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  • 5 de Julho, 2014
  • Por Carlos Esperança
  • Laicidade

Em nome da liberdade (2)

Talvez não possamos referir-nos à liberdade e à cultura, devendo antes falar de culturas e liberdades, pelo respeito que é devido à diversidade e idiossincrasias no Planeta, mas não podemos negar os caminhos que a Humanidade percorreu ao longo dos séculos e os avanços nos direitos humanos cuja Declaração Universal só foi adotada, pelas Nações Unidas, em 10 de dezembro de 1948.

O que não podemos aceitar, em nome de uma cultura ou da tradição, é a tortura, a pena de morte, o esclavagismo, a discriminação de género ou mutilações rituais, quer se trate da excisão do clitóris, de amputações ou de crucificações pias, voluntárias ou não.

Há valores civilizacionais que limitam as liberdades e, no entanto, devem ser impostos. Incoerência? – Talvez. Julgue-os cada um, segundo a sua cultura e os seus preconceitos.

Vacinas, instrução e normas de higiene devem ser obrigatórias, tal como a igualdade de todos, perante a lei. Não podemos, em nome do multiculturalismo, aceitar a punição de quem renuncie a uma religião e opte por outra ou nenhuma. Não equiparamos a fé e a razão, a civilização e a barbárie, a tradição e os trinta artigos da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Este código, tão difícil de aceitar, devia ser de cumprimento universal e obrigatório, sujeitando a sansões quando violado.

Chamem arrogância e prepotência ao comportamento dos países civilizados que exigem fidelidade às normas de conduta que a modernidade e o cosmopolitismo impõem. Pais que vendem filhas, na Europa acabam na prisão e em outras partes do Mundo exercem um direito. Será legítimo coartar a liberdade de venderem as filhas? Claro que é, embora não entendam que, estando esse direito consagrado nos livros sagrados, lhes possa ser vedado por homens ímpios e vagamente jacobinos.

Em Salamanca, na velha Universidade, um general franquista, Millán Astray, mutilado no corpo e no espírito, gritou “morra a inteligência, viva a morte!”, e o reitor, católico e conservador, culto e humanista, Miguel de Unamuno, retorquiu, corajoso: «Não! Viva a inteligência! Morram os intelectuais ruins!», em homenagem à vida e à inteligência cuja defesa tomou perante a beata mulher de Franco, o execrável e acéfalo futuro ministro da Propaganda do genocida e uma infindável plateia de fascistas onde não faltava o bispo.

Foi em nome da liberdade que Unamuno, grande filósofo e intelectual, continuou: «Este é o templo da inteligência e eu sou o seu sumo sacerdote! Vós estais profanando este recinto sagrado. Tenho sido sempre, digam o que disserem, um profeta do meu próprio país. Vencereis porque tendes de sobra a força bruta. Mas não convencereis porque para convencer há que persuadir e, para persuadir, falta-vos algo que não tendes: a razão e o direito. Mas parece-me inútil refletir no que pensais, em Espanha».

Os militares fascistas sacaram das pistolas e a vida de Unamuno foi salva pelo braço de
Carmen Polo, a mulher do genocida Francisco Franco, enquanto Millán Astray gritava, “Tire o braço da senhora!”

Nesse mesmo dia, o Conselho Municipal decretou a expulsão de Unamuno.

Viva a vida! – repito eu –, em apoteose a um bem único e irrepetível.

7 thoughts on “Em nome da liberdade (2)”
  • farto

    Estou farto de política.

    Este não é um site sobre ateísmo ?

    E não há ateus fascistas ou até nazis ?

    • hehe

      É antoninho, é.
      Mas tu és burro não entendes a ponta d`um corno.
      Vai lá ver o melhor amigo da tua maravilhosa esposa ateia. Vai, desanda.

  • Zeus

    Este site já deu tudo o que tinha a dar.

    • farto

      Pois deu fifi. E foste tu que acabaste com ele como tinhas prometido. Queres a taça?

      • Molochbaal

        Perdão. Em primeiro lugar é falso k o fifi não ache o diário o máximo porque passa cá o tempo todo.

        Em segundo lugar é prova da importância do diário que até um crente o ache importante, ao ponto de cá passar a vida.

        Tipo monge de clausura, isto para ele funciona como um verdadeiro mosteiro virtual. É a abadia de S. Esperança, santinho da devoção do fifi.

        O fifi dá muito mais importância ao ateísmo do que qualquer um de nós.

        Por ultimo, vocês são muito mal agradecidos. Sabem quanto custa um palhaço para animar eventos ? O diário tem um palhaço à borla. Todo o ano, há anos, todos os dias, de manhâ, à tarde e à noite. E ainda dizem mal dele ? Isto é DEDICAÇÂO ao diário ateísta, o sitío mais importante da net – para o fifi.

    • Molochbaal

      Pelos vistos, tu não concordas contigo mesmo e achas isto o máximo.

      De outra forma não eras o gajo que passa cá mais tempo.

      A menos que sejas completamente idiota e passes o tempo todo num blog que detestas, tu adoras isto.

  • joão souza

    declaração de direitos humanos é conversa pra boi dormir… só os tolos crêem nela

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