João Paulo II em Notre Dame
As atrocidades perpetradas pelo clero devem-se mais ao poder económico e influência política de que dispõem do que à convicção. O medo e a ignorância condicionam a fé mas o estado de precisão e o monopólio da assistência nas mãos dos sacerdotes levam à subserviência e à oração.
Mas tal como o bispo da história a quem um barbeiro herege escanhoava os queixos, sentindo a navalha no pescoço, respondeu à pergunta dizendo que acreditava muito pouco em Deus, também as vítimas que dependem do poder das Igrejas reagem do mesmo modo reiterando, contudo, a inabalável fé que os protege.
No mundo islâmico a miséria e o desespero a que se junta o medo e a coação social fazem fanáticos os crentes e transformam em beatos os cidadãos.
Nos países democráticos, onde a secularização era vacina contra os desmandos do clero e o proselitismo cristão verifica-se um mimetismo que modifica gente de sãos princípios em beatos que debitam a bíblia, se empanturram com hóstias, persignam, genuflectem e rastejam por uma promessa de aluguer de uma assoalhada no Paraíso.
Governantes venais dão nomes da clerricanalha às praças e ruas cuja toponímia deviam defender dos embusteiros de Deus e fabricantes de milagres. O pudor até em França se perdeu já com autarcas que trocam o pudor republicano e a pedagogia da laicidade por um punhado de votos e o nome de um Papa pouco recomendável para um largo público.
Foi assim que o nome de João Paulo II infectou um largo, em frente à igreja de Notre Dame, em Paris, com a laicidade a ser ultrajada.
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