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Mentira e crime

MÁRIO DE OLIVEIRA *

As chamadas aparições de Fátima são a grande mentira e o grande crime da hierarquia da Igreja Católica portuguesa do século XX. À qual veio, estranhamente, juntar-se, já na parte final desse mesmo século, o próprio Papa João Paulo II, sem dúvida o mais fatimista de todos os Papas e também o mais beato e idólatra.

As fotos de João Paulo II, prostrado diante da imagem de Fátima, publicamente idolatrada naquela sua capela que mais parece uma estação de serviço, correram mundo. Elas são bem o símbolo duma Igreja Católica caída na idolatria e convertida em multinacional da religião, herdeira e continuadora das míticas religiões e dos cultos idolátricos do paganismo que proliferaram no Império Romano e que o imperador Constantino e o seus sucessores baniram, para que, em seu lugar, ficasse apenas a religião católica.

Por isso digo: ou a Igreja Católica do século XXI tem coragem para confessar a mentira e o crime que a hierarquia católica portuguesa fabricou em 1917, ou está condenada a desaparecer da vida de todos os seres humanos esclarecidos e dotados de consciência crítica.

A grande mentira de Fátima é esta: a hierarquia da Igreja Católica afirmou e continua a afirmar que a imagem da senhora de Fátima, que não come nem bebe, não ouve nem fala, não chora nem ri, não anda nem se comove, é uma espécie de retrato de Maria de Nazaré, a mãe de Jesus. Não é. É uma reprodução tosca das inúmeras imagens da mítica deusa virgem e mãe dos cultos do paganismo que o cristianismo do século I tanto combateu e ridicularizou.

O grande crime de Fátima é este: das três crianças que o clero envolveu na encenação das “aparições”, duas apanharam a pneumónica e morreram abandonadas pouco tempo depois; e a mais velha teve de ser enclausurada.

* Padre católico

D. N. 12-05-2002

8 thoughts on “Mentira e crime”
  • Oscar

    Concordo com o padre Mário de Oliveira.

  • GriloFalante

    Mário Oliveira disse: “Por isso digo: ou a Igreja Católica do século XXI tem coragem para confessar a mentira e o crime que a hierarquia católica portuguesa fabricou em 1917 (…). Padre Mário, a hierarquia da ICAR pode ser idólatra, mentirosa, o que mais quisermos; mas de estúpida não tem nada. E era uma estupidez desprezar os milhões de euros que passam por Fátima.

    • Oscar

      Então vossemecê já conseguiu perceber se Jesus Cristo realmente existiu ou não ?

      Se foi ou não casado ?

      Se foi ou não marginal ?

      Em que fase é que vossemecê hoje se encontra ?

      Se necessitar, eu avivo-lhe a memória com as suas incoerências.

      Precisa de passar por essa vergonha ?

  • João Pedro Moura

    Uma coisa é a religião eclesiástica, com a sua dogmática, moral sexual, liturgia tradicional e demais conceitos e preceitos.
    Outra coisa é a religião popular, que é a religião segregada pelo povo, néscio e crédulo.
    Frequentemente, é o povo que impõe a sua prática religiosa, simplória de preceitos, mas afetuosa de espiritualidade, pejada, sobretudo, de procissões mais ou menos majestosas e ostentatórias, com toneladas de flores, provenientes diretamente do estrangeiro, romarias recheadas de comes e bebes e musiquetas à Tony Cagueira ou com ele mesmo, e alegria em desfile, ante as estatuetas amadeiradas ou porcelânicas de figurinhas, macho ou fêmea, do jardim da celeste corte, mais conhecidas por santos ou santas, em honra dos quais se titula a festa.
    Independentemente da exploração eclesiástica, é também o povo que impõe essas práticas religiosas. A Igreja aproveita a embalagem…

    Agora, se a Igreja não aprovar o culto de Medjugorge, a populaça mais obstinada, pelo menos a local ou regional ou nacional, vai continuar a cultuar, pois é a religião deles, que nem sempre coincide com a religião católica oficial…

    Imaginemos, algum dia, a negação da empresa de Fátima, como faz o padre Mário de Oliveira, pela Igreja!…
    Pensais que Fátima iria acabar?! Não! Iria continuar, precisamente pelos mais pertinazes cultores, que criam a sua própria religião, isto é, fazem peregrinações pedestres, acendem velas, numa poluição só vista, e perseveram no toledo religioso.
    Só uma minoria, menos crédula, é que desligaria de Fátima e, quiçá, da religião…

    A religião é um fenómeno complexo da mente e não se destroi com decretos…
    …Mesmo os eclesiásticos denegadores deste ou daquele culto…

    • GriloFalante

      Sabes dizer-me se o Vaticano já reconheceu as aparições na Ladeira do Pinheiro? Aquilo parece que também eram aparições à fartazana.

      • João Pedro Moura

        GRILOFALANTE

        As “aparições” da Ladeira do Pinheiro já foi chão que deu uvas…
        A proximidade com Fátima tolheu-lhe a difusão e prosperidade… e o episcopado português nunca lhes deu crédito..
        …E a vidente que lá oficiava acabou por se ligar ou ser ligada à “Igreja Católica Ortodoxa de Portugal”, oportunismo este com que esta ICOP tentou dar um salto, para se guindar a uma posição semelhante à Igreja Católica, em matéria de epifanias e, certamente, taumaturgias, mais os pingues proventos em perspetiva… mas sem efeito…

        Depois, apareceu um “arcebispo” da “Igreja Apostólica Episcopal Portuguesa”, uma coisa congenitamente caquética e raquítica, a tentar, também, disputar os réditos do culto emergente, quais canídeos famulentos a tentar rilhar a carnice aparecida e rondando a casa à espera de mais fartos tassalhos…

        Como o negócio definhou, foram todos embora, e a própria vigarista, que o inventou, também morreu.

        Deve ter ficado lá, naquela terra de Torres Novas, um quisto, sob a forma dum santuário, ligado, entretanto, à “Igreja Ortodoxa Búlgara”, decerto que com alguns apaniguados, porque há sempre palermas para tudo…

        Meu caro GriloFalante, se fores ao santuário da Ladeira do Pinheiro, em romagem de… de… como é que eu hei de dizer, de curiosidade, manda notícias…

        http://www.igrejaortodoxahispanica.com/Biografias/Maria_da_Conceicao_Mendes_Horta.html

        • GriloFalante

          Conta-se que dois homens, um manco e um afónico, foram à Ladeira do Pinheiro pedir milagres. Arrimado a duas muletas, o manco explicou ao que ia, já que o afónico não podia. A Santa da Ladeira tranquilizou ambos:
          – Esperai aqui, que eu vou às traseiras fazer as minhas orações.
          Assim se fez.
          Pouco depois, a Santa berrava:
          – Manco, larga uma muleta! – e o manco largou uma muleta. A oração prosseguiu.
          – Manco, larga a outra muleta! – e eis que o manco larga a segunda muleta. A oração continuou, ~já que era um milagre em duplicado. E a Santa berrou:
          – Afónico, diz alguma coisa!. – e diz o afónico, em voz inaudível:
          – O manco caiu.

          • João Pedro Moura

            GRILOFALANTE

            Pois é, são tentativas muito radicais de milagres, sem alvará celestial…
            Nem em Fátima se fazem coisas dessas…

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