Loading
  • 8 de Abril, 2016
  • Por Carlos Esperança
  • Laicidade

Porque sou contra o multicultaralismo

Em primeiro lugar, porque falhou. Em segundo, porque há quem pense que a xenofobia, a violência, a misoginia, o tribalismo e o esclavagismo possam ser formas de cultura.

O multiculturalismo é, muitas vezes defendido por Estados europeus, quase sempre para preservação de diferentes culturas e, muitas outras, por um sentimento de segurança das comunidades que resistem à integração e promovem a sua própria exclusão.

Recuso-me a considerar como cultura a discriminação de género, a prática da excisão do clitóris, os casamentos forçados ou outras formas de opressão que as pressões religiosas, patriarcais e sociais impõem, ao arrepio do direito, nos estados democráticos.

A sociedades tribais ou concentracionárias perpetuam valores que as vítimas assimilam e defendem. O estímulo que vem dos guetos, para o confronto às sociedades abertas dos países civilizados, galvaniza as vítimas, quase sempre mulheres, recebidas em apoteose, quando regressam do desafio aos valores que as suas comunidades odeiam.

Recuso-me a aceitar as carruagens só para mulheres, que já circulam na Alemanha, para as defender do assédio criminoso de homens recalcados e embrutecidos, quiçá parentes dos juízes portugueses que subscreveram um acórdão em que responsabilizaram jovens do sexo feminino, pelas roupas que usavam, na violação de que tinham sido vítimas em zona do “macho ibérico”, espécie exótica de primatas não interdita à magistratura.

Num distrito do norte da Suíça, foi aprovada uma decisão que dispensa os estudantes muçulmanos do sexo masculino de cumprimentar as professoras com um aperto de mão.

Não me limitarei a discordar, assumo um combate permanente como contributo cívico.

3 thoughts on “Porque sou contra o multicultaralismo”
  • João Pedro Moura

    Ó Carlos Esperança, és contra o “multicultaralismo”?!
    É melhor definires bem essa cena multiculturalista…
    Concordo contigo que, no que toca aos aspetos mais repulsivos e totalitários da escumalha islâmica, mesmo aquela que não é particularmente hedionda (?!), isto é, o uso de vedações têxteis capitais, o segregacionismo de frequência de piscinas e as constrições nupciais, não se deva ser multiculturalista e se deva obrigar aquela gentalha a respeitar a igualdade de género, o mais possível, e a acatar a respeitabilidade cívica inerente às sociedades ocidentais, democráticas e liberais…

    Mas é, também, multiculturalismo, a existência de comunidades imigrantes que sustentam clubes e associações próprias, que investem em restaurantes étnicos, típicos dos seus países de origem, que cultivam esta ou aquela tradição e prática costumeira, que não ofendem os valores civilizacionais, liberais e cívicos, próprios dos países de acolhimento ou próprios do conceito de direitos humanos…

    Portanto, Carlos Esperança, não digas que és contra o “multiculturalismo”, mas sim contra as conceções totalitárias, discriminatórias, sexistas, misóginas e patriarcais, impostas pela cultura islâmica ou quaisquer outras, nomeadamente as africanas negroides, que chegam ao ponto de excisar o clitóris…

    O problema não está, portanto, no “multiculturalismo”, em abstrato, como se depreende do teu arrazoado, mas sim das culturas totalitárias, abjetas em discriminações e crueis no trato com o outro… a outra…

  • Oscar

    Carlos Esperança Breivik ?

  • carlos cardoso

    Estou em geral de acordo com o que escreve o Carlos Esperança. Lembro que o canibalismo fazia parte de muitas culturas por esse mundo fora e que apesar disso foi (e muito bem) erradicado.

    Temos que fazer o mesmo, pelo menos na Europa, a todas as outras “manifestações culturais” que vão contra os direitos humanos. A mutilação sexual feminina, que é uma das mais odiosas, embora considerada crime, ainda existe na Europa. É mais difícil erradicar a xenofobia e a violência (que não são apanágio de nenhuma cultura) que os casamentos forçados ou a poligamia.

    Mas para isso é necessário – porque não devemos negar a liberdade de religião – separar a religião da organização da sociedade e dizer claramente que por exemplo regras sobre casamentos, divórcios, heranças e vestuário não fazem parte de nenhuma religião. Para que um dia a burca siga o caminho do canibalismo.

You must be logged in to post a comment.