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  • 10 de Setembro, 2014
  • Por Carlos Esperança
  • Ateísmo

A solidão e a fé

A solidão é o cimento que cola o abandonado à fé, torna o proscrito crente, faz beata a pessoa e transforma um cidadão num devoto.

A religião é o colchão que serve de cama ao solitário, o mito que se entranha nos poros do desespero, o embuste a que se agarra o náufrago. É o vácuo a preencher o vazio, o nada que se acrescenta ao zero.

O padre está para a família como o álcool para o corpo. Primeiro estranha-se, depois entranha-se e finalmente domina.

A religião é um cancro que se desenrola dentro das pessoas e morre com elas. Também metastiza e atinge órgãos vitais. Mas é dos joelhos que se serve, esfolando-os, da coluna vertebral, dobrando-a, e do cérebro, atrofiando-o.

A religião busca o sofrimento e condena o prazer. Preza o mito e esquece a realidade.

Um crente faz o bem por interesse e o mal por obrigação. É generoso para agradar a Deus e perverso para o acalmar. Dá esmola para contentar o divino e abate um inimigo para ganhar o Paraíso.

A religião vive da tradição, do medo e da morte. Começa por ser uma doença infecto-contagiosa que se apanha na infância, transmitida pelos pais, através do batismo. O lactente é levado ao primeiro rito mais depressa do que às vacinas.

Depois, o medo, o medo da discriminação na escola, no emprego e na sociedade, leva a criança à catequese, à confirmação, eucaristia e penitência. De sacramento em sacramento, missa após missa, hóstia a hóstia, com orações à mistura e medo do Inferno, transforma-se um cidadão em marionete nas mãos do clero.

Na cúpula temos o Vaticano, um antro de perversão a viver à custa dos boatos sobre o filho de um carpinteiro de Nazaré e os milagres obrados por cadáveres de católicos, de virtude duvidosa, à custa de pesados emolumentos.

O seu negócio é a morte que explora em ossos ressequidos pelo tempo, caveiras, tíbias e maxilares, pedaços de pele e extremidades de membros, numa orgia de horror e delírio.

É assim que a tradição, o medo e a morte continuam a encher os cofres do último Estado totalitário da Europa, que governa pelo medo e se mantém pela chantagem.

Esperemos que o atual PDG seja menos tenebroso do que os dois antecessores.

 

9 thoughts on “A solidão e a fé”
  • Oscar

    “Um crente faz o bem por interesse e o mal por obrigação”

    Carlos Esperança

    Se dúvidas existissem sobre o carácter eminentemente reaccionário do Carlos Esperança, este texto é um excelente exemplo.

    Uma das formas mais intelectualmente desonestas de agir é através de generalizações panfletárias, como aquelas que o escriba aqui doentiamente debita.

    Para ele, não há, pelos vistos, nenhuma pessoa religiosa que se oirente por razões etritamente éticas, de acordo com a sua boa consciência.

    Ou seja, o facto de alguém acreditar em Deus, torna-o imediatamente, para o mesquinho do articulista, num ser desprezível.

    Como se não existissem tantas e tantas pessoas que, ao longo da História, se comportaram com actos de genuína e desinteressada abnegação e bondade.

    Mas eu pergunto:onde estão, no mundo, os ateus e agnósticos organizados em associações humanitárias, em contraponto a inúmeras organizações de cariz religioso, que prestam inestimáveis serviços à humanidade ?

    Citem-me um exemplo de algum ateu ou agnóstico que tenha assumido historicamente a importância, por exemplo, de Martin Luther King, Gandhi ou Nelson Mandela.

    Claro que, para o mesquinho, homens com esta envergadura moral, todos eles religiosos, foram movidos apenas por interesses egoistas.

    Tal como o padre Maximilian Kolbe quando deu a vida por Franciszek Gajowniczek.

    Agora indiquem-me um exemplo, no holocausto ou em qualquer outra tragédia, de um ateu tenha dado a vida pelo seu semelhante.

    Um homem mesquinho, como o Catrlos Esperança, deve ser muito infeliz.

    Ele bem tenta esconjurar a sua amargura existencial, através da pútrida catarse, a que constantemente se exercita neste deplorável blogue.

    Mas o que verdadeiramente fica, em qualquer dos seus odiosos textos, é apenas a imagem de um velhaco.

    • antoniofernando

      Evidentemente, estiveste a olhar para o espelho enquanto escrevias. É mais do que evidente.
      Já agora: havia ateus no holocausto?

    • Molochbaal

      Caro metásto-fifi.

      Deve haver pessoas religiosas que se orientam por razões estritamente éticas.

      Mas a culpa de vos considerarem interesseiros não é do Esperança.

      Acontece que vocês próprios dão essa imagem, ao afirmarem que não pode existir ética sem que deus a defina, ao mesmo tempo que acreditam que esse deus castiga ou recompensa, segundo se siga ou não aquilo que ele define como ética.

      Esse é um dos vossos principais argumentos a favor da superioridade dos princípios religiosos.

      Acontece que existe um pequeno problema.

      É que o argumento é completamente idiota.

      Se vocês precisam de um deus para vos definir toda e qualquer ética, é porque vocês, por vocês próprios, não têm ética nenhuma, nem são capazes de compreender o que seja a ética, visto que precisam a todo o passo, que vos digam o que é a ética.

      Pior. Ao acreditarem k deus castiga ou recompensa, subvertem o valor intrínseco da vossa ética, que acaba por não passar de uma busca da recompensa e fuga ao castigo.

      Assim sendo, segundo a vossa argumentação, até os actos de um Kolbe acabam por ser estritamente interesseiros, visto que, em ultima análise, o seu sacrifício pelos outros não passou de um truque para alcançar uma recompensa.

      Salvar um homem não passou de comprar um bilhete para o paraíso.

      Ao afirmarem que, sem o que deus vos manda fazer vocês não sabem o que seja a ética e que acreditam que são recompensados com delícias eternas se fizerem o que ele manda e castigos eternos se não fizerem o que ele manda – vocês definem-se a vocês próprios como paus mandados sem um pingo de ética.

      A culpa não é do Esperança, é de vocês usarem argumentos completamente idiotas.

      • Carlos

        Judeus e holocausto é a tua especialidade.
        Não esqueças que és cúmplice dos milhões de foram dizimados nos campos de concentração nazis.

        • Molochbaal

          Ná.
          Eu já não sou cúmplice.
          Tu é que és.
          Não te esuqeças que dás toda a razão aos nazis que me expulsaram do blog, precisamente por eu defender os judeus.

  • RET

    Tamanha idiotice junta não se viu,

    depois que o salso mar a terra banha…

    Olha algo instrutivo:

    http://senzapagare.blogspot.pt/2014/09/fe-e-ciencia-em-conflito-ainda-nisto.html

    • Molochbaal

      Gostei especialmente da parte em que quase dão a entender que afinal não foi mal nenhum queimar vivo Giordano Bruno.

      • Carlos

        És um mentiroso e um ignorante.

        O que lá está escrito, e que serve para mostrar como os ateus são ignorantes e aldrabões é que Giordano Bruno não foi morto por defender a ciência, como tu e os outros aldrabões ignorantes deste blogue dizem.

        Gostei de saber que é no meio académico que figuras de relevo vos chamam aldrabões, ignorantes e imbecis.

        É, portanto, uma publicação académica e não um simples livro de divulgação.

        Cada artigo corresponde a um mito que é desmontado.

        Vou deixar aqui alguns, tirados do índice do livro:

        Mito 1. A ascensão do Cristianismo foi responsável pela morte da ciência antiga;
        Mito 2. A Igreja medieval impediu o desenvolvimeno da ciência;
        Mito 3. Os cristãos medievais ensinaram que a Terra era plana;
        Mito 7. Giordano Bruno foi o primeiro mártir da ciência moderna;
        Mito 10. A revolução científica libertou a ciência da religião;
        Mito 11. Os católicos não contribuíram para a produção científica;
        Mito 13. A cosmologia mecanicista de Newton eliminou a necessidade de Deus;
        e etc.

        Notem especialmente o mito 7: basicamente significa que o primeiro episódio da nova série Cosmos do Neil deGrasse Tyson começou com uma mentira – a de que Giordano Bruno foi um mártir da ciência. Sabe-se hoje que Giordano Bruno não passou de um feiticeiro que usava a teoria de Copérnico para defender as suas magias, não havia ciência ali.

        Na verdade, na introdução do livro, Ronald Numbers, que não é cristão, afirma que “nenhum cientista, tanto quanto é do nosso conhecimento, alguma vez perdeu a vida devido aos seus pontos de vista científicos”.”

        GOSTEI!

        • Molochbaal

          Caro fifi.
          O facto de um propagandista vosso resolver fazer um livro de propaganda vossa, não quer dizer que tenhamos de o aceitar como se fosse uma verdade divina.
          Aliás, se tu dizes que gostaste, tu, o maior aldrabão da net, cujo maior “argumento” é a burla dos nicks falsos e da falsificação de identidades, dá logo para ver a confiança que podemos ter no teu propagandista…
          Assim, por exemplo, Bruno não foi um cientista, mas foi um filósofo. Ora, como tu sabes, ou devias saber, se não fosses ignorante como um calhau, a filosofia está na origem da ciência.
          Concretamente, algumas das razões porque vocês o assassinaram, foi, precisamente, o ter adoptado as ideias científicas de Copérnico e ter ido mais longe, colocando as hipóteses, hoje reconhecidas como realidades, da existência de outros planetas, da possibilidade de vida fora da Terra etc.
          Assim, sem dúvida que vocês assassinaram Bruno TAMBÉM para tentar destruir a ciência.
          Quanto às outras razões, foram por simples concorrência. A vossa feitiçaria contra a dele, o que também não abona nada a vosso favor.
          Posto isto, confirma-se que nada vos distingue de um KKK. Vocês sempre recorreram à tortura e ao assassinato e ainsa hoje tentam esconder ou justificar os vossos crimes.
          Parece que, se a violência implica que não se possa ser cristão, de certeza vocês também não são cristãos.
          Conforme tu próprio dizias, para se ser cristão, não basta dizer que se é, como tu e a tua igreja o fazem, embora recorram à violência.

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