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  • 24 de Julho, 2012
  • Por Carlos Esperança
  • Ateísmo

Dissertação sobre a dúvida da existência de deus…

Dissertação sobre a dúvida da existência de deus…

Sobre a não existência

O ónus da prova pertence aos que primeiro afirmaram deus existe e não aos que depois disseram deus não existe. Ninguém poderia, no ponto de vista histórico e antropológico, ter afirmado deus não existe, se, anteriormente, alguém não tivesse dito “deus existe”.

O princípio da afirmação da existência precede o princípio da afirmação da não existência. Não me peçam para demonstrar que deus não existe, sem antes pedirem a respetiva demonstração aos que primeiro afirmaram que deus existe. Durante muitos séculos, judeus e cristãos andaram enganados, julgando, como dizem as escrituras, que a Terra é o centro do Universo, um dogma que Copérnico e Galileu, através da ciência, arrasaram, com a teoria heliocêntrica, dando assim razão aos que, antes deles, acreditavam que a Terra não era o centro do Universo.

Também aqueles, que andam agora a dizer que deus existe, estão a validar a afirmação daqueles que dizem que deus não existe, a única fórmula que até agora é verdadeira, pois ainda ninguém viu a criatura. Em resumo: demonstrem-me primeiro que deus existe, e só depois, então, poderemos falarO principio da afirmação da existência precede o princípio da afirmação da não existência. Não me peçam para demonstrar que deus não existe, antes de terem pedido a respetiva demonstração aos que primeiro afirmaram que deus existe. Durante muitos séculos, judeus e cristãos andaram enganados, julgando, como diziam as escrituras, que a Terra era o centro do Universo (um dogma). No século XVII, Copérnio e Galileu, através da ciência, arrasaram este dogma, com a teoria heliocêntrica, dando assim razão aos que antes deles acreditavam que a Terra não era o centro do Universo. Também aqueles que andam a dizer que deus existe, estão a validar a afirmação daqueles que dizem que deus não existe. Em resumo: demonstrem-me primeiro que deus existe, e, então, depois,poderemos falar.

Sobre a existência  

O meu vizinho de cima, um velho de noventa anos, dá, todos os dias, apoiado nas suas muletas, três saltos mortais, fazendo um grande estardalhaço no prédio. Um salto, de manhã, antes do pequeno-almoço. Um segundo salto, ao meio dia, antes do almoço e um terceiro, ao fim da tarde, antes do jantar. Dispensa o quarto salto, antes de se deitar, pois tem medo de morrer durante o sono, pelo efeito da turbulência cerebral, segundo me disse.

Fiquei admirado com a agilidade do velho e pensei logo que aquilo poderia dar uma boa história sobre o fenómeno do sobrenatural.

Contei isto ao meu vizinho do lado, e ele não acreditou, ao ponto de se ter dado ao trabalho de passar vinte e quatro horas com o ouvido colado à porta do meu vizinho de cima. Veio dizer-me que apenas ouviu o velho a ressonar durante a noite, acrescentando que eu devia estar a delirar.

Fiquei ofendido com a afronta, e, de maus modos, respondi-lhe que iria espalhar a boa nova por toda a parte. Ao fim de dois meses já tinha milhares de crentes, em fila, à porta do meu prédio, para ouvirem o estardalhaço provocado pelos saltos mortais do velho. Lembrei-me depois de começar a cobrar um pequeno óbolo, que dividia com o velho. Tudo isto enfureceu o meu vizinho do lado, que não se cansava, sem qualquer êxito, de, perante todas aquelas pessoas, que aguardavam a sua vez de ouvir o extraordinário fenómeno, acusar-me de charlatão.

Comecei a perceber que tinha inventado um deus…

Alexandre de Castro

Lisboa, Julho de 2012

9 thoughts on “Dissertação sobre a dúvida da existência de deus…”
  • cínico

    O ónus da prova pertence àqueles que afirmam que Deus existe ? A minha crença em Deus não está sujeita a escrutínio público e a metafísica não está propriamente dependente de critérios de aferição tendencialmente jurídica ou científica. Se o Alexandre de Castro pretende, em todo o caso, que alguém, disponível para esse escrutínio, proceda a esse pretendida prova, cabe a ele enunciar que tipo de prova pretende. Que é ?…

    • GriloFalante

      Mais uma vez, falaste para não dizer nada. O que só te fica bem, porque é uma forma de mostrares a tua coerência.

      A minha crença em Deus não está sujeita a escrutínio público…” E isso quer dizer o quê? Prova o quê?
      A minha crença no GUAI também não está sujeita a escrutínio público. Nenhuma crença está sujeita a escrutínio público. Cada um é livre de acreditar no que entender.
      No entanto, e caso não tenhas reparado, caro antonio fernando, a questão que é colocada não é a da crença – seja em deuses, fadas, gnomos, mulas-se-cabeça, etc; e questão é a da EXISTÊNCIA. Percebeste?
      Claro que sim. Mas tens de justificar o que te pagam, por tentar sabotar o DduA, não é verdade?
      Olha, já podes descansar. Já ganhaste o dia.
      (Caso não saibas o que é o GUAI: Grande Unicórnio Azul Invisivel).

      • cínico

        Pateta, és um pateta.Limitei-me a colocar uma pergunta ao Alexandre Casto, mas o tipo ficou-se nas covas. É natural, faz parte do estilo de gentalha ateísta que por aqui habita. Quando questionados, entopem. E afinal apenas interpelei o indivíduo para explicitar qual era o género de prova da existência de Deus que ele reclamava. Mas nem isso foi capaz, não dá para mais, coitado.

        • kavkaz

          Talvez pedir-se uma simples “prova de vida”…

          Poderá ser do género daquelas que a Segurança Social pede aos doentes: uma presença.

          É muito difícil ao “pressuposto” fazer a “prova de vida”?

          Será impossível fazer “prova de vida” ao que não existe, como aos gambuzinos, também!

          • cínico

            O Alexandre Castro ficou-se nas covas. Nem sequer é capaz de dizer qual o género da prova da existência de Deus que reclama e também não tem ajudantes à altura de o apoiarem nessa resposta tão comezinha.

          • kavkaz

            Os deuses não existem! O resto é blá-blá-blá…

            Aproveita para pedir a apostasia da Igreja Católica, pois já a abandonaste.

  • kavkaz

    O texto é interessante e encerra bons ensinamentos.

    Quem dá saltos mortais no que afirma é a Igreja Católica à medida que a Ciência avança e descobre e explica o que antes não sabíamos. Durante séculos disseram-nos que o Gênesis seria a palavra de “Deus” e queimavam quem o negasse. Agora aparece aqui quem rasgue o Gênesis. É uma vitória da Ciência e uma cambalhota da religião para se colocar ao lado do Conhecimento. A religião até o bozão de Higgs já adopta, enquanto ainda nos vão dizendo que é “Deus” o criador de tudo, apesar do bozão ser um gerador (criador) de matéria.

    Já lá vai o tempo em que a Igreja Católica “ensinava” que os trovões eram castigos de “Deus”…

    Eu posso dizer que o “Deus” da Bíblia não existe, pois quem escreveu o Gênesis falhou totalmente o relato da criação do mundo. As coisas não se passaram como lá está descrito. A Ciência já o demonstrou. E retirando a figura mítica de “Deus”, por ser falso o relato do “Gênesis”, ficamos com nada! E o filho do nada será nada, a outra invenção mítica…

    A religião baseia-se na ignorância das pessoas e faz o seu negócio nessa base. Lamentável…

  • José Gonçalves

    Eu,em meu entender,admito que haja quem creia na existência de Deus,mas o que não posso admitir em meu entender,é que haja quem se atreva a definir Deus e pior um pouco,a dizer que falou com êle (o caso de Moisés)e que dêle recebeu as Tábuas da Lei ou seja os Dez Mandamentos dos biblico-judaico-cristãos.E se Deus é um Ser com todos os seus predicados num grau infinito,como ensina a Igreja,então não pode ter necessidade do que quer que seja.E sendo assim, porque criou o Mundo e depois,mesmo sem ter mãos,porque é um Espírito segundo ensina a Igreja,dum bocado de barro,fez Adão e duma costela dêste fez Eva?!

  • Citadino

    Bom post! Já escrevi mais ou menos o mesmo sobre o ónus da prova e ainda não tinha lido o livro do Dawkins.

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