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João Paulo II (JP2) – a canonização agendada

A morte de JP2 relembrou a dor e sofrimento manifestados na URSS quando o pai da Pátria, José Estaline, exalou o último suspiro, e o histerismo demente que rodeou a morte do aiatola Khomeini em todo o mundo árabe, particularmente no Irão. Em comparação, as mortes de Franco, Salazar e Pinochet foram choradas de forma contida.

O absolutismo papal que restaurou com o apoio entusiástico do Opus Dei, Libertação e Comunhão, Legionários de Cristo e outros movimentos integristas, tornou JP2 o Papa da Contrarreforma, antimodernista, infalível, intolerante, substituindo os arcaicos autos de fé pela propaganda e pela diplomacia.

O Papa da Paz, como os adeptos o designam, apoiou a Eslovénia e a Croácia (católicas) e a Bósnia e o Kosovo (muçulmanos) contra a Sérvia cuja obediência à Igreja Ortodoxa constitui um entrave ao proselitismo papal que tem nos ortodoxos a principal barreira ao avanço do catolicismo para leste. Já assim foi na II Grande Guerra.

A proteção aos padres que participaram ativamente no genocídio no Ruanda é mais um desmentido ao boato sobre o alegado espírito de paz que o animava.

A intervenção de JP2 a favor da libertação de Pinochet, quando foi detido em Londres, é coerente com a beatificação de Pio IX, do cardeal Schuster, apoiante de Mussolini e do arcebispo pró-nazi Stepinac. O apogeu da afronta foi a canonização veloz do admirador de Franco e fundador do Opus Dei, Josemaria Escrivá de Balaguer.

JP2, ele próprio profundamente supersticioso e obscurantista, chegou a ser obsceno na forma como engendrou milagres para 448 santos e 1338 beatos cujos emolumentos contribuíram para o equilíbrio financeiro da Santa Sé e para o delírio beato dos fiéis.

Desde a prática do exorcismo à exploração de indulgências, da recuperação dos anjos à aceitação dos estigmas como sinal divino (canonizou o padre Pio), tudo lhe serviu para alimentar a fé de sabor medieval e o desvario místico.

O horror que nutria pela contraceção, o aborto, a homossexualidade e o divórcio são do domínio da psicanálise. O planeamento familiar era para o déspota medieval um crime. Considerava a SIDA um castigo do seu Deus e, por isso, combateu o preservativo, tendo o Vaticano recorrido à mentira, afirmando que era poroso ao vírus (2003). A misoginia, a conceção do carácter impuro da mulher e o horror à emancipação feminina foram compensados pelo culto insalubre da Virgem, recuperado da tradição tridentina.

Como propagandista da fé, pressionou Estados, intrometeu-se na política de numerosos países, ingeriu-se nos assuntos relativos ao aborto, à eutanásia ou ao divórcio e instigou populações contra governos legítimos, democraticamente eleitos. Apoiou os comandos antiaborto, estimulou a desobediência cívica, em nome da fé, pressionou a redação da prevista Constituição Europeia e chegou ao disparate de pedir aos advogados católicos que alegassem objeção de consciência e se negassem a patrocinar divórcios.

O Papa da Paz que condenou a atribuição do Nobel da Literatura a José Saramago; que envidou todos os esforços para obter o da Paz para si próprio, que justamente lhe foi negado; que excomungou o teólogo do Sri Lanka, Tyssa Balasuriya por ter duvidado da virgindade de Maria e defendido a ordenação de mulheres; que perseguiu e reduziu ao silêncio Bernard Häring, Hans Küng, Leonardo Boff, Alessandro Zanotelli ou Jacques Gaillot; que marginalizou Hélder da Câmara e abandonou Oscar Romero; que combateu o comunismo e ficou em silêncio perante as ditaduras fascistas; João Paulo II morreu uns dias depois de o Vaticano ter proibido a leitura ou a compra do «Código Da Vinci», do escritor Dan Brown, e sem nunca ter censurado a fatwa que condenou à morte o escritor Salmon Rushdie.

O Papa que morreu, segundo a versão oficial, no dia 02-04-2005 (soma=13), às 21h37 (soma=13), curiosidades «assinaladas» pelo bispo de Leiria/Fátima, foi o beato algoz da liberdade, déspota persecutório, autocrata medieval e fanático supersticioso.

Foi ele que consternou chefes de Estado e de Governo, que alimentou os noticiários de televisões de todo o mundo, que rendeu biliões de ave-marias e de padre-nossos, que ocupou milhões de pessoas a rezar o terço, vestígio do Rosário da Contrarreforma, que recuperou.

O Papa que morreu era certamente uma pessoa de bem que escondeu essa faceta para ser celebrado por dignitários políticos, religiosos e outros hipócritas. É deste Papa de que falo, e que conheci, que deixo hoje, nesta página, o esboço.

A canonização de JP II é capaz de deslustrar a imagem que a propaganda construiu em torno do papa Francisco, um papa que tanto pode prorrogar o prazo de validade da sua Igreja como tornar-se para o Vaticano o que Gorbatchov foi para a URSS.

12 thoughts on “João Paulo II (JP2) – a canonização agendada”
  • stefano666

    dizem as más línguas que ele trabalhou numa fábrica de Zyklon B na 2ª guerra…

    • pedro

      -|- -|-
      M MA
      -|- Santa Filomena

      Stefano666
      Estás pronto?
      Gostaria que tu te virasses para Santa Filomena.
      Santa Filomena te proteja, guie e auxilie.

  • Molochbbaal

    JP II fez Icar recuar 100 anos, para mim é simplesmente um criminoso.responsável pelas questões “fracturantes”.

    A icar, se, realmente, desejasse o bem das pessoas, seria a pioneira, nos direitos dos homos, na igualdade de género e luta contra o neoliberalismo.
    Assim como é, vemos que nãp passa d emercenária dos interesses de ricos e conservadores.

    • stefano666

      J23 e P6 também não eram nada bonzinhos…
      nem vou vou falar P12 por razões óbvias.
      JP1 era o melhor… sem dúvidas… mas foi “se encontrar com Deus” 1 mês depois por “saber demais”.

  • Francisco Neto

    Tanto ódio acumulado… tenho pena por si Carlos….

    • Molochbaal

      Yap. O Esperança é ktem ódio, apenas por comentar os vossos crimes.

      Vocês, que aqui ameaçam de morte toda a gente que comente os vossos crimes, é que estão cheios de amor.

      Tanto os vossos crimes, como as vossas ameaças – promessa de cometer mais crimes – é que são provas de amor.

      A ultima vez que vi um amor como o vosso, foi nos filmes do Hannibal, the cannibal…

      Tão amorosos que vocês são.

      • Manuel Lopes

        A FALÁCIA DO ESPANTALHO, que você constantemente usa nos seus comentários, tem perna muito curta.

        Valeria o mesmo que alguém evocar as monstruosidades cometidas por outros ateus, para depois vir aqui acusá-lo de você também ser um criminoso. E de também ser responsável pelos crimes cometidos por qualquer outro ateu.

        Você é muito baixo de carácter.

        • Molochbaal

          Manuel Lopes

          Francisco Neto

          Etc etc

          Ou seja, para cada resposta, um nick diferente. Até na mesma conversa.

          Ti não te cansas de ser um aldrabão nojento fifi ?

          Ainda não ganhaste vergonha ?

          Mas a tua família não te deu educação ?

          Mas tu foste criado nalguma pocilga ?

          E é com esta pinta de escroquezinho provocador que tu queres defender a honra da tua igreja ?

          Eu, se fosse papa, rezava para que gentalha como tu não a defendesse. Tu empeçonhas tudo em que tocas.

          Tu a defender algo é razão suficiente para se ter a certeza de que esse algo deve ser aldrabice.

          PS

          E sim, és tu que aqui andas, com outros nicks falsos, a ameaçar toda a gente de morte.

          Ao mesmo tempo dizes que comentar os vossos crimes é “perseguição”, ou seja, estás a tentar encobri-los.

          Ou seja, moralmente és CÚMPLICE de TODOS os crimes da igreja que aqui são abordados e que tu tentas encobrir.

          • Manuel Lopes

            Você é um psicopata obcessivo .Em cada comentador vê alguém com quem não simpatiza e desata a disparar a sua notória paranóia.

            Eu sou ateu, mas não me revejo na sua forma intelectualmente desonesta e alucinada de comentar.

            E a Falácia do Espantalho, que você constantemente utiliza, é própria de um cobarde. Não de alguém que usa argumentos limpos para contrapor.

            Passe bem. Não estou para aturar doentes mentais como você.

          • Molochbaal

            Claro fifi.

            É perfeitamente natural mudares de nick a meio de uma conversa.

            Tu até de sexo mudas, de vez em quando.

            E uma vez o meu nick, por milagre falacioso, desatou a falar sozinho, defendendo ferozmente a igreja católica no processo.

            Isto não é a falácia do espantalho, é a sindrome do aldrabão de merda.

            De uma coisa podemos ter acerteza, se um merdas como tu defende a igreja católica, é porque tudo o que ela diz deve ser aldrabice.

            PS

            Pela tua pinta de psicopata, também podemos ter a certeza de que participarias activamente em todos os crimes em que tivesses oportunidade.

          • Molochbaal

            “eu sou ateu”

            Sim. E tens uma mulher ateia e um melhor amigo ateu e tens mais de 80 anos e o meu nick até fala sozinho a defender a igreja, etc etc.

            Tu és é um aldrabão nojento.

  • stefano666

    “e o histerismo demente que rodeou a morte do aiatola Khomeini em todo o mundo árabe, particularmente no Irão”

    Khomeini era xiita… logo… um “herege” na visão dos sunitas (maioria dos islâmicos)
    ….

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