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A Matança da noite de S. Bartolomeu

Por

Leopoldo Pereira

Do livro “Maria Stuart”, de Stefan Zweig, vou copiar, quase na íntegra, uma ínfima parte, que me prendeu a atenção: “…A excomunhão de Isabel (rainha de Inglaterra) em 1570 e a do Príncipe de Orange (Países Baixos) em 1580, pôs fora de lei os dois principais adversários do catolicismo e, desde que o Papa (Gregório XIII) celebrou como altamente louvável a matança de S. Bartolomeu, todos os católicos sabem que, suprimindo um dos inimigos mortais da fé, realizam um ato que não desagrada a Deus.”

S. Bartolomeu não tem nada a ver com a matança! Este apóstolo terá existido nos primórdios do Cristianismo e diz-se que teve morte trágica, em 24 de Agosto do ano 51 D.C., daí a Igreja celebrar o seu Dia em 24 de Agosto.

A Matança dos protestantes (huguenotes), ocorrida em várias cidades francesas, teve início na noite de 23 para 24 de Agosto de 1572 e foram assassinadas barbaramente inúmeras pessoas, número que pode ter chegado às 70 ou mesmo 100 mil. A responsabilidade do massacre é sobretudo da Casa Real Francesa (católica).

Como parênteses (lastimando a pouca sorte dos franceses assassinados em nome de Deus e homenageando-os) quero relembrar a célebre Cruzada Albigense (1209 – 1244), durante a qual foram eliminados muitos milhares de pessoas, não poupando velhos, mulheres e crianças. Ficou célebre a frase (não sei se do Papa Inocêncio III): “Matai-os todos, Deus reconhecerá os seus.” As operações militares e a Inquisição puseram termo aos focos de resistência.

Propunha-me desenvolver o tema da “Matança” (vastíssimo), já que entronca nas Reformas Protestante e Católica, quando na Internet deparo com um texto bastante completo sobre o assunto e, partindo do princípio que o autor não leva a mal, passo a transcrevê-lo:

“A noite de São Bartolomeu. O massacre abençoado.

Mais uma parte da história que os católicos não referem, mas que não conseguem apagar.

Data: 24 de agosto de 1572.

Fato: Mais de 3 mil protestantes foram brutalmente assassinados pelos católicos numa só noite. Estes assassinatos continuaram por meses, resultando na morte de 70 a 100 mil pessoas no total.

No século 16, quem comandava de fato a França não era o Rei, mas sim a Igreja Católica; ela estava totalmente infiltrada na nobreza. Não existia Estado Laico à época.

A reforma protestante era olhada com desconfiança pela monarquia francesa, que temia uma diminuição do poder, nas mãos dos nobres.

Ocorre que a reforma era uma contestação ao exagerado poder da Igreja Romana, que roubava tudo que podia do populacho. O aparecimento de um movimento que fizesse qualquer contestação era visto como inaceitável para os católicos franceses, que deveriam ser uns 90% da população.

Como as religiões nunca foram exemplos de tolerância nem de convivência, católicos e protestantes estavam constantemente em pé de guerra. O sonho de qualquer religião é acabar com a concorrência, já que sempre julga que a sua é a única verdadeira. Esta chance surgiu para os católicos e não foi desperdiçada.

A França era governada por um rei de 22 anos, Carlos IX, reconhecidamente incompetente, que não conseguiu resolver os conflitos religiosos e era dominado pela mãe, Catarina de Médicis, quem de fato governava.

Para amenizar os conflitos religiosos, a Casa Real Francesa, comandada pela rainha-mãe Catarina, fez um pacto de não-agressão com os protestantes da linha Calvinista, designados por huguenotes. Neste pacote de boas intenções colocou um conselheiro calvinista, o almirante Coligny, junto do filho (Rei Carlos IX), e ofereceu a filha Margot (irmã de Carlos IX), em casamento ao protestante Henrique de Navarra. Os nobres católicos franceses observavam com muita desconfiança o casamento, que se realizou ao lado da Catedral de Notre Dame, pois o noivo, não sendo católico, não podia entrar!

Poucos dias após o casamento, a rainha e alguns nobres urdiram um atentado contra Coligny, mas não teve o sucesso esperado, já que o visado apenas ficou ligeiramente ferido.

O atentado abalou a frágil trégua alcançada e os católicos habilmente espalharam boatos que implicavam os huguenotes num atentado contra o rei, que estariam preparando para se vingarem. O rei, que antes estava do lado do seu conselheiro, ordenou a cruel execução de Coligny, por pressão da mãe.

Depois dessa execução, resolveu fazer um trabalho completo. Ao amanhecer do dia 24 de agosto, mandou Henrique de Navarra parar com a lua-de-mel e concedeu o que os religiosos chamam de livre arbítrio, escolher entre a abjuração do protestantismo ou ser atravessado por uma espada. Navarra abjurou, mas foi preso, tendo fugido da prisão passados quatro anos; os amigos que o acompanhavam foram desarmados e passados à espada.

A seguir convocou um fanático religioso chamado Claude Marcel, para organizar os chefes de bairro, de forma a não se deixar nenhum “desses ímpios” escapar.

A partir daí, Paris é palco de uma carnificina que durou até finais de Outubro de 1572 e se estendeu a outras cidades francesas.

No dia 26, dois dias depois da largada para os assassinatos em massa, o rei Carlos IX dirigiu-se ao Parlamento e foi aclamado pelos parisienses.

Decorridos dois anos, este rei morre, não de remorso, mas de tuberculose!

Henrique de Navarra, como sabemos, não teve uma lua-de-mel abençoada e viu-se obrigado (cobardemente?) a “optar” pelo catolicismo; esteve quatro anos preso no Louvre e conseguiu fugir para a Espanha. Mais tarde tornou-se rei da França e concedeu a igualdade de direitos políticos aos huguenotes.

O Papa da época, Gregório XIII, de tão feliz que ficou, agradeceu a Deus com uma missa Te Deum e mandou cunhar uma moeda comemorativa, onde mostra anjos de espada na mão, eliminando os opositores. Depois encarregou o pintor Giorgio Vasari de pintar um mural, celebrando o massacre.

E ainda há quem não queira que o Estado seja LAICO (22/08/2012)”

NOTA 1: O nome do autor constava do cabeçalho, mas não ficou na cópia. Tentei procurar de novo e já não encontrei. Peço desculpa pela omissão.

NOTA 2: A Igreja apresenta a versão do “atentado ao Rei” como desculpa para o Papa ter apoiado a perseguição movida pela Casa Real Francesa aos protestantes; o Papa só terá sido informado dos “maus” que queriam matar o Rei…

L. Pereira, 14/07/2014 – DIA DA FRANÇA

9 thoughts on “A Matança da noite de S. Bartolomeu”
  • Luís

    “Mais uma parte da história que os católicos não referem, mas que não conseguem apagar”

    ” Os católicos” serão alguma categoria de indivíduos, que pensam todos da mesma forma, Leopoldo ?

    Onde é que você se foi basear para atacar de forma totalmente generalizada o grupo de católicos à escala mundial ?

    Acha que isso é que é uma forma ética e não mesquinha de você se manifestar ?

    • Jornalista

      Tens toda a razão, antoniofernando. Tu, pelo menos, todos os dias denuncias as atrocidades da tua Igreja. Isto, embora tenhas o teu conceito de deus muito próprio, assim como um deus de bolso.
      És um idiota chapado!

    • Deusão, o verdadeiro

      o termo “católicos” refere-se à parcela particular dos asnos crentóides adeptos do rastrejódomo praticado em Roma e cujo chefe é o chico I. Se ele quisesse se referir a todos os seguidores de xeçuis teria usado o termo “crentinos” (crente cretino). E se fosse só em relação à outra praga, usaria “evanjegues”. Entendeu, antolo ?

    • Molochbaal

      Todos não. Mas os anormais como tu que aparecem aqui sempre a tentar branquear os crimes da tua igreja, pensam exactamente da mesma forma que os autores dos vossos crimes.

      Para quem tenha dúvidas, até já aqui gritaste vivas à inquisição…

  • Luís

    Pela amostra da intervenção do Leopoldo, do Jornalista e do Deusão, onde é que estão neste blogue os ateus intelectualmente evoluídos ?

    Que saibam argumentar de uma forma inteligente e civilizada ?

    Onde estão ?

    Não acredito que os ateus se resumam a este tipo de paquidermes.

    • Luísa G

      É assim que eu gosto de ti. acabas sempre para vir para onde eu quero. Agora, só te falta aprender a rolat no chão, mas lá iremos. Lindo menino, vou oferecer-te um dildo de recompensa. Olha, ofereço-te o meu, que é do melhor que há.

      • Molochbaal

        Não lhe ofereças isso. Olha que ele aceita.

        É que é muito esquisito que um gajo que diz que detesta isto passe aqui mais tempo que os outros todos juntos.

        Ele deve gostar da dor.

        Se lhe emprestares o dildo, ele vai dar cabo dele, por excesso de brutidade na utilização.

    • Molochbaal

      Por forma inteligente e civilizada queres dizer como tu, quando ameaças de morte, gritas vivas à inquisição e falsificas nicks ?

      • Molochbaal

        Ah, já percebi.

        Por forma “inteligente”, o fifi quer dizer as suas bacoradas do costume, como dizer que o massacre de Béziéres, não foi devido a querer submeter os cátaros à vontade papal. Porquê esta estranha afrimação do fifi ?

        Segundo o fifi, porque esse massacre foi parte de uma cruzada.

        Como, por definição, as cruzadas são pregadas pelos papas, temos aqui um protótipo de resposta “inteligente” à la fifi.

        Basicamente trata-se de dizer qualquer idiotice que lhe venha à cabecinha.

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