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  • 17 de Julho, 2014
  • Por Carlos Esperança
  • AAP

Associação Ateísta Portuguesa (AAP)

O padre e eu – TVI – 17-07-2014

Hoje estive mais de duas horas à conversa com um padre católico. Não é inédito, tenho padres amigos, mas não é frequente.

É um homem de 62 anos, afável, que andou mundo, de Timor à Bósnia, tenente-coronel capelão, conservador e tolerante.

Foi nos estúdios da TVI que nos demos a conhecer e, só os dois, ouvi dele confidências que não tenho o direito de revelar, nada que o diminua, apenas pela dúvida de ser assim a sua Igreja, embora polissémica.

No estúdio em direto, fiel às idiossincrasias eclesiásticas, julgou adivinhar o que pensa um ateu mas foi na negação desse Deus do Levítico e do Deuteronómio que vi que era uma pessoa de bem. Quando disse desse Deus da Igreja que é dele «essa não é minha Igreja», esqueceu a doutrina mas libertou o homem bom.

Não lhe ocorreram dois parágrafos do catecismo, em vigor, da Igreja católica:

«§121 – O Antigo Testamento é uma parte indispensável das Sagradas Escrituras. Os seus livros são divinamente inspirados e conservam um valor permanente, pois a Antiga Aliança nunca foi revogada».

«§123 – Os cristãos veneram o Antigo Testamento como a verdadeira Palavra de Deus. A Igreja sempre rechaçou vigorosamente a ideia de rejeitar o Antigo Testamento sob o pretexto de que o Novo Testamento o teria feito caducar».

É na heresia que os homens se entendem, sem o vírus da fé a separá-los. Foi-me grato o abraço espontâneo do padre católico, assoberbado com quatro missas diárias, mais uma do que é a permissão habitual. É um homem bom, não precisava da liturgia.

Falou da alegria da mãe dele a batizá-lo bebé, tal como um amigo meu a inscrever na Académica o primeiro neto, no dia do nascimento.

9 thoughts on “Associação Ateísta Portuguesa (AAP)”
  • JoseMoreira

    Existe, infelizmente, uma falsa ideia de que um ateu é inimigo de tudo o que diga respeito à religião. Por outro lado, também sei que há quem se escandalize com o facto de um ateu ser amigo de um crente, e vice-versa. Ora, nada obsta a que um crente e um ateu sejam bons amigos, independentemente das suas diferenças ideológicas.
    No caso concreto, apreciei com agrado uma parte do diálogo entre o sacerdote e o Carlos Esperança; o padre dizia, com a maior das naturalidades, e cito de memória, “os senhores acreditam que a vida veio da matéria, nós acreditamos que foi Deus”. E disse-o, o que me agradou sobremaneira, sem mostrar querer impor uma “verdade”, mas sim uma forma de estar na vida.
    Aliás, já me tinha agradado a sua intervenção anterior.
    Acho que estão todos de parabéns: o padre, o Carlos Esperança, e o Manuel Luis Goucha, pela forma como moderou o debate, chamemos-lhe assim.

    • Molochbaal

      Até conheço um crente que casou com uma ateia e tem um melhor amigo ateu.

      Curiosamente, também diz que os ateus são os maiores criminosos do mundo e ameaça os ateus de morte.

      • Molochbaal

        Numa típica noite de convívio entre família e amigos, o fifi ameaça sempre de morte a mulher e o melhor amigo.

        Aquilo estraga um bocado o ambiente, é certo, mas o casamento e a amizade são para os bons e os maus momentos…

  • João Pedro Moura

    CARLOS ESPERANÇA disse:

    “Quando [o padre Avelino] disse desse Deus da Igreja que é dele «essa não é minha Igreja», esqueceu a doutrina mas libertou o homem bom.”

    Pois, há uns padres “porreiros”, que até parecem nos dar alguma
    razão, mas a maleita lá está…
    … E a maleita é a doutrina da Igreja, é o catecismo, que vincula
    o católico ao Velho Testamento…

    Vir dizer que “essa não é a minha igreja”, equivale a não
    aceitar o Velho Testamento, coisa impossível para um cristão…

    No fundo, também equivale a dizer, como se estivesse num partido
    político ou numa associação qualquer, que concorda com isto e não com aquilo…

    Porém, numa associação terráquea, sem ligação divinal, os associados até podem dizer que dissentem disto ou daquilo, mas que terão de cumprir…

    Mas, numa igreja, em que se estipula a ligação divinal, um militante da mesma não pode praticar a liberdade de assunção de ideias, como se
    a doutrina religiosa fosse um ementário, donde se saca o mais convinhável e se pretere o demais…
    Não!
    A partir do momento em que uma igreja define um livro como sagrado, isto é, inspirado pelo seu deus, isto é, escrito por esse deus, através duns terrestres quaisquer, não pode haver padre Avelino nenhum que diga que “essa não é a minha igreja”, sob pena de contrariar o seu deus, através do seu representante oficial na Terra…

    Então, ou o padre Avelino se vincula inteiramente à doutrina da Igreja, ou, querendo e propalando liberdade de assunção, sai da mesma.

    Até porque, “assunção” é só com a “Nossa Senhora”…

    • GriloFalante

      Concordo. Não se pode correr o risco de haver democracia na Igreja. Mas também hemos de admitir que o conceito de “democracia” está um bocado abandalhado. Ainda há dias, e a propósito já não me lembro de quê, uma indignada internauta proclamava que “num país católico e democrático isto não aconteceria”, sem se dar, sequer, conta do retumbante oxímoro.

      • Molochbaal

        O conceito de democracia está um bocado abandalhado, é verdade.

        Razão tinha o meu Fuhrer quando mandou a democracia às malvas e meteu aquela maralha toda nos eixos.

        Heil Hitler !

        • Minnie

          Ó Toninho, e se fosses à merda tu mais os teus comentários de merda?

        • Molochbaal

          Caro fifi.

          És tu quem dá vivas à inquisição. Tu és o único aqui que defende o totalitarismo antisemita.

          Lembras-te ?

          PS

          Diz-me uma coisa.

          Os evangelistas também roubavam identidades ou só inventaram milagres falsos ?

          É que vocês todos são tão honestos…

    • Molochbaal

      Mas, por exemplo, o fifi diz k tem uma igreja só dele.

      No tocante a normas, eles são muito exigentes mas é com os outros.

      Por exemplo, insultam-nos por não seguirmos as normas deles, mas eles próprios só seguem as que lhes apetece.

      O fifi, por exemplo, diz que quem não acredite nos milagres da igreja é estúpido, mas depois diz que não acredita no de Fátima.

      O mesmo para nos andar a ameaçar de morte, o que para eles, é suposto ser um pecado mortal.

      Para eles arranjam sempre uma interpretação “metafórica” para violar todas as regras que dizem seguir.

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