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Espanha – o render da guarda do rei-pai e da rainha-mãe

Felipe de Borbón e a sua consorte Letizia Ortiz serão em breve, respetivamente o rei e a rainha de Espanha. Talvez os últimos, apesar da honrosa linhagem da futura rainha.

A abdicação do rei-pai e, por inerência, a passagem a rainha-mãe da indulgente esposa, transmite por herança uterina ao filho varão o fausto e o poder simbólico que, num país laico, vai passar por uma catedral com borrifos de água benta de um hissope brandido vigorosamente por um cardeal da Igreja católica.

Franco, que se cumpliciou com o Opus Dei, que o iluminou, deixou à Espanha o regime que nunca foi sufragado, e que terá de expirar de uma só vez, porque as monarquias não estão sujeitas a votações periódicas e democráticas.

O direito divino é o anacronismo que a inércia e as cumplicidades suspeitas perpetuam. Talvez por isso, hoje , em Madrid, e um pouco por toda a Espanha, desfraldaram-se bandeiras da República. Não foi a semente a germinar, foi o fruto maduro de quem não se conforma com poderes não escrutinados, de quem não distingue os glúteos de uma rainha das nádegas de uma camponesa, de quem não vê na anatomia de um útero real as diferenças do órgão em que qualquer mãe gera um filho.

Viva a República.

6 thoughts on “Espanha – o render da guarda do rei-pai e da rainha-mãe”
  • ..

    Viva a República.

  • M.

    Se o problema do regime espanhol é nunca ter sido sufragado, suponho que concordem também com um sufrágio à nossa Republica Portuguesa, que, se não estou em erro, também não é resultado de um escrutinio popular.

    • Oscar

      Há uma ” pequena” diferença: a monarquia não é uma forma democrática de representação nacional, pois um monarca não é eleito, ao contrário do que sucede nas repúblicas.

      É uma ” pequena” diferença que faz toda a diferença entre a monarquia e a república.

      A República Portuguesa não foi de facto resultado de um escrutínio popular, é historicamente exacto.

      Nem o 25 de Abril de 1974, nem a queda de Marcello Caetano.

      E então, vamos também sufragar a Democracia, o 25 de Abril e a queda de Marcello Caetano ?

      Vamos fazer um referendo sobre viver em Democracia ou em Ditadura, partindo do pressuposto de que o povo pode querer viver democraticamente em ditadura ?

      Um referendo democrático ?

      • M.

        A associação entre Republica e Democracia é errada. Basta olhar para dois paises como Portugal e inglaterra e perguntar-se qual dos dois é mais democrático.

        Se um povo quiser viver em ditadura não será necessário um referendo, pois com certeza terão um ditador em mente e emprestar-lhe-ão a sua forçapor meios mais convenientes a uma ditatura. Ainda assim, na minha defesa acérrima da liberdade de cada povo, se alguma população quiser com efeito referendar se quer uma democracia ou uma ditadura, eu defendo o seu direito ao referendo. E claro, farei campanha e votarei pela democracia.

        De outra maneira, independentemente das boas intenções, estamos a ir contra um dos mais básicos direitos humanos, o direito à liberdade. Já C. S. Lewis dizia que a pior ditadura é aquela que é feita a pensar no bem dos cidadãos.

        Por fim, se levarmos a sua posição às últimas consequencias, teremos de fazer o possivel para obrigar a União Europeia e a NATO a impõr sanções à Inglaterra até deixarem de ser uma Monarquia, ou mesmo forçar uma guerra ou golpe de estado. Sabendo que os Ingleses preferem a sua monarquia “pouco democrática” à republica.

    • Zeus

      ?????

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