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  • 20 de Setembro, 2013
  • Por Carlos Esperança
  • Ateísmo

O Papa Francisco e a Igreja católica

Agora que, com este papa, “a misericórdia de Deus chega aos ateus” é altura de os ateus terem misericórdia por uma Igreja cujo passado, à semelhança das outras, teve um velho comportamento de intolerância, perseguições e interditos.

As Igrejas, na obediência aos seus deuses, entidades que conseguem reunir em si tudo o que de pior os homens são capazes, foram sempre entraves ao progresso e detonadoras do ódio entre os adeptos de deuses rivais.

Cada uma das Igrejas julga que o deus de qualquer outra é falso. E nisso têm certamente razão. É esse ponto comum, que nos une, que convém exaltar . Os ateus só consideram falso mais um deus e uma religião mais. No fundo somos todos ateus.

É salutar que ninguém reclame superioridade moral e que aprendamos todos, com os erros, a partilhar o planeta comum e os seus recursos.

Espero que a abertura do atual papa ao mundo moderno não seja um golpe jesuítico mas uma genuína vontade de aceitar o património herdado do Iluminismo, uma compreensão sobre os valores da Revolução Francesa que trouxeram ao mundo o humanismo que não se encontra nos livros sagrados de qualquer religião.

Há crentes com incontestáveis qualidades humanas, tal como os ateus, e, nuns e noutros, há exemplos de perversidade que urge erradicar. Que Deus exista ou não é uma questão que só interessa aos funcionários religiosos e aos exaltados da crença.

Será assim tão importante que se acredite num ser hipotético ao ponto de haver quem se disponha a matar e a morrer para o impor? Ou há princípios humanistas que devem ser comuns a todos os homens, a começar pela defesa da igualdade de género e a acabar na luta comum contra o racismo, a xenofobia e o tribalismo?

Recordo um verso de uma balada: «se todos os homens do mundo quisessem dar-se as mãos…»

12 thoughts on “O Papa Francisco e a Igreja católica”
  • stefano666

    “sobre os valores da Revolução Francesa”

    os ingleses sepultaram a monarquia absoluta bem antes da França.

    • GriloFalante

      Pois, Stefano; mas os franceses sepultaram a monarquia – ponto final.
      Ou, se quiseres, sepultaram a monarquia “tout-court”.

      • stefano666

        sepultaram em 1793.;… mas a reaceitaram em 1804 com a coroação de Napoleão, depois de Napoleão, veio Luis 18, depois Carlos 10 depois Luis Filipe veio a 2ª republica cujo presidente era Napoleão(Luis) que acabou se problamando imperador… e claro.. a republica se firmou de fato depois da queda de Napoleao III.

        Apesar da monarquia(limitada).. a Inglaterra estava bem mais avançada que a França (antigo regime).

  • Molochbaal

    Talvez seja desta que a igreja se livra dos fifis ultraconservadores.
    Mas só vendo.

    • orenascido

      Ó, tão azedo ainda o lili. Pudera, com aquele KO técnico ao primeiro assalto, que recentemente levou, o franquista do Moloch deve estar mesmo totalmente fodido

      • Molochbaal

        Andas mesmo colado a mim, fifi.

        Podias aproveitar a proximidade, para responder às perguntas que te tenho feito e a que tu tens fugido a sete pés, com a desculpa apalermada do “franquista” de trazer por casa e das minhas piadas às mamas da Samantha.

        – Como justificas a total palhaçada cristã de defender a total impossibilidade de um mundo ferozmente cruel ter sido planeado até ao ultimo pormenor por um deus absolutamente bom , omnipotente, omnipresente e omnisapiente ?

        – Em que é que o preservativo é “imoral”, ao ponto de ser considerado assim, pelos teus amigos palhacitos conservadores, mesmo no seu uso entre casados ?

        Demora o tempo que quiseres a responder.

        Ou então responde logo com o “franquista” samanteiro ou outra parvoíce qualquer digna de uma palhacito como tu.

        Porque a gente sabe que vocês NUNCA conseguirão responder.

        Porque a resposta é obvia – vocês não sabem o que andam a fazer.

        E isso não podem admitir.

        Estavas a então a falar da samanta e do franquista… 🙂

    • GriloFalante

      Não há fifis ultra-conservadores. Há fifis.

  • JoseMoreira

    Parece ser um facto. Parece que, finalmente, algumas luzes se vão acendendo, ali para os lados do Vaticano. Este papa está disponível para perdoar o aborto (http://www.cmjornal.xl.pt/detalhe/noticias/nacional/sociedade/papa-admite–perdoar-aborto), desde que haja “arrependimento”. A posição sobre os homossexuais parece-me um tanto paternalista mas, pelo menos, já não é tão radical, no entanto, é claro que “Roma e Pavia não se fizeram num dia”.
    Aguardemos.
    Quanto a “a misericórdia de Deus” chegar aos ateus, ora bem, o papa não pode, assim de repente, deixar de dizer inanidades. Ele tem de ser politicamente correcto, lembremo-nos de que em Portugal também há quem jure defender a Constituição, trata-se de frases de circunstância, que fica sempre bem dizer, mas que não têm qualquer tipo de significado.

  • stefano666

    A Comuna de Paris em parte trazia os valores de 1789

  • anti-palermice-dos-ateus

    “Será assim tão importante que se acredite num ser hipotético ao ponto de haver quem se disponha a matar e a morrer para o impor? Ou há princípios humanistas que devem ser comuns a todos os homens, a começar pela defesa da igualdade de género e a acabar na luta comum contra o racismo, a xenofobia e o tribalismo?”

    Não sei por que razão insiste em ser cego.

    A Igreja é uma instituição que deteve poder. Quando tinha poder fez asneiras, foi dura.
    O ateísmo já foi instituído e teve poder nos regimes comunistas, e ainda hoje detém poder na Coreia do Norte.
    E, apesar do comunismo ser uma horrenda e desastrosa utopia e o ateísmo uma imbecilidade ideológica, quantos milhões estiveram decididos a morrer e a matar por ele?
    Quando é que o ateísmo instruído e com poder esteve do lado da paz, da fraternidade entre as pessoas, a igualdade entre todos, lutou contra o racismo, a xenofobia e o tribalismo?
    Resposta: NUNCA!

    Uma das primeiras formas “modernas” de institucionalização das ideias ateístas veio acompanhar a Revolução Francesa”, que foi tudo menos pacifica, nada fraternal, foi xenófoba, racista, gratuitamente sanguinária, etc., etc.,

    Em Portugal, o “Iluminado” Sebastião José, herdeiro da primeira leva das ideias ateias, foi muitas vezes mais sanguinário, malfeitor, violento e ditador do que o proscrito Salazar.

    A primeira república, baluarte da ideologia ateia da época, foi sanguinária, xenófoba, misoginia (Afonso Costa considerava as mulheres como sendo inferiores e desprovidas de capacidades, “daí que fossem mais propensas à religiosidade”, segundo ele), racista, totalmente anti-fraternal.

    Os regimes comunistas no mundo inteiro, sistemas políticos cuja base ideológica tinha o ateísmo como condição “sine qua non” (ou seja, o ateísmo está ai em plano de igualdade com a Igreja, em termos de poder) , foi o regime mais violento de todos os tempos. Foi o mais mortífero e cruel. Também só morrer pessoas queimadas, torturadas, esmagadas, etc. etc.

    Portanto, este tipo de afirmações (que tu fazes) são a mais perfeita imbecilidade.

    Na verdade, sem ateísmo, o mundo teria sido sempre muito mais seguro e ter-se-iam poupado muitos milhões de mortes.
    Nada de confundir “humanismo” com respeito peito pelo Ser Humano. O humanismo coloca o Homem muito mais perto de um objecto do que de um Humano.

    • Molochbaal

      “Em Portugal, o “Iluminado” Sebastião José, herdeiro da primeira leva das ideias ateias,”

      O Marquês de Pombal era ateu ?

      E a que ideias ateias de “primeira leva” te referes ?

      Ao iluminismo ?

      A maior parte dos filósofos iluministas, como Voltaire, eram crentes.

      Por exemplo, a Enciclopédia, atribui o ateísmo à “ignorância” e ao “deboche” e elogia a religião cristã.

      Pode dizer em que estudo histórico se baseia para fazer uma afirmações dessas ?

      Ou vais simplesmente dizer que sou franquista ?

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