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A extrema-direita, a Europa e a laicidade

As épocas de crise são estimulantes para os extremismos e o húmus onde germinam as mais perigosas utopias e os mais vetustos pesadelos.

O consórcio entre Marine de Pen e Geer Wilders não é ainda um matrimónio entre a extrema-direita francesa da Frente Nacional (FN) e a do Partido para a Liberdade (PVV) holandês, mas é uma união de facto que pode abrir a cama comum onde se deitem todos os partidos racistas, xenófobos e homofóbicos da velha Europa. Na Bulgária, Hungria e Roménia o extremismo reacionário é ainda mais boçal e implacável. Polónia, Áustria e Croácia trazem no ventre os demónios que aclamaram Hitler. A Inglaterra, a pátria da Magna Carta, alberga já o Partido para a Independência do Reino Unido, a Itália tem há muito a Liga Norte italiana, enquanto a própria Alemanha vê surgir a Alternativa para a Alemanha (AfD) e os flamengos do Vlaams Belang (VB) querem a secessão da Bélgica.

A crise social, económica e financeira enfraquece o ânimo dos que defendem a Europa laica e cosmopolita, onde a paz de Vestefália pôs fim à cruenta Guerra dos Trinta Anos, na primeira metade do séc. XVII, abrindo-a ao pluralismo religioso e ao livre-pensamento que o Iluminismo consagraria decisivamente no fim do século XVIII.

Aos desatentos, lembro que a liberdade religiosa só foi admitida pela Igreja católica no concílio Vaticano II. Por isso, penso perigosas as referências confessionais em relação à Europa, onde não se deve ripostar com o proselitismo cristão à deriva fascista islâmica que une a extrema-direita, de que deixei um esboço e não um inventário.

À esquerda desatenta da subversão islamita, do proselitismo demente, das homilias de ódio nas madraças e mesquitas, recordo os dois livros de Oriana Fallaci, «A Raiva e o Orgulho» e «A Força da Razão», onde a intelectual e mulher de esquerda denunciou o que, por cobardia politicamente correta de fachada multiculturalista, se tem escondido.

É perigoso deixarmos a um extremismo concorrente a regulação da esfera pública, que cabe aos Estados. A paz assegura-se, tendo como instrumento a laicidade, e deixando à esfera privada o exercício das crenças, descrenças e anti crenças que cabe ao Estado fazer respeitar. A neutralidade religiosa do Estado é a herança autêntica do Iluminismo.

6 thoughts on “A extrema-direita, a Europa e a laicidade”
  • stefano666

    engraçado… os dirigentes ocidentais apoiam extremistas islamicos quando lhes convem

    • americano

      Caro stefano

      não é engraçado o apoio do “ocidente” à extremistas islâmicos e como estes aceitam apoio quando lhes convém. O nome é que se dá é “interesse comercial” ou “business” como se diz no Brasil de Eike Batista.

      PS: o América F.C. está pior que as finanças das empresas X

  • Carlos Esperança

    Os salpicos de fritura são difíceis de sarar. D. Nuno que o diga, se ressuscitar!

  • Tolo_Mor

    Limito-me a reconhecer que existem muitas pessoas religiosas que são
    tolerantes. Logo, a religião não é incompatível com a tolerância.

    • Zeus

      Há pessoas religiosas tolerantes. Muitas, como é normal, não por serem religiosas mas por serem pessoas. Já quanto à religião em si…

  • americano

    E no nosso Brasil brasileiro temos ainda a praga das igrejas neo-pentecostais ,que visando maior lucratividade ,aderem a partidos políticos . E graças à Deus este país é laico. Ainda bem !

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