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  • 9 de Fevereiro, 2015
  • Por Carlos Esperança
  • Ateísmo

“EM VERDADE VOS DIGO” – Crónica Ateísta (14)

 Por

Onofre Varela

Os que não são Charlie

Qualquer movimento, por muito consensual que seja, rapidamente atrai os seus contrários.
Se isto é uma atitude que sublinha a diversidade de opiniões que todos queremos plurais, também retrata reacções, ideologias e pensamentos, que merecem a nossa especial atenção.
Após as manifestações de solidariedade com os jornalistas/cartunistas satíricos, denominadas “Eu Sou Charlie”, não tardaram os artigos de opinião anunciando em título “Eu Não Sou Charlie”.
É uma negação que pretende contrariar a solidariedade da maioria de nós pelas vítimas do terrorismo de cariz religioso, tendo por base a filosofia do “não alinhamento”.
Atitude que pertence ao fenómeno social da rejeição de ideias consensuais, e que pode conduzir muitos leitores a, inconscientemente, alinharem ao lado do inimigo das liberdades essenciais nas sociedades modernas, dando razão a quem a não tem. O que é perigoso e desaconselhável.

Atente-se neste exemplo histórico que nos é transmitido através de um poema:
Martin Niemoller (1892-1984) foi um pastor luterano alemão que, em 1966, recebeu o Prémio Lénine da Paz. A partir da década de 1980 tornou-se conhecido por ter adaptado o poema “E Não Sobrou Ninguém”, de Vladimir Maiakovski (1893-1930), que transcrevo em tradução livre:
“Quando os nazis levaram os comunistas, calei-me: eu não era comunista!… Quando prenderam os sociais-democratas, calei-me: eu não era social-democrata!… Quando levaram os sindicalistas, calei-me: eu não era sindicalista!… Quando levaram os judeus, calei-me: eu não era judeu!… E quando os nazis vieram para me levar… não houve quem protestasse em minha defesa!…”.

Tenhamos a consciência de que, enquanto Seres Humanos, quando somos solidários com os outros, estamos, na verdade, a ser solidários connosco! É esta a linha que separa o racional do irracional e o solidário do indiferente, do insensível… e do acusador extremista.

OV
(O autor escreve sem obedecer ao último Acordo Ortográfico)

Diário de uns Ateus – Texto publicado na GAZETA DE PAÇOS DE FERREIRA, um jornal acolhe a opinião de um ateu.

5 thoughts on ““EM VERDADE VOS DIGO” – Crónica Ateísta (14)”
  • Zé Ninguém

    The Dangers of NOT Offending Religious Sensibilities

    https://skepticalteacher.wordpress.com/2015/01/18/the-dangers-of-not-offending-religious-sensibilities/

    «What needs to happen is that it needs to be shown that an increased secularization of society (…) is needed to make it more free and prosperous for everyone, believer and non-believer alike. But in order to show the importance of secularism, it is necessary to simultaneously question religion; and as Voltaire famously wrote, “We must have laughter on our side,” because there is often no more powerful force to tear down the high and mighty than laughter. And laughter is the chief weapon of the satirist.»

    «So you see, even if it is considered offensive or blasphemous, the satirical lampooning of religion and religious belief is necessary for a healthy and free society. If we accept a situation where there really are sacred cows that cannot be questioned or made fun of, then that leads to the collection of unquestioned and absolute authority (it’s hard to get much more authoritative than claiming you speak for God). And, as the saying goes, “Absolute power corrupts absolutely.”»

  • Oscar

    Estes ateus é que são uns grandes “democratas”. Num anterior post coloquei um cartaz satírico, dirigido ao Zequinha Moreira, para ver até que ponto é que ele aguentava a minha provocação. Inseri o meu comentário, acompanhado desse cartaz, e,passado algum tempo, veriquei que o mesmo tinha desaparecido. Voltei a inseri-lo por uma segunda vez e novamente despareceu.

    Por aqui se vê a hipocrisia dessa maralha e do seu parcial moderador. Muita letra têm eles. Mas, quando as sátirias e os sarcasmos lhes são dirigidas, usam os conhecidos métodos da Pide.

    Um autêntico nojo esta maralha ateísta.

  • Nelson

    Porque os católicos estão contra as caricaturas?

    Os católicos nunca tiveram ao longo da sua história, o mínimo problema em matar muçulmanos, judeus ou apóstatas.
    As suas reservas a aceitar que se possa criticar o Islão é simplesmente pelo facto que estão a proteger a sua crença e não querem que a sua religião possa ser posta a julgamento, critica e realçada pelo ridículo!
    Ou seja, este tópico que deveria unir ateus e não ateus, pois a religião muçulmana tem sido do pior que aconteceu à humanidade, quer pela sua violência para com quem a segue e não a segue, quer pela sua vontade de subjugar todos à sua volta com os seus preceitos, perfeitamente arcaicos.

    Mas a igreja católica, sendo na sua essência, um gémeo do islão, mas amordaçada para não fazer mal a ninguém, ainda tem tiques de alguns séculos atrás.

    Tiques que se manifestam, quer pelas suas opiniões e actos, entre os quais se encontra em subjugar os mais fracos: crianças(vitimas de pedofilia) e o povo de países pobres africanos(que têm que levar com doutrinação e “pretensas” ajudas)…

    Resumindo: A censura à critica e redução ao ridículo do islão é um tampão para a igreja católica.

    RELIGIÃO: ESCRAVIDÃO INTELECTUAL: PENSE POR SI PRÓPRIO!

    • JoseMoreira

      Nem mais.
      Curiosamente, ontem mesmo a RTP passava uma reportagem acerca de mulheres muçulmanas em Portugal – algumas, portuguesas. Diziam elas que se sentiam livres. Estranho conceito de liberdade quando, logo a seguir, afirmavam não tapar a cara por imposição marital, mas porque o Alcorão assim o determinava. Já que, segundo o dito Alcorão, a mulher não deve exibir a sua beleza.

      Liberdade, pois…

      Mas… será que alguma religião, seja ela qual for, convive com a liberdade?

  • João Sousa

    Charlie Hebdo ícone da liberdade ?? hahahahaha!
    Digam isso a Siné… que foi demitido desse jornaleco por ter ironizado o filho de Sarko

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