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  • 13 de Novembro, 2010
  • Por Carlos Esperança
  • Islamismo

O Islão é tolerante

Um barbeiro tímido e discreto de 26 anos enfureceu muçulmanos por postar no Facebook informações contra o islamismo. Ele foi acusado de se chamar de “Deus” na rede social e criticar o profeta Maomé. Por esses crimes o jovem foi preso.

17 thoughts on “O Islão é tolerante”
  • antoniofernando

    O Islão, repito, é uma revisitação do Deuterónimo e do Levítico e uma coincidência, infelizmente brutal, com o que consta nesses livros do AT. É o mesmo conceito de Deus castigador que perpassa desses livros. O que coloca os católicos que se revêem em toda a Bíblia numa posição assaz incómoda para se insurgirem contra o Islão…

  • antoniofernando

    O Islão, repito, é uma revisitação do Deuterónimo e do Levítico e uma coincidência, infelizmente brutal, com o que consta nesses livros do AT. É o mesmo conceito de Deus castigador que perpassa desses livros. O que coloca os católicos que se revêem em toda a Bíblia numa posição assaz incómoda para se insurgirem contra o Islão…

  • Anónimo

    De facto uma coisa que não se pode negar é a coragem do rapaz pela sua ousadia de mostrar ao mundo a sua opinião acerca da sua religiosidade sobretudo quando se enfrenta o islamismo.

    A destacar a sua inteligência em análise e critica por se ter abstraído da sua possível educação religiosa para uma ideologia ateísta que é conforme os direitos humanos.

    Terá provavelmente sido influenciado por blogs ateístas estrangeiros e terá chegado à conclusão pelos inúmeros argumentos lógicos e dedutivos que não queria ser mais um zequinha ou mais um entrecosto.

    Enfim foi mais um que viu para alem das palas de cavalo mas não sei se isso vale mais que a sua vida…

    • antoniofernando

      Einstein, sendo deísta,provavelmente também ficaria incluído, na sua interpretação, como alguém que não viu ” para além das palas de cavalo”. Mas que dizer de uma grosseira avaliação como a sua, quando comparado com o genial Einstein: que você também não vê para além das palas de jumento ?…

      • Anónimo

        Sr.António
        “Deus não joga dados com o Universo”;
        “Se as pessoas são boas só por temerem o castigo e almejarem uma recompensa, então realmente somos um grupo muito desprezível”.
        “Existem apenas duas maneiras de ver a vida. Uma é pensar que não existem milagres e a outra é que tudo é um milagre.”

        Você acha que Einstein era daqueles que achava que tudo era um milagre?? Não sei não…

        Não digo que Einstein era ateu, mas não era um crente do tipo Zeca, do tipo Ratzi, ou do seu tipo.

        O que não duvido é que ele duvidou a existência de Deus e isso é ver alem das palas de cavalo. (simples expressão sem querer ofender, já que nós ateus somos animais sem alma)

        O de estar no papel “sou ateu ou não sou” não quer dizer nada. Ele podia simplesmente ser ateu mas por simples preconceito da sociedade nada disse e escondeu a sua opinião…tal como muitos cientistas na idade média, provavelmente.

        Tal como Mendel que era monge e é considerado o pai da genética e na qual admiro o seu trabalho, com certeza que ocorreu na sua consciência a possibilidade de Deus não existir ao estabelecer a sua teoria sobre hereditariedade.

        O Deísmo foi se calhar a posição que lhe conveio mais…

        • antoniofernando

          Caro Liio:

          Eu respondi-lhe à letra e já sei também que os nacionais- porreiristas militantes adoram as tiradas boçais. É só ver com os ” 3 personed liked this” que você , entretanto,granjeou com o seu dito grotesco.

          Não conheço nada de Einstein a duvidar de Deus. Vejo sim Einstein com uma visão deísta sobre Deus, que, aliás, é apanágio dos grandes pensadores e cientistas crentes. E também pode ser reconhecida num homem intelectualmente brilhante como o pananteísta Teilhard de Chardin.

          Se dúvidas ainda existirem, estas transcrições de Einstein, a meu ver, desfazem- nas:

          “Minha religião consiste na humilde admiração do espírito superior e ilimitado que se revela nos menores detalhes que podemos perceber em nossos espíritos frágeis e incertos. Essa convicção, profundamente emocional na presença de um poder racionalmente superior, que se revela no incompreensível universo, é a idéia que faço de Deus”

          ” Não sou ateu e penso que não me posso considerar panteísta”

          ” O que me irrita é o facto de eles ( os que não acreditam em Deus ) me citarem para apoiarem as suas opiniões”

          Einstein não tinha uma visão antropomorfizada de Deus ? Não, não tinha. Mas a convicção na existência de Deus não se reconduz à antropomorfização do Divino conforme os critérios da mediocridade humana

          E os deístas acrescentam uma superioridade à apreensão de Deus. São normalmente grandes pensadores, literatos, iluministas, filósofos e cientistas habituados a raciocinar logicamente e que aportam à noção de Causa Primeira pelo primado da Razão.

          O mesmo primado que alguns ateus julgam apanágio dos livres- penadores ateus, mas que a História da Ciência veio, afinal, demonstrar que, no âmbito das mais relevantes conquistas científicas, foram crentes, não ateus, aqueles que estiveram na base ds sua aquisição: Galileu, Newton, Einstein, Mendel, Erwin Schrödinger e muitos mais.

          O próprio Darwin, que chegou a ter uma fase claramente teísta, acabou por reconhecer, na parte final da sua vida, que nunca se afirmara como ateu. E que, nas suas fases mais cépticas, nunca ultrapassara os limites do agnosticismo.

          Quanto a Carl Sagan, curvo-me perante a sua memória. Ele honrou a Humanidade com a sua alta inteligência e o seu sorriso afável. É um dos ateus que seria completamente incapaz, estou certo, de baixar ao nível de grosseria do seu anterior comentário…

          Se quer ser respeitado, comece por respeitar aqueles que não têm a sua visão da vida.

          A isso se chama grandeza ética e elevação democrática…

          • Anónimo

            Os seus comentários Sr.António Fernando são bem mais construtivos que os meus, apesar de repetir “grandeza ética” por vezes nos seus comentários e achar grosseiros os comentários que simplesmente não combinam com a sua opinião ou porque sei lá, não tem as tais palavras caras.

            Mas não sou formando em letras, estou-me a formar em engenharia e por isso a arte da escrita pela pouca experiência que tenho da vida é me complicado fazer comentários do seu nível em termos de qualidade e em tamanho.

            É verdade que 90% dos grandes cientistas de topo são crentes, mas será razão suficiente para justificar a crença em Deus?

            (Atenção que para o Einstein Deus não é o barbudo musculado que M. Ângelo desenhou!)

            Com certeza que você conhece a falácia “Argumentum ad Verecundiam”….

            Por isso fique bem claro Sua excelência António Fernando que venha Einstein, que venha Newton, que venha galileu não é por eles acreditarem em Deus que passa a existir. Eles não contribuiriam com nenhum argumento lógico-dedutivo ou cientifico que aceitasse a existência de um ser divino e criador.

            Por mais doutorados que eles tenham, eles não se abstiveram da educação dogmática religiosa que tiveram e que influenciaram as suas opiniões que vai contra os princípios científicos.

            Simplesmente grandeza ética tem Carl Sagan e todos os ateus (sem ser os radicais) que contra tudo e contra todos são pessoas que ousaram pensar para alem do chicote do Diabo e das barbas de Deus.

            NÓS ATEUS NÂO SOMOS MARIONETAS DE NINGUÉM!!!!!!!!!!

  • Anónimo

    “É o mesmo conceito de Deus castigador que perpassa desses livros.” António Fernando.
    Finalmente, uma definição compreensível para o comum dos mortais: Deus é um conceito.
    Afinal, Deus existe. Conceptualmente falando, claro.

    • antoniofernando

      José Moreira:

      Deus nem conceptualmente existe, mas é só mesmo para os ateus…

  • Anónimo

    “É o mesmo conceito de Deus castigador que perpassa desses livros.” António Fernando.
    Finalmente, uma definição compreensível para o comum dos mortais: Deus é um conceito.
    Afinal, Deus existe. Conceptualmente falando, claro.

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  • Anónimo

    os deuses…
    as muitas divindades…

    ofereço-vos um excelente poema com notas no final
    aí vai ele:

    A VERDADE
    Versos do Marquês de Sade

    Mas que quimera é esta, estéril e impotente,
    Que divindade é esta imposta à néscia gente
    Por sacerdotes vis, cambada de impostores?
    Quererão eles contar-me entre os seus seguidores?
    Ah, jamais, juro-o, e não faltarei ao já dito,
    Jamais ídolo tão repelente e esquisito
    Esse que do delírio é filho e da irrisão
    A mim me causará a mais leve impressão.
    Eu, glorioso e feliz com o meu epicurismo,
    Só pretendo expirar no seio do ateísmo
    E que o infame Deus feito para me alarmar
    Seja ideado por mim tão só para o blasfemar.
    Minha alma te detesta, oh sim, vã ilusão,
    E protesto-o aqui, pra tua convicção.
    Quisera que existir pudesses por um momento
    Pra gozar o prazer de insultar-te a contento.
    De facto ele quem é, esse fantasma odioso,
    Esse poltrão de Deus, esse ser horroroso
    Que nada oferece ou mostra ao espírito e ao olhar,
    Que faz tremer o parvo e o que é sábio zombar,
    Que aos sentidos não fala e nem o entende alguém,
    Cujo culto cruel mais sangue sempre tem
    Feito correr que a guerra ou que Témis feroz
    Em mil anos verter fizeram entre nós [1]?
    Deífico tratante, em vão eu o analiso
    Com filósofo olhar, em vão o estudo e viso:
    Não vejo no motor de tais religiões
    Mais que um impuro nó de mil contradições,
    Que cede e se desfaz mal a gente o encara,
    O insulta à vontade, o ultraja, o declara
    Gerado pelo temor e da esperança nascido [2],
    Que o meu esp’rito jamais teria concebido;
    Em alternância ele é, nas mãos dos que o erigem,
    Objecto de terror, de alegria ou vertigem,
    Que o astuto impostor que no-lo vem pregar
    Faz sobre a vida humana a seu prazer reinar,
    Que ora ruim o pinta, ora em bondade infindo,
    Ora nos massacrando, ora de pai servindo,
    Sempre lhe atribuindo, a mando das paixões,
    Costumes como os seus, suas opiniões;
    Ou a mão que perdoa ou a que nos entala,
    Com este Deus idiota o padre nos embala.

    Com que direito aquele que a mentira adstringe
    Pretende submeter-me ao erro que o atinge?
    Careço eu do Deus que a sábia mente abjura
    Pra a mim mesmo explicar as leis da mãe natura?
    Nela tudo se move, e o seu seio criador
    Age sem precisar da ajuda dum motor [3].
    Este duplo embaraço algo me dá a ganhar?
    A causa do universo esse Deus vem mostrar?
    Se cria, também é criado, e assim fico,
    Em recorrer a ele como antes interdito.
    Sai do meu seio, sai, infernal impostura,
    Desaparecendo cede às leis da mãe natura:
    Ela só tudo fez, tu és o nada hiante
    Do qual, ao nos criar, sua mão nos pôs distante.
    Desvanece-te, pois, execrável quimera!
    Pra longes climas foge, abandona esta terra
    Onde mais não verás que corações fechados
    Ao patoá intrujão dos teus apaniguados!
    Quanto a mim, reconheço, é tal e é tamanho,
    Tão justo, grande e forte este horror que te tenho,
    Que com prazer, Deus vil, e com tranquilidade
    Que digo eu? com enlevo e voluptuosidade,
    Teu carrasco era eu se tua fraca existência
    Oferecesse algum ponto à vingança, à violência,
    E feliz o meu braço ia ao teu coração
    Comprovar o rigor desta minha aversão. [*]
    Mas é trabalho vão pretender-te atingir,
    A tua essência escapa ao que a quer coagir.
    Não podendo esmagar-te, ao menos, entre os vivos,
    Queria eu derrubar os teus altares nocivos
    E mostrar aos que um Deus cativa inda por ora
    Que esse aborto tão vil que sua fraqueza adora
    Não é feito pra pôr algum termo às paixões.
    Ó ímpeto sagrado, altivas impressões,
    Sempre, sempre por nós sede homenageados:
    Vós só podeis auferir o culto dos mais sábios,
    Vós só seu coração constantes deleitar,
    Dados pela natureza, vós só nos alegrar!
    Ceda-se ao seu poder e que a sua violência,
    Subjugando nossa alma alheia à resistência,
    Nossos prazeres transforme em leis impunemente:
    Basta ao nosso desejo o que a sua voz expende [4].
    Por mais que à agitação seu órgão nos arraste
    Há que ceder-lhes sem remorso e sem desgaste;
    E, não escrutando leis nem costumes lembrando,
    Ardentemente ao erro irmo-nos entregando,
    Que sempre por suas mãos no-lo ditou natura.
    Respeitemos tão só o que ela nos murmura;
    O que a nossa lei vã fustiga em toda a terra
    É, pra o que ela planeia, o que mais preço encerra.
    O que ao homem parece uma injustiça atroz
    Efeito da sua mão corruptora é em nós,
    E quando – hábito nosso – ir errar receamos,
    Acolhê-la melhor é o que enfim lucramos [5].
    Essas doces acções a que vós chamais crime
    Esses excessos que só o parvo ilegitima
    São os desvios que mais lhe agradam ao olhar
    Vícios, inclinações que a fazem deleitar;
    O que ela grava em nós não é senão sublime;
    Aconselhando o horror, oferece quem vitima.
    É feri-la então sem medo e sem temor talvez
    De ter, em lhe cedendo, obrado malvadez.
    Vejamos como o raio em suas mãos fatais
    Fulmina ao acaso e como os filhos e os pais,
    Os templos, os bordéis, os crentes, os bandidos,
    Tudo à natura apraz, carente de delitos.
    Servimo-la nós também ao cometer o crime:
    Mais nossa mão o espalha e mais aquela o estima [6].
    Usemos do seu grande império sobre nós,
    Entregando-nos sempre ao prazer mais atroz [7]:
    Defesas nunca são suas leis homicidas
    E a violação, o incesto, o roubo, os parricídios,
    Os gostos de Sodoma e o que Safo aprova,
    O que ao homem faz mal ou o que o leva à cova
    Tudo por certo é meio de lhe agradar.
    Por terra os deuses pôr, o seu raio roubar
    E destruir com ele, o dardo faiscante,
    Tudo o que nos despraz num mundo horripilante.
    Nada se poupe então: que as suas malvadezas
    Sirvam de exemplo em tudo às nossas más proezas.
    Sagrado, nada há: tudo neste universo
    Deve ao jugo vergar do nosso vivo acesso [8].
    Quanto mais aumentar, variar a perfídia,
    Melhor a sentirá nossa alma decidida:
    Dobrando, encorajando as nossas tentativas,
    Leva-nos passo a passo às acções mais nocivas.

    Os belos anos vão-se, ela chama por nós;
    Dos deuses escarnecendo, ouçamos sua voz:
    Pra nos recompensar, seu crisol espera já;
    O que o poder tomou, necessidade dá.
    Tudo ali se restaura e reproduz também.
    Do grande e do pequeno a puta será mãe,
    E todos vê iguais seu olhar amoroso,
    O monstro e o celerado, o bom e o virtuoso.

    [1] Avaliam-se em mais de cinquenta milhões de indivíduos as perdas
    ocasionadas pelas guerras ou massacres de religião. Acaso valerá uma
    só de entre elas o sangue de uma ave? E não deverá a filosofia deitar
    mão a todas as armas para exterminar um Deus em prol do qual se
    imolam tantos seres que valem mais do que ele, pois não há
    seguramente nenhuma ideia mais estúpida, mais perigosa, mais
    extravagante, nada mais detestável do que um Deus?

    [2] A ideia de um Deus só adveio aos homens quando eles temeram, ou
    tiveram esperança. A isto apenas devemos atribuir a quase unanimidade
    dos homens sobre tal quimera. Universalmente infeliz, o homem teve,
    em todos os lugares e em todos os tempos, motivos de esperança e de
    temor, e em toda a parte invocou a causa que o atormentava, como em
    toda a parte esperou pelo fim dos seus males. Demasiado ignorante ou
    demasiado crédulo para saber que a desdita inevitavelmente anexada à
    sua existência outra causa não tinha do que a própria natureza dessa
    existência, ao invocar o ser a quem atribuía essa causa criou
    quimeras a que renunciou, logo que o estudo e a experiência lhe
    fizeram sentir a sua inutilidade.
    O temor fez os deuses e a esperança manteve-os.

    [3] O mais ligeiro estudo da natureza convence-nos da eternidade do
    movimento no seu seio e esse exame atento das suas leis mostra-nos
    que nada nela perece, que ela continuamente se regenera sob o efeito
    daquilo que nós julgamos que a ofende ou que parece destruir as suas
    obras. Ora, se as destruições lhe são necessárias, a morte torna-se
    uma palavra vazia de sentido: o que há são transmutações e não
    extinção. Ora a perpetuidade do movimento que existe nela deita
    abaixo toda a ideia de um motor.

    [*] À margem, uma variante que não foi riscada:

    Masturbar-me-ia sobre a tua divindade,
    Enrabar-te-ia se a tua fraca existência
    Oferecesse um cu à minha incontinência;
    Meu braço o coração te viria a arrancar
    Pra com o meu fundo horror melhor te penetrar.
    (Nota de G. Lely)
    [4] Entreguemo-nos indistintamente a tudo quanto as paixões nos
    inspiram e seremos sempre felizes. Desprezemos a opinião dos homens:
    ela é apenas o fruto dos seus preconceitos. E quanto à nossa
    consciência, nunca receemos a sua voz quando conseguimos entorpecê-
    la: o hábito facilmente a reduzirá ao silêncio e não tardará a
    metamorfosear em prazer as mais desagradáveis recordações. A
    consciência não é o órgão da natureza; apenas é, não nos ludibriemos,
    o órgão dos preconceitos; vençamo-los e a consciência ficará às
    nossas ordens. Interroguemos a consciência do selvagem, perguntemos-
    lhe se ela lhe censura o que quer que seja. Quando ele mata o seu
    semelhante e o devora, a natureza parece falar nele; a consciência
    está muda. Ele concebe o que os parvos chamam crime e executa-o; tudo
    se cala, tudo está em sossego, ele serviu a natureza mediante a acção
    que mais agrada a essa natureza sanguinária cujo crime mantém a
    energia e que só de crimes se alimenta.

    [5] E como poderíamos nós ser culpados quando mais não fazemos do que
    obedecer às impressões da natureza? Os homens e as leis que são obra
    dos homens podem considerar-nos como tal, mas jamais a natureza. Só
    se lhe resistíssemos é que poderíamos a seus olhos ser culpados. É
    esse o único crime possível, o único de que devemos abster-nos.

    [6] Demonstrado como está que o crime lhe agrada, o homem que melhor
    a servirá será necessariamente aquele que der maior extensão ou
    gravidade aos seus crimes, devendo notar-se que a extensão lhe agrada
    ainda mais do que a gravidade, pois, apesar da diferença que os
    homens estabelecem, o assassínio e o parricidio são exactamente a
    mesma coisa a seus olhos. Mas o que tiver provocado mais desordens no
    universo agradar-lhe-á muito mais do que aquele que se tiver detido
    ao primeiro passo. Que esta verdade ponha à vontade os que dão rédea
    solta às suas paixões e que eles se convençam de que a melhor maneira
    de servir a natureza é multiplicar as suas perfídias.

    [7] Estes gostos só são verdadeiramente úteis e prezados pela
    natureza enquanto propagarem, enquanto espalharem aquilo a que os
    homens chamam a desordem. Quanto mais eles cortam, sapam, deterioram,
    destroem, mais preciosos lhe são. A eterna necessidade que ela tem de
    destruição serve de prova a esta asserção. Tratemos de destruir,
    pois, ou de impedir de nascer, se queremos ser úteis aos seus planos.
    Assim, o masturbador, o assassino, o infanticida, o incendiário, o
    sodomita, são homens conformes com os desejos dela, aqueles que, por
    conseguinte, devemos imitar.

    [8] Impormo-nos freios ou barreiras na via do crime seria
    visivelmente ultrapassar as leis da natureza que nos entrega
    indistintamente todos os seres de que nos rodeia, sem jamais abrir
    excepções, pois desconhece os nossos laços e cadeias, de modo que as
    pretensas destruições são nulas a seus olhos, que o irmão que dorme
    com a irmã não faz pior do que aquele que dorme com a amante e que o
    pai que imola o filho não ultraja mais a natureza do que o particular
    que assassina um desconhecido por esses caminhos. A seus olhos não há
    qualquer diferença dessas; o que ela quer é o crime; não interessa a
    mão que o comete ou o seio em que é cometido.

  • antoniofernando

    Está fora de contexto mas é uma extraordinária notícia a anunciada libertação de Suu Kyi, prémio Nobel da Paz em 1991.E um exemplo eloquente de que a força da convicção vence todas as tiranias…

    http://aeiou.visao.pt/aung-san-suu-kyi-pode-estar-prestes-a-ser-libertada=f578632

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