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Categoria: AAP

18 de Abril, 2009 Carlos Esperança

Resposta ao bispo Carlos Azevedo – AAP

A Associação Ateísta Portuguesa (AAP) contesta o artigo do senhor bispo católico, Carlos Azevedo, no Correio da Manhã, com acusações cuja legitimidade respeita mas que francamente repudia.

Regozijamo-nos, naturalmente, com a consideração e respeito que o senhor bispo diz ter pelo ateísmo, afirmação surpreendente face à excomunhão papal, às perseguições da Igreja católica e à forma como ele próprio se refere à AAP. Recordamos-lhe, a propósito, a peregrinação a Fátima de 13 de Maio de 2008, «contra o ateísmo» e a convicção do senhor patriarca José Policarpo: «Todas as expressões de ateísmo, todas as formas existenciais de negação ou esquecimento de Deus, continuam a ser o maior drama da humanidade».

Insólita num bispo católico, registamos a referência à «debilidade de todos os sinais da presença de Deus», numa arrojada manifestação de agnosticismo mitigado.

Mas o senhor bispo percebeu mal, ou deturpou, a posição da AAP em relação à canonização de Nuno Álvares e à lamentável cobertura que o Presidente da República, o Presidente da AR, membros do Governo e deputados deram à canonização, incompatível com um Estado laico onde é legítimo exaltar as virtudes do herói mas inaceitável rubricar os milagres de um santo.

Diz o senhor bispo Carlos Azevedo que «afirmar que Nuno Álvares Pereira foi canonizado graças a um milagre, que ridicularizam, é desonesto», como se fosse a Associação Ateísta a inventar o milagre, e não a Igreja católica, e como se o milagre  não fosse condição sine qua non para a canonização. Que o senhor bispo se envergonhe do milagre obrado no olho esquerdo de D. Guilhermina, queimado com óleo fervente de fritar peixe, à custa de duas novenas e um ósculo numa imagem do Condestável, é um problema seu.
O senhor Patriarca Policarpo preferia a canonização por decreto, como afirmou publicamente, à exigência de Bento XVI que, na opinião do teólogo Hans Küng, está a devolver a Igreja à Idade Média, mas quem manda é o antigo prefeito da Sagrada Congregação da Fé (ex-Santo Ofício).

Assim, ignorando os juízos de valor e os ataques do senhor bispo Carlos Azevedo, a AAP reitera o seguinte:

– O Estado laico é a condição essencial de uma democracia e, na opinião da AAP, fica irremediavelmente comprometido com a participação dos altos dignitários do Estado, em nome de Portugal, numa cerimónia de canonização, estabelecendo uma lamentável confusão entre as funções de Estado e os actos pios do foro individual, prestando-se ao reconhecimento estatal da superstição;
– A AAP entende que o prestígio do Condestável não se dilata com o alegado milagre e que, se deus existisse, podia mais facilmente ter evitado os salpicos de óleo que queimaram o olho esquerdo de D. Guilhermina, enquanto fritava peixe,  do que ter de a curar para o beato virar santo;
– A AAP duvida da capacidade de um guerreiro morto, apesar de ilustre, para actuar como colírio e duvida de D. Guilhermina, que se lembrou de recorrer à intercessão de um herói, sem antecedentes no ramo dos milagres, em vez de procurar um oftalmologista, e
– Finalmente, a AAP repudia que a peregrinação a Roma se faça a expensas do Estado português.

Associação Ateísta Portuguesa – Odivelas, 18 de Abril de 2009

14 de Abril, 2009 Carlos Esperança

AAP na comunicação social

Lisboa, 14 Abr (Lusa) – O vice-postulador da canonização de Nun’Álvares Pereira disse hoje respeitar as críticas da Associação Ateísta Portuguesa à participação de figuras do Estado na Comissão de Honra da causa, apesar de as “estranhar”.

Fátima Missionária

–  R T P – 1

EXPRESSO

8 de Abril, 2009 Carlos Esperança

AAP – Exposição/Reclamação

Na sequência do programa da Antena 1 – Pano para mangas – Excesso de zelo – João Gobern a AAP acaba de enviar a seguinte mensagem ao Senhor Provedor do Ouvinte:

No programa de hoje «Pano para mangas» o Sr. João Gobern, certamente por não ter compreendido o comunicado da Associação Ateísta Portuguesa (AAP) refere-se à «insuportável intolerância» dos «ataístas» e à «precipitação do comunicado» em que os ateístas se insurgem contra a participação de figuras do Estado na Comissão de Honra para a canonização de D. Nun’Álvares Pereira.

Apesar de nos acusar de lermos pouco e de nos recomendar um voto de silêncio, voto esse que nem a ditadura conseguiu impor a alguns de nós, o Sr. João Gobern confunde o que são as convicções pessoais do Sr. Presidente da República que – como diz – nunca escondeu, com a representação do Estado e o respeito que lhe devem merecer as outras crenças, descrenças e anti-crenças dos portugueses.

O problema não é o cidadão Cavaco Silva ser ou não ser católico, o problema é o Chefe de Estado ir a uma peregrinação ao Vaticano em representação de Portugal. Não cabe ao Estado decidir qual é a religião verdadeira, nem ao PR, ao presidente da AR e aos ministros, associarem-se  à distinção conferida por uma religião particular a D. Nuno, por ter curado a queimadela do olho esquerdo de D. Guilhermina de Jesus, feita com óleo fervente de fritar peixe.

Não discutimos o panegírico de João Gobern ao Condestável nem à prudência da Igreja católica por ter demorado tantos séculos a canonizá-lo, assunto sobre o qual lemos o suficiente para saber a razão. Cremos mesmo que o comunicado da Associação Ateísta Portuguesa apenas serviu de pretexto à homilia do jornalista, à genuflexão à sua Igreja e à subserviência ao Vaticano.

Em nome do pluralismo de opinião, pedimos à RDP que nos conceda o direito de resposta, quer ouvindo a Associação Ateísta Portuguesa, quer divulgando a nossa opinião que, aqui, reiteramos:

1 – O Estado laico é a condição essencial de uma democracia e, na opinião da AAP, fica irremediavelmente comprometido com a participação do PR, em nome de Portugal,  numa cerimónia de canonização, estabelecendo uma lamentável confusão entre as funções de Estado e os actos pios do foro individual.
2 – A AAP entende que o prestígio do Condestável não se dilata com o alegado milagre e que, se deus existisse, podia mais facilmente ter evitado os salpicos do óleo que queimaram o olho esquerdo da D. Guilhermina de Jesus, enquanto fritava o peixe, do que ter de a curar para o beato virar santo.
3 – A AAP duvida da capacidade de um guerreiro morto, apesar de ilustre, para actuar como colírio e duvida de D. Guilhermina, que se lembrou de recorrer à intercessão de um herói, sem antecedentes no ramo dos milagres, em vez de procurar um oftalmologista.
E, finalmente, repudiamos que a peregrinação pia seja a expensas do Estado português.

6 de Abril, 2009 Carlos Esperança

A canonização de Nuno Álvares Pereira

Ateístas contra presença de figuras de Estado na canonização

A Associação Ateísta Portuguesa insurgiu-se contra a participação de figuras do Estado na Comissão de Honra para a canonização de D. Nun’Álvares Pereira, acusando-as de «burla pueril» e de «traição ao Estado laico»
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