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Mais católicos menos praticantes

O insuspeito “Jornal de Notícias” (JN) dava hoje à estampa um artigo segundo o qual existem, actualmente, mais católicos, mas esses são menos praticantes. Confesso que fiquei confuso, sem saber, ao certo, o que é isso de “ser católico” sem ser “praticante”.  Para mim, que não percebo patavina, “ser católico” não é limitar-se a estar inscrito na ICAR, pois se assim fosse, sem a menor sombra de dúvida que cada vez há mais católicos: à medida que nascem vão sendo inscritos e o seu número aumenta, naturalmente . Até eu estou lá inscrito. Mas ser católico, no meu entender, é, além de estar inscrito na ICAR, cumprir os seus cinco mandamentos. Isto para além, claro, de cumprir toda a sua (da ICAR) doutrina avulsa, que não se fica pelos mandamentos, já para não falar na doutrina bíblica. Por exemplo, gerar filhos fora do casamento é um pecado. E o que nós vemos é que cada vez há mais famílias monoparentais, o que é uma situação pouco católica. Claro que a ICAR, como tem vindo a ser seu timbre, vai-se “mimetizando”, e vai aceitando, no seu seio, casais divorciados, homossexuais e outros em situações pouco católicas.

Ora, para mim, “católico” é, além do mais, cumprir “religiosamente” os preceitos religiosos. Quem não o fizer, não é católico; limita-se a estar inscrito na ICAR. Pelo que a “estatística” ou, se preferirmos, a conclusão do JN é falaciosa. Porque eu também sou trompetista, mas não toco trompete.

Falta, finalmente, dizer que esta “notícia” está em flagrante contradição com esta.

 

5 thoughts on “Mais católicos menos praticantes”
  • João Pedro Moura

    JOSÉ MOREIRA

    – Atenta na carta abaixo, que enviei à jornalista Rosa Ramos, autora desse desatinado artigo…

    – Atenta, também, noutra missiva que enviei ao JN, em 12-1-2017 sobre os livrinhos de santinhos milagreiros, que o mesmo jornal publicou há meses, e que publico aqui, logo a seguir a esta carta.

    – Preparo nova carta, agora aos terços que o jornal anda a tentar vender…

    À jornalista Rosa Ramos

    1- O JN de ontem, dia 7 de maio de 2017, publicou na sua primeira página, em letras bastante grandes, o título “Religião Um país mais católico mas menos praticante”.
    Ora, esse título contrasta com a informação publicada na vossa página da Internet, no dia 29 de abril, (http://www.jn.pt/nacional/interior/catolicos-diminuem-em-portugal-6254530.html), oriunda do Centro de Estudos e Sondagens de Opinião e pelo Centro de Estudos de Religião e Culturas da Universidade Católica Portuguesa, em que se revela que «de 1999 a 2011 os católicos diminuíram 7,4% passando de 86,9% da população para 79,5%.»
    Mais se diz, na notícia que «O estudo que aponta para esta realidade numérica dos católicos é de 2012, mas segundo disse à Lusa o seu autor, o sociólogo Alfredo Teixeira, mantém-se atual.»

    2. Ora, então, onde é que a jornalista Rosa Ramos descobriu que os católicos são 88,7%, como consta na página 4, do JN de ontem, dia 7 de maio???!!!
    E que seriam de 97%, em 1999, quando o estudo, referido pelo JN, apontava para 86,9%!…

    3- Aliás, tanto não são 88,7%, pois que logo abaixo, nessa mesma pág. 4, a jornalista Rosa Ramos mostra, no item “Outras religiões”, um conjunto de dados, desde “Não crentes” até “Não sabe/não responde”, que perfazem 20,5% de pessoas que não se declaram católicas, precisamente coincidente com os 79,5% de católicos, do referido estudo, publicado pelo JN em 29 de abril, e perfazendo, assim, o universo estatístico de 100%, que a Rosa, estúpida e tendenciosamente, omitiu…

    4- Mais reporta a estúpida, tendenciosa e negligente jornalista Rosa Ramos, nessa pág. 4 do seu desatinado “retrato”, que segundo “as últimas notícias” (?!…) haveria uma “recuperação” de católicos, patente em dados obscuros, que você refere como sendo de 9,18 milhões, em 2015, contra 9,36 milhões, em 2008…
    Mas que dados são estes, Rosa Ramos???!!!
    Provavelmente, a Rosa, na sua negligência e tendenciosismo larvares, estará a referir-se aos católicos batizados, em Portugal…
    Claro que os batizados devem ser 9 milhões e tal, mas isso não significa que os bebés, “católicos” pelo batismo, continuem a defender o catolicismo, como defendiam quando foram batizados com uns dias de vida…

    5- E como se a jornalista Rosa Ramos não fosse suficientemente parva, neste “retrato”, que teve a infelicidade de publicar, ainda borrou mais a sua grotesca pintura com os dados, constantes na pág. 5, sobre a taxa de mortalidade infantil, em que revela que esta taxa era de 77,5%, em 1960!!!
    Desatinada Rosa! Então, em 1960, morriam 77,5 bebés em cada 100 nascimentos???!!! Mais de três quartos das crianças morriam com menos de 1 ano de idade???!!! Isso seria uma catástrofe inimaginável!!! Teria de haver uma conjunção devastadora da “trilogia negra”: fome, peste e guerra, para se chegar a tão infesto dado!… E mesmo assim…
    E mais acrescenta a desatinada Rosa que «hoje são menos de 3%», de taxa de mortalidade infantil…
    3%???!!! Isso é um dado próprio dalgum país africano…
    Não, estúpida, tendenciosa, negligente e desatinada jornalista Rosa Ramos.
    Eu vou explicar-lhe:
    Os dados que você revelou não são de percentagem, mas de permilagem. São “por mil” e não “por cento”!…
    Você só se enganou em 10 vezes mais…
    …O que dá para imaginar a sua ridícula e grotesca lide com números estatísticos…
    Em taxas de natalidade e mortalidade, usam-se permilagens e não percentagens. Você já devia saber isso há muitos anos, mas não sabe…

    Na expetativa de que republique o artigo, ou, pelo menos, publique a correção, com dados devidamente fundamentados, peço-lhe para aceitar, humildemente, este meu franco e veemente repúdio, contributivo para o seu maior esclarecimento e ilustração e para que não volte mais a lidar com dados da maneira como lidou…

    ——————————————————————————————————
    À secção do leitor

    Desde há algum tempo, nestes meses de dezembro e janeiro, que o JN anda a fazer uma descarada propaganda religiosa, em edição própria, nas suas páginas, de santos e santinhos, medalhas e medalhinhas, livros e livrinhos, etc.
    Diariamente são uma a duas páginas com títulos do género: “Comece o ano protegido por todos os santos”; “Coleção santos que nos protegem”…
    É uma exploração da crendice mais bacoca, num jornal que se pretende sério e divulgador de notícias verídicas e não de propagandista religioso, mentiroso e divulgador de pretensos atos taumatúrgicos de figurões do jardim da celeste corte…
    Mas o que é que o JN sabe de supostos milagres feitos por “santos”, que a ciência não saiba???!!!
    “Santos” que alegadamente operaram prodígios taumatúrgicos à distância de muitos anos, por vezes centenas e centenas de anos, depois de mortos, ou contemporâneos de épocas de iletrada crendice popular, sabiamente aproveitada pela Igreja, para render pingues proventos e amarrar os néscios e crédulos às ilusões consolativas da religião milagreira…

    – Que operações milagrosas é que podem fazer “santos”, depois de mortos, que não possam fazer… em vivos???!!! E mesmo que fizessem, no estado de vivos, que credibilidade é que podem ter hoje, a partir de épocas remotas de crendice e subjugação religiosa???!!!

    – Que conhecimento científico, digamos verídico, o JN tem desse suposto milagrório pluricentenário ou milenar, operado por essas figurinhas do aprisco celestial, para andarem a divulgar publicidade própria e religiosa, como “os santos que nos protegem”, nas páginas dum jornal que deveria ser mais sério???!!!…
    “Nos protegem” de quê???!!!
    O JN conhece alguém “protegido” por essas ridículas imagens da religiofauna terráquea, em pose de protetores celestiais???!!! Se conhecem, divulguem!

    – Que conhecimento é que o JN, ou quem quer que seja, tem de alegada capacidade milagreira de supostas pessoas ou mesmo de verdadeiras pessoas, que, mesmo no estado de defuntos e muito provavelmente já sem vestígios ósseos, teriam poderes sobrenaturais capazes de executarem prodígios milagrosos, mas só no estado de falecidos, não no de vivos???!!!…
    Que ciência é esta da taumaturgia no estado de defuntos???!!! Onde estão os livros de investigadores da Igreja, ou científicos, que comprovem tão extraordinária capacidade de certos mortos “santificados” intervirem nas vidas de, apenas, certas pessoas, deixando milhões e milhões à míngua de comida, saúde, paz…
    Tenham tino!…
    …E juízo!…

    Cordialmente

    João Pedro Moura

    • JoseMoreira

      Duas apostas:
      1 – A jornalista não te vai responder.
      2 – A carta não vai ser publicada.
      Quanto ao resto: certeiro, como sempre.
      Parabéns.

      • João Pedro Moura

        JOSEMOREIRA disse:

        «Duas apostas:
        1 – A jornalista não te vai responder.
        2 – A carta não vai ser publicada.»

        A carta não era para publicação, pois só aceitam um máximo de 600 carateres na secção “cartas do leitor”…
        Enganaste-te. Ela respondeu-me, como segue abaixo… com a minha réplica…
        Como era uma “aposta”, embora não tenhas definido o valor da mesma, fico credor…
        Pode ser um comerete ou beberete, na zona de Porto/Matosinhos…
        Eventualmente, eu poderei contribuir para minorar a tua despesa…

        Resposta da jornalista Rosa Ramos:

        «Boa tarde, João Pedro Moura.

        Agradeço o seu email.

        Relativamente à questão que coloca, os dados da Universidade Católica a que faz referência dizem respeito ao período de 1999 a 2011. Uma vez que leu o texto, certamente ter-se-á apercebido de que é feita referência a essa estatística.

        Já os números que apontam para o aumento de percentagem de católicos (está explicado no texto que se trata de um aumento percentual) foram divulgados a semana passada pelo Vaticano e dizem respeito a dezembro de 2016.

        Melhores cumprimentos,
        Rosa Ramos
        Jornalistas»

        A minha réplica:

        Jornalista Rosa Ramos

        1- A referência que você faz no artigo do JN, de 7 de maio, é a uns 97% de supostos católicos, em 1999, e de 93%, em 2011, acrescentando umas obscuras “últimas estatísticas”, que você não esclarece, que apontariam para 9,18 milhões de católicos, em 2015, contra 9,36, em 2008.
        É capaz de fazer o favor de esclarecer onde foi buscar estes dados e citá-los devidamente?

        2- Os dados referidos pelo JN, na sua página da Internet, em 29 de abril, através da sondagem da UC, apontam para «de 1999 a 2011 os católicos diminuíram 7,4% passando de 86,9% da população para 79,5%.». Esta sondagem foi omitida pela Rosa.
        Só através duma sondagem é que se consegue apurar, com plausível veracidade, o número de adeptos duma instituição deste género.

        3- A Rosa, nesta sua resposta, omite o que eu refiro nos pontos 1 e 3 da missiva que lhe enviei.

        4- A Rosa disse (na resposta que me enviou): «Já os números que apontam para o aumento de percentagem de católicos (está explicado no texto que se trata de um aumento percentual) foram divulgados a semana passada pelo Vaticano e dizem respeito a dezembro de 2016.»
        Faça favor de citar exatamente esses dados “divulgados a semana passada pelo Vaticano”, a ver se não se refere ao número de batizados, que, indevidamente, o Vaticano estará a identificar com o número de católicos, como se um bebé, “católico” por batismo, continuasse a defender o mesmo na época adulta…

        5- A Rosa, nesta sua missiva, esquiva-se à resposta ao meu ponto 5…

        Porém, foi amável em me ter respondido…
        Mas o título desaustinado na capa do jornal do dia 7 de maio e aqueles conteúdos tendenciosos e contraditórios só são ultrapassáveis com uma republicação da correção…

        João Pedro Moura

        • JoseMoreira

          Parvo sou eu, porque não segui os conselhos da minha avó, que sugeria: “Teima sempre, mas nunca apostes”. De qualquer modo, a resposta da jornalista não só não esclareceu como também confirmou a nota de que o JN se está a tornar uma espécie de Ecclesia. Será influência do Rui Osório? Ou será que a administração sabe onde pode ganhar dinheiro?

          • João Pedro Moura

            JOSEMOREIRA

            Fazes umas perguntas pertinentes, quer sobre a hipotética influência do Rui Osório, quer sobre a hipotética campanha angariadora de dinheiro, através da venda de reles quinquilharia, via “orientação católica” do jornal…
            Não me parece que o jornalista-padre tenha grande influência, a não ser via página própria, aos domingos, espécie de prémio vitalício, mais pela longa carreira jornalística no jornal do que por pretenso proselitismo a que o JN estaria afeto…

            Parece-me antes que há uma aliança espúria entre a administração, ou alguém influente daqui, e a nova direção do jornal, ou alguém influente daqui, que têm uma nítida orientação católica e proselitista, eivada de comercialismo, que têm tido o desplante, indigno dum jornal generalista e imparcial, que deveria ser, de anunciar, para venda, um estendal de literatices sobre santos e santinhos, medalhas e medalhinhas, terços e tercinhos, a que já só faltam as velas e velinhas…

            Um abuso, por parte dum jornal que deveria ser imparcial e alheio a tais proselitismos…

            Valha-lhes S. Roque, que é o padroeiro dos cachorros sem coleira!…

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