “O cristianismo pode realmente ser a nossa melhor defesa contra as formas aberrantes de religião que ameaçam o mundo”, concluiu.»
Convidado, há algum tempo, para um colóquio em Miranda do Corvo, pelo Dr. Jaime Ramos, presidente de uma notável Fundação – ADFP – julguei-o adiado por falta de um programa que esperava receber. Afinal teve lugar (ontem) e, desfeito o equívoco, acabei por chegar com uma hora de antecipação.
À entrada do cinema, havia folhetos a anunciar o «Debate», que ali se realizaria, com o título em epígrafe. Aproveitei para escrever um texto que serviria de orientação para o «debate» com um professor universitário de História das Religiões, moderado pelo Dr. Jaime Ramos.
Aqui fica o texto, neste dia de reflexão eleitoral:
A liberdade contempla necessariamente as religiões, estas raramente consideram aquela. As religiões têm em comum o facto de serem criações humanas e diferenciam-se pelas tradições, cultura e estádio civilizacional das sociedades onde se inserem.
Atualmente, das religiões do livro, é o Islão a mais implacável na defesa dos princípios em voga nas sociedades tribais e patriarcais da Idade do Bronze, onde todas mergulham as raízes.
Foi nas sociedades cristãs, embora contra a vontade do clero, que os direitos humanos floresceram. Nas sociedades islâmicas verifica-se hoje a mais obstinada ofensiva contra as liberdades individuais, tendo encontrado nas armas ultramodernas o instrumento de eleição para a evangelização. A moral da Idade do Bronze é imposta à bomba.
O que está em causa não é tanto a puerilidade das convicções religiosas mas o espírito totalitário que as impregna e de cuja perversidade não têm o exclusivo.
Na religião, como na política, na crença ou na sua ausência, a tragédia é a obsessão em impor aos outros as suas crenças ou descrenças, sobretudo quando à discussão de ideias se sobrepõem as bombas e a demência suicida e assassina.
Na Europa, vivemos hoje uma época pós-cristã, secular e laicizada, sem uma vigilância adequada aos extremismos endógenos e à violência pia que sobrevive ao acolhimento de uma cultura estranha, que exige a rotura com a civilização europeia, outrora tributária dessa mesma cultura, hoje em choque. Tudo o que nos desvie do percurso renascentista, iluminista, da Revolução Francesa e das modernas democracias políticas, numa deriva teocrática, necessariamente obscurantista, é uma tragédia a que não sobreviveremos se a não contivermos.
Em nome da liberdade teremos de respeitar todas os crentes e na sua defesa teremos de combater todas as crenças que a ameacem.
O Diário de uns ateus é o blogue de uma comunidade de ateus e ateias portugueses fundadores da Associação Ateísta Portuguesa. O primeiro domínio foi o ateismo.net, que deu origem ao Diário Ateísta, um dos primeiros blogues portugueses. Hoje, este é um espaço de divulgação de opinião e comentário pessoal daqueles que aqui colaboram. Todos os textos publicados neste espaço são da exclusiva responsabilidade dos autores e não representam necessariamente as posições da Associação Ateísta Portuguesa.