Loading
  • 10 de Setembro, 2015
  • Por Carlos Esperança
  • Laicidade

O edil de Sernancelhe e o atropelo à laicidade

Convite-423x600

A falta de ética republicana

A ditadura salazarista aboliu a lei do banimento que abrangia os descendentes dos reis de Portugal, incluindo os descendentes da adúltera mulher de D. João VI e do seu filho predileto, o traidor D. Miguel, que foi coagido a renunciar ao trono de Portugal, quando existia, depois de ter lançado o país num banho de sangue para restaurar o absolutismo.

Foi ainda o ditadura fascista que concedeu ao Sr. Duarte Nuno, um cidadão austríaco, a nacionalidade portuguesa, cidadão reconhecido pelos monárquicos legitimistas e pela Junta Central do Integralismo Lusitano, como Duque de Bragança e legítimo herdeiro da Coroa portuguesa, em 1920.

Ao filho, nascido na Suíça, foi inventado o nascimento na embaixada portuguesa como se ali houvesse algum parteiro. Chama-se Duarte Pio e usa o pseudónimo de Príncipe Real de Portugal e Rei de Portugal e, à falta de título académico, usa o pendericalho de ‘D. = Dom’ nas sua deambulações pias pelo país sem trono.

O contubérnio entre Igreja católica e monarquia é antigo. Subsiste o paradigma religioso com os seus ícones designados por Cristo-Rei e a mãe por Rainha dos Céus, ambos do incerto reino celestial de uma religião privada que apenas cabe respeitar.

O que não se admite é que um presidente da Câmara delapide os dinheiros públicos e se permita enxovalhar o cargo a prestar vassalagem à família que cria duques, príncipes e princesas de um trono imaginário nos Paços do Concelho de Sernancelhe, na terra do ilustre e honrado carbonário Aquilino Ribeiro.

Carlos Santos Silva é certamente um edil rudimentarmente conhecedor da História de Portugal e absolutamente néscio quanto ao conhecimento da Constituição da República Portuguesa, que determina a irrevogabilidade do regime republicano e da separação da Igreja e do Estado, mas terá de responder pela utilização abusiva do salão nobre do município e pelo aviltamento do cargo.

5 thoughts on “O edil de Sernancelhe e o atropelo à laicidade”
  • Oscar

    Vossemecê, sr. Carlos, sabe quando foi criado o Partido Republicano Português ?

    Em pleno regime monárquico, com a legal aprovação do rei D. Luís.

    Esse facto histórico merece-lhe algum comentário ou nem por isso ?

  • João Pedro Moura

    CARLOS ESPERANÇA intitulou:

    “O edil de Sernancelhe e o atropelo à laicidade”

    Ora, em que é que a receção feita pelo presidente da câmara de Sernancelhe “atropela a laicidade”?!

    Será que o camarário recebeu um corifeu da clericalha tartufa? Não, recebeu um monarquista da tralha monárquica…

    Então, onde está a violação da laicidade? Está na cabeça distorcida do Carlos Esperança, que já confunde monarquismo com clericalismo.

    Mesmo que o distinto monarquista e seu filho sigam o devocionário católico, eles não estavam em Sernancelhe na qualidade de clérigos, que, aliás, nem a têm, mas na qualidade de monarquistas que iam participar num ato religioso privado, independentemente de serem recebidos pelo autarca.

    Este é que transformou a receção em ato cerimonioso e ostentatório, como se estivesse a receber uma alta individualidade e autoridade, coisa que o pio Duarte não é, mas que o camarário o elevou, em atitude indigna dum autarca em relação a uma figura que, politicamente, não é nada. Mas isso é assunto doutra conta, a política e republicana, e não da conta ateísta…

    Pelo que, o cartaz apresentado no artigo em nada concerne ao ateísmo/religião, tema deste blogue, mas sim ao tendenciosismo e facciosismo do Carlos Esperança, que continua a fazer do Diário de Uns Ateus um vazadouro das suas tendências e críticas políticas…

    Se o C.E tivesse tido outro tino e orientação, apegar-se-ia às razões que levaram esses distintos arautos da fina-flor do entulho monárquico à realização de tal visita a Sernancelhe e descobriria um bom motivo de escárnio ateísta e que está nesta hiperligação:

    http://viseumais.com/viseu/sernancelhe-cerimonia-de-consagracao-do-principe-afonso-de-braganca-a-nossa-senhora-da-lapa/

    É que o pio Duarte e seu rebento, Afonso de Santa Maria de Bragança, deslocaram-se à igreja de “Nossa Senhora da Lapa”, a fim de que o Afonsinho, “príncipe da Beira” e “duque de Barcelos”, fosse “consagrado” a tal “senhora da Lapa”, em versão amadeirada ou porcelânica do jardim da celeste corte…

    Pelo que, aquilo que o Carlos Esperança não fez neste artigo, cabe-me agora a mim fazer, e que é a crítica ateísta do fenómeno da “consagração”…

    Já devastei a “consagração”, em pretérito artigo (http://www.diariodeunsateus.net/2013/10/14/consagracao-do-mundo/), como uma das coisas mais estúpidas que a Igreja inventou…

    Agora, vêm estes monárquicos asininos em mais um despautério religioso:

    1- Em primeiro lugar, quem é essa “Nossa Senhora da Lapa”?!

    Pois, não passa de mais um heterónimo da conhecida heteronimista metastática, “Maria, mãe de Jesus”, personagem essa que, com tantos heterónimos, mais parece outras tantas pessoas, assim cultuadas pelos religionários politeístas, em inúmeros pontos do país.

    Já me referi a tão grotesca espécie de múmia paralítica, inventariando-lhe os nomes. Esse “da Lapa” é o nº 72 da minha lista…

    http://www.diariodeunsateus.net/2013/11/16/a-heteronimista-metastatica/

    2- O que quer dizer “consagrar” uma pessoa a uma entidade do aprisco celestial?

    Que propriedades protetoras passa a ter a pessoa “consagrada”? Como se poderá “desconsagrar”?

    Mistérios do organismo… religioso…

    Enfim, a religião é a coisa mais estúpida do mundo… e arredores…

  • João Pedro Moura

    CARLOS ESPERANÇA disse:

    “Carlos Santos Silva é certamente um edil…”

    Carlos, esse Carlos S. Silva é o amigo financeiro do Sócrates…
    O presidente da câmara de Sernancelhe chama-se Carlos Silva Santiago…

    Ora vai…vai ver ao cartaz que publicaste acima…

You must be logged in to post a comment.