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  • 8 de Fevereiro, 2015
  • Por Carlos Esperança
  • Ateísmo

“EM VERDADE VOS DIGO” (13)

Por
Onofre Varela

Limites da Liberdade de Expressão

“Não concordo com uma só palavra do que dizeis, mas defenderei até à morte o vosso direito de dizê-lo”. Este pensamento é de Voltaire (1694-1778), filósofo da Ilustração e do Iluminismo. Profundamente religioso, foi também um polemista satírico que usou as suas obras para criticar a Igreja Católica, as instituições francesas, os reis absolutistas e os privilégios do Clero e da Nobreza. Defendeu a liberdade de pensamento e expressão, e criticou a censura.

Os vis assassinatos no jornal Charlie Hebdo fizeram ressurgir o espírito crítico de Voltaire, e a reimpressão dos seus livros são êxito de vendas em França.
“A sátira é a gargalhada da Razão, frente à solenidade da loucura”, disse Alberto Manguel, em artigo defendendo a crítica satírica, no suplemento cultural Babélia (jornal El País, 17/1/2015). Os fundamentalistas do Islamismo não sabem que o próprio Maomé valorizou o riso e condenou a falta de humor, ao dizer “mantém sempre o coração ligeiro, porque quando o coração se ensombra a alma fica cega”. São as
almas-cegas islâmicas que matam em nome de Maomé e de Deus (Alá).

A sátira é intemporal e usa a ironia para criticar uma situação, uma personagem ou uma sociedade inteira. É utilizada por artistas e escritores de todos os tempos, desde os discursos filosóficos de Sócrates (399 aC), até às pinturas de Goya e aos escritos de Eça, passando pelos filmes de Chaplin. A sátira escrita ou desenhada é atacada por ser justa, por apontar imoralidades e por denunciar. Por isso provoca a fúria dos que acusa. A censura, a prisão e a morte são, habitualmente, as reacções dos impotentes fundamentalistas e arrogantes ditadores (políticos ou religiosos) que se sentem visados nas críticas dos bem-pensantes. A liberdade de expressão tem os seus limites, sim: o caricaturista não critica doentes ou portadores de deficiência, não ri com a fome em África, nem defende a violência doméstica. O humor é a capacidade humana de realçar o ridículo e o absurdo da realidade. Quem não entende o humor e a sátira, e pretende estabelecer outros limites à liberdade de expressão… será, ele próprio, o ridículo e o mais alentado dos absurdos.

OV
(O autor escreve sem obedecer ao último Acordo Ortográfico)

Diário de uns Ateus – Texto publicado na GAZETA DE PAÇOS DE FERREIRA, um jornal acolhe a opinião de um ateu.

27 thoughts on ““EM VERDADE VOS DIGO” (13)”
  • Oscar

    Nada como um ateu para se ver com eles reajem às provocações e sarcasmos de que não gostam:

    “Desculpa, mas não posso concordar contigo, embora respeite a
    tua opinião. Este é um espaço para comentar e discutir OS ARTIGOS, e não os comentadores. Se há – e há! quem dê sinais de insanidade, só existe um caminho: deixá-lo a falar sozinho. Que é, afinal, o destino dos dementes, quando nem o psiquiatra os ouve.

    A pessoa em apreço tem uma “qualidade” que não lhe pode ser negada:
    consegue inverter o espírito do que se escreve, de modo a que a frase se volte – ele volta-a! – contra o seu autor. E os restantes comentadores alimentam essa “virtude”. Abunda a pulhice onde mingua a honestidade. E os
    comentadores caem que nem patinhos. Qual o remédio, então? Deixar de comentar, como fez o Nelson? Não. Continuar a postar os comentários que os artigos merecerem- se merecerem – e não entrar em diálogo com bestas”

    Zeca Moreira, o ateu ressabiado, DduA, 7/2/2015

  • Oscar

    Especialmente dedicada ao Zeca Moreira, esperando que ele não se sinta ofendido com a minha ilimitada liberdade de expressão.

    • Oscar

      • Oscar

        Afinal, neste DduA, a maralha ateísta convive muito mal com os cartoons satíricos que lhes são dirigidos. E daí até à censura pidesca vai só um passinho muito curto. Então não gostaram do cartoon dirigido ao Zeca Moreira ? Vieram acudir as dores por ele ? Então e agora onde fica o vosso bitátá quanto ao direito ilimitado da liberdade de expressão ? Quando vos toca à porta, a vossa resposta é a censura fascista ?

  • João Pedro Moura

    Excelente opinião sobre a sátira, dum excelente caricaturista, como o Onofre Varela.

    Mas…

    ONOFRE VARELA disse:

    1- “[Voltaire] profundamente religioso”

    “Profundamente religioso”?! Antes pelo contrário…
    Levemente religioso, talvez…

    Era um crítico do clericalismo e a favor da tolerância religiosa. Gente desta não costuma ser “profundamente religiosa”. Particularmente, naqueles tempos…

    Seria um deísta, porque era difícil, para não dizer impossível, alguém naquele tempo proclamar o seu ateísmo…

    2- «Os fundamentalistas do Islamismo não sabem que o próprio Maomé valorizou o riso e condenou a falta de humor, ao dizer “mantém sempre o coração ligeiro, porque quando o coração se ensombra a alma fica cega”.»

    Onde é que o Maomé diz isso?!
    A doutrina do Maomé é o ódio ao outro, é o totalitarismo religioso…

    …Tal como a Bíblia, Velho e Novo Testamento. Tal como a personagem Jesus Cristo…

    A religiofauna não tem tendência para o humor, dada a natureza das suas asserções…

    Antes pelo contrário, têm tendência, mas é, para o mau humor, para a reação à sátira, porque se sentem “puros” e impolutos, portanto, “sagrados”, isto é, indignos de serem retratados por uma crítica ou uma imagem mais contundente…

    • Oscar

      1- “[Voltaire] profundamente religioso”

      “Profundamente religioso”?! Antes pelo contrário…
      Levemente religioso, talvez…”

      És um parolo:

      “Sim, Platão, tens razão: a nossa alma é imortal; um Deus lhe fala e
      nela vive um Deus. Se assim não fosse, como teríamos tão grande
      pressentimento? Por que teríamos aversão aos bens terrenos? Por que
      teríamos horror ao nada? ”

      Voltaire

  • Nelson

    Em primeiro lugar, disse que não colocaria mais nenhum comentário naquele post.
    Dar a opinião pessoal é uma das distintas características de um ateu face a um religioso que apenas segue o que lhe dizem.

    Bem, em relação ao humor, é um facto que até a igreja o tem.
    Não acreditam? Vejam as últimas declarações com humor refinado do papa dizendo que para passar bons valores aos miúdos, tem necessariamente que os espancar 🙂

    Aborto não, mas depois espanaca-los, viola-los e excomungar se eventualmente são gays isso são valores!

    PS Oscar não vale a pena usares o meu nick. Neste post não há mais comentários meus. No próximo já estou a ver que vais responder primeiro com o meu nick…

    • Nelson

      Decidi criar um ultilizador e deste modo o meu nick ja nao pode ser “roubado”. Este é um comentátio de teste com um logo a condizer.
      saudações a todos.

      • GriloFalante

        Se todos fizessem isso, acabava a usurpação de nicks. Ou, havendo-a, ela seria “ipso facto” denunciada.

    • Oscar

      Pstttt….

      E provas de que usei o teu nick, molocho ?

      Tu pensas que eu sou reles e mentiroso como tu ?

  • Molochbaal

    Pois eu, que sou um gajo imparcial, reconheço ao cristianismo uma certa grandeza.

    No caso concreto do cristianismo está escarrapachado no Novo
    Testamento- ama os teus inimigos- e foi aí que Luther King se inspirou
    para a sua obra

    • Deusão

      não vim trazer a paz, antes, a espada…
      também está no nt. E aí? xeçuis era da paz ou apenas um fantoche romano ? (supondo que a gibiribria faz referência a um ser real)

      • João Pedro Moura

        DEUSÃO disse:

        “supondo que a gibiribria faz referência a um ser real”

        “gibiribria”?! Que é que é isso, rapaz?!

        • Oscar

          É a prova provada de que o ateismo consegue transformar um homem num imbecil.

          • Deusão

            você é a prova de que a religião transforma um humano em um monte de merda.

          • Oscar

            Eu não.Tu é que não consegues dizer uma única frase sem ser em língua de macaco.

          • Deusão

            jesus era uma bichona que andava no mato com 12 amigos, e jesus adorava pegar na espada dos seus amiguinhos. Tanto pegou na espada que as bichas judias, com medo de perder clientela, enfiaram-lhe uns preguinhos. E disseram:
            – toma jesus. Isso é para você respeitar o nosso ponto. Os soldados romanos são só nossos, sua bichinha magrela.
            Ao que jesus respondeu
            -papaizinho do céu, sinhôzinho, foda essas bichas judias por mim.
            O chefe, ao ver o filhinho morrer, pensou:
            vou acabar com essas bichas judias. Vou mandar-lhes o que tenho de pior. ha ha ha. Vou criar a igreja católica e essa bicharada judia vai ver só. ha ha ha

        • Deusão

          gibi = revista em quadrinhos brasileira
          bribra = nome dado pelos crentóides ao livro idiote, escrito por idiotas e para idiotas
          gibibribra

          • Oscar

            ” gibi”, ” bribra” ,” quadrinhos” , ” livro idiote” ?

            Onde foste gerado, choné ? Na selva dos macacos ?

          • Deusão

            sim. E lá tracei a sua mãe.
            Respeite o seu possível pai, moleque.
            Vou falar para a macaca velha ( sua mãe) para lhe dar uns cascudos. É essa a educação que ela te deu ?

          • Oscar

            Meus pais acreditam em Deus, portanto nunca poderiam ter estado na selva dos macacos. Estes são ateus, portanto tu é que só podes ter sido gerado na floresta dos macacos.

            Aliás, venho a forma amacacada como falas, não pode haver dúvidas de que assim foi.

          • Deusão

            a relação foi mesmo difícil. Foi custosa a troca genética entre um primata e uma descendente do barro. Os genes não combinaram muito bem. Por isso você é essa besta-fera-anormal.

          • Deusão

            parentes do antolo fazendo sexo…

          • hehe

            kkkkkk

  • Zé Ninguém

    The Dangers of NOT Offending Religious Sensibilities

    https://skepticalteacher.wordpress.com/2015/01/18/the-dangers-of-not-offending-religious-sensibilities/

    «What needs to happen is that it needs to be shown that an increased secularization of society (…) is needed to make it more free and prosperous for everyone, believer and non-believer alike. But in order to show the importance of secularism, it is necessary to simultaneously question religion; and as Voltaire famously wrote, “We must have laughter on our side,” because there is often no more powerful force to tear down the high and mighty than laughter. And laughter is the chief weapon of the satirist.»

    «So you see, even if it is considered offensive or blasphemous, the satirical lampooning of religion and religious belief is necessary for a
    healthy and free society
    . If we accept a situation where there really
    are sacred cows that cannot be questioned or made fun of, then that
    leads to the collection of unquestioned and absolute authority (it’s
    hard to get much more authoritative than claiming you speak for God).
    And, as the saying goes, “Absolute power corrupts absolutely.”»

  • Zeca Portuga

    O que o Sr. Onofre se esqueceu de falar foi daquilo que se propôs falar – da liberdade de expressão.
    Isto porque resolveu falar dos charlies, coisa que nada tem a ver com liberdade de expressão.
    Se alguém se colocar, todos os dias da sua vida, à porta da Assembleia da República a insultar os deputados, funcionários, seguranças, governantes e cidadãos que por aí passam, não vejo onde esteja a liberdade de expressão. pois hipotético velhaco não estava a expressar nada…

  • Zeca Portuga

    A liberdade de expressão não é o que parece.

    Vejamos um exemplo – extracto de um Acórdão recente de um Tribunal de Relação português:

    “Mostra-se suficientemente indiciado que o arguido, no dia 26 de Dezembro de 2011, pelas 15:30 horas, numa reunião ordinária da Câmara Municipal (..)disse, em voz alta e em tom sério, e perante as várias pessoas que ali se encontravam que:

    “…ultimamente fui confrontado com três casos mas, pelo menos, um muito grave. O primeiro prende-se com o facto de terem ido referindo-se ao pessoal da Câmara – desligar dois candeeiros que ficam mesmo em frente ao acesso ao meu parque TIR …. não há necessidade de fazer uma coisa daquelas. Perseguição, chega, Basta” e

    “… Tem que haver mais respeito pelas pessoas que trabalham por aqui e os senhores não têm tido respeito por mim e o Senhor – falando para o Presidente da Câmara – é um deles que é de Ribamondego, não tem vergonha, passa lá todos os dias. É uma vergonha, pois só fazem trabalho para um grupo de amigalhaços”…

    (…)

    As expressões em causa, mesmo tendo políticos como destinatários, extravasam o direito à livre crítica e à liberdade de expressão do cidadão que as proferiu e ofendem o direito à reputação e à honorabilidade desses políticos, ainda que a tutela dos bens pessoais destes seja mais reduzida ou fragmentada que a do cidadão comum.

    (…)

    Há nos autos indícios suficientes de que o arguido praticou quatro crimes de injúria agravada, previsto e punido nos arts. 181º, 183 n.º 1, al. a), 184º e 132º, n.º 2, al. j) do Código Penal, pelo que teria de ser – e deve ser – pronunciado por esses crimes e sujeito a julgamento.”

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