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  • 10 de Fevereiro, 2015
  • Por Carlos Esperança
  • Vaticano

No Vaticano, um bairro de 44 hectares

O Papa é o mandatário terráqueo do mítico Jesus Cristo, emigrante perpétuo do Paraíso, local sem código postal, sito em parte incerta.

Sendo a estrela da Companhia, conhecida por Igreja católica, encontra-se desaparecido há dois mil anos, tendo deixado um representante no planeta Terra a promover a fé e a gerir os negócios. Quando o Padre Eterno é servido de chamar à sua divina presença o Papa de turno, sabe-se que papa morto, papa posto, outro é escolhido vitaliciamente por eminentes purpurados iluminados pelo pai biológico de Jesus, uma pomba denominada Espírito Santo, sem qualquer grau de parentesco com o ex-banqueiro Ricardo.

Hoje há dois papas, o que pediu a demissão por ser nele maior o temor à Cúria do que ao seu Deus, e outro, que herdou o alvará, assegura o expediente e gere o negócio da fé. Causa estranheza que o representado não tenha deixado procuração, quiçá por não saber escrever ou por não haver notários quando exercia o ofício dos milagres e da pregação.
Há crentes que ignoram se o Papa jubilado ainda pode criar cardeais ou se perdeu, com o alvará, as qualidades que demonstrou na criação de santos, a partir de defuntos da sua estimação, e cardeais, a quem bastava encomendar o barrete que fazia perder aos bispos a cabeça e ganhar o adereço.

Perdeu a carteira profissional mas, nas férias ou noutro impedimento do sucessor, podia ser chamado ao múnus como os médicos reformados nos surtos gripais. Exceto a tiara, cujo uso lhe passou a ser vedado, e outros adereços pios, tal como o camauro, mantém direito a vestes femininas que o jargão apelida de ‘talares’.

Estes problemas são desafios à teologia, a única “ciência” sem método nem objeto, que faz parte do currículo dos quadros da Igreja Católica Apostólica Romana (ICAR, S.A), uma multinacional da fé que vende bênçãos, graças, bulas e bilhetes para o Paraíso.

8 thoughts on “No Vaticano, um bairro de 44 hectares”
  • Nelson

    Carlos,

    Como exercicio de prosa, compreendo o seu texto.
    No entanto, por vezes, quero acreditar que muitos se associam a esta igreja com uma convicção profunda que têm uma relação espiritual para com um amigo imaginário, que não perderam quando cresceram.

    Não consigo acreditar que a maioria seja, corrupta, vingativa, sedenta de controle e saiba que Ele não existe. Pelo contrário, muitos na sua auto-ilusão de espiritualidade avançada, são capazes de abnegar a sua única vida, desperdiçando ao serviço de outros(muitas vezes os usando como escravos) a sua oportunidade única.

    Um exemplo de auto-ilusão são por exemplo os devotos homens bomba que esses sim são uns crentes exemplares, não chorando no momento da morte mas enaltecendo e chamando o seu deus nessa ascensão ao céu em pedaços.

    Comparado com os muçulmanos, os cristãos são um tipo amorfo de crentes, pois se opõem com unhas e dentes a quem lhes critica a religião, mas depois nem sequer a praticam e muitas vezes até tomam posições completamente distintas de indiferença.
    Veja-se por exemplo o caso paradigmático Português: Temos um dos maiores índices de católicos do mundo e depois estes votam a favor do aborto 🙂 Simplesmente indescritível.

    Assim sendo, até acredito que deus a existir, preferia um ateu que faz o que defende do que um crente de defende aquilo que não faz!

  • Frei Bento

    Caríssimo irmão em Cristo e estimado Carlos Esperasnça, creia, mesmo não sendo crente, que muito apreciso os seus textos, que leio religiosamente, como não podia deixar de ser. Por isso, me permito impetrar-lhe que seja um pouco mais rigoroso com o que grafa. Jesus Cristo, Nosso Senhor, Irmão e Pai amantíssimo, não está “desaparecido há dois mil anos,” como o irmão Carlos Esperança levianamente afirma. Tendo nascido há, exactamente dois mil e catorze anos, dois meses, dez dias,, nove horas e cinquenta e cinco minutos, hoa a que escrevo, faceleu com trinta e três anos, embora ainda não se saiba, com exactidão, em que dia e em que mês. Ou seja, só no Ano da Graça de 2033 é que se passarão dois mil anos do seu falecimento. Que Deus o tenha em eterno descanso.

    Saúde e merda, que Deus não pode dar tudo.

  • Oscar

    O Carlos Esperança é um homem amargurado. Só assim se entende que, em vez de tentar fundamentar a sua filosofia ateísta, se dedique constantemente à organização interna da Igreja Católica.Coitado, está mesmo em estado de forte amargura existencial. Mas eu pergunto, que interessa aos ateus a forma como a Igreja Católica se organiza, se tem ou não um papa em efectividade de funções e outro jubilado ? Em que é que isso interessa à ideologia ateísta ?

  • HAMONBAAL

    Viva.

    Resolvi seguir o exemplo do Nelson e criar um utilizador.

    Curiosamente, descobri k já tinha um.

    Escrevi com este nick há muito tempo atrás. depois estive uns tempos sem aparecer e já não me lembrava.

    Seja como for, respondo por este nick até ver o que isto dá.

    • GriloFalante

      Bem-vindo ao clube.

      Ou deveria dizer “bom regresso”?

      • HAMONBAAL

        Pois.

        quandi parece que o único argumento católico é roubar nicks…

        Deve ser isso que eles chamam de moral superior inspirada por deus, metafísica sofisticada etc, etc.

        Resume-se tudo a aldrabões de feira de terceira categoria.

    • Nelson

      🙂

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