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“EM VERDADE VOS DIGO” (2/5)

Crónica Ateísta de

Onofre Varela 

O que é a Verdade?

Espero que os leitores não vejam no título genérico desta rubrica uma provocação à sua fé, nem entendam que uso uma frase religiosa fora do contexto bíblico. As considerações de um ateu estão inseridas no contexto da Bíblia, porque um ateu é um crítico do conceito de Deus.

Logo, assuntos como a Bíblia, os Evangelhos, outros textos religiosos, históricos, científicos e filosóficos, mais os discursos de papas, bispos e sacerdotes, são o material das suas reflexões.

Escolhi a frase evangélica “Em Verdade vos digo”, referida por Marcos e Lucas, com a intenção de dizer o mesmo que Jesus Cristo (JC) pretendeu dizer quando a proferiu (a crer nos evangelistas). Era intenção de JC sublinhar a Boa Nova que apregoava, na contradição de textos e conceitos que os judeus aceitavam por verdade, ou de outros
que não relevavam como deviam. “Em Verdade vos digo” foi o modo encontrado por JC (ou que os evangelistas colocaram na sua boca) para reafirmar frases sábias inseridas no Levítico, como, por exemplo, “Ama o próximo como a ti mesmo”, que JC via sempre tão esquecida nas atitudes dos sacerdotes que se pretendiam modelos de comportamento. Do mesmo modo eu pretendo chamar a atenção dos religiosos de mente fechada a outras interpretações, para o facto de haver quem pense de outro modo com a mesma legitimidade que reivindicam para si. Note-se que a Verdade de algo é a sua essência, e esta raramente é consensual.

“A verdade é só uma”, diz o Povo, mas cada um tem a sua!… e nas religiões as verdades multiplicam-se. Os quatro evangelistas têm, cada um, a sua verdade para JC! É neste contexto de a Verdade não ser una, que os ateus defendem a sua, desde os tempos da Antiga Grécia.

O Ateísmo é uma filosofia que nega a existência real e concreta de uma divindade por não haver prova da sua existência, e não especula sobre a sobrenaturalidade. O ateu entende que Deus é um conceito, vive muito bem sem ele e assume-se responsável pelos seus actos, dá valor à sua vida e à dos outros, cultiva a Razão, a amizade e a entreajuda, e confia no método científico para construir modelos da realidade, rejeitando a fantasia da vida para além da morte.

(O autor escreve sem obedecer ao último Acordo Ortográfico)

11 thoughts on ““EM VERDADE VOS DIGO” (2/5)”
  • Oscar

    Seja feliz Onofre Varela com a sua crença ateísta. Cada um de nós é livre de optar pela sua filosofia de vida.

  • Pedro

    “O Ateísmo é uma filosofia que nega a existência real e concreta de uma divindade por não haver prova da sua existência(…) assume-se responsável pelos seus actos, dá valor à sua vida e à dos outros, cultiva a Razão, a amizade e a entreajuda, e confia no método científico para construir modelos da realidade, rejeitando a fantasia da vida para além da morte.”

    1 – O Ateísmo não é uma filosofia. Quando muito, com alguma bondade, é uma posição ideológica. Pessoalmente entendo que é um “clubismo”, o que acaba por ser confirmado com a constituição de “associações” com diferentes formas de ateísmo.

    2 – A não existência de provas da existência não é uma prova da não existência. Tal, visão contradiz o espírito cientifico, pelo qual, mediante uma suspeita, só a prova da não existência pode anular a hipótese de existir.

    3 – Pelo menos no cristianismo, em cujo artigo se fundamente (e este artigo é sobre cristianismo e não sobre religiões), também o crente “assume-se responsável pelos seus actos, dá valor à sua vida e à dos outros, cultiva a Razão, a amizade e a entreajuda, e confia no método científico para construir modelos da realidade”.

    Quanto à vida depois da morte… não há suspeitas, há mesmo muitos indícios a ser analisados em contexto cientifico-académico.

    Quando a ser ateu ou crente, sou pela plena liberdade, na exigência de pleno e intransponível respeito.

    • Molochbaal

      “também o crente ” dá valor à sua vida e à dos outros, cultiva a Razão, a amizade e a entreajuda, e confia no método científico para construir modelos da realidade”.

      Eu pensava que o Onofre estava a ser folclórico no seu retrato fantasiado dos ateus.

      Mas afinal vocês também são perfeitinhos.

      Ficamos assim a saber que católicos como Torquemada, Franco, Pinochet, o general SS Leon Degrelle, etc ” davam valor à sua vida e à dos outros, cultivavam a Razão, a amizade e a entreajuda, e confiavam no método científico para construir modelos da realidade”.

      Tão bonzinhos que eles todos são.

      Este post está enternecedor.

      Deixem-me enxaguar as lágrimas que não aguento emoções tão fortes.

      https://www.youtube.com/watch?v=5fH2FOn1V5g

      • Molochbaal

        Sniff. Sniff.

        Quando vejo este filme e os vossos filmes, a emoção é tanta que só me apetece deitar a correr pelos montes.

        Pelo menos para fugir de tanta baboseira…

      • Pedro

        Ninguém tem culpa que tu sejas tão ignorante como aqui demonstras ser.

        Onofre Varela refere-se aos ateus em geral, ao ateu médio, aos ateus que ele conhece e que eu conheço. Eu refiro-me aos católicos em geral, ao católico médio e aos que eu conheço.
        Tu, de forma abusiva, ignorante e estúpida, tomas alguns dementes ateus ou crentes e fazes deles o padrão.
        Estás errado.

        Torquemeda, Franco, Pinochet ou Degrelle, não são responsáveis só pela morte de ateus, mas (e sobretudo) de crentes, incluindo religiosos. Ou seja, agiram como doentes ou criminosos, mas não por serem crentes, nem em nome ou a mando de ensinamentos da crença.
        Pol Pot, Stalin, Mao, Che, Enver Hoxha, e muitos outros, eram doentes e/ou criminosos, não agiram apenas contra crentes, nem a mando do ateísmo ou de suas proposições “ideológicas”.
        Todos estas agiram porque eram más pessoas e tê-lo-iam feito sendo ateus ou sendo crentes, qualquer que fosse a ideologia ou a crença.

        Se és tão tapado que não percebes isso, temos pena, mas estás a falar com adultos e pessoas normais.

        Posso não concordar com a visão restritiva e deformada (do meu ponto de vista) do Onofre Varela, mas, até ao momento não tenho nada a apontar à sua opinião que atinja o teu nível de estupidez.

        • Molochbaal

          ZZZZZZZZZZZZ

          Fiquei na mesma. Mas podes postar mais 500 linhas para não dizer nada.

          É que eu não disse que a maldade humana é devida a qualquer crença.

          Mas tu inventaste uma treta qualquer, para ter o pretexto de escrever.

          Já contrariaste, estás satisfeito.

  • Molochbaal

    “dá valor à sua vida e à dos outros”

    O Pol Pot dava valor á vida dos outros ?

    “cultiva a Razão, a amizade e a entreajuda,”

    Não pode haver ateus broncos, solitários ou egoístas ?

    Vá lá, como agnóstico eu sou uma espécie de ateu, embora muito mais moderado, mas não me revejo em todos os atributos lamechas e bonacheirões com que nos embelezas.

    É que eu tenho bastantes defeitos.

    Serei um descrente deficiente ?

    • Zeus

      Trata-se de mais uma daquelas narrativas apologéticas do ateísmo militante .Essa parte do discurso do Onofre Varela faz-me lembrar aquela canção dos ” amanhãs que cantam”. São todos puros e imaculados, desde que pertençam ao mesmo coral.

      • Molochbaal

        De facto.

        Eu, quando era nazi, já era agnóstico. E não me lembro de, nessa altura, ter assim tanto respeito pela vida dos outros.

        Enfim. Tomo agora conhecimento que, afinal, já era puro e imaculado.

    • Pedro

      E tu, assumido nazi, dás algum tipo de préstimo à vida dos outros.

      Não te esqueças que os nazis fizeram tanto ou mais do que os que tu condenas.

      • Molochbaal

        Caro fifi.

        Como tu bem sabes, eu fui expulso de um blog nazi, por condenar os crimes do nazismo, por isso vai mentir para o caralho.

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