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Lampedusa – cemitério de ilusões e de vidas

Ali acaba a Europa e começa a África. É uma ilha italiana que apavora a mente dos mais sensíveis e acalenta sonhos a quem foge da maldição do Magrebe e da primavera árabe. Está a mais de cem milhas da Sicília e a cerca de setenta da Tunísia, no Mediterrâneo, com 20 Km2 de esperança para quem é vítima da fome e do Islão.

Não faltam vendedores de ilusões e contrabandistas que amontoam no convés de frágeis embarcações o triplo das pessoas que suportam. Homens, mulheres e crianças saltam para a morte ao sabor das ondas e desaparecem, por entre a madeira desconjuntada dos barcos que naufragam, com a angústia e o medo asfixiados em água salgada.

Morrem com os sonhos, únicos bens que lhes sobraram depois de pagarem aos agiotas, e dão à costa, já cadáveres, crianças que permanecem agarradas às mães e homens que apenas esperavam viver. O drama das pessoas que nasceram no sítio errado só é notícia quando a tragédia atinge dimensões obscenas.

Alguém se admira de que a fé num paraíso imaginário seja o bálsamo que alimenta a esperança de quem foi condenado ao inferno da vida? Nós, impotentes, assistimos aos dramas pungentes entre a África e a Europa com as vidas perdidas num rio triste que dá pelo nome de Mediterrâneo.

E Deus nunca está quando o chamam.

9 thoughts on “Lampedusa – cemitério de ilusões e de vidas”
  • Jorje Junqueira

    Grande Carlos Esperança!
    A situação é desesperadora destes infelizes africanos. Mas o que fazer? Deus que deveria tomar providências para evitar estas calamidades parece que não gosta de africano. Jesus que ama o sofredor deve ficar alegre e contente como um pintinho no lixo…Maria mãe de todos, considera os africanos uns bastardos.

  • Zulmiro

    Aqui os crentes, ditos ateus, andam sempre zangados com Deus. Se Deus intervém, fazendo milagres ocasionais, segundo eles não deveria intervir. Mas se Deus não intervém, como no caso de Lampedusa, já é porque deveria intervir. Decidam-se. Digam lá qual das duas versões de Deus é a vossa preferida.

    • Zeus

      Nenhuma. Caso ainda não se tenha apercebido, aqui ninguém está contra aquilo em que não acredita. É apenas uma chamada de atenção mordaz para todos os que julgam existir uma entidade sobrenatural provida de bondade.

      • Jorje Junqueira

        Exatamente isto, Zeus.

      • Molochbaal

        Já lhe tentei explicar isso umas 500 vezes, mas ainda não conseguiu perceber.

        • orenascido

          Ora explica mais 500 vezes como és capaz de não acreditar em Deus na parte de manhã e na parte de tarde admitires a sua existência.

          • Molochbaal

            ?

            Eu admito que possa existir, talvez, sem acreditar, no sentido de ter fé, certeza, que ele exista.

            É assim tão complicado para a tua cabecinha de atrasado mental fifi ?

            Queres um desenho?

            Então é isto o grande génio, à sombra do qual o mundo vive ?

          • orenascido

            Não ? Sim ? Talvez ?

            Amanhã se verá o que salta pocinhas ideológico nos virá aqui dizer.

            És uma autêntica anedota, lili.

          • Molochbaal

            Talvez fifi, talvez.

            Já te disse 500 vezes, mas posso continuar a dizer.

            Eu sei que, para ti, uma simples palavra, como talvez, é algo extremamente difícil de entender.

            Diz-me lá. já consegues atar os atacadores sozinho, ou é a tua mulher ateia que os tem de atar por ti ?

            Só um idiota como tu pode dizer que tem a certeza de algo do qual não faz a mínima ideia.

            PS

            Quando acabares as provocações idiotas, podes começar a responder às perguntas que te são feitas.

            Por exemplo, como explicas que o teu deus bonzinho, que planeeou o mundo até ao mínimo pormenor, o encheu de sofrimento atroz.

            O teu deus é um imbecil e engana-se em tudo o que faz ?

            É um sádico torturador ?

            Estou à espera da tua resposta fifi.

            Há anos.

            PS

            Ah!

            Já sei.

            A tua resposta é que eu sou “franquista” e que não sabes o significado da palavra talvez.

            Que bonita figura vens para aqui fazer ó grande “génio”.

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