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  • 5 de Outubro, 2013
  • Por Carlos Esperança
  • Política

Movimento Republicano 5 de Outubro (MR5O)- Coimbra

O 5 DE OUTUBRO, A REPÚBLICA E O DECORO

A Revolução de 5 de Outubro de 1910 é a marca identitária do regime e uma referência da liberdade. Nessa data, os heróis da Rotunda redimiram Portugal da monarquia e da dinastia de Bragança, e foram arautos da mudança numa Europa que rejeitou os regimes anacrónicos ou os remeteu para um lugar decorativo.

Comemorar a República é prestar homenagem aos cidadãos que rejeitaram ser vassalos, aos visionários que quiseram o povo instruído, aos patriotas que impuseram a separação da Igreja e do Estado. Os revolucionários de 1910 anteciparam, por patriotismo, a queda de um regime esgotado e abriram portas para uma democracia avançada que a Grande Guerra, as conspirações monárquicas e clericais e os erros dos governantes sabotaram .

O 5 de Outubro de 1910 não se limitou a mudar um regime, foi portador de um ideário libertador que as forças reacionárias se esforçaram por boicotar. As leis do divórcio, do registo civil obrigatório e da separação Igreja/Estado são marcas inapagáveis da História de um povo e do seu avanço civilizacional.

A República aboliu os títulos nobiliárquicos, os privilégios da nobreza e o poderio da Igreja católica. O poder hereditário e vitalício foi substituído pelo escrutínio popular; os registos paroquiais dos batizados, casamentos e óbitos, pelo Registo Civil obrigatório; o direito divino, pela vontade popular; a indissolubilidade do matrimónio, pelo direito ao divórcio; o conluio entre o trono e o altar, pela separação da Igreja e do Estado.

Cessou com a República a injúria às famílias discriminadas pelo padre no enterramento das crianças não batizadas, dos duelistas e suicidas. O seu humanismo assentiu direitos iguais na morte aos que dependiam do humor e do poder discricionário do clero ou do exotismo do direito canónico.

Em 5 de outubro de 1910, ao meio-dia, na Câmara Municipal de Lisboa, Eusébio Leão proclamou a República, aclamado pelo povo, perante o júbilo de milhares de cidadãos. É essa data que, hoje e sempre, urge evocar em gratidão aos seus protagonistas.

Cândido dos Reis, Machado dos Santos, Magalhães Lima, António José de Almeida, Teófilo Braga, Basílio Teles, Eusébio Leão, Cupertino Ribeiro, José Relvas, Afonso Costa e João Chagas, além de Miguel Bombarda, foram os heróis, entre muitos outros, alguns anónimos, que prepararam e fizeram a Revolução.

Afonso Costa, uma figura maior da nossa história, honrado e ilustríssimo republicano, granjeou sempre o ódio de estimação das forças reacionárias e o vilipêndio da ditadura fascista, mas é o mais merecedor da homenagem de quem ama e preza os que serviram honradamente o regime republicano.

Não esperaram honras nem benefícios os heróis do 5 de Outubro. Não se governaram os republicanos. Foram exemplo da ética por que lutaram. Morreram pobres e dignos.

Nós, republicanos, é que não podemos aceitar que o 5 de Outubro se mantenha o feriado rasurado no calendário por quem não tinha cultura, memória e amor à Pátria. E honrá-lo-emos sempre.

Glória aos heróis do 5 de Outubro. Viva a República. Viva Portugal.

a) MR5O

7 thoughts on “Movimento Republicano 5 de Outubro (MR5O)- Coimbra”
  • João Pedro Moura

    CARLOS ESPERANÇA disse:

    “Em 5 de outubro de 1910, ao meio-dia, na Câmara Municipal de Lisboa, Eusébio Leão proclamou a República”

    A república foi proclamada às 9 horas, por José Relvas. Eusébio Leão, também presente, falou depois.

    • Carlos Esperança

      O que afirmas é um lapso histórico muito repetido mas que não é exato, João Moura.

      • João Pedro Moura

        CARLOS ESPERANÇA disse:

        “O que afirmas é um lapso histórico…”

        A Fundação Mário Soares apresenta 3 versões do proclamador da república, conforme respetivas biografias de José Relvas e Eusébio Leão. Ora foi aquele, ora foi este.
        Em princípio teria ocorrido o seguinte: quem proclamou verbalmente e pela primeira vez na varanda dos paços do concelho de Lisboa foi o Relvas; quem leu um texto sobre a matéria foi o Eusébio.

  • Molochbaal

    Ora.

    Não tenho especial apreço pela monarquia, mas não creio que a Suécia, a Noruega, a Dinamarca, a Espanha, a Inglaterra, o Canadá, o Japão, etc etc, sejam política, social ou culturalmente mais atrasados do que Portugal, por serem monarquias.

    Nem creio que um presidente como o cavacão seja um extraordinário motor de desenvolvimento cultural. Se calhar preferia um D. Carlos actualizado.

    De qualuqer maneira, em regimes parlamentares o chefe de estado é tão decorativo em monarquia, como em república.

    E o ultimo governo monárquico, de Teixeira de Sousa, já estava a indiciar uma modernização da monarquia tuga.

    Hoje em dia, república ou monarquia, é quase só um pró-forma.

    Quem manda na política são os partidos e as empresas.

    • Carlos Esperança

      Sobretudo as empresas!

      • Molochbaal

        Pois.
        Eu só falei nos políticos como testas de ferro das empresas.
        Mas não entrei em pormenores, com medo do Moura.
        Porque, se critico o capitalismo selvagem ele dá-me nas orelhas.
        É que ele tem absoluta confiança no sistema capitalista e nos políticos que o representam.
        Ao ponto de não acreditar que hajam políticos que usem a ideologia apenas como modo de subir na vida, mas de acreditar piamente que eles simplesmente “evoluem opinativamente”.
        Sempre na direção que der mais $$$$, é certo, mas tudo por puro acaso, na maior das inocências.
        Acredita ainda, candidamente, que o capitalismo selvagem “evoluiu” espontaneamente para o estado social e não por ter sido obrigado, contra vontade e à força, a reconhecer os direitos sociais mais fundamentais.
        E põe as mãos no fogo pelos políticos neoliberais, acreditando que é sem querer que eles estão a destruir o estado e a classe média do ocidente.
        Depois disto tudo, eu fico a tremer, quando penso que possa estar a contrariar o Moura, porque pessoas no estado dele podem tornar-se perigosas, quando contrariadas.

  • Luis

    O 5 de Outubro de 1910 é a mesma coisa que o 11 de Setembro dos terroristas republicanos portugueses da época.

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