Loading
  • 17 de Agosto, 2013
  • Por David Ferreira
  • Ateísmo

Richard Dawkins e as generalizações

Ao que parece, um recente tweet de Richard Dawkins tem provocado acesa celeuma, não apenas entre os visados mas também entre muitos ateus, agnósticos, humanistas e livres-pensadores. O tweet em questão reza o seguinte: “Todos os muçulmanos do mundo têm menos Prémios Nobel que o Trinity College, em Cambridge. No entanto, eles fizeram grandes coisas na Idade Média.”

Não é de agora que Richard Dawkins divide opiniões, tanto entre os que o odeiam, como pelos que partilham e compreendem a sua filosofia e o seu empenho pela globalização do conhecimento científico, embora não corroborando com a sua militância obstinada e incisiva contra as religiões que o leva, por vezes, a fazer afirmações consideradas como meras generalizações desprovidas da ponderação necessária a um intelectual do seu gabarito com credenciais mais que firmadas.

Deixemo-nos de tretas. Todos somos hipócritas de uma forma ou de outra. A hipocrisia é a máscara que usamos para suscitar a aceitação por parte do outro, tanto individual como colectivo, preservando o Eu que não queremos expor às intempéries sempre imprevisíveis do julgamento e da apreciação alheios. Esta máscara serve-nos de igual modo para enfrentar os nossos adversários com uma aparente cortesia defensiva, mas que tem a utilidade de conseguir precaver e antecipar um possível ataque, defendendo e inocentando numa mesma acção um dissimulado grito de guerra. Vivemos na era do politicamente correto e as regras do convívio social, alicerçadas na tolerância cultural e intelectual, bloqueiam demasiadas vezes a verdadeira essência do que realmente somos e sentimos e do que intentamos transmitir à sociedade, mesmo que não pretendamos um efeito borboleta ideológico ou filosófico.

Vem isto a propósito dos debates a que tenho assistido passivamente nos grupos e páginas das redes sociais dedicadas ao ateísmo e onde a postura alegadamente insultuosa de Richard Dawkins tem sido criticada por muitos ateus, alguns dos quais classificam a sua postura como racista. Devo dizer que não concordo com esta interpretação que alguns fazem do que considero apenas uma mera provocação. Se é descabida ou não, fica ao critério de cada um. Se é criticável ao ponto de alguns afirmarem a irrelevância de Dawkins para um recomendável e aconselhável “bom nome” do ateísmo, não deixa de ser também o colocar do dedo numa ferida ostensiva que debilita impunemente e que a cobardia moral da tolerância generalizada a todo o custo e em todas as frentes socioculturais tende a alimentar.

Não pretendo com isto defender ou desculpabilizar Dawkins por todas as afirmações que faz. Não sou apologista do endeusamento de homens tanto quanto não creio em deuses inventados por eles. Admiro o seu trabalho, o seu empenho e compreendo, porventura em demasia, as suas motivações. Resumindo, reconheço o valor inestimável e muitas vezes incompreendido da causa que defende para o futuro da humanidade. Dawkins sabe o que diz. Sabe quem pretende atingir. Infere apenas de uma observação empiricamente indesmentível: que o fanatismo islâmico tem implodido deploravelmente uma civilização que foi outrora colossal e grandiosa, a quem a humanidade tanto deve. Diz aquilo que todos pensamos mas que a hipocrisia que cultivamos nos impede de manifestar publicamente com receio de sermos apontados a dedo tanto pelo juízo académico, racional e filosófico do emprego despropositado de lógicas falaciosas, como pela recatada prudência dos que tudo acham que devem tolerar, até a intolerância, com um enorme sorriso amarelo. As generalizações poderão ser falaciosas se aplicadas ao todo. Mas e se forem aplicadas não ao todo, mas a uma grande parte dele? E que dizer de todos os que afirmam que uma grande parte do todo é representativa do todo, como por exemplo os que afirmam que Portugal é um país católico por ter uma grande maioria de crentes católicos? E nesta observação, não se generaliza de igual modo? Ou serão as generalizações apenas falaciosas quando carregadas de uma hipotética carga negativa? Fica à interpretação de cada um.

Meus caros, quando os glóbulos brancos se organizam para combater corpos estranhos ao organismo, há sempre vermelhidão e intumescência na pele. A dor é apenas um sinal de aviso, um toque subtil de alerta. E é nestes momentos em que o corpo está enfraquecido que todos os curativos, todos os apoios, todos os contributos são bem-vindos. Ter conhecimento da doença e não a combater por todos os meios razoáveis apenas por se julgar que o corpo causador da enfermidade também é um corpo que deve ser protegido, é aceitar a doença passivamente. E quem assume aceitar e conviver com a doença não tem moral para se queixar dos efeitos nefastos que a pandemia causa ou possa vir a causar.

9 thoughts on “Richard Dawkins e as generalizações”
  • orenascido

    « Being raised Catholic is worse than child abuse »
    Richard Dawkins

    Só um pateta, como o Richard Dawkins, seria capaz de defender que a catequese católica é muito mais danosa para as crianças do que o seu abuso sexual, mas ainda há alguns patetas ateus que o seguem como verdadeiros desmiolados.

    • David Ferreira

      Lucas

      Palavras de Jesus:

      12:4 – “Eu digo a vocês, meus amigos: Não tenham medo dos que matam o corpo e depois nada mais podem fazer.”

      12:7 – “Até os cabelos da cabeça de vocês estão todos contados. Não tenham medo; vocês valem mais do que muitos pardais!”

      12:9 – “Mas aquele que me negar diante dos homens será negado diante dos anjos de Deus.”

      12:10 – “Todo aquele que disser uma palavra contra o Filho do homem será perdoado, mas quem blasfemar contra o Espírito Santo não será perdoado.”

      12:27 – “Observem como crescem os lírios. Eles não trabalham nem tecem. Contudo, eu digo a vocês que nem Salomão, em todo o seu esplendor, se vestiu como um deles.”

      12:29 – “Não busquem ansiosamente o que comer ou beber; não se preocupem com isso.”

      12:49 – “Vim trazer fogo à terra, e como gostaria que já estivesse aceso!”

      Só um pateta seria capaz de defender uma doutrina tão estúpida…

      • orenascido

        Ateus patetas e desmiolados há muitos. Todos quantos seguem Richard Dawkins e o bandalho do Sam Harrris:

        ” Na verdade, parece evidente que uma aplicação errada da tortura nos devia deixar muito menos preocupados do que os danos colaterais: afinal, não há notícias de bébésencarcerados na Baía de Guantánamo, apenas alguns jovens degenerados, muitos dos quais foram flagrantemente apanhados a tentar matar os nossos soldados. A tortura nem sequer precisaria de submeter as suas vítimas a um risco de vida ou de invalidez significativo. Se a nossa intuição acerca do carácter errado da tortura resulta de uma aversão à forma como as pessoas normalmente se comportam quando são torturadas, deveríamos notar que esta infelicidade em particular poderia ser contornada farmacologicamente, já que as drogas paralisantes poderiam dispensar-nos de ouvir os gritos ou assistir às contorções das vítimas. Poderíamos facilmente engendrar métodos de tortura em que o torturador seria tão cego aos suplícios das vítimas como um piloto a
        trinta mil pés. Donde a nossa aversão natural às visões e sons do Inferno não fornecem qualquer argumento àqueles que pretendem opor-se ao uso da tortura. Para demonstrar até que ponto os tormentos das vítimas da tortura podem ser apresentados sob uma aparência abstracta, basta imaginarmos uma « pílula de tortura ideal» – uma droga que nos proporcionasse não só os instrumentos da tortura como também o instrumento do seu total encobrimento. A acção do comprimido seria produzir um estado transitório de paralisia e sofrimento de tal ordem que nenhum ser humano alguma vez se lhes poderia submeter uma segunda vez. Imagine como nós, torturadores, nos sentiríamos se, depois de ministrarmos
        este comprimido aos terroristas prisioneiros, todos se deitassem numa aparente sesta de meia hora para depois acordarem e confessarem imediatamente todos os pormenores do funcionamento da sua organização. Não acabaríamos enfim por ceder à tentação de chamarmos a isto a « pílula da verdade»? Não, não há qualquer
        diferença ética na forma como o sofrimento dos torturados ou das vítimas colaterais se nos apresenta. Se estamos dispostos a lançar bombas, ou mesmocorrer o risco de que uma salva de tiros de pistola possa errar o alvo, deveríamos estar igualmente dispostos a torturar uma certa categoria de suspeitos de crimes e de prisioneiros militares. Julgo ter conseguido argumentar a favor do uso da tortura em quaisquer circunstâncias em que estivéssemos dispostos a causar danos colaterais. Tendo em conta aquilo que
        muitos de nós acreditam sobre as exigências da guerra ao terrorismo, a práticada tortura afigurar-se-ia, em certas cirunstâncias, não só admissível como necessária”.

        Sam Harris, O Fim da Fé, páginas 214, 216, 217 a 219.

        • Molochbaal

          Ah!
          Era tão bom que fosses tão moralista quando aqui se fala do apoio da igreja a regimes que usaram a tortura.
          Lembras-te do Franquismo?
          Os últimos governos desse regime até chamados de governos opus dei pela preponderância de ministros dessa organização católica tão boazinha que os teus santinhos do anal, João Paulo II e Ratzinger, promoveram ao estrelato na igreja.

    • Anti tolo

      Olha o resultado da tua doutrina cristã nas criancinhas, antolinho.

  • Luisa G

    Para quem passa a vida a acusar os católicos de defenderem o clero, espalhaste-te ao comprido com este sermão para desculpar o coitado do palerma do Dawkins.

    Ele julga que não existe no mundo islâmico muitos milhões de pessoas com muita mais capacidade do que ele e os seus colegas, ele imagina que está num lugar onde uma muita larga maioria (estou convencida que uns90%) das pessoas do mundo não teriam capacidade de ocupar e até fazer melhor. Está enganado. Muito enganado.
    O que falta à maioria das pessoas do mundo árabe (e do resto do mundo), são meios para poder demonstrar e aproveitar as suas capacidades. Estou convencida que, se a maioria dos árabes tivessem as oportunidades que este pateta teve, metiam-no no fundo de um saco de supermercado.

    Dawkins, além do seu fanatismo anti-religioso e da tentativa de destabilizar a paz social, arranjar conflitos, fazer figuras de palerma, malcriado e indecente, nunca fez nada pela humanidade, pelo bem-estar ou pelo progresso.

    Tem uma noção insuficiente de cultura e uma ideia muito limitada de ciência. É, a meu ver, uma pessoa muito limitada, sem capacidade argumentativa e muito pouco coerente nas suas observações.

    • David Ferreira

      Peço desculpa, minha querida, mas não falo com deficientes mentais.

    • Gustavo

      “nunca fez nada pela humanidade, pelo bem-estar ou pelo progresso.”
      E tu, querida Luisa, o que já fizeste?

    • Molochbaal

      Ter capacidade argumentativa e cultura é dizer, como tu disseste, que a pedofilia é por culpa do preservativo?
      Eu pensava que era ser completamente demente, criminoso e atrasado mental.
      Enfim, todos os dias se aprende….

You must be logged in to post a comment.