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  • 4 de Julho, 2014
  • Por Carlos Esperança
  • Laicidade

Em nome da liberdade

As suscetibilidades pias são um episódio na escalada contra a laicidade. A substituição do direito divino pela soberania popular foi um passo para a democracia e uma grande deceção para o clero.

A liberdade é um bem escasso. Limitada pela opressão dos Estados, tolhida pelo medo individual e fanatismo religioso, precisa de quem a defenda contra tudo e contra todos.

A publicação de caricaturas de Maomé desatou, há anos, a ira do Islão e os desacatos, ameaças e violência do fascismo islâmico. Os cristão opor-se-ão ao escárnio do calvário de Cristo ou da virgindade de Maria, e a liberdade de expressão regressará ao escrutínio dos clérigos que ao longo dos séculos oprimiram a Humanidade.

Recordamo-nos do trauma das perseguições da inquisição, da celeuma do preservativo colocado em sítio menos óbvio – o nariz de João Paulo II –, pelo cartoonista António e do assassínio de um médico por um pastor evangélico, na sequência da prática de um aborto, nos EUA.

Temos o direito de caricaturar Deus, afirmou então, em França, o jornal France Soir, após a publicação dos desenhos de Maomé: «OUI, on a le droit de caricaturer Dieu».

Se nos deixarmos tolher pelo medo, não tarda que o poder seja de novo confiscado pelo clero, que sempre reivindicou procuração divina, e que sejam postos em causa direitos, liberdades e garantias arduamente conquistados ao longo dos séculos.

Dar publicidade aos testemunhos de irreverência, humor e heresia não é provocação aos crentes, é um ato de cidadania em defesa da liberdade de criação, uma ousadia contra a chantagem, uma advertência de quem resiste ao medo, à violência e às bombas.

Não faltarão cobardes a dizer que «deve haver um certo cuidado» e que «talvez não seja sensato». A pusilanimidade não conhece limites.

Defender o direito à blasfémia é um ato de solidariedade para com criadores artísticos, órgãos de comunicação social que os acolhem e países que não se vergam à histeria da fé e ao fascismo religioso. É também uma forma de homenagear Salman Rushdie cuja condenação à morte teve do Vaticano, do arcebispo de Cantuária e do Rabino Supremo de Israel uma posição favorável ao aiatola Khomeini quando, na sua piedosa demência, o condenou à morte, pelo abominável crime de…ter escrito um livro.

Se os crentes, de qualquer fé, por mais idiota que seja, entenderem caricaturar os ateus, apelidá-los de burros, idiotas e patetas, estão no seu direito. Todos temos de aprender a tolerar o direito de opinião dos que discordam de nós, por mais injustos e provocadores que sejam. O direito de expressão tem de estar acima do direito à repressão.

Quando o grotesco Califado com que gerações de jihadistas sonharam acaba de nascer entre a Síria e o Iraque, e os facínoras da fé instauram o Estado islâmico nos territórios que controlam, não há caricaturas e insultos que bastem, urge repor a salubridade nos territórios que as mesquitas e madraças ameaçam tornar insalubres. Por todos os meios.

11 thoughts on “Em nome da liberdade”
  • Zeus

    O Carlos Esperança anda a desiludir-me e muito

    Então agora já permite, ou até instiga, que a crentalhada aqui venha insultar os ateus de “burros, idiotas e patetas” ?

    Ao que isto chegou. Estou espantado para a minha vida.

    E eu que pensava que este blogue era só nosso…

    • farto

      Estás mal antoninho.
      Já andas a falar sozinho… é o pior que pode acontecer a um troll.
      As melhoras filho…

  • joão souza

    Liberdade de expressão à francesa !!!
    restabelecimento de califado ?? puta mentiras !!!
    O blog deveria falar do despotismo dos porcos sionistas!!!

    • Tretas

      Olha, mais um atrofiado que pensa que vai salvar as criancinhas do mundo com demagogia política. Vai lá defender os teus amiguinhos islâmicos para Cuba ou para a China. Nesses dois países não há censura nem se atropelam os direitos humanos…

      • joão souza

        o que é que comunismo tem a ver com islamismo ??
        WTF ?

        • Tretas

          É tudo a mesma treta. Filosofias da treta. Nada mais que isso.

          • joão souza

            sim… realmente….
            Karl Marx… sempre rezava voltado pra Meca…
            (ironic mode)

  • joão souza

    viva a blasfêmia !!

  • joão souza

    quem é que patrocina mesmo esses “jihadistas” na Síria ?? oras…
    a Casa Branca….
    a mesma que patrocinou Osama na Era Reagan…..

    sim… eu acredito em CIAlifado…..

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