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  • 7 de Agosto, 2012
  • Por Carlos Esperança
  • Ateísmo

A MÁ FAMA DOS ATEUS

Por

ONOFRE VARELA

Um dos meus amigos, sacerdote católico, afirma que eu não sou ateu.
No seu entender os ateus são más pessoas porque serão destituídos de sentimentos fraternos e incapazes de atitudes altruístas. E como me conhece bem, sabe dos meus afectos, interesses culturais, atitudes cívicas e respeito pelo próximo (incluindo as suas motivações religiosas) e por isso considera que eu não posso ser ateu!

É um preconceito que não lhe pertence em exclusivo. Há imensa gente a pensar assim, e se calhar sem fazerem ideia de onde brotou esse quisto cerebral que alimentam como sendo uma verdade absoluta. Mas tudo terá a ver com a formatação das suas cabeças de religiosos, em tenra idade, que lhes transformou o crânio num sótão de velharias
guardadas como relíquias de valor incalculável, incontornável e insubstituível.

A desacreditação dos ateus pertence ao filósofo Platão que declarou ser Deus a medida de todas as coisas, e puniu os adeptos do Ateísmo decretando-lhes três penas: para os “ateus inofensivos”, cinco anos de internamento numa casa de correcção, onde os membros do “Conselho Nocturno” os visitavam, reflectindo com eles acerca da incorrecção das suas condutas. Os ateus que praticassem heresias mais graves tinham
pena maior, e aos reincidentes era aplicada a pena capital.

A palavra “ateu” é muitas vezes usada como sinónimo de “mal comportado”, na convicção de que todos os crentes praticantes de credos religiosos são bondosas pessoas incapazes de uma ofensa ao próximo e que distribuem amor a torto e a direito…
Até há sacerdotes que entendem o termo “amor” como “fornicação” e abusam sexualmente de crianças e de deficientes mentais, transformando as sacristias, ou os seus quartos sacerdotais, em autênticos prostíbulos.

Relativamente a comportamento cívico, o ateu é tão bem (ou tão mal) comportado, quanto o crente e temente a Deus. Simplesmente, o ateu considera-se um mamífero primata, um ser gregário que precisa de viver em comunidade, e assume as suas acções perante os homens da sociedade em que vive, pois só a eles deve respeito, e só a eles prestará contas das suas acções. Depois da morte o ateu fina-se como se fina qualquer
ser vivente, animal ou vegetal. A palavra morte tem o significado de morte autêntica, que é o fim total, radical e perene daquela vida.

O crente na divindade considera-se filho de Deus, acredita ter sido feito por Deus à Sua imagem e semelhança (e afirma-se humilde?!…), que deve respeitar “e temer” Deus antes do respeito devido ao próximo, e crê que depois de morrer será confrontado com Deus, a quem vai prestar contas pelos actos praticados em vida, sendo, então, premiado com uma vida eterna e doce, ou condenado a um sofrimento atroz e perpétuo até ao fim dos tempos. Mitologia no estado mais puro!

Para os ateus, este derradeiro prémio ou castigo denuncia um pensamento débil. A realidade e a fantasia faz a diferença entre os pensamentos ateu e teísta.

O menino que nós fomos habita-nos para toda a vida, para o bem ou para o mal. E aquilo que nos é ensinado em idade tenra condiciona o raciocínio e os actos do adulto que somos.

11 thoughts on “A MÁ FAMA DOS ATEUS”
  • cínico

    Palavras leva-as o vento. O que conta são os factos:

    ” Os religiosos não pertencem à espécie homo sapiens, estão dispensados da condição de primatas e do processo evolutivo, porque eles não evoluem. Eles foram feitos em barro como em Barcelos se fazem os galos e nas Caldas os caralhos ! Secaram, empederniram e assim ficaram”

    ” Asseverar a veracidade de Deus é paranóia, estupidez ou debilidade mental”

    O sacerdote católico, que o Varela invoca neste novo escrito auto-justificativo, deveria gostar muito de saber que, afinal, enquanto religioso, não pertence à espécie homo sapiens e não evoluiu, secou e fico empedernido. E que asseverar a veracidade de Deus o transforma em paranóico, estúpido ou débil mental.

    Com amigos deste calibre quem precisa de inimigos ?

  • kavkaz

    Um ateu é aquele que afirma não existirem deuses. Tão simples como isto…

    Quanto ao tipo de pessoa, o ateu poderá variar no mais amplo leque de possibilidades.

    Quanto aos crentes é a mesma coisa. Desde o mais merdoso até às pessoas fantásticas!

    • cínico

      ” Quanto aos crentes é a mesma coisa. Desde o mais merdoso até às pessoas fantásticas”

      Mas agora já há para ti ” pessoas fantásticas” entre os crentes ? Quais ? os teus pais católicos ?

      • kavkaz

        Não deves ter mesmo ninguém na tua vida a quem te dedicares para passares aqui anos inteiros a arrotar bazófias! Não tens pobrezinhos a quem ajudar?

        És um palh@ço estúpido!

        • cínico

          A mim não me insultas, só te rebaixas.

          • kavkaz

            Mas eu nunca te insulto! Só te falo a Verdade!

      • Citadino

        O que é que Jesus da Nazaré fez de útil? (ahahahahaha)

    • Jorge Junqueira

      Concordo em gênero, número e grau com o que você escreveu. Afinal somos todos mamíferos, ateus e crentes. E como mamíferos estamos sujeitos aos nossos instintos.

  • Jorge Junqueira

    Escreva com mais assiduidade para o site, meu caro Onofre Varela. Você é um filósofo e a lucidez dos seus textos premia quem aqui frequenta.

  • Shere w.

    E o “cara” sobe no púlpito ‘respeitoso’, e vomita: “Rôrbei, martei, istorpôrei urn montãoun, arrebentei tua filinha, i meus carpânga arrombáru teu filin, cumêmu bem tua mulé chorânu, i argóra tô SÁRVU pur jeórsuisu; ô grória! Pu rissu tô árqui mandânu nérssa irgreja comu pastô di vôceis Só fáurta prá mim sê réu nu Mernsalãoun, mais lá u ‘barbózinha’ dorminhôcu mi árbisóvi”; purquê ainda quéru sê arbênçuadu côrmu purlíticu fazerdô du béin”. Mim dá seus dízmu e mim dá seus vótu, pra eu sê ricu e ferliz cum tanta gráça, arleluia!”

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