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  • 7 de Maio, 2015
  • Por Carlos Esperança
  • Ateísmo

Os transplantes, a ressurreição da carne, a vida eterna e o ámen

Há 60 anos (dezembro/1954) o cirurgião americano Joseph Murrey realizou o primeiro transplante humano, um rim doado por um irmão gémeo a outro que estava a morrer de doença renal. A generosidade fraternal foi compensada com mais de 8 anos de vida do irmão transplantado que constituiu família e havia de gerar duas filhas.

Os crentes mais devotos de então consideraram tratar-se de uma profanação do corpo e que os médicos se imiscuíram numa prerrogativa de Deus. Nesse dia os homens deram mais um passo na sua emancipação e Deus um enorme trambolhão.

O êxito da operação foi uma vitória sobre a omnipotência e a omnisciência divinas cuja credibilidade sofreu um rude golpe. A partir daí, milhares de vidas foram prolongadas graças à ciência.

Para os que acreditam na vida eterna e na ressurreição da carne, deve dar-lhes volta à cabeça, no caso de a terem, o que acontecerá no vale de Josafat (entre Jerusalém e o Monte das Oliveiras), no dia bíblico do Juízo Final.

O Deus deles, cruel e medonho, lá estará a julgar vivos e mortos, perante uma enorme confusão em que à gravidade dos problemas logísticos se junta a berraria de quem pede a devolução do fígado, os que reclamam os rins próprios, aqueles que exigem de volta o coração ou procuram o esqueleto dividido por centenas de próteses de acidentados.

Deus começa a ter problemas complicados. O melhor é desistir dessa ideia maluca da ressurreição e manter-se na clandestinidade a que se remeteu após o género humano ter decidido pensar.

20 thoughts on “Os transplantes, a ressurreição da carne, a vida eterna e o ámen”
  • Oscar

    Mas para quê tanta querela se os evangelhos e o santo sudário comprovam claramente que Jesus Cristo ressuscitou ?

    • GriloFalante

      Boa anedota, Oscar! Boa anedota. Já vou passar o dia mais bem disposto.

      • Oscar

        É só isso que consegues argumentar ?…

        Se calhar também duvidas que o cartaginense Aníbal passou os Alpes com os elefantes, apesar de não teres estado lá…

    • K.

      Estás no gozo não estás? Consegues bem melhor do que isso.
      Eu também acredito no Harry Potter, e se lá está (no livro) que ele voa numa vassoura, então é porque é verdade.

      • Oscar

        Não, claro que não estou no gozo.

        Para mim, existem provas seguras de que Jesus Cristo ressuscitou e que Aníbal atravessou os Alpes com elefantes.

        Para ti não ?

        • GriloFalante

          E o que serve para ti tem, obrigatoriamente, de servir para os outros? Tu és livre de acreditares no que quiseres, e eu sou capaz de lutar por isso até à morte (onde foi que eu já li isto?). Mas daí até as tuas crenças corresponderem à verdade, vai uma distância muito grande.

          • Oscar

            Todos nós temos as nossas crenças.

            Tu podes estranhar que alguém ponha em causa, por exemplo, que a vida animal surgiu da matéria, presumindo que aceitas essa crença não cientificamente comprovada.

            Eu também estranho que ponham em causa a ressurreição de Jesus Cristo, perante as provas desse acontecimento.

            Cada um atribui aos acontecimentos a justificação que lhes parece mais plausível.

            Para mim, os evangelhos, o santo sudário e a imagem aqueropsita de manoppello são provas concludentes dessa ressurreição.

            E estou no meu pleno direito de afirmar essa convicção, tal como reconheço aos ateus o mesmo pleníssimo direito de possuirem as suas crenças estritamente materialistas.

          • K.

            Aceito a tua crença, tens uma fezada de que Cristo ressuscitou. Muito bem. Mas no teu intimo da fantasia, onde está o ressuscitado? No céu? Em Freixo de Espada à Cinta? Porque a partir do momento em que tens essa fé, acaba logo o debate de ideias. Não é possivel debater fé com filosofia. Eu posso afirmar que os porcos quando morrem ressuscitam na galáxia de Andrómeda, tenho essa fé e ninguém ma tira da cabeça. E a partir daqui nenhum debate se pode fazer porque a minha fé é inabalável, mesmo que me demonstrem por A+B que os porcos não ressuscitam na galáxia de Andrómeda.

          • Oscar

            Vamos ver se a gente se entende.

            Aquilo em que eu acredito não é o íntimo da minha fantasia. É exactamente a dimensão da realidade global, tal como eu a percepciono.

            Tu só aceitas a existência da matéria, certo ?

            Tens uma crença na existência exclusiva da matéria e, portanto não admites qualquer hipótese de uma realidade imaterial, que comporte Deus, alma ou espíritos.

            Eu não tenho essa crença materialista. E, nessa medida, também sou descrente numa realidade exclusivamente material.

            Tenho as minhas razões para pensar assim. E algumas dessas razões são estritamente pessoais, só as partilho com os meus amigos, inclusive com aqueles que são agnósticos e ateus.

            Já aqui disse e volto a repetir. Não divido as pessoas em função das suas crenças ou descrenças, mas em função do seu bom ou mau carácter.

            Respondendo à tua questão, dir-te-ei que acredito na sobrevivência da alma ao corpo físico.

            O lugar onde a alma, na minha convicção permanece, não é num além celestial, mas numa outra dimensão, fisicamente invisível aos olhos da normal visão.

            O facto de tu não veres essa realidade imaterial não significa que não haja outras pessoas que a sintam ou vejam.

            Tu podes dizer que isso é fantasia.

            Eu poderia retorquir-te que não se trata de fantasia mas de lucidez.

            Esse além é aqui ao nosso lado.

            A partir daqui, tira as tuas próprias conclusões quanto à pergunta que me fizeste.

          • Paulo Costa

            “Eu não tenho essa crença materialista.”; “dir-te-ei que acredito na sobrevivência da alma ao corpo físico.”; “O lugar onde a alma, na minha convicção permanece,”; “Eu poderia retorquir-te que não se trata de fantasia mas de lucidez.”. Crenças, acreditar e convicções são incompatíveis com lucidez. O que acreditas ou sentes é irrelevante. Só interessa aquilo que podes provar.

          • Oscar

            Aquilo que se pode provar é muito pouco em termos científicos.

            O que existem a mais são teorias meramente especulativas, que não estão cientificamente comprovadas, como, por exemplo, a abiogénese,a teoria selectiva da evolução, por método meramente aleatório ou a teoria do António Damásio sobre o funcionamento fisicalista do cérebro.

            No entanto, toda essa mundividência faz parte da crença materialista e ateísta.

            Na qual os ateus piamente acreditam sem pestanejarem.

          • Nelson

            A teoria de evolução não está provada???
            Em que mundo vives?

          • Oscar

            Não sabes interpretar português ?

            Ora volta a ler o que eu exactamente escrevi:

            “A teoria selectiva da evolução, por método meramente aleatório”

            Precisas que repita ?

    • K.

      • Oscar

        Põe aí também um poster das pedrinhas hermafroditas com virtualidades abiogenéticas…

  • GriloFalante

    Hoje, o insuspeito “Jornal de Notícias” dava conta de que a PJ tinha detido o cabecilha de uma enorme rede de empresas que se dedicavam a burlar o Estado, quando o tal cabecilha ia em peregrinação a Fátima. Eu compreendo que a Justiça tem de seguir em frente, mas não podiam ter esperado até ao dia 14 de Maio? É que, provavelmente, o tal cabecilha ia pedir perdão pelos pecados e, quiçá, devolver o dinheiro ao Estado, depositando-o nos cofres da ICAR.
    São uns precipitados, estes PJ.
    Bom, de qualquer forma, uma pergunta me parece pertinente: este tipo de comportamento é típico dos católicos, ou tratou-se de um pano que caiu na nódoa?

    • Oscar

      “este tipo de comportamento é típico dos católicos, ou tratou-se de um pano que caiu na nódoa?”

      Pegando na tua frase mesquinha eu também pergunto:

      Sempre que eu destacar um comportamento reprovável de qualquer ateu, também acharias curial que eu revertesse o mesmo tipo de pergunta:

      “este tipo de comportamento é típico dos ateus, ou tratou-se de um pano que caiu na nódoa?”

      Não achas que com esse tipo de comportamento tão sectário, estás a dar um péssimo contributo para a causa, filosoficamente legítima, do ateísmo ?

      • GriloFalante

        “a causa, filosoficamente legítima e respeitável, do ateísmo ?”

        Estou siderado! Então o ateísmo passou a ser “a causa, filosoficamente legítima e respeitável”? Tomaste os comprimidos, foi?

        Já agora, aproveito para te dizer que a vida não foi, nem um bocadinho, madrasta para mim. E acrescento, mais uma vez, que sou responsável por aquilo que escrevo, e não por aquilo que tu lês.

        • Oscar

          Mas onde é que alguma vez eu disse que o ateísmo não é uma causa filosoficamente legítima e respeitável ?

          Se a vida não foi madrasta para ti, parece.

          E, quanto ao escreves, claro que és responsável por aquilo que escreves, mesmo quando a tua irresponsabilidade vai ao ponto de atacares de forma tão baixa e mesquinha a generalidade dos católicos.

          • Carlos

            Se há alguma legitimidade em ser palerma e desonesto, e se há algo de respeitável em reduzir o Homem a um animal social e bem domesticado… então o ateísmo é!

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