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É preciso matar esta tristeza

 

Por coincidência, e após vários dias a discernir sobre uma matéria que sempre me suscitou reflexão, eis que deparo com o texto de um grande escritor, de seu nome Baptista Bastos, que vem precisamente ao encontro da linha de pensamento que procurei reproduzir em breves palavras, e que pode ser lido aqui: http://www.dn.pt/inicio/opiniao/interior.aspx?content_id=3802752&seccao=Baptista

Abordando a questão com a tenacidade, a cultura e a experiência de vida que caracterizam o escritor, julguei não ser necessário alongar-me demasiado na leiga elucubração que me propus desenvolver, uma vez que o texto de Baptista Bastos reflete na perfeição muito do que pretendia dizer. Fica, contudo, o apontamento de um assunto que julgo ter relevância para um debate sério.

 

 

Vivemos tempos difíceis. A crise económica abateu-se sobre o país com a força de um tsunami deixando a descoberto as nossas centenárias fragilidades, habilmente varridas para debaixo do tapete da ilusão e da esperança ao longo de vários mandatos políticos excessivamente populistas ou escandalosamente interesseiros.

Não obstante as esparsas manifestações de desagrado e o sentimento de revolta que alimenta frívolas conversas de ocasião ou acesas discussões em fóruns ou blogs da internet, a sensação com que se fica deambulando pelas ruas é a de uma incapacidade quase congénita para reagir de forma eficaz à adversidade que nos anestesia o espírito e nos açaima a vontade, tão bem retratada no dizer de uma célebre figura pública – “O país aguenta mais austeridade? Ai aguenta, aguenta!”. Como se o soubesse. Como se este fado que assumimos e cantamos fosse um dado adquirido, um protótipo de destino traçado a priori para um indulgente desgraçadinho.

Somente agindo se reage. Só que nós reagimos como um peixe-balão – inchamos o peito e mostramos ao predador que não estamos para brincadeira mas ficamo-nos por aí, o peito inflado de ar, a suster a respiração, ansiando que não nos devorem, confiando na nossa capacidade de apneia. E nunca questionamos de onde nos vem essa capacidade ou inclusive que necessidade temos de constantemente a exercitar.

Interiorizámos o espírito de mártir, de exímio sofredor, um fardo obscuro e demasiado pesado que não raras vezes nos é apontado como característica digna de elogio apesar de nos condicionar a objectividade e a evolução.

A esta particularidade não estarão isentos de responsabilidade demasiados séculos sob o jugo do cristianismo, no nosso caso sob a vertente cristã em comunhão com a Igreja de Roma, cultivando uma experiência existencial demasiado assente no sofrimento, no julgamento, no arrependimento, no castigo, na aceitação acrítica do status de poder de quem inexorável e tiranicamente o define e, em particular, na adoração desprovida de racionalidade ao mito apocalítico da redenção e da salvação, fatores que moldaram uma identidade colectiva quase castradora que teima em emergir em períodos de maior dificuldade, embora se imponha ao imaginário social como reconfortante, otimista e esperançosa.

Apesar do sangue fresco injetado pelas recentes revoluções políticas e sociais, com destaque para o 05 de outubro de 1910 e para o 25 de abril de 1974, a transfusão que alvitrava rejuvenescimento nunca se chegou a concluir e os sintomas tendem a surgir a espaços como a recrudescência da malária. Há uma tristeza inatural que inexplicavelmente nos permeia a identidade sociocultural, tal como o olhar de comiseração das estátuas dos santos perpassa, condiciona e emociona o espírito dos crentes, reprimindo a liberdade do livre pensamento e comprometendo o espírito crítico necessário para a contraposição.

No mês em que se comemora a laxativa revolução dos cravos, sublevação adiada pela inanição colectiva e que nos libertou tardiamente de um longo inverno de opressão clerical fascista, urge refletir e repensar os objetivos capitais que estiveram na génese da mesma, sabendo nós de antemão que nenhuma revolução sobrevive eternamente em autofagia.

Todo o futuro se constrói sobre as ruínas do passado. E nada nos espera senão o futuro. É preciso matar esta tristeza!.

12 thoughts on “É preciso matar esta tristeza”
  • Molochbaal

    Cá para mim, a tristeza é que nos vai matar a nós.
    O povo está embrutecido por futebol, fátima e telenovelas. Do ponto de vista ético, foi criado num sistema que encoraja a inveja e a mesquinhez, a competição do todos contra todos, mesmo quando não há nada por que competir e até, quando teria tudo a ganhar pela cooperação com o próximo.
    Nestas condições, perante um inimigo que controla o dinheiro, os principais partidos e as igrejas, temo que não haja nada a fazer.

    • Eu Não Sou o Molochbaal

      Ó tadinho, tão triste.

      E se fosses lutar contra o capitalismo selvagem em vez de te pores a mandar palpites no DduA não serias mais consequente, grande cobardolas ?

      Agora deu-te para ficar tristinho com o futebol, fátima e telenovelas.

      Tadinho, baixou os braços.

      • Molochbaal

        Sim fifi.

        Tu a apoiares a igreja conservadora que apoia partidos como o CDS e PSD é que combates imenso o capitalismo selvagem.

        Por merdas como tu é que nós estamos assim.

        • Eu Não Sou o Molochbaal

          Mas ó grande aldrabão de merda, tu é que achas muito bem que Franco tenha apoiado a Igreja Católica.

          Portanto, és tu quem estás do lado dos monstros de Guernica,

          És o que se chama um facho retinto.

          • Molochbaal

            Claro que acho.

            Porque, se vocês apoiaram Franco, não é nada comigo.

            Tal como vocês, também Nato, os EUA, a rainha de iInglaterra, etc etc, também apoiaram Franco, para defender os seus interesses.

            Só me permito dizer que, se vocês apoiaram Franco, não podem dizer que sempre defenderam a cultura da vida.

            Ora como vocês dizem que sempre apoiaram a cultura da vida e ao mesmo tempo apoiaram Franco, logo, para além de terem apoiado Franco, são uns mentirosos de merda.

    • David Ferreira

      Há sempre algo a fazer, Moloch.

      • Molochbaal

        Não sei.

        O mundo é dos fifis.

        São os aldrabões de merda que fazem isto girar.

        Fifis como o deste blog, podemos ver, só a nível nacional, num Relvas, num Barroso, num Dias Loureiro, num Passos.

        O mundo é deles.

        Para quem chafurda na aldrabice isto nunca esteve tão bom.

        • Eu Não Sou o Molochbaal

          Conheces este Molochbaal, apoiante do genocida Franco ?

          ” A Igreja pode apoiar Franco. Pode. Se acha que faz bem, eu acho muito bem que apoie”

          Molochbaal, Apoiantes do Genocida Franco, DduA, 11/5/2013

          P.S. Não achas que é mesmo um porco fascista ?

          • Molochbaal

            Sim fifi.

            E, segundo as tuas outras citações nada manipuladas, sacrifico crianças todos os dias e sou a favor da execução das mulheres que não acreditem em Alá.

            Estás a ver o que valem as citações da tua igreja, que “provam” que Romero foi apoiado pelo papa ?

            Valem o mesmo que as tuas.

            Mentirosos de merda como tu manipulam como quiserem.

            Mas só acredita em vocês for burro ou desonesto o suficiente para isso.

          • Molochbaal

            Entretanto, essas tuas citações muito “honestas” a meu respeito, são precisamente o exemplo do que estou a dizer.

            Em Portugal, por exemplo, os maiores inimigos da causa de Abril, a direita, até já dizem que são eles os verdadeiros representantes dos valores de Abril e não quem realmente fez a revolução.

            E também apresentam muitas citações para o “provar”.

            Alegra-te fifi, o mundo pertence a escumalha como tu.

            Ainda vais arranjar buéda citações, convenientemente descontextualizadas, a “provar” que o banco do vaticano é o cúmulo da honestidade e que Relvas é o maior defensor dos valores de Abril.

            Ah. E já agora falsifica mais uns centos de nicks.

            Força animal. Mostra-nos a merda que és.

          • Eu Não Sou o Molochbaal

            És um porco fascista, não adianta quereres apagar o teu comentário elogioso a Francisco Franco.

            Por muitas palavras que queiras gastar, factos são factos.

            Ora repara, badalhoco:

            ” A Igreja pode apoiar Franco. Pode. Se acha que faz bem, eu acho muito bem que apoie”

            Molochbaal, Apoiantes do Genocida Franco, DduA, 11/5/2013

          • Molochbaal

            Sim fifi, vocês apoiaram franco.

            O que é que aquilo que eu sou ou deixo de ser tem a ver com isso ?

            Se eu fosse fascista tu tínhas-me apoiado.

            Porque tu és a puta da igreja.

            Dás o rabo a quem der dinheiro á tua patroa.

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