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“Era um biquini, pequenino…”

Decididamente, as opções religiosas são para respeitar.E para impor, acrescento. Assim, por exemplo, se um cristão decide residir num qualquer país islâmico, tem todo o direito a exigir costeletas de porco, no talho. E caso o talho não tenha costeletas de porco, o cristão tem todo o direito a dirimir, em tribunal, o seu suíno direito. Perdão: o direito ao suíno. E estou convicto de que o tribunal, por mais islâmico-fascista que seja, não deixará de fazer a vontade ao simpático cristão, já que as suas opções religiosas não o proíbem de saborear o suíno artiodáctilo do qual a única parte inaproveitável é o grunhido.

Por isso, e por uma questão de reciprocidade, os islâmicos que residam em países ditos de cultura cristianizada, têm todo o direito a fazer as suas exigências. Foi o caso desta jovem,  que, não suficientemente contente por o tribunal a autorizar a ir às aulas de natação em “burquini”, provavelmente vai exigir que todas/os as/os colegas passem a envergar a atraente indumentária, já que o Alcorão proíbe as mulheres não só de exibirem qualquer pedaço de pele que vá além da cara, das mãos e dos pés, como também as proíbe de ver. Ora, a pudibunda jovem recata-se, como manda Maomé, mas a verdade é que vive em pecado, ao visualizar os seus colegas masculinos que, naquela idade, transpiram hormonas por tudo quanto é poro. E a apudorada rapariga, que até passou os oito anos de idade sem ter sido obrigada a casar-se, não pode ser constrangida a ver as insinuadas pendurezas masculinas. Não que, provavelmente, lhe falte vontade; mas o Maomé…

Parece que o tribunal não deu razão à jovem. Lá que se vista de “burquini” para ir nadar, ainda vá que não vá; mas se não quer ver os outros em roupas reduzidas… que feche os olhos.  Por seu lado, a jovem já terá uma justificação para, sem deixar de cumprir o islão, conviver alegremente com os púberes companheiros masculinos.

Ele sempre há coisas que nos ajudam a limpar a consciência. E vale a pena contar um caso que se passou comigo, há uns anos. Num congresso internacional, chegou a hora da refeição. Como o dinheiro não abundava, o cardápio consistia em corriqueira costeleta de porco frita com batata e arroz. À minha frente, na mesa corrida, um paquistanês, quando viu o prato aterrar na sua frente, perguntou-me o que era “aquilo”. Porco, respondi. No seu inglês macarrónico, fez-me saber que a sua religião o proibia de comer aquele petisco. Fiz sinal ao empregado que, perante a minha tradução, solicitamente se prontificou a trocar o prato. Regressou, passados poucos minutos, com o que parecia ser outro prato. O paquistanês repetiu a pergunta anteriormente feita, ao que eu respondi: “Vitela”.

Eis, pois, como um simpático islamista comeu uma saborosa e proibida costeleta de porco, sem sombra de pecado.

Moral da história: todo o burro come palha, é preciso é sabê-la dar. Não se poderia aplicar o ditado à rapariguinha?

 

3 thoughts on ““Era um biquini, pequenino…””
  • kavkaz

    No tempo do fascismo em Portugal, de Salazar e Caetano, a educação era dada com a divisão por sexos. Nas escolas do ensino público havia as salas de aula e os pátios divididos para rapazes e raparigas. Era o tempo do fascismo a que a Revolução de Abril de 1974 colocou fim e deu-nos a liberdade de expressão e colocou fim à divisão entre rapazes e raparigas nas salas de aulas e nos pátios, à obrigatoriedade das raparigas terem uma indumentária escolar que os rapazes estavam dispensados de vestir.

    O islão é uma religião com uma ideologia do tipo fascista que consagra a separação sexista e dá direitos e deveres diferentes por as pessoas serem homens ou mulheres.

    Não me admira que uma menina educada numa ideologia discriminatória e hostil, como é a religião muçulmana, e não tendo bases ainda para saber que se pode e deve viver com direitos humanos iguais, não acabe por defender o islamismo fascista, tal como os pais dela a educaram.

    Penso que as razões de queixa da jovem mostra-nos que a religião muçulmana mantém a sua face fascista quando pretende obrigar os seus membros à separação por sexos até numa simples piscina. Parece-me que o problema da jovem será a de um mal estar ao ver a liberdade dos jovens que vestem fatos de banho pequenos e se divertem muito mais do que a muçulmana invejosa.

    O Tribunal decidiu bem. Se a muçulmana gosta do fascismo muçulmano é uma coisa, mas não pode nem deve obrigar os outros a serem fascistas como ela.

    • kavkaz

      P.S. No tempo do fascismo em Portugal (1928-1974) com a benção da Igreja Católica Apostólica Romana. FDP!

  • David Ferreira

    Um dos meus melhores amigos, católico praticante, costuma utilizar esta frase que nos faz sempre sorrir. Não é constatação absoluta, mas é bem verdadeira.

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