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  • 2 de Julho, 2015
  • Por Carlos Esperança
  • Religiões

Em defesa do ceticismo filosófico

Por

Paulo Franco

No seu documentário sobre religião, “Religulous”, Bill Mayer defende a importância de duvidar, de ser cético. Não será difícil perceber quão genial é esta observação se fizermos um estudo estatístico da quantidade de mortes que acontecem quase todos os dias devido à ação tresloucada de indivíduos cheios de convicções indestrutíveis.

Dificilmente alguém pensaria em decapitar a cabeça a uma pessoa com convicções diferentes das suas se, qual golpe de lucidez, decidisse duvidar da moralidade e veracidade de certos versículos do Alcorão.

Dificilmente alguém pensaria em assassinar uma pessoa numa fogueira, queimando-a viva, se decidisse duvidar da veracidade e moralidade de determinados excertos bíblicos.

Jamais um jovem aceitaria colocar um cinto cheio de bombas à volta da cintura com o intuito de se fazer rebentar juntamente com outras pessoas se, por sorte ou sabedoria, decidisse duvidar da veracidade da vida depois da morte; ou decidisse duvidar da moralidade de poder vir a ter direito a usufruir sexualmente de 72 virgens no paraíso como prémio de assassinar 20 infiéis.

Numa forma de religiosidade mais prosaica e menos radical, também podemos afirmar que jamais alguém prestaria homenagem ou sentiria amor e devoção por uma qualquer entidade divina que fosse declaradamente machista, homofóbico, apoiante fanático da pena de morte ou totalmente intolerante em relação à liberdade de pensar, se porventura optasse por aderir aos melhores valores do humanismo.

Dentro da mesma linha de bem pensar, também jamais alguém ousaria rezar/rogar/implorar a um qualquer Deus, pedindo-Lhe ajuda para ultrapassar uma qualquer dificuldade banal sabendo que esse Deus deveria antes dar prioridade a salvar as mais de 20 000 crianças que morrem todos os dias no mundo.

Mas infelizmente o mundo não é composto apenas por pessoas mentalmente saudáveis.

O mundo está cheio de pessoas que não acreditam no Pai Natal porque acham improvável que alguém possa distribuir milhões de presentes numa só noite mas, incrivelmente, acreditam que existe um Ser que consegue prestar atenção às rezas sussurrantes de biliões de pessoas.

O melhor é duvidar.

O melhor é duvidar de quem afirma que o Amor mais puro vem de um Ser que criou um lugar infernal para castigar quem lhe é desobediente ou, simplesmente, indiferente.

O contrário do ceticismo é o dogmatismo. Seria viável alguém, preocupado em descobrir verdades sobre o mundo, ter uma atitude dogmática?

Todos os cientistas e todos os homens que procuram Grandes Verdades sobre as nossas origens, sobre a verdadeira essência do ser humano e sobre a natureza e modo de funcionar o universo tem, obrigatoriamente, de ser cético. Não há possibilidade de questionamento sem colocar tudo em causa.

” Eu sou um cético profissional. Vivemos num mundo de mentiras sistemáticas”. José Saramago.

“O ceticismo é a essência da inteligência” Vítor Hugo.

11 thoughts on “Em defesa do ceticismo filosófico”
  • Oscar

    O Sr. Carlos não acha que já está na hora de esclarecer se vai ou não voltar a retirar qualquer novo texto deste diário, como fez em relação ao texto do passado dia 29,de que junto o respectivo link ?

    http://www.diariodeunsateus.net/2015/06/29/taliba-catolico/

    Vossemecê foi chamado à atenção relativamente à notícia mentirosa que então publicou e nem se dignou responder a quem o advertiu.

    Simplesmente, eliminou esse texto e os comentários entretanto publicados, sem apresentar qualquer elementar justificação aos seus leitores.

    A boa educação cabe em qualquer lugar. Todos erramos, mas o sr. Carlos é que permanece ostensivamente insensível a qualquer elementar explicação e pedido de desculpas.

    • GriloFalante

      Uma de duas coisas vai acontecer: ou tu passas o resto da vida a perorar contra a eliminação do post, e acessórios, o que constitui uma derrota, ou desistes, o que constitui, igualmente, uma derrota. Ou seja, sais derrotado de qualquer maneira.
      Bom proveito.

      • Oscar

        Aquilo que o sr. Grilo pensa ou deixa de pensar tem apenas a importância de um voto democrático.

        Nada mais.

        Seja como for, vossemecê já reparou que deu total importância ao meu comentário e nenhuma ao texto do sr. Paulo ?

        Uma derrota para o sr. Grilo ?

        Oura para o sr. Paulo ?

        Outra ainda para o sr. Carlos ?

        E uma vitória para mim ?

        • GriloFalante

          Certamente. O texto do Paulo Franco é inatacável. São verdades como punhos, as que ali estão escritas.
          Quanto a ti, continuas a ser coerente contigo próprio, naturalmente: continuas o mesmo imbecil de sempre..

          • Oscar

            Que nível sr. Grilo, que nível o seu.

            Vossemecê acaba de dar um xeque-mate a si próprio.

            Entrada de leão e saída de sendeiro.

            O costume.

  • Alfa Beta

    Este Post é de uma estupidez atroz e de uma ignorância inaudita. Para começo de conversa, “Religulous” não pertence a Bill Mayer, mas sim a Bill Maher. Faz toda a diferença, pois o segundo é um comediante, tipo “gato fedorento”, e não uma pessoa que produz coisas sérias. Quer isto dizer que não se trata de um “documentário”, mas de uma peça humorística. Logo, a pertença seriedade do Sr. Maher é zero.
    Mais importante de tudo: ligar violência à religião é uma manifestação de ignorância que tem feito alguns estragos.
    Por exemplo: a principal causa de morte no Rio de Janeiro, em 2014, foi o homicídio. Em estado de paz, num país democrático, sem radicalismo islâmico e sem a intervenção de questões religiosas. Pode-se argumentar que o Brasil é um país cristão. Mas, nesse caso, temos o país mais cruel do mundo que é ateu – a Coreia do Norte.
    Confundir o radicalismo que cresce nos países islâmicos, muito por culpa dos países ocidentais que lhes fornecem treino, armas, motivos para guerrear, como “Primavera”, radicalismo esse de que o EI é um exemplo, mostra como é falso e absurdo ligar religião a estes grupos, pois a sua actuação é a negação e antítese do islamismo. Nem um só dos seus actos é justificável pelo “Alcorão”, pela cultura islâmica ou pelo interesse e religião do povo.
    Por tudo isto, este Post é uma aberração.

    Comentar nesta chafarica é mais complicado do que nos mais importes jornais do mundo. Têm medo de quê? Acham-se assim tão importantes?
    Colecionam informação para vender ou para espiar?

  • N*

    Led by Pirates, Iceland Legalizes Blasphemy

    http://www.nytimes.com/2015/07/03/world/europe/led-by-pirates-iceland-legalizes-blasphemy.html?_r=0

    Finalmente o mundo começa a mudar 🙂

    • João Pedro Moura

      A Islândia não legalizou a blasfémia, mas sim acabou com esse conceito, na sua versão política e jurídica

      O que é estranho é ainda haver em certos países nórdicos, “igrejas de Estado” e conceitos jurídicos de “blasfémia”, como na Islândia, Noruega e Dinamarca, quando a maioria desses povos, não só não liga nada a tais igrejas “nacionais”, como são ateus ou, simplesmente, descrentes.

      As igrejas, nesses Estados, parecem relíquias ancestrais, cuidadas enquanto velha matriz cultural dos povos, mas já não assumidas como culto professo.

      Seja como for, o conceito de laicidade não é lá aplicado, como nós o conhecemos, isto é, separação entre o Estado e as igrejas e nada de financiamentos espúrios das atividades eclesiásticas por dinheiros públicos…
      …Mas também não há inteira laicidade, mesmo naqueles países “cristãos”, como o nosso, em que a Igreja está oficialmente separada do Estado…

      https://dhiancarlomiranda.wordpress.com/2013/10/18/ser-ateu-nos-paises-nordicos-e-normal-e-o-que-a-musica-tem-a-ver-com-isso/

      • GriloFalante

        JPM disse: “… como o nosso, em que a Igreja está oficialmente separada do Estado…”
        Aquele “oficialmente” é que estraga tudo, mas está bem aplicado. “Oficialmente” temos uma série de direitos constitucionais, e mesmo o estado é equidistante das religiões. “Oficialmente”. Porque a prática é bem diferente.

  • N*

    Claro que podemos ler estes argumentos dos nossos comentadores residentes e nem sequer ter curiosidade de ver o documentário, visto com tanta certeza afirmarem que nao tem valor. Aos restantes livres pensadores, fica o link para o documentário:

    https://www.youtube.com/watch?v=EW7QUYgSLSw

  • Oscar

    Para o caso de vossemecês estarem interessados em saber:

    “Não sou ateísta. Há uma grande diferença entre um ateísta e alguém
    que simplesmente não acredita na religião Acredito que exista uma força.
    Se lhe quiserem chamar Deus…”

    Bill Maher,2002, Onion AV Club.

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