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Petição para rever as leis da família

Entrou ontem na AR (DN, pág. 16) uma petição com 5300 assinaturas com o texto que os autores crismaram «Defender o futuro», embora sejam indivíduos com passado ao serviço da Igreja e dos «bons costumes» e, sobretudo, obsoletos.

Bagão Félix, Fernando Ribeiro e Castro, Manuel Braga da Cruz, António Gentil Martins, João César das Neves e Rui Gomes da Silva são o elenco da devota petição. Saídos de uma pia de água benta, cuja infusão lhes liquefez os neurónios, confundiram o futuro que dizem defender com o passado a que estão amarrados.

A revisão das leis de família é um objetivo santo a que juntam o argumento do apoio do PR que, numa primeira fase, após a aprovação na AR, as vetou para, finalmente, ter de engolir o veto, como manda a Constituição, apesar das mensagens ao Parlamento e do azedume público que evidenciou.

Argumentam ainda os bem-aventurados que as referidas leis «foram todas aprovadas no tempo do Governo de José Sócrates», como se a bondade legal derivasse da pessoa que ocupa o lugar de PM.

Entendem os seis amigos da hóstia que as leis em apreço «têm vindo a corroer o tecido social do país». E são elas: a lei do aborto, da procriação medicamente assistida, a lei da mudança de sexo e do casamento entre pessoas do mesmo sexo, a lei do divórcio e a do financiamento do Ensino Particular e Cooperativo.

Além de pretenderem que o Estado dê mais dinheiro para as escolas da Igreja católica, um voto que certamente lhes aplaina o caminho do Paraíso, as sumidades entendem que têm direito a impor os seus valores morais à totalidade de um povo, sem perceberem que as referidas leis não os obrigam a mudar de sexo ou de mulher nem a casar com indivíduos do mesmo sexo ou a procriarem medicamente assistidos.

São marretas e reacionários.

6 thoughts on “Petição para rever as leis da família”
  • David Ferreira

    Se não tivesse lido, não acreditava. Começo a desconfiar que essa história da ressurreição poderá, afinal, ser bem verdadeira, com a quantidade de mortos-vivos a darem à costa.

    DEFENDER O FUTURO

    1. Portugal afunda-se hoje numa profunda crise económica e social, a que não é alheia a teia legislativa dos últimos seis anos de governação, destruidora dos pilares estruturantes da Sociedade.

    2. A reforma da Sociedade não deve ser realizada apenas na área económica e fiscal. Carece de uma intervenção mais profunda, designadamente no que diz respeito à Dignidade da Pessoa, em todas as etapas da sua vida, desde a concepção até à morte natural, à cultura da Responsabilidade, do compromisso no Casamento e na Família; por outras palavras, é necessária uma verdadeira cultura da Liberdade.

    3. As leis que têm vindo a corroer o tecido social do País foram sempre objecto da voz crítica do Presidente da República que, quer através do veto, quer através de mensagens ao Parlamento ou ainda por declarações ao País, indicou alguns dos erros em que incorriam. Urge pois atender de novo às suas razões.

    4. São elas:
    a)Lei 32/2006 – Criação de embriões excedentários, reprodução heteróloga, reprodução artificial. O Presidente da República alertou para a necessária “regulação complementar no domínio da protecção efectiva da vida humana embrionária”;
    b)Lei 16/2007 – Liberalização do aborto. O Presidente da República em comunicação ao País disse que a “interrupção da gravidez é um mal social a prevenir”, chamando a atenção para a necessidade de “informação de conteúdo efectivo e concreto (… ) que esclareça a mulher sobre a existência de medidas e locais de apoio do Estado à prossecução da gravidez e à maternidade”. Acrescentou que “não parece que a invocação da objecção de consciência (…) constitua motivo para a desqualificação dos médicos” e alertou para a necessidade de “uma avaliação dos resultados do diploma, a realizar pelo legislador num prazo razoável”;
    c)Lei 61/2008 – Nova lei do divórcio, que foi vetada e depois promulgada por imperativo constitucional. O Presidente da República alertou para “situações de profunda injustiça” como são os casos de “mulheres de mais fracos recursos e os filhos menores” e sublinhou que o documento “padece de graves deficiências técnico-jurídicas, de salientar o paradoxo que emerge desta visão “contabilista do matrimónio”, a lei ditará “aumento dos focos de conflito… quer em questões patrimoniais, quer no que se refere às responsabilidades parentais e aos inúmeros conceitos indeterminados…”;
    d)Lei 9/2010 – Casamento entre pessoas do mesmo sexo. O Presidente da República, em comunicação ao País, lamentou não ter existido um “esforço sério” para encontrar uma solução “susceptível de criar menos conflitualidade social ou aquela que pudesse ser aceite pelo maior número de cidadãos”.
    e)Lei 7/2011 – A lei de mudança de sexo que foi inicialmente vetada e posteriormente promulgada por imperativo constitucional. O Presidente da República declarou que “o regime aprovado padece de graves deficiências técnico-jurídicas” e “contribui para adensar situações de insegurança e incerteza”. “As pessoas que detêm perturbações de identidade de género encontram-se desprotegidas”, concluiu.
    f)Decreto-Lei 138-C/2010 – A lei do financiamento do ensino particular e cooperativo, inicialmente devolvida à Assembleia da República e posteriormente alterada para reapreciação parlamentar;

    5. A nova Assembleia da República tem hoje um dever histórico de mudar o rumo do País. O desleixo e negligência anteriores devem dar lugar a uma política de responsabilidade e solidariedade expressa em leis que:
    a)Coloquem e reconheçam a Família como fundamento da Organização Social na promoção de responsabilidade pessoal, solidariedade intergeracional e fomento da Economia.
    b)Reconheçam ao casamento as funções para que está vocacionado, com vínculos e laços de responsabilidade pessoal que promovam e protejam todos e cada um dos seus membros.
    c)Apelem a uma maternidade e paternidade responsáveis, generosamente abertas à vida.
    d)Protejam e promovam a natalidade e a vida humana em todas as suas fases, desde a concepção até à morte natural
    e)Promovam uma verdadeira política de liberdade de educação onde os pais, independentemente de terem ou não recursos, possam escolher a escola dos seus filhos.
    f)Reconheçam aos pais o direito a educar os filhos segundo as suas opções éticas e de valores.

    6. Por isso, é imperativo que a Assembleia da República encontre novas formas de promover o Bem-Comum através, conforme as circunstâncias o permitam ou aconselhem, mediante uma adequada avaliação dos seus resultados, da alteração ou revogação, no todo ou em parte, da:
    •Lei 32/2006 de 26 de Julho (Reprodução artificial, embriões excedentários);
    •Lei 16/2007 de 17 de Abril e Portaria 741-A/2007 de 21 de Junho (Aborto);
    •Lei 61/2008 de 31 de Outubro (Divórcio);
    •Decreto-Lei 138-C/2010 de 28 de Dezembro (Financiamento ensino particular e cooperativo)
    •Lei 60/2009 (Educação Sexual)
    •Lei 9/2009 (Casamento entre pessoas do mesmo sexo)
    •Lei 7/2011 (Lei de mudança do sexo)

    7. À Assembleia da República peticiona-se pois no sentido acima indicado na certeza de que o Parlamento, fazendo-o, corresponderá ao sentimento dominante na sociedade portuguesa. Estas medidas são também instrumentos indispensáveis para saldar o défice e a dívida, assegurar a sustentabilidade do Estado Social e sair da crise em que o Governo anterior nos deixou e assim DEFENDER O FUTURO.

    Lisboa, 16 de março de 2012

    Primeiros signatários: Anónio Bagão Felix/António Gentil Martins/António Maria Pinheiro Torres/Dina Matos Ferreira/Diogo Pacheco de Amorim/Fernando Adão da Fonseca/Fernando Almeida/Fernando Ferreira Pinto/Fernando Ribeiro e Castro/Fernando Soares Loja/Francisco Vilhena da Cunha/Gonçalo Mello/Graça Trigo/Inês Avelar/Isilda Pegado/João César das Neves/João Freitas do Amaral Lobo Machado/José Lobo Moutinho/José Luís Tavares Andrade/José Tomaz Castello Branco/Luís Brito Correia/Manuel Antonio de Almeida Bras/Manuel Braga da Cruz/Manuel Carneiro da Frada/Manuel Faria Blanc/Mário Bigotte Chorão/Mário Pinto/Miguel Saldanha Alvim/Nuno Gonçalves Morgado/Nuno Guedes/Paulo Lopes Marcelo/Pedro Giões/Pedro Líbano Monteiro/Pedro Quartim Graça/Pedro Vaz Patto/Rui Gomes da Silva/Vasco Mina

    Os signatários

  • José Gonçalves

    Muito bem analisado por Carlos Esperança,mas eu,um simples operário emigrante na Holanda desde 1964 e já velho(quase 89 anos)digo que ÊLES àlém de marretas e reaccionários,são cínicos,hipócritas,vigaristas como os Vigários de Cristo,pois eu não creio que esta gente com curso Académico,sejam crentes no Absurdo da Religião.Que o Povo supersticioso,analfabeto ou analfabruto seja crente e se deixe levar pela Vigarice dos Vigários de Cristo,isso é compreensível.

  • Hunig

    Gostaríamos também de fazer valer a lei da liberdade de expressão (já que um elemento que foi botado como “juiz” de araque no Brasil, estupidificou o cargo contra um repórter); porque ao tentarmos postar em blogs no Brasil a resposta a tamanha falta de caráter de um elemento vestido de juiz voltado contra um repórter (pois imaginava que seria perguntado sobre o caso do seu chefeta com uma coisa vulgo Rose):

    O “estado” lastimável do deslavado farsante-capataz-capanga, um malfadado “quotista”

    poupador do chefeta do Mensalão, ao ter de enfrentar umas horinhas de trabalho (imagina um

    trabalhador depois de um dia inteiro de batente ainda ter de encarar um trem superlotado —

    sem dúvida mataria o lularápio que ROUBOU o Brasil (os professores, e todos) por 10 ANOS

    SEGUIDOS).

    A farsa tá ficando difícil de ser tapada com fachada de “heróizinho” pintado com ‘blindagem’

    de racismo pulhítico.

    O “estremelique’ é por ter de dar as caras no STF pra, pelo menos, passar a impressão de que

    é “juiz”– porque a gente lembra que a dele era a de barriga encostada em birosca de cachaça

    (onde foi “achado” pelo “divino-espírito-de-porco-mentiroso”, enfincador de poste nas costas

    dos brasileiros).

    Imaginem, se um garoto ou garota é um repórter-estagiário, estudante, e dá com a COVARDIA

    DESSA, dum crápula desse tipo (totalmente deslocado da competência da função que usurpa)?

    E agora correm a botar um brasileiro de pele preta no TST para passar os falsos e remendados panos quentes na cara do povo.

    É hora de os que são descendentes dos que vieram de navios de escravos para o Brasil lembrar que CAPATAZES NEGOS açoitavam a própria raça em troca de covarde e vil interesse.

    http://g1.globo.com/politica/noticia/2013/03/va-chafurdar-no-lixo-diz-presidente-do-stf-reporter.html

    • Carlos Esperança

      Hunig:

      Pensa que o que escreve tem alguma coisa a ver com o ateísmo? Se continuar a usar este espaço como tribuna partidária a sua prosa será considerada Spam.

      • Milba

        Não penso que um tal enfoque político seja para ser alheio nem a ateus nem a quem for. Ontem colocaram um monte de jovens calouros numa “marcha” (vários vestidos de vermelho, sem saber por certo, por quê; assim como os iludem com o vestir preto pra ser do contra), e eles íam pela rua como se fossem criancinhas do maternal, puxados – sem dúvidas – por algumas “peças” de controle. Facilmente eram vistos como se estivessem fazendo protesto pró-governo ou um raio assim (quem sabe pra quê os enganaram assim, e pra usar em quê a imagem deles). Eles pensavam estar se divertindo ingenuamente, mas estavam sendo USADOS calhordamente por pulhíticos SAFADOS. E, no caso, na situação miserável em que se encontra o Brasil.
        Ao perguntarmos outro dia à uma fiel-crente o que achava de ver tantos pobres pelas ruas, a anencéfala se saiu com essa: “Não tem mais pobre no Brasil, eles ficam nas ruas por que não querem nada”.
        Bem. Pra essa “criatura”, no Brasil só tem “milionários” que ficam na rua de tanto dinheiro que sobra e pedem esmolas por “hóbi”; ou são “classe média” tudo aposentados catando bolsas do governo distribuídas pelo “amado interesse” dos covis protestantes-evangélicos.
        Você tem a prerrogativa de fazer o que pensa ser atinente ao esclarecimento dos leitores desse espaço; e pode passar a borracha no que se posta aqui (mas, note a regalia que há quando energúmenos se desbocam pra babar criminosos e seus costumes).
        A consciência não se faz só quebrando um treco com uma marreta, mas mostrando o que tem feito o treco que não presta.
        Não decepcione os poucos que vislumbram um ponto de um âncora.

  • UmGajo

    Pois claro. Está-se mesmo a ver qual a causa da profunda crise em que nos encontramos.

    O desemprego galopante, a miséria que se alastra a cada vez mais gente, a desigualdade e desequilíbrio social, etc, etc… tudo isto ficará bem mais amenizado se impedirmos de casar quem quer, de se divorciar quem quer e obrigarmos as mulheres a parirem, mesmo que não queiram sob pena de serem encarceradas.

    Sim senhor, valentes…

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